do Clube da Engenharia

Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil
Em entrevista ao jornal Direito de Opinião,
o conselheiro do Clube de Engenharia, Guilherme Estrella, responde aos
que afirmam que a Petrobras não tem condições de explorar o pré-sal.
Segundo o especialista, “certamente (tem), se o aproveitamento das
reservas do pré-sal obedecer a um planejamento de longo prazo pela
União. Esta condição me parece imprescindível na medida em que o
petróleo e o gás natural contidos nas grandes reservas do nosso pré-sal
propiciam ao Brasil a base energética indispensável para sustentar o
desenvolvimento nacional e garantir inserção geopolítica global do
nosso país ao longo deste Século XXI". E alertou: "Energia é
indiscutivelmente segurança e soberania nacionais, dimensões
estratégicas que não podem ser valoradas monetariamente, não têm preço".
Ao questionamento sobre o que o Brasil
perde se o Projeto de Lei 131, que retira da Petrobras a exclusividade
na exploração do Pré-Sal, já aprovado no Senado for sancionado, Estrella
responde com outra pergunta. “Por que razões as empresas estrangeiras
estão tão interessadas e empenhadas na mudança da lei do pré-sal?” E de
maneira firme e didática, enumera as muitas razões que levam o mercado
internacional a disputar o pré-sal.
“Primeiro porque representam os
interesses de seus países-sedes, as atuais nações hegemônicas ocidentais
mundiais, que têm estratégias muito claras quanto à preservação de seus
respectivos suprimentos energéticos. No caso do petróleo, levam seus
povos a guerras, invadem e ocupam países soberanos sob os mais grotescos
argumentos, sustentam regimes ditatoriais anticivilizatórios, derrubam
presidentes democraticamente eleitos, como temos presenciado nessas
últimas décadas. A condição de operadoras dará às suas empresas
condições de protagonistas principais do processo, situação
politicamente muito diferente de serem apenas participantes dos
consórcios. E esta não é uma situação que traga 'conforto' para o
Brasil, quando comparada à participação de nossa estatal como operadora
única”, esclarece o ex-diretor de Exploração e Produção (E&P) da
Petrobrás.
Veja a seguir a íntegra da entrevista de Guilherme Estrella.
O que estabelece o Marco Regulatório para o pré-sal?
Em linhas gerais o novo marco estabelece: a)
Diferentemente do regime antigo, de concessão, petróleo/gás descobertos
e produzidos nos blocos do pré-sal são de propriedade da União, e não
dos consórcios de empresas que os descobriram; b) Os consórcios descobridores serão ressarcidos, em petróleo, das despesas realizadas para descobrir e produzir; c)
Dos consórcios operadores – responsáveis pelas atividades de exploração
e produção dos blocos adquiridos – a Petrobrás é parte obrigatória, com
no mínimo 30% de participação; d) A Petrobrás é operadora única de todos os consórcios que atuarem no pré-sal brasileiro; e)
Dos consórcios detentores dos blocos do pré-sal fará parte também,
obrigatoriamente e sem participação operacional, a empresa pública
“Petróleo-Pré-Sal”, que deterá poder de veto em todas as operações dos
consórcios e será responsável pela fiscalização técnica e financeira das
operações, garantindo desta forma o máximo retorno para a União,
proveniente das atividades dos consórcios operadores.
A Petrobrás tem condições de explorar o pré-sal sozinha?
Certamente, se o aproveitamento das
reservas do pré-sal obedecer a um planejamento de longo prazo, pela
União. Esta condição me parece imprescindível na medida em que o
petróleo e o gás natural contidos nas grandes reservas do nosso pré-sal
propiciam ao Brasil a base energética indispensável para sustentar o
desenvolvimento nacional e garantir inserção geopolítica global do nosso
país ao longo deste Século XXI. Energia é indiscutivelmente segurança e
soberania nacionais, dimensões estratégicas que não podem ser valoradas
monetariamente, não têm preço. Ao contrário, são questões de Estado e
por isso exigem gestão com visão de longo prazo, dentro de um projeto de
nação, do Brasil que queremos construir e ser ao longo das próximas
décadas. Portanto, não podem, sob qualquer motivo ou argumento, ser
tratadas com visão de curto prazo ou para atender necessidades imediatas
de qualquer espécie. Se isto vier a acontecer estaremos produzindo
predatoriamente uma imensa riqueza, descoberta por brasileiros, em
território nacional, e de cujo aproveitamento, baseado numa abordagem
que atenda somente aos verdadeiros interesses do Brasil, dependem o
desenvolvimento nacional e o direito das nossas futuras gerações de
viverem num país livre e soberano. Professores de planejamento
estratégico apontam como erro fundamental e de consequências
irrecuperáveis a história de países que, por fraqueza política,
permitiram que suas grandes oportunidades se transformassem em ameaças.
Este erro acabou por abrir espaço para que interesses contrários aos
seus próprios processos de desenvolvimento autônomo e soberano, por fim
prevalecessem. Não há como aceitar que o Brasil permita que a
extraordinária oportunidade que o nosso pré-sal representa se transforme
numa ameaça. A correta gestão estratégica da produção do pré-sal
brasileiro é perfeitamente adequada à capacidade técnica, tecnológica e
financeira da Petrobrás para levar adiante sua condição de operadora
única das atividades envolvidas.
Outro aspecto muito importante a se
considerar neste assunto é a posição completamente diferenciada, para
melhor, da Petrobrás, em relação às empresas estrangeiras. É
internacionalmente reconhecida a competência da estatal brasileira em
atuar com total eficiência em engenharia de produção e absoluta
segurança operacional em águas ultraprofundas e desenvolver campos em
reservatórios tão incomuns e especiais como os do pré-sal brasileiro.
Grandes desastres recentes, no exterior, com consequências terríveis às
pessoas e ao meio ambiente, estão ainda muito nítidos nas mentes de todo
o mundo do petróleo.
Esta competência, que valeu à Petrobrás
mais um prêmio OTC, o “prêmio Nobel” de tecnologia do setor petrolífero
mundial é a garantia, para o Brasil, que a sua empresa estatal é a
empresa que oferece as mais avançadas condições para produzir o nosso
pré-sal em padrões inigualáveis, em todos os aspectos de engenharia. Mas
não só por razões técnicas, também por motivos financeiros, quesito em
que a Petrobrás, no Brasil é imbatível. Está a produzir o pré-sal a
menos de US$ 10 e nossa experiência como participante de consórcios
operados por empresas estrangeiras mostrou os custos exorbitantes com
que elas operam. Por razões técnicas e financeiras, portanto, a operação
única do nosso pré-sal pela nossa Petrobrás – cuja competência como
empresa petrolífera, aliás, foi a causa maior de ter descoberto esta
imensa riqueza nacional – me parece inquestionável.
Se o PL 131 for sancionado o que muda na exploração? O que o Brasil perde com isso?
Por que razões as empresas estrangeiras
estão tão interessadas e empenhadas na mudança da lei do pré-sal?
Primeiro porque representam os interesses de seus países-sedes, as
atuais nações hegemônicas ocidentais mundiais, que têm estratégias muito
claras quanto à preservação de seus respectivos suprimentos
energéticos. No caso do petróleo, levam seus povos a guerras, invadem e
ocupam países soberanos sob os mais grotescos argumentos, sustentam
regimes ditatoriais anticivilizatórios, derrubam presidentes
democraticamente eleitos, como temos presenciado nestas últimas décadas.
A condição de operadoras dará às suas empresas condições de
protagonistas principais do processo, situação politicamente muito
diferente de serem apenas participantes dos consórcios. E esta não é uma
situação que traga “conforto” para o Brasil, quando comparada à
participação de nossa estatal como operadora única. Na dimensão
técnica/tecnológica, o operador manda, decide, escolhe. Mais importante
que tudo, faz o projeto de engenharia, determina a tecnologia, escolhe
os fornecedores. Nesses aspectos técnicos/tecnológicos a experiência
operacional desempenha um papel fundamental. É fazendo que se aprende,
que se criam oportunidades de avanços tecnológicos, que se mobilizam
empresas fornecedoras de equipamentos e serviços para inovações de todos
os tipos. E o pré-sal brasileiro é a primeira grande descoberta de
petróleo e gás natural na última fronteira exploratória oferecida às
empresas petrolíferas pelas condições geológicas globais, representada
pela faixa de águas ultraprofundas, entre 2.000m e pouco mais de 3000m
de lâmina d´água nas margens marítimas dos continentes. A partir daí
chega-se ao sopé do talude continental e à planície abissal, faixas
geológicas que não são, definitivamente, prospectáveis para
hidrocarbonetos. Portanto, a empresa que detiver conhecimento
geocientífico, competência tecnológica e experiência operacional para
explorar e produzir petróleo e gás em águas ultraprofundas levará
consigo uma decisiva vantagem competitiva em relação às concorrentes.
Num país em desenvolvimento, como o
Brasil, esta é uma oportunidade única, preciosa, que dificilmente se
repetirá. O desenvolvimento dos campos do pré-sal brasileiro, com a
Petrobrás como operadora única, deve promover a engenharia genuinamente
nacional, através de empresas igualmente controladas pelo capital
brasileiro e que aqui tenham seus centros de inteligência e decisão
corporativas. Energia é assunto de segurança nacional, é preciso repetir
sempre. Está posto na constituição federal, no artigo 170, onde
estabelece que o primeiro princípio em que se fundamenta a atividade
econômica é a soberania nacional e energia – principalmente quando se
trata de petróleo e gás natural, situa-se entre as mais importantes
atividades econômicas da humanidade. Não podemos abrir mão da exigência
de que esta capacitação de projetar, construir/fabricar equipamentos e
prestar serviços especializados fique sob controle de brasileiros e suas
empresas, com engenheiros e técnicos brasileiros. É a melhor forma de
contribuir com nossas universidades para formarem cada vez mais
profissionais e mais competentes para resolver e enfrentar cada vez
melhor os nossos próprios problemas e desafios.
Conteúdo nacional acéfalo não é
aceitável para uma nação que se quer soberana. É preciso também citar
que o leque de conhecimentos e tecnologias envolvidos nas engenharias
abrangidas pelas atividades de produção do pré-sal engloba itens do que
se conhece como “tecnologias sensíveis”, isto é, aplicadas a
equipamentos utilizados na defesa nacional, principalmente na área naval
– como turbinas, veículos inerciais, entre outras. Devemos nos espelhar
na França – país desenvolvido que muito preza sua soberania. O governo
francês identificou uma grave ameaça à sua soberania quando empresas
francesas, intensivas em engenharia, começaram a ser compradas por
empresas estrangeiras. Não vacilou. Em 2013 publicou um decreto
governamental estancando esse movimento de interesses não franceses e
proibiu a aquisição de empresas francesas por capitais estrangeiros num
amplo espectro da atividade industrial, de serviços e de conhecimento e
pesquisa científica.
Entre nós, a Constituição Federal de
1988 (art. 171) diferenciava empresas genuinamente brasileiras de
empresas estrangeiras estabelecidas no Brasil. A revisão neoliberal e
neocolonialista de anos mais tarde extinguiu esta proteção à empresa
brasileira em nossa Carta Magna. A garantia da operação única do pré-sal
brasileiro para a Petrobrás é matéria de segurança nacional. Tem que
permanecer na lei e não depender da opinião do governo que esteja no
poder. O PL 131 é, portanto, sob todos os aspectos, uma ameaça ao
Brasil.
Como avalia o futuro da Petrobrás, com a crise que atinge a empresa?
Qual é a base, o alicerce, a raiz de
sustentação central, essencial, material de uma empresa petrolífera?
Reservas comprovadas de óleo e gás natural. Mas deter reservas não
basta, ainda que para descobrir reservas de óleo e gás seja necessário
contar com um grupo de profissionais especialistas – geólogos,
geofísicos principalmente – altamente treinados e com concreta
experiência na lide exploratória. Isto porque a atividade de exploração é
de alto risco – a taxa de sucesso de poços exploratórios pioneiros em
bacias ainda não produtoras não é maior que 10%, Perfuram-se dez poços
para em média descobrir um campo economicamente sustentável. O
investimento exploratório é intensivo em conhecimento geocientífico
básico e em geologia de petróleo. Descoberto o campo, há que ter
competência técnica e tecnológica devidamente comprovadas para
desenvolvê-lo, colocá-lo em produção porque esta é a fase do projeto que
começa a ser muito intensiva também em investimentos, ainda mais quando
as descobertas encontram-se em áreas limítrofes de operação. Aqui
entram dois importantes campos de conhecimento científico e de
tecnologia: a geoengenharia de reservatórios e a engenharia de produção,
dimensões de competência e conhecimento de cuja integração dependerá a
robustez do projeto de engenharia básica das instalações de produção e a
obtenção da melhor produtividade dos reservatórios produtores e dos
melhores e mais seguros sistemas de escoamento da produção, por navios
e/ou dutos, no caso das operações costa a fora. A este quadro de
competências junta-se a engenharia de projeto e construção de poços e a
experiência operacional para garantir a maior eficácia das operações e a
total segurança das atividades.
A Petróleo Brasileiro S.A. descobriu e
detém reservas totais de algumas dezenas de bilhões de barris de óleo
equivalente e conta, internamente, com esse sofisticado conjunto de
conhecimentos científicos, capacitação tecnológica e experiência
operacional há décadas mundialmente reconhecido. Não seria incorreto
afirmar que a nossa Petrobrás encontra-se, nesta matéria, numa posição
de liderança dentre as mais importantes empresas petrolíferas do mundo.
Mas ainda tem mais: enquanto as maiores empresas petrolíferas do mundo
detêm reservas e produção em inúmeras regiões espalhadas mundo afora, a
Petrobrás possui reservas concentradas – ainda – em duas bacias
geológicas contíguas (Campos e Santos), fator que garante escala para
praticar custos de logística e produção relativamente muito baixos. Tudo
isto no espaço oceânico defronte a mais importante região econômica
brasileira e maior consumidora de energia.
Outra vantagem real que a Petrobrás
dispõe é a sua presença quase hegemônica no mercado interno brasileiro
consumidor de petróleo e derivados. Nossos indicadores de consumo de
energia são inaceitavelmente reduzidos. Consumimos menos energia per capita
que países com economia muito menos expressiva que a brasileira, que
está entre as dez maiores do planeta. Fato a indicar consistentemente
que há um considerável espaço de crescimento de nosso consumo de
energia, ao longo das próximas décadas. Na verdade, o mercado brasileiro
é o mais importante “ativo estratégico” da Petrobrás, uma garantia
total de sustentabilidade e crescimento por todo o século XXI. E aqui
vale uma observação: desfazer-se dos equipamentos empresariais que
asseguram a detenção desse “ativo” – terminais, gasodutos,
termoelétricas, plantas petroquímicas, fábricas de fertilizantes é
decisão que põe em risco o futuro da Petrobrás, baseado na integração do
sistema industrial produtivo construído ao longo de décadas pela
companhia.
É a empresa que exibe
inquestionavelmente excelentes condições de retorno de seus
investimentos e, consequentemente, de pagamento de seus débitos, a
consolidar uma situação favorável para negociar o alongamento do perfil
da sua dívida, cujas dificuldades para pagamento decorrem única e
exclusivamente do colapso dos preços internacionais do petróleo.
Realidade esta, aliás, em nenhum momento prevista por qualquer das
inúmeras instituições internacionais analisadoras do setor petrolífero
mundial, aí incluídas aquelas das mais importantes empresas que nele
operam e que foram igualmente fortemente atingidas pela crise do preço
do barril.
Mas a atual cena geopolítica e econômica
mundial apresenta igualmente concretas oportunidades para o
enfrentamento do problema. O surgimento dos BRICS como bloco alternativo
de países aproxima estratégias nacionais de Brasil, China, Rússia,
Índia e África do Sul. Somos países que enfrentam, ainda que em níveis e
dimensões muito diferentes, desafios de crescimento e desenvolvimento.
Em termos de suprimento de energia, entretanto, o Brasil e suas grandes
reservas do pré-sal destaca-se como um importante supridor que tem todas
as condições de atender, pelo menos em parte, as atuais demandas de
China e Índia.
Estas duas nações são grandes
importadoras de petróleo (China = mais de 6 milhões de barris/dia e
India = mais de 2 milhões da barris/dia). A Petrobrás, na qualidade de
empresa estatal brasileira, poderia negociar com esses países um
compromisso formal de fornecimento de petróleo tendo em contrapartida
empréstimo de longo prazo que saldasse toda, ou em parte, a atual dívida
da Petrobrás. Recentemente, a Petrobrás assinou com a China um
compromisso semelhante, que poderia servir de exemplo para uma
negociação mais ampla. São soluções factíveis, não excludentes, ao
contrário, complementares. Apresentam-se perfeitamente concretizáveis na
medida em que, na primeira hipótese, harmonizam interesses nacionais – a
Petrobrás não é só uma empresa “do” governo, mas uma empresa “de”
governo, como a sua história de mais de 60 anos comprova – com o sistema
financeiro credor. E na segunda alternativa contribui para o
fortalecimento das alianças geopolíticas de interesse estratégico
brasileiro ao longo de todo o século XXI. E não menos importante, evitam
que a Petrobrás se desfaça – em condições de mercado arrasadoramente
desfavoráveis – de instrumentos e equipamentos críticos para que
mantenha sua posição de principal produtora de energia e
outros insumos críticos para o desenvolvimento nacional, como
fertilizantes e petroquímicos para um mercado interno consumidor que
crescerá forte e continuamente nas próximas décadas.
E para finalizar, tomo a iniciativa de,
modestamente, mas com grande entusiasmo, dirigir algumas palavras aos
empregados do sistema Petrobrás, todos, como eu, certamente atingidos
pelos problemas que todos conhecemos: por toda a sua história a
Petrobrás esteve comprometida com o desenvolvimento do Brasil e com os
brasileiros. Particularmente nestes últimos anos, o sistema Petrobrás
propiciou ao Brasil as bases de energia mais que suficientes para
garantir o desenvolvimento de nosso país e a melhoria das condições de
vida de todos os brasileiros (como sabemos, consumo de energia é
parâmetro de medição de qualidade de vida das sociedades). Mais do que
isso, o sistema Petrobrás, com as grandes descobertas em águas
ultraprofundas no território nacional assegura matéria prima para a
produção de fertilizantes, insumo crítico – de que somos grandes
dependentes de fornecedores externos – para sustentar uma das colunas
mestras de nossa economia, como é o agronegócio brasileiro. Têm,
portanto, todos os empregados do sistema Petrobrás razões verdadeiras e
indestrutíveis para se orgulharem de seu trabalho e de sua dedicação à
companhia e ao Brasil.
É... Mas fica deitado eternamente em berço esplêndido...
ResponderExcluir