Por Altamiro Borges
Com grande alarde na mídia, o PSDB realizou nesta semana um evento
para discutir a “crise” da Petrobras. Na maior caradura, Aécio Neves, o
cambaleante presidenciável tucano, defendeu “reestatizar” a empresa. Nas
entrelinhas, porém, ele deixou escapar que prega o retorno das concessões de
petróleo e é contra o modelo de partilha no pré-sal – que garante maior
soberania ao Brasil. Na prática, os tucanos gostariam que a Petrobras se
chamasse Petrobrax e que fosse privatizada. O que eles não têm coragem de explicitar
por motivos eleitoreiros, o jornalista Carlos Alberto Sardenberg escancarou em
artigo ontem no jornal O Globo.
O colunista da famiglia Marinho e do Instituto Millenium,
que é um neoliberal convicto e um tucano disfarçado, afirma taxativamente que a
melhor saída para a Petrobras é a sua imediata venda. Adorador do “deus-mercado”,
ele considera que as estatais são antros de corrupção e que a empresa privada é
o paraíso da lisura e eficiência – ele só não explica as roubalheiras dos
bancos e de outras corporações empresariais pelo mundo afora, que inclusive
resultaram numa das mais graves crises do sistema capitalista mundial.
Sardenberg escreveu: “Se a gente pensar seriamente na história
recente da Petrobras, sem paixões e sem provocações, vai acabar caindo na
hipótese maldita, a privatização. A estatal teve bons momentos, colecionou
êxitos, acumulou tecnologias e formou quadros. Mas, sempre que isso aconteceu,
não foi porque se tratava de uma estatal... Já quando foi mal, como vai hoje, a
causa é evidente: a condição de estatal”. Haja malabarismo para defender a entrega
da estatal ao capital privado – de preferência estrangeiro!
Para ele, a alardeada crise da Petrobras decorre do “pecado
mortal da politização”. Ele gostaria que ela fosse privatizada e comandada pelos
sempre honestos empresários – talvez um Daniel Dantas ou um Salvatore Cacciola.
O seu alvo, evidente, é o atual governo, que “partidarizou” a estatal. “Não é preciso
pesquisar nada para se verificar que a Petrobras caiu nesse buraco nos governo
Lula e Dilma”, afirma. Uma pesquisa séria, entretanto, indicaria que a
Petrobras vive seus piores momentos e quase faliu no reinado do seu ídolo FHC.
Considerando o seu leitor um imbecil, Sardenberg chega a
afirma que o ex-presidente tucano até tentou “blindar” a estatal diante dos
interesses partidários. Ele só não menciona o ex-genro de FHC no comando do
setor e outras práticas fisiológicas na empresa – nem os escândalos da
privataria tucana. No final, ele ainda orienta os seus seguidores:
“O PSDB ataca a gestão petista na Petrobras e diz que, no
governo, faria a ‘reestatização’ da companhia. Ou seja, voltaria ao sistema da
era FHC. Nada garante que isso garantiria despolitização. Na verdade, a história
recente prova o contrário: na política brasileira, não há como garantir uma
gestão eficiente das estatais - e sem falar de corrupção. Logo...”.
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