Alimentos
ainda
pressionam a inflação
Ainda que em ritmo menos intenso, a Alimentação – com
alta de 0,46% -
continuou a ser o grupo de
despesas que mais contribuiu para a alta de 0,23% registrada
em junho pelo Índice
do Custo de Vida (ICV), calculado pelo DIEESE – Departamento
Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos. A taxa do mês
representa um recuo de
0,20 ponto percentual (p.p.) em relação à apurada em maio
(0,43%). Além dos
alimentos, também os grupos Despesas Pessoais
(2,20%) e
Habitação (0,36%) pressionaram o ICV,
em junho e os três, em conjunto, contribuíram com 0,31 p.p.
para a taxa do mês.
Por outro lado, os grupos Equipamento
Doméstico (-0,75%) e Transporte (-0,51%)
contrabalançaram as altas com contribuição negativa de –
0,10 p.p.
Além do
índice geral (0,23%),
o DIEESE calcula três outros indicadores de inflação, segundo
tercis da renda
das famílias paulistanas[1].
Em junho, as taxas foram positivas e maiores para as famílias
mais pobres
pertencentes ao estrato 1 (0,38%); ficaram em 0,24% para o 2º
estrato e em 0,19%,
para as famílias de maior poder aquisitivo, do 3º estrato Em
relação a maio, as
taxas caíram e apontaram as seguintes diferenças: -0,08 p.p
para o estrato 1; -0,21
p.p. para o 2 e igualmente -0,21 p.p. para o 3.
O ICV-DIEESE acumula alta nos últimos
12 meses - de julho
de 2011 a
junho de 2012 - de 6,39% para o índice geral. Por estrato de
renda, as taxas
anuais foram de 6,22% para o estrato 1; 6,01% para o 2 e 6,54%
para o 3. No
primeiro semestre de 2012, o índice geral correspondeu a
3,42%, registrando as
seguintes taxas por estrato de renda: 3,25% para o 1º, 3,02%
para o 2º e 3,63%
para o 3º.
A Alimentação
pesa, em média, no bolso do consumidor paulistano, 29,49%.
Portanto, o aumento em
seus preços causa forte impacto para as famílias. Para
verificar esse impacto,
será analisado o comportamento dos preços desses bens e
serviços por cinco semestres,
no período de janeiro de 2010 a junho de 2012.
Ao longo deste período, o grupo Alimentação teve reajustes que totalizaram 23,99% contra uma inflação Geral
de 17,30%. Todos os
subgrupos
subiram acima do ICV-DIEESE, notadamente a alimentação fora do
domicílio
(29,21%) e os produtos in
natura e
semielaborados (26,09%), o subgrupo da indústria alimentícia
(18,48%) apresentou
variação ligeiramente superior ao ICV.
Os registros do período mostram que
as taxas de
aumento na Alimentação costumam ser superiores no segundo
semestre de cada ano,
quando comparadas com o primeiro. O subgrupo dos alimentos in natura e semielaborados costuma ser
fortemente pressionado, a
partir de julho, pelos itens carnes e aves e ovos, que
representam 5,62% dos gastos
das famílias, e é, portanto uma preocupação para os preços dos
próximos meses.
Além disso, os empresários da
alimentação fora do
domicílio têm por hábito manter, no segundo semestre, aumentos
elevados e
semelhantes aos do primeiro. Como este foi o subgrupo que mais
subiu nos
primeiros seis meses de 2012, provavelmente não escapará à
regra e terá seus
preços reajustados no
mesmo patamar que
do primeiro semestre.
Na indústria da alimentação, os
reajustes são
semelhantes entre os dois semestres, porém deve-se estar
atento a eventuais
altas em óleos e bebidas, que podem sofrer influências dos
preços
internacionais.
Diante destas considerações, as
perspectivas de queda
de preço no grupo Alimentação
nos
próximos meses não permitem otimismo.
[1]
O
estrato 1 corresponde à estrutura de gastos de 1/3 das
famílias mais pobres
(renda média = R$ 377,49*);
o
estrato 2 contempla os gastos das famílias com nível
intermediário de
rendimento (renda média = R$ 934,17*) e o 3º
estrato reúne aquelas
de maior poder aquisitivo (renda média = R$ 2.792,90*).
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