domingo, 20 de março de 2016

O sinistro almoço de Serra, Gilmar e Fraga

Por Renato Rovai, em seu blog. Extraído do blog do Miro.


Golpes não se constroem só nos quartéis. O que não significa que não podem também ser operados nele.

Tanto em 1954 como em 1964 houve grande articulação empresarial, midiática, de setores da política, como também de juízes, advogados, organizações estrangeiras e de milicos para tombar Getúlio e Jango.

O resultado foi o que conhecemos.

A foto de um almoço na Trattoria do Rosário, no Lago Sul, em Brasília, entre um juiz do Supremo, Gilmar Mendes, o senador José Serra e o investidor e operador do sistema financeiro Armínio Fraga, na quarta-feira passada (16), é algo que não pode ser apenas encarado com um rega-bofe típico da nossa elite.

Eles não estavam ali à passeio num momento desses e certamente a conversa foi em torno da crise política atual

Acontece que Gilmar Mendes tem uma posição que não poderia ser política num momento desses, mas de um garantidor da Constituição.

Gilmar ontem, depois de 48 horas do almoço, impediu a posse de Lula como ministro e mandou seu processo de novo para Sérgio Moro. O que joga mais gasolina na fogueira da crise que vive o país.

Na conversa de quarta, Gilmar pode ter perguntado a Armínio qual seria a consequência da prisão de Lula no mercado.

Pode também ter indagado a Serra como está o clima no Senado e na Câmara e o que pensam Renan e Sarney de um eventual impeachment.

Mas o trio também pode ter falado só sobre a variedade de vinhos da região de Chianti e da última temporada de House of Cards.

Mas, convenhamos, as duas primeiras alternativas parecem mais críveis.

O que nos permite afirmar que Gilmar Mendes perdeu qualquer receio de parecer um ator político no momento atual. O que coloca muito mais em risco a credibilidade do Supremo do que qualquer coisa que Lula tenha dito sobre o órgão numa conversa privada e grampeada.

O fato concreto é que a depender dos próximos acontecimentos, a foto deste almoço será ilustração de muitos livros de história num futuro próximo.

E muito do que viveremos se o golpe em curso der certo, terá relação com ela.

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