domingo, 3 de abril de 2016

Skaf e Paulinho da Força no golpe da liquidação da CLT


por J. Carlos de Assis


Paulo Skaf, presidente da Fiesp, queimou as caravelas. É um aventureiro que se derrotou. A extrema irresponsabilidade com que jogou o empresariado industrial paulista, com a força da persuasão do dinheiro do Sesi, na aventura do impeachment ficará como marca indelével de sua arrogância. Seu projeto individual de ser governador de São Paulo a qualquer custo esgotou-se nessa tentativa de golpe. Se o impeachment passar, Skaf terá mergulhado empresários e trabalhadores num clima de confrontação social sem paralelo, onde todos perderão. Se não passar, Skaf simplesmente desaparecerá do mapa como um trapo inútil.
A suprema imbecilidade de Skaf foi pensar que, fazendo um acordo pessoal com Paulinho da Força, tinha uma base de aliança com a classe trabalhadora. É um desinformado. Assim como a Fiesp tende a rachar depois da votação do impeachment, a Força Sindical escapará das mãos gananciosas de Paulinho para reencontrar-se com seus tempos gloriosos em que aceitou, numa situação de crise tão terrível como agora, negociar um pacto social com os empresários. Naquele tempo, a central organizada por Medeiros pensava em termos não só individuais mas também em termos de interesse público. Hoje está condenada a um racha.
Na verdade, no caso de Paulinho, como mostram as investigações da Lava Jato o interesse dele não é muito diferente do de Skaf, a saber, assaltar algum caixa disponível, público ou privado, para atender a ambições pessoais. Esse trânsfuga do movimento sindical cedo ou tarde pagará por sua traição aos trabalhadores na medida em que se retirou, como Skaf, de qualquer projeto de articulação de retomada da economia passando para o lado do golpismo político puro e simples, sem medir consequências, inclusive através de inserções na televisão cujo financiamento seria oportuno investigar.
Entretanto, o peixe grande da atual conspiração não é Paulinho, mas Skaf. Ele é um industrial sem indústria: tem um galpão onde vende produtos de fabricantes verdadeiros. Não tem nenhum compromisso com a economia nacional. É abertamente um vendilhão da pátria e um carrasco do trabalhador. No entendimento que fez com essa figura patética de Michel Temer, para comprar o impeachment, ignorou a economia, a ser internacionalizada pelo suposto futuro presidente, para concentrar-se num único ponto: obter de Temer o compromisso de liquidar com a legislação trabalhista da era Vargas pela mão de Moreira Franco no Ministério do Trabalho. Temer topou.

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