Posição do MAB frente ao pacote de energia elétrica do governo
O
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que tem pautado
sua luta histórica
na defesa das populações atingidas por hidrelétricas, e
junto com demais
setores organizados propõe a construção de um Projeto
Energético Popular para o
Brasil, ao analisar o anúncio feito pelo governo brasileiro
no último dia 11 de
setembro, vem a público manifestar sua posição:
1-
O
anúncio do governo federal sobre a
renovação das concessões do setor elétrico que vencem nos
próximos anos é uma
vitória dos setores populares. Apesar de todos os problemas
existentes no atual
modelo energético nacional, pelo menos não há uma piora na
situação atual. É
importante destacar que setores conservadores dentro do
governo e também um
grupo de empresários queriam a privatização desta parte da
energia que hoje, na
sua maioria, está nas mãos das empresas estatais e com o
custo de implantação
já pago pelo povo brasileiro. Neste ponto, estes setores
conservadores foram
derrotados.
2-
Anunciar
a diminuição do preço da energia
elétrica é também um reconhecimento por parte do governo do
que já
denunciávamos há muito tempo: o Brasil possui, através da
energia hidrelétrica
nas atuais condições, uma das fontes mais baratas e o povo
brasileiro paga uma
das tarifas mais caras do mundo. Afirmamos que a diminuição
do preço da luz
para as famílias deveria e poderia ser maior ainda se
fossem, de fato,
enfrentados os setores que estão ganhando rios de dinheiro,
usando nossa água,
nossos rios e explorando o povo brasileiro.
3-
O
anúncio do governo teve uma série de
pontos que não atendem as reivindicações dos trabalhadores e
das organizações sindicais
e sociais, dentre elas citamos que não há garantias de que o
processo de
precarização dos serviços, das terceirizações e das difíceis
condições de
trabalho para os eletricitários seja modificado.
4-
Também
não há medidas claras de
fortalecimento das empresas estatais que deveriam, a nosso
ver, ser cada vez
mais fortalecidas no seu aspecto público e com controle
social e popular.
E
não vimos nem ouvimos uma só palavra que aponte que as
grandes injustiças e a
dívida histórica que o Estado tem para com os atingidos por
barragens, dívida
esta que foi reconhecida inclusive pelo ex-presidente Lula,
seja paga de forma
que os atingidos possam ter a esperança de ter seus direitos
reparados.
Finalmente,
sabemos
que mesmo as medidas consideradas positivas estarão em
permanente
disputa, e que os setores conservadores do governo e da
elite brasileira ou
estrangeira farão de tudo para anular os possíveis ganhos
que povo pode ter na
área da energia. E que os direitos do povo não virão por boa
vontade dos
governantes, muito menos das empresas. Teremos que construir
com nossas lutas e
organização as mudanças necessárias para nosso país,
combatendo permanentemente
todas as estruturas injustas da sociedade.
Nossa
luta
por um Projeto Energético Popular e pelos direitos dos
atingidos por
barragens, dos trabalhadores do setor da energia e das
famílias consumidoras
continua.
Coordenação
Nacional
Movimento
dos
Atingidos por Barragens - MAB Brasil
Setembro
de
2012
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