Ora, evidentemente, isso é algo fora de cogitação, especialmente por
ser um governo condutor de toda uma política de redução das taxas de
juro com muito cuidado e coerência. O Brasil ganhou uma enorme
experiência nesse negócio. E a cada tentativa de controlar a inflação só
com a elevação da taxa de juros, deu-se muito mal.
Segundo Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, e o ministro Guido Mantega, o governo observa o comportamento da inflação, com mais atenção à evolução de algumas de suas causas como, por exemplo, as consequências do aumento do preço dos alimentos causado pelos choques de oferta, inclusive externos, no início do ano. Isso não deixa ninguém confortável, embora seja previsível que o efeito dos choques da oferta agrícola tende a amenizar-se nos próximos meses. Outro fator é o comportamento do mercado de trabalho, quando os salários reais crescem acima da produtividade e há exageros nas correções.
É fora de propósito, contudo, espalhar que o ministro da Fazenda está interferindo na autonomia do Banco Central, ou “vai impedir a subida dos juros, por ser o desejo de Dilma”, como se tem escrito. São hipóteses comprovadamente absurdas, pois a presidenta antes apoiou claramente a política para reduzir a taxa de juros, com pleno êxito, sem tolher a liberdade do BC na condução da política monetária. Ela mostrou realmente coragem ao enfrentar aquele problema da mudança na caderneta de poupança, as pessoas não tinham tido a disposição de fazer e provou estar correta. Corrigiu a caderneta de poupança, possibilitou uma queda importante na taxa de juros real.
O Brasil experimenta a sua taxa de juro real e nada mudou na condução da política monetária. Se o BC perceber ser essa uma inflação incapaz de se autocorrigir com a velocidade desejada, usará o instrumento natural, os juros… Não há razão alguma para imaginar que mexer na taxa de juros seja uma derrota para o governo.
Na verdade, o governo já ganhou a batalha: a taxa de juros real, a maior do mundo durante anos seguidos (duas décadas, praticamente carregando aquela “mala sem alça”), está hoje em torno de 2% ao ano. Ainda assim é alta em relação à maioria dos países, cujo juro real é de 2% negativos.
É grande bobagem pensar que o governo não mexe mais nos juros. Se surgir a ameaça de perder o controle da inflação, mexerá na taxa de juros, como faz qualquer governo. Só que agora, no caso brasileiro, a taxa básica está em 7,25%, quando no passado a Selic era de 12,5%, de forma que se tiver, será uma mudança de 0,25 ponto porcentual.
O controle da inflação não depende apenas da taxa de juros; se fosse só com esse instrumento, o Banco Central precisaria produzir uma recessão imensa. A redução da taxa de inflação brasileira, há oito anos em torno de 5,25% ao ano, não é certamente uma tarefa apenas do Banco Central e do ministro da Fazenda. Ela precisa da participação de todo o governo, do aumento de sua eficiência, apoiado em reformas microeconômicas bem focadas. Entram aí a melhor organização de um mercado de trabalho com respeito aos direitos constitucionais dos trabalhadores, onde a negociação salarial dentro da empresa, sob as vistas de comissões de fábrica livremente eleitas e com representatividade, permita preterir os efeitos acumulados pelo corporativismo ao longo de muitos anos, tornando-se um instrumento poderoso de solução dos atritos e, ao mesmo tempo, capaz de promover o aumento da produtividade do trabalho.
Segundo Alexandre Tombini, presidente do Banco Central, e o ministro Guido Mantega, o governo observa o comportamento da inflação, com mais atenção à evolução de algumas de suas causas como, por exemplo, as consequências do aumento do preço dos alimentos causado pelos choques de oferta, inclusive externos, no início do ano. Isso não deixa ninguém confortável, embora seja previsível que o efeito dos choques da oferta agrícola tende a amenizar-se nos próximos meses. Outro fator é o comportamento do mercado de trabalho, quando os salários reais crescem acima da produtividade e há exageros nas correções.
É fora de propósito, contudo, espalhar que o ministro da Fazenda está interferindo na autonomia do Banco Central, ou “vai impedir a subida dos juros, por ser o desejo de Dilma”, como se tem escrito. São hipóteses comprovadamente absurdas, pois a presidenta antes apoiou claramente a política para reduzir a taxa de juros, com pleno êxito, sem tolher a liberdade do BC na condução da política monetária. Ela mostrou realmente coragem ao enfrentar aquele problema da mudança na caderneta de poupança, as pessoas não tinham tido a disposição de fazer e provou estar correta. Corrigiu a caderneta de poupança, possibilitou uma queda importante na taxa de juros real.
O Brasil experimenta a sua taxa de juro real e nada mudou na condução da política monetária. Se o BC perceber ser essa uma inflação incapaz de se autocorrigir com a velocidade desejada, usará o instrumento natural, os juros… Não há razão alguma para imaginar que mexer na taxa de juros seja uma derrota para o governo.
Na verdade, o governo já ganhou a batalha: a taxa de juros real, a maior do mundo durante anos seguidos (duas décadas, praticamente carregando aquela “mala sem alça”), está hoje em torno de 2% ao ano. Ainda assim é alta em relação à maioria dos países, cujo juro real é de 2% negativos.
É grande bobagem pensar que o governo não mexe mais nos juros. Se surgir a ameaça de perder o controle da inflação, mexerá na taxa de juros, como faz qualquer governo. Só que agora, no caso brasileiro, a taxa básica está em 7,25%, quando no passado a Selic era de 12,5%, de forma que se tiver, será uma mudança de 0,25 ponto porcentual.
O controle da inflação não depende apenas da taxa de juros; se fosse só com esse instrumento, o Banco Central precisaria produzir uma recessão imensa. A redução da taxa de inflação brasileira, há oito anos em torno de 5,25% ao ano, não é certamente uma tarefa apenas do Banco Central e do ministro da Fazenda. Ela precisa da participação de todo o governo, do aumento de sua eficiência, apoiado em reformas microeconômicas bem focadas. Entram aí a melhor organização de um mercado de trabalho com respeito aos direitos constitucionais dos trabalhadores, onde a negociação salarial dentro da empresa, sob as vistas de comissões de fábrica livremente eleitas e com representatividade, permita preterir os efeitos acumulados pelo corporativismo ao longo de muitos anos, tornando-se um instrumento poderoso de solução dos atritos e, ao mesmo tempo, capaz de promover o aumento da produtividade do trabalho.
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