sábado, 19 de abril de 2014

Dilma e as turbulências no ar


Por Mauricio Dias, na revista CartaCapital:


A pesquisa do instituto Vox Populi, publicada neste número de CartaCapital, constata que não há, pelo menos imediatamente, uma relação de causa e efeito entre a queda na avaliação da administração Dilma Rousseff e as intenções de voto na candidatura dela à reeleição. A diferença da pesquisa de fevereiro, quando ela obteve 41% das intenções de voto e a de abril, com 40%, é uma variação desprezível e está dentro da margem de erro de 2 pontos para mais ou para menos.

Entre os adversários da presidenta petista, a situação das intenções de voto é semelhante. O tucano Aécio Neves tinha 17% e tem agora 16%. Eduardo Campos, do PSB, deu um salto curto de 6% em fevereiro para 8% em abril. A exceção fica por conta do pastor evangélico Everaldo Pereira, do PSC. Ele dobrou a votação de 1% para 2%.

Não houve, também, alteração nos votos “nenhum deles, brancos, nulos” e ainda entre os que “não souberam” ou “não quiseram” responder. Somado, esse agrupamento de eleitores foi de 34% em fevereiro e 33% em abril.

Dilma segue com a chance de vender a eleição no primeiro turno. Ou seja, o problema para os candidatos da oposição persiste. Entretanto, há dados negativos razoavelmente preocupantes para Dilma em alguns pontos da pesquisa, se for admitido que, mantidos, eles emitem sinais da mudança de voto. Tanto no desempenho pessoal da presidenta quanto no da administração do governo.

Parece haver desencanto em uma parcela do eleitorado, a classe média de alta escolaridade, que estava com ela e agora se refugiou no grande contingente de indecisos. É preciso considerar, segundo a pesquisa Vox Populi, que, embora haja 55% de eleitores que se consideram com o voto definido, existe também um número deles, 45%, que se considera indefinido. Isso é ruim para quem lidera a corrida e bom para quem corre atrás com esperança.

Em fevereiro, já em movimento de queda, Dilma tinha 34% de aprovação “ótimo e bom”. Em abril tem 33%. Diferença insignificante. Porém, o conceito “regular positivo”, que era 30% em fevereiro, caiu para 24% em abril. E o “regular negativo” de 13% subiu, em dois meses, para 15%. Enfim, a avaliação de “ruim e péssimo”, de 22% em fevereiro, subiu para 27% em abril.

As avaliações negativas são manifestadas com mais intensidade entre os eleitores do Sudeste e, eventualmente, do Sul (tabela). A avaliação negativa do desempenho do governo no Sudeste (32%) é equivalente à avaliação positiva no Centro-Oeste e Norte.

Nuvens passageiras? A meteorologia dirá.

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