José Álvaro de Lima Cardoso
Apesar
da gravidade da crise mundial, que neste momento manifesta seus piores sintomas
na combalida economia da zona do euro, o Brasil tem todas as condições para seguir
crescendo e enfrentar os seus problemas. Nesse processo, o país conta com
alguns trunfos, com destaque para:
1) Expansão do mercado interno via geração de
empregos. O país gerou 1,7 milhão de empregos formais nos últimos 12 meses
e a taxa de desemprego vem caindo continuamente;
2) Melhoria dos indicadores das contas públicas.
A dívida líquida do setor público deve terminar 2012 em percentual inferior a
36% do PIB, melhor relação nas últimas décadas. Até março o governo federal
realizou 120% da meta de superávit primário, equivalente a R$ 33,8 bilhões;
3) Estoque elevado de reservas internacionais.
À exemplo do que ocorreu na brutal crise de 2008, os investidores externos em
todo o mundo, em face do aumento do risco na economia mundial, vem “fugindo” em
direção ao títulos do Tesouro americano e aos papeis do Tesouro alemão. Num
momento de turbulência como o atual, são fundamentais as reservas
internacionais para suprir o mercado com moeda estrangeira, evitando a
disparada do preço do dólar (em pouco mais de duas semanas, até 18.05, os
investidores externos retiraram US$ 5,19 bilhões do país). As reservas internacionais atualmente são de
US$ 370 bilhões, montante recorde.
Isso tudo em um
contexto em que a inflação está sob controle (em torno dos 5%), o que facilita
muito a negociação coletiva, e a taxa de juros reais no país se encontra no
menor patamar da história (3,6%). Ademais, há espaço para o Banco
Central reduzir os juros para níveis ainda mais baixos, em função da situação
global, onde, no resto do mundo, predominam juros extremamente baixos. Além
disso, apesar do baixo crescimento no primeiro quadrimestre, o país começa a
ingressar em um ciclo de retomada do crescimento, até pelas medidas que o
governo vem tomando desde agosto de 2011.
Em
Santa Catarina, a tendência dos indicadores é muito semelhante ao quadro nacional.
O mercado interno vem sendo expandido, primeiramente, pelo emprego: foram
gerados 78 mil postos de trabalho de carteira assinada nos últimos 12 meses até
abril, expansão acima do próprio crescimento vegetativo da população
economicamente ativa do estado. Mas o mercado interno cresce também através da renda.
O
aumento médio dos pisos estaduais de Santa Catarina, de 10,12%, vem
repercutindo sobre os pisos das categorias em geral, e por consequência, sobre
o nível de atividade econômica. O incremento de massa salarial proporcionado pelos
novos valores dos pisos certamente vem ajudando a fomentar o consumo dos
artigos de primeira necessidade nas áreas do vestuário, alimentos, transporte,
fortalecendo a indústria e o comércio catarinenses. No estado, a exemplo do
que ocorre no país, todas as negociações que se têm notícias, estão obtendo ganhos
reais de salários, exatamente porque o emprego cresce, fazendo assim crescer o
consumo e a lucratividade das empresas.
*Economista
e supervisor técnico do DIEESE em Santa Catarina.
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