Delfin Neto na Carta Capital
Usando português castiço, desde que vieram à luz do dia as patifarias nos mercados financeiros com a quebra do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos em 2008, foi se tornando evidente que as políticas monetárias praticadas pelos bancos centrais nas economias ditas desenvolvidas apenas “evitavam o pior”, enquanto o ajuste fiscal que as acompanhou destruía as finanças dos demais países, cuja administração se corrompera aceitando participar irresponsavelmente do jogo dos derivativos financeiros. Operações que pareciam estimular o desenvolvimento, mas que na verdade escondiam, atrás de modelos matemáticos sofisticados, enormes apostas, cujos riscos nem os governos nem seus bancos centrais entendiam.
Sessenta e quatro meses convivendo com a maior crise do capitalismo,
depois da Grande Depressão da década de 1930, e com a tragédia de 60
milhões de trabalhadores desempregados, ainda não se tem segurança do
que fazer para sair do atual problema. Ben Bernanke, economista teórico
reconhecidamente competente – que deixa agora em janeiro o comando do
Federal Reserve dos EUA após oito anos – reconheceu em 2013 que “estamos
navegando sem bússola, em noite escura e mar revolto”.
A economista Janet Yellen, primeira mulher a presidir o Fed, assume num momento em que as indefinições dos bancos centrais na maioria dos países apenas transmitem as incertezas que assombram os formuladores de política econômica em todo o mundo. Menos mal que, pelo menos no caso dos Estados Unidos, é visível que a economia está tendo recuperação. Na perspectiva de organismos como o FMI e Banco Mundial é uma recuperação crescente.
Usando aquele velho teorema do grande economista e frasista L. Brainard: “Se você não sabe bem o que está fazendo, faça devagar”. O Fed decidiu fazer um planejamento cuidadoso para reduzir os estímulos monetários paulatinamente.
Minha expectativa é de que vamos entrar o ano de 2014 nos Estados Unidos bem melhor do que em 2013. Os efeitos do Quantitative Easing perderam eficiência na margem, mas tornou-se claro que retirá-los (o tapering) não é tarefa trivial.
O banco central americano está enrascado no problema de como realizá-lo sem produzir um terremoto nos mercados financeiros mundiais. Sua política de comunicação – de anunciar um comportamento (o forward guidance), não limitado a condicionalidades físicas, mas apenas ao calendário da execução – pode acrescentar problemas de um outro lado, como no caso da política cambial brasileira.
Não se deve criticar o nosso Banco Central pela decisão do Copom do dia 16 de janeiro, acrescentando mais meio ponto porcentual na taxa básica de juros e elevando a Selic para 10,5% ao ano. A autoridade monetária prossegue com a política de cautela, “permanecendo de olho no combate à inflação”, como explicou o diretor de política econômica do BC, Carlos Hamilton, esta semana.
Conserva, portanto, as “barbas de molho”, como estão fazendo as autoridades monetárias na maioria dos países que se mantêm “plugadas” nos próximos movimentos do Fed.
Minha crença é que não precisamos de novidades na política monetária, mas que é necessário ajudá-la com uma política fiscal adequada que se comprometa de forma crível a reconduzir a expectativa da inflação para a meta de 4,5% num horizonte aceitável. Como ninguém sabe muito bem como fazê-lo, é preciso da disposição firme do governo, muito cuidado e alguma paciência.
O fato é que os Estados Unidos estão saindo da crise e é difícil saber quando vão alcançar aquele nível de desemprego de 6,5% que estão imaginando, para calibrar o seu programa de desmanche dos estímulos monetários.
O que pode esperar é a recuperação da economia americana e também na própria Europa, que deve melhorar ligeiramente este ano, pois tem uma redução importante dos déficits fiscais e uma quase eliminação dos déficits em conta corrente entre os países.
A economista Janet Yellen, primeira mulher a presidir o Fed, assume num momento em que as indefinições dos bancos centrais na maioria dos países apenas transmitem as incertezas que assombram os formuladores de política econômica em todo o mundo. Menos mal que, pelo menos no caso dos Estados Unidos, é visível que a economia está tendo recuperação. Na perspectiva de organismos como o FMI e Banco Mundial é uma recuperação crescente.
Usando aquele velho teorema do grande economista e frasista L. Brainard: “Se você não sabe bem o que está fazendo, faça devagar”. O Fed decidiu fazer um planejamento cuidadoso para reduzir os estímulos monetários paulatinamente.
Minha expectativa é de que vamos entrar o ano de 2014 nos Estados Unidos bem melhor do que em 2013. Os efeitos do Quantitative Easing perderam eficiência na margem, mas tornou-se claro que retirá-los (o tapering) não é tarefa trivial.
O banco central americano está enrascado no problema de como realizá-lo sem produzir um terremoto nos mercados financeiros mundiais. Sua política de comunicação – de anunciar um comportamento (o forward guidance), não limitado a condicionalidades físicas, mas apenas ao calendário da execução – pode acrescentar problemas de um outro lado, como no caso da política cambial brasileira.
Não se deve criticar o nosso Banco Central pela decisão do Copom do dia 16 de janeiro, acrescentando mais meio ponto porcentual na taxa básica de juros e elevando a Selic para 10,5% ao ano. A autoridade monetária prossegue com a política de cautela, “permanecendo de olho no combate à inflação”, como explicou o diretor de política econômica do BC, Carlos Hamilton, esta semana.
Conserva, portanto, as “barbas de molho”, como estão fazendo as autoridades monetárias na maioria dos países que se mantêm “plugadas” nos próximos movimentos do Fed.
Minha crença é que não precisamos de novidades na política monetária, mas que é necessário ajudá-la com uma política fiscal adequada que se comprometa de forma crível a reconduzir a expectativa da inflação para a meta de 4,5% num horizonte aceitável. Como ninguém sabe muito bem como fazê-lo, é preciso da disposição firme do governo, muito cuidado e alguma paciência.
O fato é que os Estados Unidos estão saindo da crise e é difícil saber quando vão alcançar aquele nível de desemprego de 6,5% que estão imaginando, para calibrar o seu programa de desmanche dos estímulos monetários.
O que pode esperar é a recuperação da economia americana e também na própria Europa, que deve melhorar ligeiramente este ano, pois tem uma redução importante dos déficits fiscais e uma quase eliminação dos déficits em conta corrente entre os países.
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