por Paulo Nogueira, no Diário do Centro do Mundo
“E então a S&P rebaixou a França.
E o que isso nos diz?
Não muito sobre a França. Não podemos subestimar que as agências
de classificação não têm – repetindo, não têm – informações
privilegiadas sobre solvência de grandes países.”
Clap, clap.
Assim se iniciou um artigo, no final do ano passado, do Nobel de Economia Paul Krugman, americano.
Troque França por Brasil, e o conteúdo continua inteiramente válido.
Krugman – que em outra ocasião chamara os economistas da S&P de
“idiotas”, depois que eles rebaixaram os Estados Unidos – notava o
seguinte: a França no fundo estava sendo rebaixada porque o presidente
Hollande aumentara o imposto sobre os ricos e não desmontara o estado de
bem estar social.
Na França, a nota da S&P esteve longe de causar comoção nacional.
Mas no Brasil o caso vai ser absurdamente explorado – muito mais por razões políticas do que econômicas.
É um ano eleitoral, e a oposição a Dilma vai usar a S&P como
prova de que o país está afundando, assim como vem acontecendo com a
compra de uma refinaria em Pasadena pela Petrobras.
É o chamado triunfo do desespero. Na falta de uma candidatura
oposicionista que empolgue os brasileiros, e diante da vantagem de Dilma
a poucos meses das eleições, vale qualquer coisa.
Mas pouco vai mudar eleitoralmente. As pessoas que se comovem com
notas de agência de classificação de crédito – e nunca é demais lembrar
que elas falharam miseravelmente em não perceber a grande crise de 2008 –
não votam em Dilma.
As agências refletem, como notou Krugman, o chamado “mercado” – ou, para usar uma linguagem mais apropriada, o “1%”.
Sob Lula, o Brasil atingiu seu grau máximo para as agências. Isso
porque, como o próprio Lula tantas vezes disse, nunca bancos e empresas
ganharam tanto no Brasil.
Se Dilma recebeu uma “luz amarela”, como dizem alguns investidores
estrangeiros interessados em coisas como juros altíssimos, é porque deve
estar fazendo alguma coisa certa para os “99%”.
Menos do que deveria, com certeza, mas mais do que gostaria gente que, como a S&P, representa o “1%
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