sexta-feira, 7 de março de 2014

A GUERRA DOS SOFTWARES

Mauro Santayama, em seu Blog


(Hoje em Dia) - Na reunião da Cúpula Brasil-União Europeia, em Bruxelas, a Presidente Dilma discutiu, entre outros assuntos, a  construção de um novo cabo ótico ligando diretamente a América do Sul à Europa, sem passar pelos EUA.

Teoricamente, a intenção é aumentar a segurança das comunicações entre os dois continentes, evitando que os dados sejam facilmente interceptados pelos norte-americanos.

O cabo teria participação da Telebras, pelo lado brasileiro, e da empresa espanhola Islalink. Redes de comunicação de alta velocidade para se conectar com o mundo são, hoje, uma necessidade estratégica.

O Brasil já se associou a outros países sul-americanos, para a construção do Anel Ótico da UNASUL.

E, infelizmente, a Telebras, por falta de recursos – argumento inaceitável quando o BNDES empresta bilhões para multinacionais como a Vivo – acaba de retirar-se de uma parceria com a Angola Cables para construir um cabo ótico entre o Brasil e o continente africano.

O cabo Brasil-Europa pode ser uma boa ideia, mas teria sido melhor se a Telebras tivesse se associado a uma companhia estatal do outro lado do oceano, no lugar de escolher uma empresa privada, e ainda por cima espanhola, país que ficou conhecido nos últimos anos por sua abjeta sujeição aos EUA.

Para dificultar o trabalho dos espiões norte-americanos, no entanto, não basta que cabos como esse deixem de passar pelos EUA.

Dados são interceptados com o uso de vírus e malwares a todo momento, e só se pode vencer um software com o uso  de outro software para combatê-lo.

Esse é o caso do Sikur, um sistema desenvolvido por uma empresa gaúcha do mesmo nome, que está sendo usado pelo  Ministério da Justiça e que deverá se  estender para outros órgãos do governo.

Ele atua como uma plataforma online para escrever e receber recados que avisa por e-mail quando o usuário recebe uma mensagem. Como a mensagem só pode ser lida dentro da plataforma, vírus ou o serviço de e-mail do usuário não conseguem abrir, copiar ou interceptar os dados.

Além dessa plataforma, a empresa criou mais dois programas, o SK Vault, para guarda e intercâmbio de arquivos, e o SK Mobile, disponíveis na PlayStore e na Apple Store.
          
Se quisermos dar trabalho aos hackers que operam nas agências norte-americanas de inteligência e em instituições similares de outros países, teremos que desenvolver permanentemente nossos próprios programas e aplicativos.

Para que iniciativas como o Sikur se multipliquem, será preciso que o governo faça pesados investimentos em software nacional, desenvolvido por programadores brasileiros que tenham lealdade para com quem  encomendou o trabalho e amor pelo Brasil.

O software é o rifle de assalto, o submarino, o caça, o míssil, a ogiva nuclear da Guerra Eletrônica.

Se não pudermos passar à frente de nossos concorrentes, tentemos ao menos nos manter  correndo.

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