quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Porque a terceira fase do golpe não é desejada pelos golpistas


por Rogério Maestri, no Jornal GGN


O golpe dado contra o governo legitimamente eleito de Dilma Rousseff pode para muitos é desdobrado em três fase, a primeira foi a derrubada de Dilma com a posse de Temer, a segunda é a derrubada de Temer para colocar um representante mais aliado ao Imperialismo internacional e não ao fisiologismo nacional, e a terceira e última, no caso de ruptura do tecido social um golpe militar.
Porém já escrevi a bastante tempo que a terceira fase não tem a mínima simpatia do Império, pois o que pode vir desta terceira fase seria algo que varia de inconveniente a altamente inconveniente.
O comandante do exército, como já disseram outros, não é a voz do exército e muito menos das Forças Armadas em geral. Não é que estou desqualificando o pronunciamento do General .... que colocou claro que a instituição permanecerá dentro dos limites da constituição, pois esta declaração além de não vir de simpósios, assembleias ou reuniões gerais para tratar deste assunto com todo o oficialato superior, simplesmente porque as Forças Armadas não fazem simpósios, assembleias ou reuniões para tratar destes assuntos, a composição destas forças é tão heterogênea como a própria sociedade brasileira, temos pessoas mais progressistas (não diria de esquerda), temos conservadores e temos conservadores de direita.
Com toda esta diversidade poderíamos pensar que seria fácil achar um grupo majoritário que apoiasse a política do PSDB, porém esquecem todos que a carreira militar diferentemente de todas as carreiras de nível superior tem uma peculiaridade que a torna diferenciada, a profissão militar é a única que tem PÁTRIA.
Um militar que sai das fronteiras do seu país ele tem limitadas possibilidades de continuar fora do seu país a ser militar, ele pode ser um mercenário, dar consultoria a exércitos do terceiro mundo e talvez outra função que, por exemplo, pilotos da aeronáutica ou comandantes de navios de guerra podem exercer como civis. Porém um coronel, diferentemente de um professor universitário não pode migrar para outro país e ser coronel neste país de adoção.
Símbolos nacionais como a bandeira são tão gratos aos militares porque eles representam a pátria, e devido a isto civis não compreendem nunca a ofensa que é feita quando se ofende estes símbolos.
O que influencia isto numa analogia com a situação em 1964? Muito, pois as forças armadas de 2016 são completamente diferentes das de 2016. Em 1964 tínhamos equipamentos que eram meras sobras da segunda guerra mundial e qualquer tentativa de criar tecnologia nacional era inclusive boicotada tanto por membros das forças armadas como pelos governos civis, um exemplo clássico é a criação da Fábrica Nacional de Motores em 1939, para fabricar modernos motores de aviação, com blocos em alumínio e outras modernidades, quando foram terminados os primeiros motores em 1946 a aeronáutica tinha comprado dos Estados Unidos 100 motores exatamente iguais aos que foram fabricados pela FNM.
Agora em 2016 as ambições das forças armadas são outras, a aviação com os Gripens e com o avião de transporte KC-390 se projeta internacionalmente, inclusive o exército alemão pensando em adquirir os KC-390. A marinha não vê com bons olhos os sucessivos adiamento no programa de submarino nuclear, e o exército com diversas modernidades como os lançadores de foguetes Astros 2020 se projeta fortemente no cenário regional.
Qual a importância desta série de projetos das forças armadas? Duas que se complementam, servem para profissionaliza-las e também aviões supersônicos, submarinos nucleares e lançadores de mísseis não servem como cassetetes em protestos, muito pelo contrário, tiram o foco desta atividade menor que ficam reservadas as polícias.
Pois bem, uma terceira fase no golpe, levará poder a uma parcela significativa das forças armadas que tentarão até acelerar estes programas de rearmamento das forças armadas, e os militares sabem perfeitamente já nos primeiros momentos que se pensou em criar tecnologia nacional de armamentos que o Imperialismo norte-americano fará tudo para bloquear.
Em resumo, uma intervenção militar no Brasil poderia com grandes chances reacender projetos mais ambiciosos de reequipamento das forças armada, coisa que colocariam estas em choque direto contra o Imperialismo Norte-americano, um choque bem mais forte do que se pensa, e mesmo que os oficiais que desejam uma soberania em poderio militar não sejam a imensa maioria das Forças Armadas as suas vozes são fortes e são ouvidas por todos os níveis e principalmente pelo oficialato mais jovem.

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