Fim da sobretaxa altera comércio
Da RedaçãoDepois de mais de três décadas de discussão, no fim de 2011, o Congresso dos EUA decidiu pela retirada da tarifa que vigorava desde 1980 sobre o etanol brasileiro, que representava um aumento de custo de US$ 0,54 por galão (ou US$ 0,27 por litro) ao produto brasileiro
Depois de mais de três décadas de discussão, no fim
de 2011, o Congresso dos EUA decidiu pela retirada da tarifa que vigorava desde
1980 sobre o etanol brasileiro, que representava um aumento de custo de US$ 0,54
por galão (ou US$ 0,27 por litro) ao produto brasileiro. O fim da barreira
tarifária somou-se à decisão da agência ambiental americana que considerou em
2010 o etanol brasileiro um biocombustível avançado, por emitir 50% menos gases
de efeito estufa do que a gasolina, o que conferiu um prêmio ao biocombustível
brasileiro. Os dois movimentos já começam a ter impacto sobre as relações das
usinas brasileiras com o mercado americano.
Entre janeiro e maio, as exportações de Minas
Gerais tiveram alta de 400% em comparação anual,
chegando a US$ 17 milhões, com alta de 350% do volume embarcado. "Esse resultado
já reflete a decisão do governo americano de eliminar as barreiras tarifárias",
diz o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de
Agricultura de Minas Gerais, João Ricardo Albanez, que estima que 99% do etanol
exportado pelo Estado nesses cinco meses foram destinados aos Estados
Unidos.
De janeiro a maio, o Brasil exportou 457 mil metros
cúbicos de etanol, alta de 14% em relação aos 400 mil metros cúbicos do mesmo
período do ano passado. Os embarques somaram US$ 361 milhões, superior em mais
de 20% aos US$ 271 milhões de 2011. "Teve um fator preço e câmbio, mas ainda é
cedo analisar o impacto, vamos ter de esperar mais um pouco", diz um analista do
setor.
O fim das sobretaxas permitiu que as empresas
brasileiras façam operações de swap (troca) com os EUA, diz Plínio Nastari,
presidente da Datagro, consultoria especializada no setor. A operação consiste
em importar o etanol de milho fabricado pelos americanos a preços mais baixos e
vendê-lo no mercado brasileiro por valor mais atrativo. De outro lado,
exporta-se volume semelhante do etanol de cana de açúcar aos EUA por preços mais
altos, já que o biocombustível brasileiro recebe no mercado americano um prêmio
por ser considerado um combustível avançado. Esse prêmio estaria entre US$ 0,70
a US$ 0,80 por galão. "EUA e Brasil respondem por 80% do mercado de etanol no
mundo e agora esse comércio bilateral será regido sob tarifa zero, com total
liberdade. Precisamos de tempo para ver o que acontecerá", diz Nastari.
Calcula-se que EUA respondam por metade do álcool
exportado pelo país. O resto vai para União Europeia, Japão e Coreia.
(RR)
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