ter, 19/04/2016 - 08:01

Jornal GGN -
Em
editorial publicado um dia depois da aprovação do pedido de impeachment
da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o jornal francês
Le Monde afirmou que o Brasil entrou em uma fase de "incerteza de alto
risco". dizendo que os políticos brasileiros precisam deixar de lado
seus interesses pessoais para se dedicar ao da população.
O Le Monde relebram do processo de
impeachment contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello, dizendo
que, se confirmado o afastamento de Dilma no Senado, é "muito para uma
jovem democracia de 31 anos".
Enviado por Henrique O
Da RFI
No dia seguinte à aprovação do pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff pela Câmara dos Deputados, o
jornal francês Le Monde analisa a crise política nacional em um
editorial marcado pelo pessimismo, sem deixar de mandar um recado para
os políticos brasileiros.
"O Brasil entrou em uma fase de
incerteza de alto risco. É preciso desejar que seus políticos se
controlem e compreendam a urgência de ultrapassar seus interesses
pessoais para se dedicar aos de uma população que havia confiado neles."
Esta é a conclusão do editorial do jornal Le Monde desta
segunda-feira (18), para o qual o voto em favor da destituição da
presidente Dilma Rousseff é uma má notícia para o Brasil. O jornal
lembra que se o Senado confirmar o processo, Dilma será a primeira chefe
de Estado demitido de suas funções. Fernando Collor de Mello, que
enfrentou um processo de impeachment em 1992, renunciou antes da votação
no Senado.
"Para uma jovem democracia de 31 anos é
muito", constata o editorial, lembrando que se a corrupção está no
centro das duas revoltas políticas, Dilma não é suspeita de
enriquecimento pessoal; no entanto, ela espelha todo um sistema que os
brasileiros questionam, uma espiral que ela não soube controlar: a
gigantesca corrupção da Petrobras, que serviu de" vaca leiteira" ao PT
no poder e a seus aliados.
Le Monde constata que a decisão
desesperada da presidente de nomear Lula no governo para salvá-lo das
investigações em um outro escândalo de corrupção apenas agravou a sua
situação.
Reviravolta econômica
O texto põe o dedo na ferida ao falar da
reviravolta espetacular da economia brasileira, que de gigante
emergente da América Latina, líder do BRICS, que tirou milhões de
pessoas da pobreza, esteja hoje marcado pela recessão e pelo desemprego,
a ponto dos economistas projetarem para 2016 uma queda de 3,5% do PIB
pelo segundo ano consecutivo.
Nesse contexto, o jornal francês não é
otimista em relação ao futuro, escrevendo que se a oposição acenou aos
mercados a liberalização da economia com a saída de Dilma, vários
fatores podem congelar essa esperança, a começar pela situação do
próprio vice-presidente Michel Temer, também alvo de processo por
corrupção, seguido por Eduardo Cunha e suas contas na Suíça. Sem falar
que o PT e Lula ainda contam com um forte apoio popular, como
demonstraram as manifestações por todo o Brasil.
Triste conclusão: o clima político vai
endurecer nos próximos dias e os dirigentes da oposição, na primeira
fila da destituição, não são os melhores para lavar o desgosto que os
brasileiros estão sentindo pela classe política. Daí os votos do Le
Monde de que, um dia, os políticos pensem mais no povo do que nos seus
bolsos.
Le Monde também traz em sua manchete a
foto dos deputados brasileiros da oposição com os cartazes "Tchau,
querida", comemorando a vitória em um ambiente quase histérico: "Dilma
Rousseff na tormenta, o Brasil em crise", é o título do artigo de duas
páginas que mostram grandes fotos dos manifestantes pró-impeachment
torcendo, sofrendo e chorando.
O jornal também se interessou pelo "muro
de Brasília", símbolo de dois Brasis de costas um para o outro: o
artigo descreve os vermelhos de um lado, os verde-amarelos do outro e,
entre eles, o muro na esplanada dos Ministérios. Entrevistando diversos
pró e contra PT, Le Monde constata a decepção de um lado e a veneração
de outro. E observa que a herança do ex-presidente Lula, que tirou
milhões de pessoas da probreza, não é mais unanimidade entre o povo
brasileiro.
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