quarta-feira, 30 de maio de 2012

Sucessão no Ipea


Valor Econômico, 29/05/2012

Oreiro ganha apoio de partidos para presidir Ipea
A presidente Dilma Rousseff deve optar por uma terceira via para a sucessão de Márcio
Pochmann na presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Diante do
impasse criado pelo veto de Pochmann ao nome que seria a sucessão natural e era dado como
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certo, o assessor especial da Secretaria de Assuntos Estratégicos, à qual o Ipea é subordinado,
economista Ricardo Paes de Barros, e a indisposição da presidente Dilma Rousseff de nomear
sugeridos por Pochmann, ganha força na Presidência a indicação do economista José Luis
Oreiro. O nome do economista da Universidade de Brasília (UnB) foi sugerido a Dilma na
semana passada pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo.
Além de endossar a indicação, Aldo Rebelo também deve tratar do assunto entre hoje e
amanhã com o vice-presidente Michel Temer, de forma a aproximar Oreiro do partido de
Moreira Franco, o PMDB. A bancada do PMDB na Câmara dos Deputados, liderada por
Henrique Eduardo Alves, convidou Oreiro para uma reunião amanhã no Congresso. Além do
PC do B de Rebelo e do PMDB, Oreiro também se aproxima do PT. Ontem, o economista
participou de jantar com o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), no Rio de Janeiro. Outro aliado
de Oreiro é o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Na área econômica pesa também a favor de Oreiro o apoio da economista Gina Paladino, que
foi diretora da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e é próxima de Luciano Coutinho,
o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Depois de presidir o Ipea por cinco anos, Marcio Pochmann vai deixar a instituição para
concorrer pelo PT à Prefeitura de Campinas nas eleições de outubro. Para isso, Pochmann se
desincompatibiliza do Ipea na semana que vem. A decisão de Dilma será tomada até o fim
desta semana. Pochmann deve ir hoje ao Planalto tratar de sua sucessão. Dilma esperava
definir os vetos ao Código Florestal para discutir o Ipea, e espera resolver o assunto antes de
sua agenda ser tomada por questões envolvendo a conferência Rio + 20.
Os três nomes indicados por Pochmann (Vanessa Petrelli, Leda Paulani e Jorge Abrahão) não
entusiasmaram Dilma, que já decidiu também negar a candidatura Paes de Barros, apoiada
pelo ministro Moreira Franco, chefe da SAE. Dilma gosta muito de Paes de Barros, que
formulou os programas Bolsa Família, Brasil Sem Miséria e Brasil Carinhoso. Dilma
comunicou a Moreira Franco na semana passada que prefere Paes de Barros na SAE, e não na
presidência do Ipea. Além disso, Pochmann vetou o nome de Paes de Barros.
Francamente heterodoxo em economia, como a própria presidente, conta a favor de Oreiro o
fato de o economista ser próximo também de tucanos e economistas ortodoxos, segundo
interlocutores de Dilma no Planalto. A avaliação do governo é que o Ipea, depois de cinco
anos sob Pochmann, oriundo da sociologia de esquerda e do sindicalismo, precisa ficar sob a
liderança de um presidente "com contatos dos dois lados do balcão", uma orientação mais
técnica, segundo uma fonte no Palácio do Planalto.
Formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Oreiro é mestre em economia pela
PUC-Rio, e doutor pela UFRJ.

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