sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher: Em busca da memória perdida


O Dia Internacional da Mulher, comemorado desde o início do século XX, é uma data que remete a todo um período de lutas por melhores condições de trabalho, diminuição da jornada de trabalho, principalmente das trabalhadoras americanas, pelo direito à educação e ao voto feminino.  As trabalhadoras socialistas americanas vinham comemorando um Dia da Mulher para marcar um calendário de lutas.

O incêndio que é sempre citado em data errônea e chegou a ser considerado mítico ocorreu realmente, mas em 1911, em Nova York, dezoito dias depois do Dia da Mulher. Em 23 de março, houve um grande incêndio numa conhecida indústria têxtil, a Triangle Schirwaist Company, cujo patrão, como era comum fazer à época, trancou a porta de saída à chave, o que num andar alto e num ambiente sem ventilação e com materiais inflamáveis, tornou-se fatal. Quando os bombeiros chegaram 147 operárias já haviam morrido. Após essa tragédia a solidariedade entre as trabalhadoras estreitou-se e suas lutas deram origem às primeiras leis de proteção à vida e aos direitos das trabalhadoras.

Mas, antes desse evento grave, já em 1910, Clara Zetkin, socialista alemã, propôs que o Dia da Mulher se tornasse “uma jornada especial, uma comemoração anual de mulheres, seguindo o exemplo das companheiras americanas”. Sugeria ainda que o tema principal fosse a conquista do direito ao voto. Surge, então, o Dia Internacional da Mulher. A partir daí, as operárias européias e russas assumiram essa data que, em 1914, foi comemorado no Dia 8 de Março. Consolidando essa data, em 1917, no dia 23/02 no calendário gregoriano (ou 8 de março) as operárias russas desencadearam uma greve geral, cujas manifestações precipitaram a Revolução Russa.

Depois das grandes guerras, na década de 1960, os movimentos de libertação das mulheres em todo o mundo retomaram essas comemorações. No Brasil, em plena ditadura, a partir dos anos 1970 o movimento de mulheres ressurge colado às lutas pela democracia e em 1975, quando a ONU organizou uma Conferência Mundial de Mulheres, o movimento de mulheres retoma as lutas coletivas mais abertamente.

Em reconhecimento dessas lutas, o dia 8 de março foi instituído pela ONU, em 1977, como Dia Internacional da Mulher o que reforça a oportunidade criada pelo movimento de mulheres de fazer um balanço dos progressos e conquistas a respeito do lugar ocupado pelas  mulheres e dos obstáculos à sua cidadania  e levar o conjunto da sociedade e dos governos a refletirem sobre as formas de enfrentar as desigualdades de gênero, ou seja, pela igualdade entre homens e mulheres, em diversas áreas, e pressionarem os governos a elaborarem políticas públicas anti-discriminatórias, além de promover ações para a  conquista da cidadania plena das mulheres, melhorando a qualidade de vida de todas e todos e construindo uma sociedade mais justa.


texto de Maria Lucia Silveira


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