quarta-feira, 11 de julho de 2012

Após dois meses de alta, vendas do comércio varejista registraram queda em maio superior ao esperado


- O volume de vendas no varejo restrito (que exclui as vendas de veículos e motos, partes e peças e de material de construção) registrou queda de 0,8% na margem em maio, já descontados os efeitos sazonais, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada hoje pelo IBGE. O resultado confirmou o nosso viés de baixa em relação à projeção do mercado, mas ainda assim surpreendeu negativamente (Bradesco: 0%; Mercado: +0,5%, segundo coleta da Agência Estado). Na comparação com o mesmo período de 2011, o indicador avançou 8,2%, também abaixo, tanto da nossa estimativa (9,5%), quanto da mediana do mercado (10,5%). Em relação ao índice ampliado (que considera todas as atividades), a retração chegou a 0,7% e, na comparação interanual, a variação foi de 4,2%. 

- A queda na margem do comércio foi concentrada em quatro das dez atividades que compõem a PMC ampliada, já que supermercados, móveis e eletrodomésticos, outros artigos de uso pessoal e doméstico e material de construção mostraram retração em maio ante abril. Os destaques negativos ficaram por conta dos seguintes segmentos: (i) móveis e eletrodomésticos, cujas vendas recuaram 3,1% ante abril (maior contração mensal desde dezembro de 2008, no auge dos impactos da crise global) é importante destacar, contudo, que esse recuo veio depois de 8 altas consecutivas, período no qual houve expansão acumulada de 9,9%; (ii) material de construção, com queda de 11,3% na margem (maior recuo de toda a série histórica), ainda assim, as vendas do segmento acumulam expansão de 11,1% no ano; (iii) super e hipermercados, com avanço de apenas 0,1%, após o recuo de 0,7% registrado em maio. Por outro lado, as vendas de veículos e motos, partes e peças apresentaram alta de 1,5% ante abril, provavelmente já refletindo parcialmente o incentivo via IPI reduzido (a partir do dia 22 de maio). O resultado das vendas desse segmento em junho deverão mostrar variação ainda mais forte.
- Entendemos que parte dessa queda verificada em maio deva ser lida como uma acomodação, após a expansão registrada nos dois meses anteriores. Essa avaliação é corroborada pelo fato de que o nível de consumo continua elevado, praticamente em linha com a tendência histórica. No entanto, é importante reconhecer o arrefecimento do ritmo de vendas do comércio varejista, levando em conta o desempenho das variações trimestrais dessazonalizadas. De fato, no trimestre encerrado em maio, o crescimento anualizado em relação aos três meses anteriores foi de 5,5% no índice restrito (10,1% no trimestre encerrado em abril) e 2,6% no conceito ampliado (5,1% até o período anterior).
- De um modo geral, apesar de terem surpreendido para baixo e mostrarem certa desaceleração na métrica trimestral, as vendas do comércio continuam com perspectivas positivas, diante de fundamentos relacionados ao consumo que se mantêm favoráveis, como a expansão da massa salarial e a melhora das condições do crédito. Ao mesmo tempo, contudo, é importante destacar que já se observam sinais de moderação da confiança do consumidor (ainda em patamar elevado), além da desaceleração no ritmo de geração de emprego com carteira assinada. Os resultados de junho, de modo particular, deverão mostrar forte aceleração na margem pelos efeitos do IPI reduzido para veículos, conforme apontamos acima e já sinalizado pelos dados mais recentes da Fenabrave.
- Finalmente, somadas aos indicadores de atividade já divulgados ao longo do mês (como a produção industrial), as vendas no varejo em maio sugerem uma queda de 0,9% na margem do IBC-Br (proxy mensal do PIB estimada pelo Banco Central) que será divulgado amanhã. Esse resultado, se confirmado, gera um leve viés baixista para as estimativas do PIB do segundo trimestre, que, segundo nossa projeção preliminar aponta para crescimento de 0,5% ante o primeiro trimestre.

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