Por Luis Nassif
“Por mais
que tente, não consigo atinar com a lógica da partidarização da imprensa
e os critérios de escolha de seus legionários.
Houve um
longo período, nos anos 70 e 80, em que a inteligência era
preponderantemente de esquerda. Seguiu-se o período pós-muro de Berlim e
pós-fim da União Soviética, o fim da era Geisel, com o fortalecimento
do liberalismo e a preponderância do pensamento conservador ou liberal. A
esquerda perdeu o discurso.
No Brasil,
esse movimento abriu espaço para José Guilherme Merquior, Roberto
Campos, os economistas da PUC-Rio, os liberais da FGV, como Paulo Guedes
e Paulo Rabello de Castro. Numa fase posterior, ao grupo do INSPER, a
filósofos como Eduardo Gianetti da Fonseca.
De alguns anos para cá, o carro
da direita degringolou. Substituiu-se o discurso conceitual pela
caricatura do anticomunismo, a inteligência pela beligerância mais
tosca, cujo auge foi a escabrosa campanha de José Serra em 2010.
Por
repetitivo e pouco inovador, o estilo desgastou a primeira geração
“neocons”, incapazes de resgatar qualquer bandeira legitimadora do
liberalismo. Hoje, ocupam seu tempo terçando armas com os blogs e
twitters de esquerda.
A cada dia, no entanto, o “Instituto Millenium” - onde se dá a articulação midiática ideológica -
se supera. É inacreditável sua capacidade de selecionar o que de mais
caricato existe na direita. Vai buscar nos guetos mais toscos
personagens incapazes de qualquer refinamento intelectual.
Tempos atrás, foi um advogado que parecia ter pulado direto do navio do Almirante Pena Botto.
Agora, esse
burlesco economista Rodrigo Constantino, páginas amarelas de “Veja” e
espaço nobre em “O Globo”. A quem pretendem cativar com esse primarismo?
Provavelmente, aos fundamentalistas do pastor Feliciano ou do pastor
José Serra.
Julgam que,
apelando para esse padrão, conseguirão formular qualquer alternativa
liberal minimamente defensável aos princípios dos defensores do Estado
forte?
É evidente que não. Há inúmeras teses legitimadoras do liberalismo: o empreendedorismo, a governança no mercado de capitais, a liberdade individual, a iniciativa, o combate às burocracias.
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