Ato Público realizado em
Criciúma, no dia 25, reuniu mais de mil manifestantes
Mais de mil trabalhadores, muitos
deles vítimas de doenças e acidentes de trabalho, participaram neste dia 25 de
abril, em Criciúma, do Ato Público promovido pelo Movida (Movimento em Defesa da
Vida, Saúde e Segurança da Classe Trabalhadora Catarinense). Reduzir os
acidentes de trabalho em Santa Catarina em pelo menos 30%, até 2014, é a meta
específica do Movida e que está escrita na Carta Denúncia entregue ao Centro
Empresarial de Criciúma (Acic) e à agência do INSS local. Santa Catarina ocupa o
primeiro lugar no ranking de nacional
de acidentes de trabalho por população, ou seja, de cada mil trabalhadores 7,6
já sofreram acidente de trabalho. "Queremos trabalhar para viver, não para
morrer", adverte o presidente da Fetiesc (Federação dos Trabalhadores nas
Indústrias de Santa Catarina), Idemar Antônio Martini, lembrando a principal
bandeira de luta do Movida, movimento criado há 10 anos e integrado, além da
Fetiesc, por Centrais de Trabalhadores, entidades sindicais e órgãos de Saúde,
no estado. O 10º Ato Público do Movida "consolidou uma trajetória de luta em
defesa da saúde, segurança e qualidade de vida da classe trabalhadora", reforçou
Martini.
Os manifestantes realizaram uma
passeata, de quatro quilômetros, às 14 horas, passando pela Avenida Centenário e
principais ruas centrais de Criciúma, sendo recepcionados com aplausos pela
população. Muitos motoristas também buzinavam, em sinal de solidariedade ao
Movimento enquanto, no carro de som, a organização do Ato Público gritava as
palavras de ordem e reivindicações prioritárias da classe trabalhadora: redução
da jornada de trabalho para 40 horas semanais, fim do fator previdenciário, do
assédio moral e sexual no trabalho, das Lesões por Esforços Repetitivos (LER),
implantação de Centros de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) e que
tenham um trabalho efetivo de prevenção, implantação do Plano Nacional do
Trabalho Decente, no estado, entre outras. "Lutamos pelo direito a um emprego
digno, num ambiente de trabalho humano, seguro e saudável", reforça o assessor
de Formação da Fetiesc e um dos idealizadores do Movida, professor Sabino
Bussanello. A passeata passou ainda na frente da agência da Previdência Social
e, ao final, os manifestantes se concentraram na praça Nereu Ramos, onde todas
as entidades integrantes do Movida puderam se manifestar.
Manifestações pela vida
"Foram dois meses de organização
desse Ato Público, realizado pela primeira vez no sul do estado e ficamos muito
satisfeitos", avaliou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Químicos de
Criciúma e Região, Carlos De Cordes, um dos coordenadores do evento, juntamente
com a Regional Sul da CUT e do Fórum Regional Sul de Saúde do Trabalhador.
Representantes de deputados estaduais e federais, a deputada Ângela Albino
(PCdoB) e dirigentes das centrais sindicais também se manifestaram. "Parabéns a
vocês que não desistem da luta", disse Ângela Albino. Já o presidente da UGT/SC,
Waldemar Schulz, lembrou da importância da unidade das centrais sindicais, e o
presidente da Nova Centreal (NCST/SC), Altamiro Perdoná, destacou que "o
movimento sindical não luta apenas por salário, mas também luta pela vida". A
representante da CUT, no Ato Público, Bárbara Teixeira Righetto, resgatou a
história do 1º de maio, Dia Internacional do trabalhador: "Muitos trabalhadores
morreram para que tivéssemos as conquistas de hoje".
O marceneiro Paulo de Matos está com
54 anos, tem 30 anos de profissão e confessa que não sabia que existia o dia em
memória das vítimas de doenças e acidentes de trabalho, celebrado em 28 de
abril: "Esse é um problema gravíssimo, principalmente em Criciúma, onde temos
muitos trabalhadores mineiros que são vítimas das más condições de trabalho.
Vocês estão de parabéns pela iniciativa", disse o trabalhador. O coordenador do
Fórum de Saúde do Trabalhador, Júlio Cezar Zavadil, destacou a conscientização e
a visibilidade do Movida: "Estamos aqui para denunciar a falta de políticas
públicas em saúde do trabalhador, para aconselhar aos trabalhadores para que não
aceitem metas abusivas de produção, para que lutem conosco por melhores
condições de vida". A professora Rindalta das Graças de Oliveira integra a
Associação dos Deficientes Físicos de Criciúma e também defende que o Estado
formule políticas públicas em Saúde do Trabalhador. Vítima de acidente de
trabalho, Rindalta teve que fazer 18 cirurgias nas duas pernas fraturadas no
acidente: "Faço tratamento porque vou à luta, se dependesse do Estado não sei o
que seria de mim".
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