sábado, 14 de julho de 2012

GM corta investimento de R$ 700 mi em Joinville

GM Corta investimento de R$700 mi em Joinville

Produção seria destinada à exportação para Europa, que perdeu força

13 de julho de 2012 | 3h 03

CLEIDE SILVA - O Estado de S.Paulo

A General Motors suspendeu a construção de uma segunda fábrica em Joinville (SC)para a produção de transmissões, um investimento de R$ 710 milhões anunciado em fevereiro. A decisão ocorre em meio ao processo de avaliação sobre o fechamento da linha de montagem dos carros Classic, Corsa e Meriva em São José dos Campos (SP).

Segundo a GM, a suspensão é temporária e tem a ver com a crise no mercado europeu. "Boa parte da produção seria para exportação à Europa e como aquele mercado está fraco, decidimos esperar um pouco para avaliar melhor o projeto", diz o diretor de assuntos institucionais, Luiz Moan.

As obras da fábrica - que entraria em operação em 2014 com 350 empregos diretos -, já haviam começado. "Vamos completar o trabalho de estaqueamento e depois vamos parar", informa Moan. Já o início das operações da fábrica de motores e cabeçotes no mesmo terreno, orçada em R$ 350 milhões, está confirmado para dezembro. A empresa em breve iniciará as contratações de 500 pessoas.

Segundo Moan, a ideia inicial da GM era de ampliar a fábrica de motores de São José dos Campos, mas, como não houve acordo de flexibilização das relações de trabalho com o sindicato, como a criação de um banco de horas, a decisão foi pela nova fábrica fora de São Paulo. Ele afirma, contudo, que não há planos de suspender a produção de motores na filial do Vale do Paraíba.

A mesma justificativa é dada para a situação da produção de automóveis em São José, que nos últimos três anos recebeu apenas um novo projeto, o da picape S10. Os demais ficaram com as fábricas de Gravataí (RS) e de São Caetano do Sul (SP) - um deles é o do recém lançado Spin, substituto da Zafira - que parou de ser produzida ontem - e da Meriva.

Segundo Moan, a continuidade da produção dos três modelos da linha conhecida como MVA "vai depender exclusivamente do desempenho do mercado". No fim do mês, a GM vai avaliar se a demanda justifica a continuidade da produção. "O risco de fechar essa linha existe, mas não é o nosso desejo".

A linha tem 1,5 mil metalúrgicos e, segundo Moan, será avaliado o destino desse pessoal, mas a demissão não é descartada. Em razão desse risco, o Sindicato dos Metalúrgicos decretou estado de greve e pode paralisar a fábrica, que emprega 7 mil pessoas.

IPI. O presidente do sindicato, Antonio Ferreira de Barros, acusa a GM de não cumprir acordo feito com o governo federal, de manutenção de empregos em troca da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Em um mês, 356 pessoas deixaram a empresa em programa de demissão voluntária.

"Vamos apelar para uma intervenção do governo federal, pois existe um acordo para a redução do IPI", diz Barros. Na terça-feira ele vai se reunir com o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-geral da Presidência, em Brasília. O sindicato quer que a GM seja excluída do benefício.

Moan alega que não há descumprimento do acordo, pois a GM está abrindo vagas em outras unidades. No fim do mês, também haverá reunião entre as partes, a Delegacia Regional do Trabalho e a Prefeitura para discutir o futuro da fábrica do Vale./ COLABOROU GERSON MONTEIRO

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