quarta-feira, 2 de abril de 2014

Crise na Venezuela já dura quase dois meses e violência não cessa


Natasha Pitts
Adital
Foto: Reprodução

Desde o dia 12 de fevereiro, a violência não tem dado trégua na Venezuela. Se por um lado o governo de Nicolás Maduro denuncia as ações supostamente orquestradas pela ultradireita com apoio de organizações estrangeiras para retirá-lo do poder, por outro, entidades internacionais criticam o recrudescimento da violência por parte das forças de segurança venezuelanas. O fato é que os confrontos já deixaram 37 mortos e quase 600 feridos, e não há indícios de quando isso tudo vai acabar.
No relatório "Venezuela: Os direitos humanos em risco em meio aos protestos” a Anistia Internacional relata violações e abusos cometidos pelas forças de segurança no contexto das manifestações, como uso excessivo da força, uso de armas de fogo e tortura contra os manifestantes.
"O país corre o risco de cair em uma espiral de violência se não forem tomadas iniciativas para levar as partes em conflito a um diálogo. Isso só pode ocorrer se ambos os lados respeitam os direitos humanos e o Estado de direito. Se isso não acontece, o número de vítimas vai continuar crescendo, com pessoas comuns levando a pior parte”, afirma Erika Guevara Rosas, diretora para as Américas da Anistia Internacional.

O documento apresenta casos como o de Geraldine Moreno, que levou um tiro de escopeta no rosto de um oficial da Guarda Nacional, a uma distância de 30 cm durante manifestação em Valencia. Ela morreu três dias depois. Também é citado o caso de Daniel Quintero, detido por oficiais da Guarda após uma manifestação. O jovem sofreu violência física e disse ter sido ameaçado de ser queimado vivo.
Até o momento, foram registrados 37 mortos, 559 feridos e 2.157 detidos durante as manifestações, repercute a Anistia usando dados da Promotoria Geral da Venezuela. Por essa soma de fatos, a organização chama o governo de Nicolás Maduro a se comprometer com um Plano Nacional de Direitos Humanos, que deve ser criado como resultado de um diálogo com todos os partidos e a sociedade.
O governo não nega o saldo do que chama de violência direitista e acrescenta que, no momento, o Ministério Público investiga 81 casos de supostas violações a direitos humanos e que 17 funcionários das forças de segurança estão presos.
Em entrevista ao programa Venezuela na Rede, a promotora geral Luisa Ortega disse que em um país tão garantidor e respeitador dos direitos humanos não serão permitidos excessos contra a coletividade e garantiu que essa postura não faz parte de uma política de atuação das forças de segurança, foram ações individuais. Luisa também se colocou à disposição para um diálogo de paz com os estudantes.
Em entrevista a Mônica Bérgamo, jornalista brasileira da Folha de São Paulo, o presidente Nicolás Maduro reafirmou a denúncia que vem fazendo desde o começo dos protestos, de que as ações são obra da extrema direita e de organizações estrangeiras interessadas em aplicar um golpe de Estado e destruir a Revolução Bolivariana.
"Quem quer falar seriamente de substituir um governo nacional, regional ou municipal tem que fazê-lo pela via constitucional, que não é o caso: aqui se chamou a retirar do poder com manifestações violentas nas ruas para provocar um caos, provocar ingovernabilidade e, a partir do caos, forçar uma crise política que leve à derrubada do governo legítimo. Não conseguiram, nem vão conseguir”, garantiu, lembrando que o país tem uma direita com tradição golpista.

O presidente ainda deixou claro que não vai negociar com cúpulas opositoras, de elites, pois o país adota uma postura de diálogo nacional e debate público.

Nenhum comentário:

Postar um comentário