E eis que o SBT revela essa fina flor denominada
Rachel Sheherazade. Teve seus 15 minutos de fama. “Ela é um dos nossos”,
festejam os nostálgicos da escravatura.
Carta Capital
Os franceses, com aquele sarcasmo difícil de copiar,
dizem dos comentaristas de tevê que eles exercitam, com requinte, “la
superficialité profonde”. Trata-se de uma arte que transita entre o kitsch
e o pastiche. Arte, não – artimanha. Você faz cara de quem vai expor
verdades estrepitosas, conceitos de extraordinária originalidade, e
acaba entregando dois ou três clichês muito dos rastaqueras.
De todo modo, a consciência crítica exercida pelos comentaristas franceses, a pluralidade de opiniões geralmente expostas, a tradição de debate democrático que a Europa ainda cultiva, tudo isso estabelece uma distância quilométrica, transatlântica para com a indigência tosca, intolerante, partidária dos pundits da tevê americana abrigados na Fox News (Bill O’Reilly, Ann Coulter), na CNN (Farred Zakaria, Wolf Blitzer) e em programas como Meet The Press, da NBC (David Gregory, Mike Murphy). Aí campeia o espírito de arquibancada. A superficialidade profunda vira sectarismo rasteiro.
Por esse modelo é que o telejornalismo brasileiro – com as exceções que confirmam a triste regra – parece ter optado. Não é de hoje, aliás. A tentativa mais caricata de se gerar por aqui um pundit à americana foi Paulo Francis, reacionário até o último fio do cabelo, porta-voz do preconceito, inspiração debochada para um grupelho de imitadores histéricos sem nenhum compromisso com a verdade dos fatos.
E eis que o SBT revela, de sua estufa de primarismo selvagem e verborrágico, essa fina flor denominada Rachel Sheherazade. Teve seus 15 minutos de fama. “Ela é um dos nossos”, festejam os nostálgicos da escravatura. Imagino, com algum deleite, a inveja dos apóstolos mais veteranos da igrejinha do ódio: “Mas a loirinha consegue ser mais desprezível que nós!” Bom proveito: essa gente se merece.
De todo modo, a consciência crítica exercida pelos comentaristas franceses, a pluralidade de opiniões geralmente expostas, a tradição de debate democrático que a Europa ainda cultiva, tudo isso estabelece uma distância quilométrica, transatlântica para com a indigência tosca, intolerante, partidária dos pundits da tevê americana abrigados na Fox News (Bill O’Reilly, Ann Coulter), na CNN (Farred Zakaria, Wolf Blitzer) e em programas como Meet The Press, da NBC (David Gregory, Mike Murphy). Aí campeia o espírito de arquibancada. A superficialidade profunda vira sectarismo rasteiro.
Por esse modelo é que o telejornalismo brasileiro – com as exceções que confirmam a triste regra – parece ter optado. Não é de hoje, aliás. A tentativa mais caricata de se gerar por aqui um pundit à americana foi Paulo Francis, reacionário até o último fio do cabelo, porta-voz do preconceito, inspiração debochada para um grupelho de imitadores histéricos sem nenhum compromisso com a verdade dos fatos.
E eis que o SBT revela, de sua estufa de primarismo selvagem e verborrágico, essa fina flor denominada Rachel Sheherazade. Teve seus 15 minutos de fama. “Ela é um dos nossos”, festejam os nostálgicos da escravatura. Imagino, com algum deleite, a inveja dos apóstolos mais veteranos da igrejinha do ódio: “Mas a loirinha consegue ser mais desprezível que nós!” Bom proveito: essa gente se merece.
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