Especialista
afirma que novas refinarias foram projetadas para produzir mais diesel que
gasolina
Renée
Pereira
De
fornecedor de gasolina e etanol para o mercado externo, o Brasil virou cliente.
“Continuaremos nessa posição pelos próximos 3 ou 4 anos, quando as novas
refinarias entram em operação”, diz o diretor doCentro Brasileiro de
Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires. O problema é que as novas unidades foram
planejadas para produzir mais diesel do que gasolina. Na Refinaria Abreu Lima,
que deve começar a funcionar em novembro de 2014, 65% da capacidade será
direcionada à produção de óleo diesel. O Comperj –que não tem data para entrar
em operação – foi desenhado para produzir diesel, querosene, nafta e coque. Para
o gerente de abastecimento do Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e
Biocombustível (IBP), Ernani Filgueiras, é possível que, diante do cenário de
escassez, o complexo petroquímico produza gasolina numa segunda
fase.
A ideia da
Petrobrás, segundo especialistas, era usar as novas unidades para outros
combustíveis e deixar as antigas refinarias para produção de gasolina.Mas a
estatal foi pega no contrapé. “Não há planejamento no mundo que dê conta de um
cenário que tinha 100 novas unidades de produção de etanol com alta
produtividade e de repente para tudo”,diz uma fonte do governo. O fato, avaliam
especialistas, é que a estatal apostou que o biocombustível atenderia a demanda.
“Além disso, refino sempre foi visto como investimento de baixa retorno pelos
analistas”, diz o diretor da consultoria Gas Energy, Carlos Alberto Lopes. Mas
ele discorda do mercado: “Quem tem matéria-prima tem de fazer o refino. A Exxon,
por exemplo, é toda integrada.” O executivo lembra que desde a década de 80 a
Petrobrás não constrói uma nova refinaria no País.
Para
reduzir a dependência de gasolina importada, o governo já ensaiou elevar a
mistura de etanol na gasolina, de 20% para 25%. Apesar de exigir aumento na
importação do biocombustível, haveria alívio nas contas da Petrobrás, que compra
gasolina mais cara no exterior e vende mais barato no Brasil.O rombo no caixa da
estatal tem sido preocupante.
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