Do “Carta Maior”
“O
baixo crescimento brasileiro em 2012 (PIB de 0,9%) atiça o
discurso ortodoxo. Mas as alternativas conservadoras à política
econômica são as mesmas que afundam a Europa neste momento. O desemprego
em janeiro bateu recorde na zona do euro: 11,9%.
O
colapso atinge indiscriminadamente todos os países que aplicam o
receituário martelado aqui pelo dispositivo midiático: corte de gastos, desmonte de direitos
trabalhistas, extinção de subsídios sociais. No caso brasileiro, os
professores banqueiros advogam, ademais, um 'pequeno
choque' de juros, para reforçar o regime de metas de inflação e ressuscitar
a supremacia do interesse rentista na política econômica.
Na
Grécia, 27% da população está desempregada; na Espanha, 26%; em Portugal,
17,6%. Na Itália, a festejada austeridade do tecnocrata Mario Monti jogou
o país num vácuo institucional: reconduziu
Berlusconi ao centro da disputa política e gerou 11,7% de desemprego.
Na Espanha, são mais de seis milhões de desempregados; o PIB do país caiu 3,7%
em 2009; 0,4% em 2010; cresceu apenas 0,4% em 2011 e voltou a cair quase 1,5%
no ano passado. Mas a inflação na zona euro está, agora, dentro da meta
fixada pelo BCE. Alvissarás: diriam os sábios tropicais; agora, sim, pode-se
baixar os juros. Talvez um pouco tarde: o
arrocho produziu 30 milhões de desocupados criando uma dinâmica recessiva
autônoma no coração da UE. A previsão do comissariado de Bruxelas é de que
o desemprego mais alto em 20 anos continuará subindo em 2013, para atingir 12,2%
da população. O PIB registrará novo recuo, de, pelo menos, 0,3%.”
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