Por Luis Nassif, em seu blog:
Na sexta-feira passada, as Organizações Globo surpreenderam o país com uma autocrítica de seu apoio à ditadura militar.
Soou artificial.
Um dia antes, manifestantes jogaram merda em sua sede, em São Paulo. Nas redes sociais, com exceção da revista Veja, não existe organização capaz de despertar tanto amor e ódio.
*****
Para entender essa demonstração de fraqueza da Globo, é preciso analisar o atual estágio da mídia brasileira.
O mercado da Internet está sendo disputado por três grupos: a mídia convencional, as empresas de telefonia e as grandes redes sociais, como Google e Facebook.
Antes, mídia vendia publicidade; telefonia vendia pulsos; redes sociais vendiam sonhos. Agora, as redes sociais vendem publicidade, ligações telefônicas e filmes sob demanda. Nos EUA, já dominam completamente a publicidade nacional (dos grandes produtos) e os classificados.
*****
No ano passado, o Google tornou-se o segundo faturamento em publicidade do país, atrás apenas da Globo, e à frente da Abril e demais grupos de mídia, com R$ 2,5 bilhões. Este ano, deverá crescer R$ 1 bi.
*****
Tanto grupos da velha mídia como empresas de telefonia têm razão ao pleitear isonomia com grupos de fora – que não pagam impostos no Brasil nem contribuições às quais são obrigadas TVs a cabo.
Para estabelecer a isonomia, haveria a necessidade de um novo ordenamento jurídico. O caminho seria a Lei dos Meios – proposta há anos pelo então Secretário de Comunicações do governo federal Franklin Martins.
No entanto, demonizou-se a Lei dos Meios, como se fosse um instrumento para calar a mídia. Agora, necessita-se de uma mudança legal que defina os novos marcos das comunicações. E a Globo quedou-se só.
*****
Dias atrás, um interlocutor de João Roberto Marinho – um dos herdeiros da Globo – ouviu dele manifestação de surpresa com o ódio que a empresa desperta, o desassossego com a crise dos aliados - seus três maiores aliados, Folha, Abril e Estadão, perdem fôlego a cada dia que passa -, o desconforto com a competição das redes sociais.
*****
De fato, as empresas de telecomunicações contam com o lobby escancarado do Ministro Paulo Bernardo.
Já a Globo enfrenta o momento mais delicado de sua história sem dispor do antigo poder de definir as leis a seu talante e estando cada vez mais isolada.
É por aí que se entendem as mudanças.
Nos últimos tempos, a Globo trocou seu lobista em Brasília – Evandro Guimarães, competente porém herdeiro dos tempos do “eu sou o senhor do universo”- por outro, mais político. Nomeou para cargo de direção uma executiva incumbida de começar a enxugar a estrutura de custos para adaptar-se aos novos tempos.
Provavelmente seu noticiário começará a se tornar menos tendencioso e poderá até a voltar a praticar jornalismo de primeira, crítico porém plural. Ouvintes da CBN, telespectadores do Jornal Nacional e da Globo News voltarão a saborear comentaristas equilibrados, com bom senso, criticando, sim, mas sem prever mais o fim do mundo e a invasão do país pelas forças de Fidel Castro.
Seja qual for a mudança, continuará poderosa. Mas os tempos de poder absoluto não mais voltarão. Nos próximos anos, terá que fazer algo impensável para quem se considerava um império: sair do pedestal, legitimar-se novamente, montar redes de aliados.
Soou artificial.
Um dia antes, manifestantes jogaram merda em sua sede, em São Paulo. Nas redes sociais, com exceção da revista Veja, não existe organização capaz de despertar tanto amor e ódio.
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Para entender essa demonstração de fraqueza da Globo, é preciso analisar o atual estágio da mídia brasileira.
O mercado da Internet está sendo disputado por três grupos: a mídia convencional, as empresas de telefonia e as grandes redes sociais, como Google e Facebook.
Antes, mídia vendia publicidade; telefonia vendia pulsos; redes sociais vendiam sonhos. Agora, as redes sociais vendem publicidade, ligações telefônicas e filmes sob demanda. Nos EUA, já dominam completamente a publicidade nacional (dos grandes produtos) e os classificados.
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No ano passado, o Google tornou-se o segundo faturamento em publicidade do país, atrás apenas da Globo, e à frente da Abril e demais grupos de mídia, com R$ 2,5 bilhões. Este ano, deverá crescer R$ 1 bi.
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Tanto grupos da velha mídia como empresas de telefonia têm razão ao pleitear isonomia com grupos de fora – que não pagam impostos no Brasil nem contribuições às quais são obrigadas TVs a cabo.
Para estabelecer a isonomia, haveria a necessidade de um novo ordenamento jurídico. O caminho seria a Lei dos Meios – proposta há anos pelo então Secretário de Comunicações do governo federal Franklin Martins.
No entanto, demonizou-se a Lei dos Meios, como se fosse um instrumento para calar a mídia. Agora, necessita-se de uma mudança legal que defina os novos marcos das comunicações. E a Globo quedou-se só.
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Dias atrás, um interlocutor de João Roberto Marinho – um dos herdeiros da Globo – ouviu dele manifestação de surpresa com o ódio que a empresa desperta, o desassossego com a crise dos aliados - seus três maiores aliados, Folha, Abril e Estadão, perdem fôlego a cada dia que passa -, o desconforto com a competição das redes sociais.
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De fato, as empresas de telecomunicações contam com o lobby escancarado do Ministro Paulo Bernardo.
Já a Globo enfrenta o momento mais delicado de sua história sem dispor do antigo poder de definir as leis a seu talante e estando cada vez mais isolada.
É por aí que se entendem as mudanças.
Nos últimos tempos, a Globo trocou seu lobista em Brasília – Evandro Guimarães, competente porém herdeiro dos tempos do “eu sou o senhor do universo”- por outro, mais político. Nomeou para cargo de direção uma executiva incumbida de começar a enxugar a estrutura de custos para adaptar-se aos novos tempos.
Provavelmente seu noticiário começará a se tornar menos tendencioso e poderá até a voltar a praticar jornalismo de primeira, crítico porém plural. Ouvintes da CBN, telespectadores do Jornal Nacional e da Globo News voltarão a saborear comentaristas equilibrados, com bom senso, criticando, sim, mas sem prever mais o fim do mundo e a invasão do país pelas forças de Fidel Castro.
Seja qual for a mudança, continuará poderosa. Mas os tempos de poder absoluto não mais voltarão. Nos próximos anos, terá que fazer algo impensável para quem se considerava um império: sair do pedestal, legitimar-se novamente, montar redes de aliados.
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