28/03/2013
Francisco Louçã, um dos economistas que
mais influenciam o Bloco de Esquerda de Portugal, critica o plano da
troika de impor taxas sobre os depósitos bancários daquele país,
afirmando que, se a UE queria combater a evasão fiscal, deveria taxar a
entrada de capitais e o controlar dos seus movimentos, inclusive de
offshores britânicas.
Esquerda.net
Data: 24/03/2013
Louçã recorda que "a decisão foi tomada numa maratona noturna de uma reunião do Eurogrupo, que decide por unanimidade, com consulta ao FMI e ao Banco Central Europeu". Mas, no dia seguinte, ninguém queria assumir a responsabilidade por ela. "O ministro das Finanças alemão diz que foi o BCE. O BCE diz que foi a Comissão Europeia. A Comissão Europeia fez um texto escrito dizendo que tinha sido o governo de Chipre, que diz que foi obrigado a encaminhar tudo", criticou o economista. Para ele, isso "dá uma ideia de inconsistência e a percepção de que tinham feito um disparate gravíssimo do ponto de vista sistémico sobre a Europa, para que imediatamente o castelo de cartas caia".
Para Louçã, o episódio demonstrou que "não há direção política na União Europeia". Recordando que a justificativa para tal plano era de que "os russos tinham lá muito dinheiro de lavagem ou evasão fiscal", Louçã foi enfático: "Entendamo-nos bem: se a Europa quisesse controlar a evasão para paraísos fiscais como o Chipre, então impusesse uma taxação sobre a entrada de capitais e o controle dos seus movimentos. Mas tinha que o fazer em relação aos offshores britânicos também, que são muito mais importantes do que Chipre. Ou os offshores de outros Estados europeus, incluindo Portugal".
Para Francisco Louçã, "a estupidez desta decisão é tão grave, de gente que não é capaz de imaginar as consequências gravíssimas de desagregação da União Europeia, quando ao mesmo tempo estão a pedir enorme poder para si - o poder orçamentário, o poder federal, o poder de decisão política, um governo europeu".
E concluiu: "Não são capazes de liderar a solução econômica para um país que representa 0,2% do PIB europeu, como é que se atrevem a dizer que têm uma solução para a Europa? Não têm, e portanto todos os efeitos de consequência e de desânimo e de desconfiança vão atingir as taxas de juros, as economias europeias e a credibilidade da União Europeia".
Publicado no Esquerda.net
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