quarta-feira, 4 de julho de 2012

Resumo do ICV-DIEESE de junho


Alimentos ainda pressionam a inflação
Ainda que em ritmo menos intenso, a Alimentação – com alta de 0,46% - continuou a ser o grupo de despesas que mais contribuiu para a alta de 0,23% registrada em junho pelo Índice do Custo de Vida (ICV), calculado pelo DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. A taxa do mês representa um recuo de 0,20 ponto percentual (p.p.) em relação à apurada em maio (0,43%).  Além dos alimentos, também os grupos Despesas Pessoais (2,20%) e Habitação (0,36%) pressionaram o ICV, em junho e os três, em conjunto, contribuíram com 0,31 p.p. para a taxa do mês. Por outro lado, os grupos Equipamento Doméstico (-0,75%) e Transporte (-0,51%) contrabalançaram as altas com contribuição negativa de – 0,10 p.p.
Além do índice geral (0,23%), o DIEESE calcula três outros indicadores de inflação, segundo tercis da renda das famílias paulistanas[1]. Em junho, as taxas foram positivas e maiores para as famílias mais pobres pertencentes ao estrato 1 (0,38%); ficaram em 0,24% para o 2º estrato e em 0,19%, para as famílias de maior poder aquisitivo, do 3º estrato Em relação a maio, as taxas caíram e apontaram as seguintes diferenças: -0,08 p.p para o estrato 1; -0,21 p.p. para o 2 e igualmente -0,21 p.p. para o 3.
O ICV-DIEESE acumula alta nos últimos 12 meses - de julho de 2011 a junho de 2012 - de 6,39% para o índice geral. Por estrato de renda, as taxas anuais foram de 6,22% para o estrato 1; 6,01% para o 2 e 6,54% para o 3. No primeiro semestre de 2012, o índice geral correspondeu a 3,42%, registrando as seguintes taxas por estrato de renda: 3,25% para o 1º, 3,02% para o 2º e 3,63% para o 3º.
A Alimentação pesa, em média, no bolso do consumidor paulistano, 29,49%. Portanto, o aumento em seus preços causa forte impacto para as famílias. Para verificar esse impacto, será analisado o comportamento dos preços desses bens e serviços por cinco semestres, no período de janeiro de 2010 a junho de 2012.
Ao longo deste período, o grupo Alimentação teve reajustes que totalizaram 23,99% contra uma inflação Geral de 17,30%. Todos os subgrupos subiram acima do ICV-DIEESE, notadamente a alimentação fora do domicílio (29,21%) e os produtos in natura e semielaborados (26,09%), o subgrupo da indústria alimentícia (18,48%) apresentou variação ligeiramente superior ao ICV.
Os registros do período mostram que as taxas de aumento na Alimentação costumam ser superiores no segundo semestre de cada ano, quando comparadas com o primeiro. O subgrupo dos alimentos in natura e semielaborados costuma ser fortemente pressionado, a partir de julho, pelos itens carnes e aves e ovos, que representam 5,62% dos gastos das famílias, e é, portanto uma preocupação para os preços dos próximos meses.
Além disso, os empresários da alimentação fora do domicílio têm por hábito manter, no segundo semestre, aumentos elevados e semelhantes aos do primeiro. Como este foi o subgrupo que mais subiu nos primeiros seis meses de 2012, provavelmente não escapará à regra e terá seus preços  reajustados no mesmo patamar que do primeiro semestre.
Na indústria da alimentação, os reajustes são semelhantes entre os dois semestres, porém deve-se estar atento a eventuais altas em óleos e bebidas, que podem sofrer influências dos preços internacionais.
Diante destas considerações, as perspectivas de queda de preço no grupo Alimentação nos próximos meses não permitem otimismo.


[1] O estrato 1 corresponde à estrutura de gastos de 1/3 das famílias mais pobres (renda média = R$ 377,49*); o estrato 2 contempla os gastos das famílias com nível intermediário de rendimento (renda média = R$ 934,17*) e o 3º estrato reúne aquelas de maior poder aquisitivo (renda média = R$ 2.792,90*).

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