Por Fernando Brito
“A Folha publicou ontem, terça-feira (17), um artigo dos professores Dawisson Lopes e Mário Schettino Valente, da Universidade Federal de Minas Gerais, onde relatam os esforços do diplomata brasileiro José Bustani que, entre 1997 e 2002, dirigiu a OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas), órgão da ONU.
O título do artigo já deixa claro o que vão narrar: “Não fossem os EUA, brasileiro poderia ter barrado uso de gás sarin por Damasco”. Nele, se conta que Bustani tinha planos de que, hoje, já estivesse universalizada a adesão do tratado que proíbe as armas químicas e estas, destruídas.
Mas…leiam:
“Contudo, quando buscava convencer o ditador Saddam Hussein a promover a entrada do Iraque na OPAQ, submeter o país às inspeções e evitar o iminente conflito com Washington, Bustani passou a sofrer achincalhes sistemáticos dos EUA.
A Casa Branca temia que a tentativa da OPAQ de investigar Saddam atrapalhasse o plano de invasão do Iraque, pois a constatação pública de que não existiam armas químicas no território iraquiano retiraria um importante argumento de “legitimidade” [da invasão].
O golpe de misericórdia em Bustani ocorreu em abril de 2002, quando 48 membros da OPAQ decidiram por sua demissão. Alegou-se descontrole financeiro na administração. Nos bastidores, sabia-se que a razão era outra.
A diplomacia americana, sob a batuta do subsecretário do Departamento de Estado John Bolton, ameaçava abandonar a OPAQ, o que reduziria muito sua relevância.
À época, prevaleceu no Itamaraty o entendimento de que faltou disposição ao governo FHC para fazer frente à campanha de descrédito movida pelos EUA.”Quem dá pouca importância ao comportamento diplomático de nosso país, ou aqueles que acham que a postura do Governo brasileiro “não altera nada” as relações políticas de poder no mundo, lembre-se dos mortos por gás na Síria, um crime, tenham sido os rebeldes ou o governo que o cometeu.
E recorde-se da guerra que isso quase iniciou.
A guerra, já se disse, é a continuação da política por outros meios.
Se não usamos a política externa pela lei, pela soberania das nações, pelo convívio respeitoso seremos, como de certa forma fomos naquela ocasião, cúmplices, por omissão, de monstruosidades.”
FONTE: postado por Fernando Britono blog “Tijolaço” (http://tijolaco.com.br/index.php/a-guerra-nao-tem-razoes-tem-so-interesses/). Retirado do blog Democracia e Política.
“A Folha publicou ontem, terça-feira (17), um artigo dos professores Dawisson Lopes e Mário Schettino Valente, da Universidade Federal de Minas Gerais, onde relatam os esforços do diplomata brasileiro José Bustani que, entre 1997 e 2002, dirigiu a OPAQ (Organização para a Proibição de Armas Químicas), órgão da ONU.
O título do artigo já deixa claro o que vão narrar: “Não fossem os EUA, brasileiro poderia ter barrado uso de gás sarin por Damasco”. Nele, se conta que Bustani tinha planos de que, hoje, já estivesse universalizada a adesão do tratado que proíbe as armas químicas e estas, destruídas.
Mas…leiam:
“Contudo, quando buscava convencer o ditador Saddam Hussein a promover a entrada do Iraque na OPAQ, submeter o país às inspeções e evitar o iminente conflito com Washington, Bustani passou a sofrer achincalhes sistemáticos dos EUA.
A Casa Branca temia que a tentativa da OPAQ de investigar Saddam atrapalhasse o plano de invasão do Iraque, pois a constatação pública de que não existiam armas químicas no território iraquiano retiraria um importante argumento de “legitimidade” [da invasão].
O golpe de misericórdia em Bustani ocorreu em abril de 2002, quando 48 membros da OPAQ decidiram por sua demissão. Alegou-se descontrole financeiro na administração. Nos bastidores, sabia-se que a razão era outra.
A diplomacia americana, sob a batuta do subsecretário do Departamento de Estado John Bolton, ameaçava abandonar a OPAQ, o que reduziria muito sua relevância.
À época, prevaleceu no Itamaraty o entendimento de que faltou disposição ao governo FHC para fazer frente à campanha de descrédito movida pelos EUA.”Quem dá pouca importância ao comportamento diplomático de nosso país, ou aqueles que acham que a postura do Governo brasileiro “não altera nada” as relações políticas de poder no mundo, lembre-se dos mortos por gás na Síria, um crime, tenham sido os rebeldes ou o governo que o cometeu.
E recorde-se da guerra que isso quase iniciou.
A guerra, já se disse, é a continuação da política por outros meios.
Se não usamos a política externa pela lei, pela soberania das nações, pelo convívio respeitoso seremos, como de certa forma fomos naquela ocasião, cúmplices, por omissão, de monstruosidades.”
FONTE: postado por Fernando Britono blog “Tijolaço” (http://tijolaco.com.br/index.php/a-guerra-nao-tem-razoes-tem-so-interesses/). Retirado do blog Democracia e Política.
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