Transcrito do Blog Democracia & Política
"Novamente,
um ataque altamente organizado está sendo levado adiante contra o
governo popular e democrático da Venezuela. Envolveu manipulações
monetárias, sabotagem econômica, uma campanha midiática internacional
contra a economia, apesar dos excelentes indicadores econômicos, a
difamação da companhia petroleira estatal e, nessa última semana,
manifestações nas ruas que deixaram 6 mortos e dezenas de feridos.
Por Maria Paez Victor*, de Nova York no "CounterPunch"
As
táticas são as mesmas que a oposição antidemocrática tem usado por 15
anos, desde a primeira eleição do presidente Hugo Chávez. Tais táticas
foram usadas nas chamadas "Revoluções Coloridas" no leste europeu, na
Líbia, na Síria, no Egito e agora na Ucrânia. O objetivo é dar uma
aparência de caos, provocar as forças da ordem pública, desacreditar o
governo por meio de uma mídia internacional complacente, fomentar a
agitação civil e, até, a guerra civil (como aconteceu com sucesso na Síria), e, finalmente, promover as condições para uma intervenção ou mesmo ocupação internacional.
No
entanto, a Venezuela não está no Oriente Médio ou no Oriente Próximo e
seu governo é uma democracia participativa que tem maioria muito forte, o
suporte de todas as instituições-chave do Estado de Direito, e o apoio
de seus vizinhos regionais. Além disso, a população é ligada a muitas
associações comunitárias organizadas; não é uma massa amorfa.
As apostas estão altas porque o país tem a maior reserva conhecida de petróleo, situada a poucos passos de Washington.
A
oposição acredita que, na ausência de Hugo Chávez, Nicolás Maduro é
presa fácil. Eles subestimam enormemente o homem cuja popularidade tem
aumentado dentro e fora do país [i]
O ataque contra a Venezuela, que visa a criar descontentamento popular, teve os seguintes destaques:
Guerra monetária
Começou com a corrida
pela moeda, a manipulação do dólar no mercado negro, a obtenção de
dólares do governo a um preço mais baixo sob falsos pretextos. Maduro
não hesitou: regulou os preços e mudou as regras de câmbio — 70% aprovaram sua decisão. [ii]
Falsa escassez
Dois golpes escandalosos
de aumento de preços de mercadorias, além de escassez artificial de
alimentos, começaram quando as pessoas estavam dando início às suas
compras de Natal. Ricos comerciantes começaram a acumular bens
essenciais: farinha de milho, açúcar, sal, óleo de cozinha, papel toalha, etc.,
guardando-os em armazéns escondidos ou fazendo-os chegar à Colômbia por
meio de operação de contrabando bem planejada. Os militares descobriram
uma ponte ilegal construída para motos que carregavam os bens
contrabandeados. Milhares de sacolas de alimentos foram descobertas
deixadas simplesmente para apodrecer nas estradas da Colômbia: esse não
era um contrabando feito por razões econômicas, mas por motivos
políticos. O governo colombiano cooperou com o governo venezuelano para
impedir esse contrabando.
Ataques contra a companhia de petróleo venezuelana, a PDVSA
A imprensa internacional
tem alegado que a PDVSA está falhando porque está usando seus lucros
para programas sociais em vez de reinvesti-los, e que o país está
esgotando suas reservas de petróleo. É curioso como eles nunca alertaram
o Canadá ou a Arábia Saudita sobre a escassez de petróleo. Eles chegam a
fazer a ridícula afirmação de que a Venezuela está importando gasolina
dos Estados Unidos. O fato é que a PDVSA é proprietária de uma grande
companhia de petróleo, a CITGO, nos EUA, cuja refinaria frequentemente
manda de volta para a Venezuela um líquido especial usado para aprimorar
a gasolina de grau 95. A PDVSA ainda é uma das 5 maiores companhias do
mundo, de acordo com a influente publicação "Petroleum Intelligence
Weekly".[iii]
Campanha para desacreditar a economia
Os meios de comunicação
internacionais têm feito previsões macabras para a Venezuela há anos! A
economia venezuelana está indo muito bem. Suas exportações de petróleo
no ano passado atingiram os US$ 94 bilhões enquanto as importações
chegaram somente a US$ 53 bilhões – um recorde historicamente baixo.
As reservas nacionais estão na casa dos US$ 22 bilhões e a economia tem
superávit (não um déficit) de 2,9% do PIB (Produto Interno Bruto). O
país não tem dívidas nacionais ou externas significativamente onerosas. [iv] Esses
são indicadores excelentes que muitos países na Europa invejariam, e
até mesmo os Estados Unidos e o Canadá. O banco multinacional "Wells
Fargo" recentemente declarou que a Venezuela é uma das economias
emergentes que está mais protegida contra qualquer crise financeira
possível e a "Merrill Lynch", do Bank of America, recomendou que seus
investidores comprem títulos do governo da Venezuela. [v]
Exagero sobre os riscos de segurança
A Venezuela tem alta
taxa de criminalidade, infelizmente, assim como a maioria dos países da
América Latina. A morte recente de um casal de alta expressão na mídia
impulsionou a oposição a exagerar a insegurança. Maduro respondeu com um
muito difundido "Plano para a Paz" com intenso policiamento
comunitário, envolvendo comodidades e conselhos comunais, dividindo as
cidades por setores com linhas diretas de denúncia e patrulhas
especiais, criando 25 comitês cidadãos para o Controle Policial, com 250
pessoas no total, novos serviços para vítimas de crimes, e buscando o
envolvimento da mídia para conter programas violentos.
A medida foi muito popular.
Oposição
Há
uma seção da oposição que é democrática e cumpridora da lei, mas,
infelizmente, são os elementos antidemocráticos da oposição que parecem
liderar. Nos últimos dias, esses líderes proeminentes da oposição
antidemocrática, os parlamentares Leopoldo López e Maria Corina Machado,
estavam incitando a violência. Manifestações orquestradas, com
sabotadores profissionais e a manipulação de jovens, assassinaram 3
pessoas e feriram 66. [vi]. López — cuja ligação com a CIA remonta à sua estadia no "Kenyon College", em Ohio [vii] — afirmou publicamente que a violência continuaria até que eles “se livrassem de Maduro”. Um dos manifestantes disse à imprensa “Nós precisamos de um cara morto”.
Abundaram mensagens no Twitter pedindo que alguém matasse Maduro. Uma
mensagem no Twitter dava detalhes da localização da escola da filha do
presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, incitando o
sequestro dela.
A procuradora-geral, uma mulher, foi fisicamente
atacada e seu escritório revirado. Carros de polícia foram queimados,
estabelecimentos culturais vandalizados, a casa do governador do Estado
de Táchira foi quase queimada com a família dele dentro.
A
violência da oposição tem sido constante. Em outubro, Henrique Capriles,
o candidato presidencial quatro vezes derrotado, depois de perder para
Maduro chamou as manifestações violentas abertamente, dizendo: “saiam às ruas e mostrem sua raiva”. Como resultado, 10 pessoas morreram (uma é uma menina indígena de 5 anos de idade)
e 178 ficaram feridas, 19 clínicas populares foram atacadas e
incendiadas, médicos cubanos tiveram de fugir para garantir sua
segurança. A imprensa internacional NÃO PUBLICA A VIOLÊNCIA PROVOCADA
PELA OPOSIÇÃO VENEZUELANA. Quando trata desses eventos violentos,
insinua que a culpa é do governo.
O resultado de 15 anos da Revolução Bolivariana é evidente no aumento do bem-estar de suas população [viii] A
CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe das Nações
Unidas) declarou que a Venezuela é agora o país menos desigual da região
(coeficiente de GINI), tendo reduzido a desigualdade em 54%. [ix]
O
índice de pobreza está em 21% e o de pobreza extrema caiu de 40% para
7,3%. A mortalidade infantil caiu de 25/1000 (1990) para 10/1000. [x] O
governo Chávez eliminou o analfabetismo e forneceu educação pública e
programas de moradia e saúde. Em apenas uma década, a Venezuela avançou 7
casas no Índice de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas [xi].
Pesquisas mostram que a Venezuela tem uma das populações mais felizes do mundo [xii].
Em tudo isso, foi muito ajudada pela solidariedade e pelos professores e
doutores especializados de Cuba. Cuba e Venezuela mostraram ao mundo o
que é a verdadeira solidariedade entre nações.
A crise financeira
que atingiu o Norte nos últimos seis anos foi recebida com antagonismo
estadual contra trabalhadores e a população geral. Com a desculpa de
suposta "necessidade de austeridade", programas públicos são cortados e
sindicatos prejudicados. A crise também afetou a Venezuela, já que os
preços do petróleo caíram. Entretanto, o governo continuou solidamente
reduzindo a pobreza, aumentando os salários, treinando milhares de
trabalhadores e o Índice de Desenvolvimento Humano do país
continuou subindo, apesar da contradição da economia. Ao proteger o
emprego como estratégia básica para conter a crise, a economia continuou
a crescer em uma média que variou de 2,5 a 5% do PIB. [xiii]
EUA
A
real oposição na Venezuela são os Estados Unidos, seus aliados e seus
agentes que alimentam o gasoduto ilegal de dólares que chovem sobre ONGs
fictícias e partidos de oposição.
A Venezuela representa a
rejeição da economia neoliberal e do capitalismo corporativo. A
Venezuela governada pela elite corrupta, queridinha do capitalista
corporativo, que empobreceu sua própria população durante 40 anos, não
existe mais.
Essas táticas violentas não têm esperança de serem
bem-sucedidas porque, ao contrário de 1999, o povo venezuelano agora
está organizado em muitos grupos: conselhos comunais, comunas, milhares da comitês de saúde, segurança, milícia, esportes, educação e cultura.
A Revolução Bolivariana promoveu não uma massa de pessoas, mas uma
população organizada orgânica que toma decisões sobre suas condições de
vida junto com o governo, porque a Venezuela é agora uma democracia
participativa em pleno funcionamento.
A oposição não tem base popular – como pode ser visto por sua série de derrotas eleitorais.
Não tem apoio dos militares – até os governadores que são parte da oposição democrática apareceram na TV denunciando essas táticas com militares a seu lado.
Eles
não têm o apoio de nenhum vizinho sul-americano, já que os países foram
rápidos em declarar sua solidariedade ao presidente Maduro e denunciar a
violência deles.
Sua única carta na manga é esperar que a
Venezuela seja invadida por marines norte-americanos. Esse seria o
começo de uma guerra regional."
Notas:
[i] Rafael
Rico Ríos, Un pueblo maduro, Rebelión, 09/12/13; Survey by
international news outlet NTN24 indicates Nicolás Maduro is the most
popular president in Latin America, as well the poll by ICS. YVK Mundial
- www.aporrea.org
01/10/13 - www.aporrea.org/venezuelaexterior/n237249.html
[ii] AVN, 15 Dec. 2013, Hinterlaces: 70% de los venezolanos apoya la ofensiva económica emprendida por Maduro;
[iii] Agencia Venezolana de Noticias, 09/05/2013
[iv] Mark
Weisbrot, How Europe can learn from Latin America’s independence, The
Guardian, 21 August 2013; El tan esperado apocalisis en Venezuela es
poco probable,
http://www.ultimasnoticias.com.ve/opinion/firmas/mark-weisbrot—desconsenso-en-washington/el-tan-esperado-apocalipsis–en-venezuela-es-poco.aspx#ixzz2jc5ULbi7
Is Venezuela in Crisis? Ewa Sapiezynska & Hassan Akram, AL JAZEERA, 2 December 2013; Venezuelanalysis.com
[v] La Guerra económica y las elecciones municipales, Juan Manuel Karg, Rebelión, 2 diciembre 2013
[vi] Ryan
Mallett-Outtrim, Venezuelan Opposition Leaders Demand More
Demonstrations Following Deadly Clashes, VENEZUELANALYSIS, Feb 13th 2014
[vii] Jean-Guy Allard, Para destruir la obra de Chávez, la CIA apuesta por López, el fascista que crió, TWITTER: @AllardJeanGuy
[viii] Carles Muntaner, Joan Benach, Maria Paez Victor, The Achievements of Hugo Chavez, COUNTERPUNCH, 20 December 2013.
[ix] http://english.pravda.ru/society/stories/06-12-2012/120428-Venezuela_Lessons_in_Socialism-0/
[x] National Institute of Statistics, Agencia Venezolana de Noticias, 27 March 2012; Yolanda Valey, BBC, 4 March 2012
[xi] UN
Human Development Index
http://www.telesurtv.net/articulos/2013/03/16/venezuela-subio-en-el-indice-de-desarrollo-humano-segun-pnud-8411.html
[xii] Gallup
Poll 2012; Happy Planet Sustainable Wellbeing Index, Global Footprint
Network, 14 June 2012; New Economic foundation, 24 Oct. 2012; World
Happiness Report, University of Columbia, 2012.
[xiii] Jesse
Chacón, “La economía nacional en el context de la crisis global del
capitalismo” 27 abril 2012, Agencia Venezolana de Noticias”
FONTE: escrito por Maria Paez Victor, de Nova York, no "CounterPunch". A autora é socióloga nascida na Venezuela. Tradução: "Opera Mundi".
Nenhum comentário:
Postar um comentário