FOLHA DE SP - 31/03
Messi, pela média muito maior de gols e pela regularidade, está, tecnicamente, acima de Maradona
Uma
correção. Na coluna anterior, escrevi que a seleção tem vários
problemas, mas que não está tão ruim nem totalmente desatualizada na
parte tática. Retiraram a palavra totalmente. Ficou como se a seleção
estivesse atualizada. Mudou o sentido. Escrevo, há mais de dez anos, que
o futebol brasileiro não sabe marcar por pressão, deixa muitos espaços
entre os setores, atua com zagueiros encostados à grande área, que há
muita distância entre o jogador mais recuado e o mais adiantado e que
depende demais das jogadas aéreas e de lances individuais e esporádicos.
Espanha
e Alemanha são as duas melhores seleções. O Brasil não está entre as
quatro melhores, mas, por jogar em casa, é a quarta com mais chances de ganhar a Copa. A Argentina é a terceira. Se o Mundial não fosse em casa, as possibilidades do Brasil seriam mínimas.
A
Espanha, mesmo sem um ótimo atacante, é a melhor. Sobram craques no
meio-campo, além de vários excelentes defensores. Contra a França, como
na Copa de 2010, a Espanha, fora de casa, dominou a partida, ficou quase
todo o tempo com a bola, fez um gol e segurou o placar.
Critiquei,
várias vezes, Vicente del Bosque por escalar dois volantes (Busquets e
Xabi Alonso) mais Xavi. O Barcelona atua com Xavi e um volante
(Busquets). Agora, compreendo o técnico. Além de melhorar muito a
marcação, Xabi Alonso é excepcional, mestre no passe rápido, para a
frente e para o atacante livre, antes que chegue o zagueiro.
A
Alemanha possui um ótimo conjunto, como a Espanha, porém tem menos
craques. Nas duas últimas partidas, o técnico, por causa das contusões
dos dois centroavantes, Mario Gómez e Klose, colocou, mais à frente, o
jovem e brilhante meia de ligação Götze, reserva de Özil. O técnico deve
ter gostado. Ele tem a chance de escalar mais um craque.
A
Argentina possui o melhor quarteto ofensivo entre as seleções, formado
por Messi, Higuaín, Agüero e Di Maria. Faltam reservas à altura dos
quatro. A Argentina, após a chegada do treinador e a saída dos zagueiros
veteranos, arrumou a defesa, que era o ponto fraco.
Messi sabe
que precisa ser campeão e brilhar intensamente para ficar na história
acima de Maradona. Tecnicamente, já está, por ter uma média muito maior
de gols e pela regularidade. Messi é humilde, simples, discreto, mas é
também ambicioso, como todo craque.
O maior compromisso de um grande talento, em qualquer atividade,
é com sua arte, com sua paixão. Não é com o sucesso, a fama e o
dinheiro. Por isso e para evoluir, o craque precisa se dedicar bastante à
sua técnica, além de atuar ao lado e contra os melhores atletas e
times. Imagine se Messi jogasse em uma grande equipe da Argentina. Seria
excepcional, mas não seria Messi. Seria um Neymar.
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