sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O Núcleo Financeiro da Classe Capitalista Transnacional


Por Peter Phillips e Brady Osborne, no Counterpunch
Os arranjos institucionais dentro do sistema de administração de dinheiro do sistema de capital global buscam, incessantemente, formas de alcançar o maior retorno nos investimentos, e as condições estruturais para manipulações – legais ou não – estão sempre abertas (escândalo da Libor).
Essas instituições se tornaram “grandes demais para falir”, sua abrangência e interconexões pressionam os reguladores do governo a evitarem investigações criminais, que dirá processos na Justiça.
O resultado é uma classe de pessoas semi-protegidas com grandes volumes de dinheiro cada vez maiores, buscando crescimento e retorno ilimitados, com pouca preocupação com as consequências que suas buscas econômicas têm sobre outras pessoas, sociedades, culturas e meio ambiente.
Cento e trinta e seis desses 161 membros do núcleo (84%) [de gerenciadores do capital] são homens. Oitenta e oito por cento são brancos de ascendência europeia (apenas 19 são não-brancos).
Cinquenta e dois por cento têm ensino superior – incluindo 37 MBAs, 14 JDs, 21 PhDs e 12 MA/MS.
Quase todos cursaram faculdades particulares, quase metade foram para as mesmas 10 universidades: Harvard (25), Oxford (11), Stanford (8), Cambridge (8), Universidade de Chicago (8), Universidade de Cologne (6), Columbia (5), Cornell (4), Wharton School da Universidade da Pensilvânia (3) e California-Berkeley (3).
Quarenta e nove são ou foram CEOs, oito são ou foram CFOs, seis trabalharam no Morgan Stanley, seis na Goldman Sachs, quatro na Lehman Brothers, quatro no Swiss Re, sete no Barclays, quatro na Salomon Brothers e quatro na Merrill Lynch.
Pessoas de vinte e dois países formam o cerne financeiro da Classe Corporativa Transnacional.
Setenta e três (45%) são dos Estados Unidos, 27 (16%) da Grã-Bretanha, 14 da França, 12 da Alemanha, 11 da Suíça, quatro de Cingapura, três da Áustria, da Bélgica e da Índia cada um; dois da Austrália e da África do Sul cada, e um de cada um dos seguintes países: Brasil, Vietnã, Hong Kong/China, Qatar, Holanda, Zâmbia, Taiwan, Kuwait, México e Colômbia.
Eles vivem quase todos nas grandes cidades do mundo ou perto delas: Nova York, Chicago, Londres, Paris e Munique.
Membros desse núcleo financeiro participam ativamente de grupos de política global ou de governos.
Cinco das 13 corporações têm diretores como consultores ou ex-funcionários do Fundo Monetário Internacional.
Seis das 13 firmas têm diretores que trabalharam ou prestaram serviços de consultoria ao Banco Mundial.
Cinco das 13 empresas são sócias corporativas do Council on Foreign Relations nos Estados Unidos.
Sete das empresas enviaram 19 diretores ao Fórum Econômico Mundial em fevereiro de 2013.
Sete dos diretores trabalharam ou trabalham no conselho do Federal Reserve, regionalmente ou nacionalmente, nos Estados Unidos.
Seis do núcleo financeiro prestam serviços para o Business Roundtable nos Estados Unidos.
Vários diretores tiveram experiência direta com ministérios de finanças de países da União Europeia e do G20.
Quase todos os 161 indivíduos trabalham em alguma posição de consultoria para organizações reguladoras, ministérios de finanças, universidades e instituições de planejamento e política nacionais ou internacionais.
Estima-se que a riqueza total do mundo chegue a quase US$ 200 trilhões, sendo que as elites dos Estados Unidos e da Europa têm aproximadamente 63% deste total, enquanto a metade mais pobre da população global tem somado, menos de 2% da riqueza do planeta.
Segundo o Bando Mundial, 1,29 bilhão de pessoas estão vivendo em pobreza extrema, com menos de US$ 1,25 por dia, e 1,2 bilhão mais vivem com menos de US$ 2,00 por dia.
Trinta e cinco mil pessoas, a maioria crianças, morrem todo dia de má nutrição. Enquanto milhões sofrem, a elite financeira transnacional procura retorno nos trilhões de dólares investidos na especulação com o aumento dos custos da comida, das commodities, da terra e outros itens primários de sustentação da vida para o propósito primário de auferir ganhos.
Eles fazem isso em cooperação uns com os outros em um sistema global de poder e controle das corporações transnacionais e como tais constituem o cerne da classe capitalista corporativa internacional.
Os governos do ocidente e as instituições de políticas internacionais servem aos interesses deste núcleo financeiro da Classe Corporativa Transnacional.
Guerras são deflagradas para proteger seus interesses. Tratados internacionais e acordos políticos são arranjados para promover seu sucesso.
Elites poderosas trabalham para promover a livre circulação de capital global para investimentos em qualquer lugar que ofereça possibilidade de retorno.
Identificar as pessoas que tem todo esse poder e influência é parte importante dos movimentos democráticos que buscam defender o cidadão comum para que todos os humanos possam dividir e prosperar.
A lista completa, e detalhada, está online no Censored 2014 da Seven Stories Press.
Peter Pillips é professor de sociologia da Universidade Estadual de Sonoma e presidente da Media Freedom Foundation/Project Censored.
*A chamada de capa é do Viomundo; tradução de Heloisa Villela

Nenhum comentário:

Postar um comentário