por Luiz Carlos Azenha, em seu blog
Este post nasceu de questionamentos feitos por motoristas de táxi à
implantação das faixas de ônibus em São Paulo. Os taxistas estão
particularmente irritados com o promotor de Habitação e Urbanismo
Maurício Ribeiro Lopes, que quer retirá-los das faixas exclusivas com a
alegação de que atrasam os ônibus.
Os taxistas confundem as atribuições do MP com as do prefeito e
geralmente atacam Fernando Haddad por uma decisão que não é dele.
Além disso, dizem que as faixas provocaram congestionamento. Que
faltam ônibus. Que faixas exclusivas são uma peça de marketing
eleitoral, já que exigem apenas tinta e algumas placas.
Como são 35 mil taxistas disseminando estas opiniões diuturnamente em
São Paulo e não é possível encontrar um contraponto ao que eles dizem
na grande mídia, fomos ouvir o secretário de Transportes da Prefeitura,
Jilmar Tatto, sobre o assunto.
São Paulo tem hoje 440 km de faixas exclusivas. Outros cem serão implantadas em 2014 e mais cem em 2015.
A decisão decorre de levantamento estatístico: com as mudanças já
feitas, cerca de 3 milhões de paulistanos estão economizando 38 minutos
por dia em transporte (a média gasta por pessoa é de 2h30m por dia).
O secretário diz que é um mito, espalhado por parte dos motoristas,
que as faixas tenham piorado o trânsito para os automóveis na cidade.
Ele diz que o aumento dos congestionamentos é vegetativo, ou seja, relacionado ao aumento do número de veículos.
Com a implantação das faixas, muitas conversões à esquerda foram
proibidas e substituídas por retorno à direita, em loop, o que acelerou o
trânsito mesmo para automóveis em alguns pontos da cidade, diz o
secretário. Ele cita como exemplo trechos do chamado corredor Norte-Sul.
A Prefeitura trabalha com dois dados que considera essenciais para
demonstrar que o plano está funcionando: aumento da velocidade dos
ônibus de 14km/h para 20km/h, em média, e a recente recuperação no
número de passageiros que andam de ônibus. Tinha havido uma queda de 24
milhões entre 2011 e 2012 e houve um aumento de 6 milhões entre 2012 e
2013, atribuído à maior rapidez dos coletivos.
Um exemplo específico dado pelo secretário é das linhas entre
Itaquera e o Parque Dom Pedro, que de 14 mil passaram a transportar 40
mil passageiros por dia. Com um detalhe: neste trecho os ônibus são mais
rápidos que o Metrô.
Com a central de monitoramentos que agora acompanha em tempo real toda a frota de 15 mil ônibus, através do GPS (veja aqui),
o próximo passo é atacar os gargalos. Este ano serão feitas 300
pequenas obras de adequação para acelerar os ônibus em pontos críticos.
Hoje, quem acompanha a frota pelo Olho Vivo pode ver
os pontos de lentidão. As linhas em verde marcam os lugares onde os
ônibus andam acima de 20 km/h; as amarelas, entre 15 e 20 km/h; as
vermelhas, até 15 km/h.
O objetivo é promover o desenvolvimento de aplicativos como o Cadê o Ônibus, para que os usuários possam acompanhar a frota em tempo real em seus celulares.
“Queremos dar maior velocidade à frota e mais informação aos usuários sobre onde ela está”, diz o secretário.
Os novos corredores de ônibus, que serão implantados até 2016, vão
dispor de 150 km de fibras óticas, com o objetivo de dotar os pontos de
painéis eletrônicos dando aos passageiros a previsão exata da chegada
dos ônibus.
Dois mil pontos dentre os mais movimentados terão tablets com informações para os usuários.
O secretário diz que não faltam ônibus em São Paulo, mas planejamento.
Está em andamento uma reorganização da frota, para adequá-la às
necessidades de cada região, que agora podem ser aferidas praticamente
em tempo real.
Segundo a Secretaria de Transportes, o plano do prefeito Fernando
Haddad é de dar previsibilidade aos ônibus, assim como existe em outras
capitais do mundo, permitindo ao usuário se programar e reduzir a espera
em pontos, especialmente naquelas linhas com maior espaçamento.
Por isso, o secretário insiste que a tendência da Prefeitura é
autorizar apenas o trânsito de ambulâncias pelas faixas, reduzindo assim
a possibilidade de barreiras nos caminhos dos ônibus.
Considerando a quantidade de imprevistos que acontecem em São Paulo, é
uma tarefa gigantesca garantir que o ônibus número x vai chegar ao
ponto exatamente às 7h47m, mas vale a pena tentar, especialmente se é
para garantir mais alguns minutos de sono à população que usa transporte
público.
Informei à assessoria do secretário que deixaria o espaço aberto nos comentários para críticas e sugestões de leitores.
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