GM Corta investimento de R$700 mi em Joinville
Produção seria destinada à exportação para Europa, que perdeu força
13 de julho de 2012 | 3h 03
CLEIDE SILVA - O Estado de S.Paulo
A General Motors suspendeu a construção de uma segunda fábrica em
Joinville (SC)para a produção de transmissões, um investimento de R$ 710
milhões anunciado em fevereiro. A decisão ocorre em meio ao processo de
avaliação sobre o fechamento da linha de montagem dos carros Classic,
Corsa e Meriva em São José dos Campos (SP).
Segundo a GM, a suspensão é temporária e tem a ver com a crise no
mercado europeu. "Boa parte da produção seria para exportação à Europa e
como aquele mercado está fraco, decidimos esperar um pouco para avaliar
melhor o projeto", diz o diretor de assuntos institucionais, Luiz Moan.
As obras da fábrica - que entraria em operação em 2014 com 350 empregos
diretos -, já haviam começado. "Vamos completar o trabalho de
estaqueamento e depois vamos parar", informa Moan. Já o início das
operações da fábrica de motores e cabeçotes no mesmo terreno, orçada em
R$ 350 milhões, está confirmado para dezembro. A empresa em breve
iniciará as contratações de 500 pessoas.
Segundo Moan, a ideia inicial da GM era de ampliar a fábrica de motores
de São José dos Campos, mas, como não houve acordo de flexibilização das
relações de trabalho com o sindicato, como a criação de um banco de
horas, a decisão foi pela nova fábrica fora de São Paulo. Ele afirma,
contudo, que não há planos de suspender a produção de motores na filial
do Vale do Paraíba.
A mesma justificativa é dada para a situação da produção de automóveis
em São José, que nos últimos três anos recebeu apenas um novo projeto, o
da picape S10. Os demais ficaram com as fábricas de Gravataí (RS) e de
São Caetano do Sul (SP) - um deles é o do recém lançado Spin, substituto
da Zafira - que parou de ser produzida ontem - e da Meriva.
Segundo Moan, a continuidade da produção dos três modelos da linha
conhecida como MVA "vai depender exclusivamente do desempenho do
mercado". No fim do mês, a GM vai avaliar se a demanda justifica a
continuidade da produção. "O risco de fechar essa linha existe, mas não
é o nosso desejo".
A linha tem 1,5 mil metalúrgicos e, segundo Moan, será avaliado o
destino desse pessoal, mas a demissão não é descartada. Em razão desse
risco, o Sindicato dos Metalúrgicos decretou estado de greve e pode
paralisar a fábrica, que emprega 7 mil pessoas.
IPI. O presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, acusa a GM
de não cumprir acordo feito com o governo federal, de manutenção de
empregos em troca da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados
(IPI). Em um mês, 356 pessoas deixaram a empresa em programa de demissão
voluntária.
"Vamos apelar para uma intervenção do governo federal, pois existe um
acordo para a redução do IPI", diz Barros. Na terça-feira ele vai se
reunir com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-geral da
Presidência, em Brasília. O sindicato quer que a GM seja excluída do
benefício.
Moan alega que não há descumprimento do acordo, pois a GM está abrindo
vagas em outras unidades. No fim do mês, também haverá reunião entre as
partes, a Delegacia Regional do Trabalho e a Prefeitura para discutir o
futuro da fábrica do Vale./ COLABOROU GERSON MONTEIRO
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