Por Eduardo Guimarães
“Peço
calma ao leitor folião. Não se assuste. Haverá, sim, Carnaval no país.
Assim como haverá Copa. O título do texto serve apenas para evidenciar a
dimensão paquidérmica da farsa que foi urdida contra a realização do
campeonato mundial de futebol no Brasil neste ano.
Esse movimento
politiqueiro que tentará sabotar o país durante o evento internacional
mais importante que terá sediado em sua história justifica essa
enormidade com o “argumento” de que se deveria empregar em saúde,
educação etc. recursos que serão empregados em futebol.
Porém,
por esse prisma de que não se deve empregar em um evento internacional
recursos que faltam a obrigações constitucionais do Estado como as
supracitadas, há que perguntar por que tais recursos só não devem ser
gastos em competição internacional.
Alguém imagina quanto
dinheiro público é gasto com futebol todos os anos, nos campeonatos
regionais e no campeonato brasileiro? Tudo bem que possa ser menos do
que será gasto com a Copa, mas não é pouco e é gasto todos os anos,
enquanto a Copa será uma só vez.
Por que não abolir, então,
qualquer gasto público com futebol? Vamos gastar tudo em hospitais,
escolas, enfim, em obrigações fundamentais do Estado.
Mas a
comparação mais apropriada talvez seja com o que o Brasil gasta de
dinheiro público com o Carnaval, pois não é pouco e é anual. A cada
tantos anos, portanto, a festança consome recursos equivalentes aos que
consumirá a Copa… Certo?
Errado. Nem a Copa, nem os campeonatos internos de futebol e muito menos o Carnaval – só para ficarmos nos exemplos mais gritantes – gastarão coisa alguma. São investimentos,
pois, ao contrário de gastos obrigatórios do Estado com saúde,
educação, segurança etc, o que se coloca de dinheiro público nesses
eventos gera lucro para o Estado e para os agentes privados envolvidos.
Tenho
visto militantes engraçadinhos desse movimento aloprado contra a Copa
espalhando nas redes sociais frases de efeito que confundem os tolos ou
os ingênuos, mas que não passam de trapaça do mais baixo nível. Há que
ir rebatendo…
Esses militontos recomendam às pessoas que, quando
ficarem doentes, vão se tratar nos estádios de futebol
recém-construídos. É muita má fé. Esse dinheiro público que está sendo
investido na Copa irá retornar aos cofres públicos e com lucro. Muito
lucro.
E nunca iria para saúde ou educação, pois todas as verbas
são carimbadas e essa da Copa ou a do Carnaval estão em outras rubricas.
Estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas em parceria com a renomada empresa de consultoria Ernst & Young para o Ministério do Esporte em 2010 diz coisas muito diferentes das que vêm sendo ditas por esses embrulhões do movimento “Não vai ter Copa”.
Segundo
o estudo, a Copa irá gerar R$ 183 bilhões de faturamento em um período
de dez anos (de 2010 e até 2019) devido a impactos diretos – investimentos em infraestrutura, turismo, empregos, impostos, consumo – e indiretos – via circulação de todo esse dinheiro no país.
Somente
em obras de infraestrutura, os investimentos deverão alcançar R$ 33
bilhões, entre estádios, mobilidade urbana, portos, aeroportos,
telecomunicações, energia, segurança, saúde e hotelaria.
No
turismo, os números apurados pela consultoria mostram que circularão 600
mil turistas estrangeiros e 3 milhões de turistas nacionais, aumentando
em cerca de 50% o faturamento do turismo no país – de cerca de 6 para
cerca de 9 bilhões de reais.
Somando empregos para trabalhadores permanentes e temporários, eles devem incrementar o PIB em R$ 47,9 bilhões.
Segundo a consultoria citada, “Os
R$ 5 bilhões a serem injetados no consumo pela renda gerada por esses
trabalhadores equivalerá a 1,3 ano de venda de geladeiras no Brasil ou
7,2 milhões de aparelhos”.
A expectativa é a de que a Copa crie mais de 700 mil empregos entre permanentes e temporários.
FGV e Ernst & Young ainda afirmaram que devem ser arrecadados “R$
17 bilhões em impostos, o que representará mais de 30 vezes os R$ 500
milhões em isenções fiscais que serão concedidas à Federação
Internacional de Futebol (FIFA) e empresas por ela contratadas para a
realização do Mundial”.
Os tributos federais a ser
arrecadados com a Copa deverão chegar a R$ 11 bilhões, deixando um saldo
positivo de R$ 3,5 bilhões em relação aos investimentos federais na
realização do campeonato.
Veja, leitor, o cálculo do faturamento total da Copa, segundo o estudo em tela:
“Os
impactos indiretos da Copa na economia do país com a recirculação do
dinheiro são calculados pelo estudo em R$ 136 bilhões, até 2019, cinco
anos depois da Copa. Um impacto pós-Copa, impossível de dimensionar
financeiramente transforma-se em turismo futuro. Além disso, as obras
que modernizarão estádios nas 12 cidades-sedes também geram riqueza e
impacto no PIB. Este valor, somado aos R$ 47 bilhões dos impactos
diretos, leva aos R$ 183 bilhões que o estudo calcula que a Copa vai
gerar para o país”.
Então, diante de gastos de cerca de 30
bilhões de reais para realizar a Copa de 2014 no Brasil, haverá um
faturamento bruto de 183 bilhões de reais.
A mim parece um belo
negócio, mas os militontos dizem que o estudo é de 2010 e que hoje tudo
isso teria mudado. Ah, é? Então pergunte a eles em que se baseiam para
fazer tal afirmação. Algum estudo? Sim, do “instituto Achismo S/A”.
Há muito mais. Para quem quiser conhecer melhor o trabalho da consultoria, basta clicar aqui.
E, para quem quiser fiscalizar os gastos da Copa, bastará ficar de olho
no Portal da Transparência que o governo federal criou justamente para
esse fim, clicando aqui.
Mas
o mote do post é a distorção de um gasto como tantos outros que são
feitos para diversão do povo, sempre sob financiamento do lucro que
esses gastos geram.
Por essa ótica delinquente, não deveríamos
gastar dinheiro com a construção, conservação ou modernização de
autódromos para a fórmula 1, por exemplo. Aliás, há pouco o país gastou
118 milhões de reais com a visita do Papa, uma conta paga por católicos e
não católicos.
Alguém sequer cogitou um movimento “Não vai ter missa”?
Claro que não, pois não dava para culpar o PT e o governo Dilma por o
Brasil gastar essa enormidade para receber o líder da Igreja Católica.
Todavia,
Copa do Mundo, Carnaval, Fórmula 1, visita do Papa, tudo isso dá lucro,
inclusive gerando divisas para o país com turismo internacional. A Copa
só é melhor do que os outros itens elencados porque nos deixará
importantes e necessárias obras de infraestrutura em transporte
rodoviário, ferroviário e aeroviário, hotelaria etc.
Apesar de
tudo isso, a imprensa oposicionista se esbaldou com recente declaração
do presidente da FIFA, Joseph Blatter, de que o Brasil seria o país mais
atrasado na entrega de obras da Copa. Depois, essa afirmação caiu por
terra. Descobriu-se que a África do Sul sofreu “atraso” igual.
Mas
que atraso é esse? Algumas obras que deveriam ser entregues em dezembro
último serão entregues, na maior parte, em janeiro ou, no máximo, em
março. Trata-se de um detalhe técnico. Nada mais importante.
Até
por isso, Blatter recuou e endossou resposta pública e indireta que
recebeu de Dilma Rousseff, de que a Copa do Brasil será a “Copa das
Copas” e de que tudo dará certo.
Enfim, causa tristeza que, nessa
guerra que a mídia e certos partidos travam contra a Copa com fins
políticos, esteja sendo praticada a mesquinharia de praticamente
esconder o que deverá ser um momento de orgulho para o país durante a
competição.
A abertura da Copa do Mundo de 2014 inovará em
relação às aberturas de competições em outros países. O primeiro chute
na bola será dado por alguém portador de paralisia da cintura para baixo
e que usará, para esse fim, um exoesqueleto controlado pela mente.
Esse equipamento futurista foi desenvolvido no Brasil pelo “Walk Again Project” (projeto andar de novo),
liderado pelo cientista brasileiro Miguel Nicolelis. O aparelho é capaz
de interpretar as atividades cerebrais para mover os membros
inferiores.
Será um orgulho nacional. O país deverá se afirmar
diante do mundo ao mostrar capacidade de execução desse projeto
intrincado que é a realização de uma Copa do Mundo, pois os brasileiros
não deixarão um grupelho de aloprados colocar tudo isso a perder.”
FONTE: escrito por Eduardo Guimarães em seu blog “Cidadania”
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