Uma página de notícias russa na internet, a Iskra (Fagulha), com base em Zaporozhye, na Ucrânia do Leste, informou no dia 7 de março que “as reservas de ouro da Ucrânia haviam sido apressadamente transportadas por via aérea para os Estados Unidos a partir do Aeroporto de Borispol, a Leste de Kiev”.
A despeito da alegada remoção aérea e o confisco das reservas-ouro da Ucrânia pelo New York Federal Reserve não ter sido confirmada pela mídia ocidental, o Iskra diz o que segue: “Às 2 horas da manhã [do 7 de março] um avião de transporte não identificado estava na pista do Aeroporto de Borispol. Segundo a equipe do aeroporto, antes da vinda do avião chegaram ao local quatro caminhões e dois micro-ônibus Volkswagen, todos eles sem matrícula de identificação. 15 pessoas com uniformes negros, máscaras e armadura corporal saíram, alguns armados com metralhadoras. Eles carregaram o avião com mais de 40 caixas pesadas. Depois disso, chegou um homem misterioso que entrou no avião. Todo o carregamento foi feito às pressas. O avião decolou numa base de emergência (emergency basis).”
Aqueles que assistiram esta misteriosa operação especial imediatamente notificaram os responsáveis do aeroporto, os quais lhes disseram para não se meterem nos assuntos dos outros.
Posteriormente um telefonema de resposta de um alto responsável do antigo Ministério das Receitas Fiscais informou que, por ordens de um dos novos líderes da Ucrânia, os Estados Unidos haviam tomado a custódia de todas as reservas- -ouro na Ucrânia.
Na conta de quem?
Após esta revelação, o secretário tesoureiro do GATA (Gold Anti-Trust Action Committee), Chris Powell, requereu ao New Federal Reserve e ao Departamento de Estado dos EUA que indicasse se o NY Fed havia “tomado a custódia” do ouro da Ucrânia. Um porta- -voz do New York Fed disse simplesmente “Qualquer indagação a respeito das contas-ouro deveria ser dirigida ao possuidor da conta. Você pode contatar o Banco Nacional da Ucrânia para discutir esta informação”.
O GATA, então, chamou a atenção de 30 jornalistas financeiros e redatores de newsletters “de referência” na esperança confessadamente bizarra de que pudessem também fazer a mesma pergunta.
Apesar de a informação não confirmada a respeito das reservas-ouro da Ucrânia não ter sido objeto de cobertura pelos noticiários financeiros “de referência”, a história no entanto foi levantada pelo Shanghai Metals Market, o qual declara, citando uma informação do governo ucraniano, que reservas-ouro da Ucrânia haviam sido “removidas num avião ... de Kiev para os Estados Unidos... em 40 caixas seladas” carregadas numa aeronave não identificada.
A fonte não confirmada citada pela página Metal.com diz que a operação de remoção aérea do ouro da Ucrânia foi ordenada pelo primeiro-ministro interino Arseny Yatsenyuk tendo em vista manter seguras no NY Fed as reservas- -ouro da Ucrânia, prevenindo uma possível invasão russa a qual levaria ao confisco das mesmas.
Despojos de guerra
Um importante blog financeiro online, o Kingworldnesw, publicou no dia 10 de março uma entrevista incisiva de William Kaye , administrador do hedge fund Pacific Group Ltd., com sede em Hong Kong, que anteriormente trabalhou para a Goldman Sachs em fusões e aquisições.
É significativa nesta entrevista com William Kaye a analogia que ele faz entre a Ucrânia, o Iraque e a Líbia. Não se deve esquecer que tanto o Iraque quanto a Líbia tiveram as suas reservas-ouro também confiscadas pelos EUA.
Kaye também confirma a operação: “Há agora informações vindas da Ucrânia de que todo o ouro ucraniano foi removido por via aérea, às 2 horas da madrugada, a partir do aeroporto principal, Borispil, em Kiev, e foi transportado para Nova York – sendo o presumível destino o New York Fed. Verifica-se que estas 33 toneladas de ouro valem algo entre 1,5 e 2 bilhões de dólares. Essa quantia seria um pagamento inicial (down payment) muito lindo para os 5 bilhões de dólares que a secretária de Estado Assistente, Victoria Nuland, gabou-se de os Estados Unidos terem gasto nos seus esforços para desestabilizar a Ucrânia e instalar ali o seu próprio governo não eleito”.
Kaye ainda menciona que “os Estados Unidos instalaram um antigo banqueiro na Ucrânia o qual é muito amistoso para com o Ocidente. Ele é também um rapaz com experiência de banco central”. De modo que esta teria sido a sua primeira grande decisão: “transportar aquele ouro para fora da Ucrânia, para os Estados Unidos”.
Alemanha
O caso que envolve o ouro da Alemanha em poder dos Estados Unidos também é lembrado por ele: “Você pode recordar que exigências alegadamente logísticas impediram o New York Fed de devolver à Alemanha as 300 toneladas de ouro que os Estados Unidos armazenam. Após um ano de espera, o New York Fed devolveu apenas 5 toneladas de ouro à Alemanha. Só 5 toneladas de ouro foram enviadas do Fed para a Alemanha e não eram as mesmas 5 toneladas que haviam sido originalmente armazenadas no Fed. Mesmo o Bundesbank admitiu que o ouro que lhes fora enviada pelo New York Fed tinha de ser fundido e testado quanto à pureza porque não eram as barras originais da Alemanha”.
Se isso é assim, indaga-se Kaye, “uma vez que exigências logísticas supostamente são uma questão tão grande, como é que num voo, assumindo que esta informação é correta, todo o ouro que a Ucrânia possuía no seu cofre foi retirado do país e entregue ao New York Fed?”. De qualquer modo, pensa ele “que qualquer um com células cerebrais ativas sabe que tal como a Alemanha, a Ucrânia terá de esperar um tempo muito longo e provavelmente nunca verá aquele ouro outra vez . Significa que o ouro se foi”.
* Publicado no sítio português Resistir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário