Por Tadeu Porto*, colunista do Cafezinho
Eu te entendo Daltan, na boa.
Eu também fui atingido diretamente pelos parlamentares brasileiros.
Não só pelo Golpe de Estado que jogou fora meu voto de 2014, mas também
por que sonhei em ver dezenas de plataformas da Petrobrás produzindo o
Pré-Sal e, graças a esses deputados, acabei acordando num pesadelo
patrocinado pela Shell.
E olha, sinto muito lhe avisar mas se o senhor está achando ruim
assim se prepare pois pode piorar. Acredite em mim, tenho certa
experiência no assunto: se quer mesmo combater os verdadeiros poderosos
no país (fala a verdade, tava fácil demais prendendo só gente do PT, não
é?) a lei do papel é só o começo. Existe, ainda, a lei do cassetete, do
gás de pimenta, das bombas de efeito moral e das balas de borracha que
entram em campo toda vez que tentamos combater o status quo.
A CUT foi ao planalto combater o PL 4330 (da terceirização) e o pau
cantou, como se diz lá em Minas. O Senador José Serra esteve em Macaé
para palestrar sobre o PLS 131 (da entrega do Pré-Sal) e apanhamos da
polícia na primeira brecha que abriu. Assim foi, ainda, nas nossas
visitas na câmara onde tivemos petroleiros preso e nas ruas contra as
perda de direitos e a favor da democracia: Porrada, porrada e mais
porrada, sob os olhos do seu MP que estava mais preocupado com o
pedalinhos dos netos do Lula do que com em proteger o direito básico e
legal da livre manifestação.
Esse país de exceção, sinto muito lhe informar, foi criado pela
política fascista na qual o senhor surfou como se fosse o Gabriel
Medina. É legal utilizar a opinião pública alienada para fazer slides
vazios e midiáticos que sequer condizem com a denúncia que seu órgão é
responsável por fazer, não é? Pois foi essa mesma massa de manobra
manipulada que deu força e moral para 400 achacadores tirarem uma
Presidenta da República, inventando um crime de responsabilidade somente
para aplicarem um projeto derrotado nas urnas.
Oras, doutor, alguém que alimenta corvos não pode esperar ser cercado
por borboletas fofinhas. Portanto, se o senhor estiver mesmo do lado
quem quer enfrentar a desigualdade (uma luta bem mais difícil do que
combater a corrupção), se prepare, pois o peso da lei é só o começo.
Tadeu Porto é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense
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