Por J. Carlos de Assis (Economista e jornalista)
A Presidência da República, por meio do suspeito de múltiplos atos de
corrupção Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, está interferindo
diretamente numa concorrência na Europa para compra, por US$ 300
milhões, de serviços de sensoriamento remoto por satélite que por lei
deveriam ser restritos a empresas nacionais, salvo raras exceções. De
acordo com o jornal “Valor”, comentado pelo jornalista Mauro Santayana, a
Casa Civil determinou à Comissão Aeronáutica Brasileira na Europa-CABE
que contrate os serviços com urgência, no menor prazo possível admitido
pela Lei de Licitações, cinco dias.
A divisão de licitação e contratos da Aeronáutica considerou a
abertura de concorrência no exterior, regida por leis internacionais,
“desarrazoada”, “desproporcional” e “ilegal” do ponto de vista
administrativo, já que os licitantes deveriam ser “empresas brasileiras
inscritas no Ministério da Defesa”. Tudo leva a crer que a iniciativa de
Padilha, um dos indigitados na Lava Jato por vender medidas provisórias
e decretos, tem por fim facilitar a vitória na licitação de alguma
empresa estrangeira, notadamente norte-americana, somando-se a outros
atos de traição da pátria para obtenção de propina já conhecidos.
A operação desses satélites sob gestão estrangeira é uma violação
direta da soberania nacional. Dados do território e do mar territorial
brasileiro ficariam sob controle estrangeiro, embora às nossas custas. É
um escárnio. Faz parte do processo de destruição da infraestrutura e
modernização das Forças Armadas, iniciada esta pelo Governo Lula.
Desviada de seus objetivos originais de combate à corrupção, a Lava
Jato tornou-se o braço operacional da CIA e do Departamento de Estado
para promover essa destruição, começando pelo submarino nuclear e,
agora, a tentativa de levantar suspeição sobre a compra dos jatos
suecos.
Está muito claro esse processo de sucateamento das Forças Armadas
pelos deuses de Curitiba, que acham que são senhores do bem e do mal,
sem prestar contas a ninguém. Eles são os responsáveis pelo projeto
fascista supostamente anticorrupção que mandaram para a Câmara e pela
procrastinação da votação do projeto sobre abuso de autoridade, adiado
no Senado contra a opinião do relator, senador Requião. Agora tentam
imputar a Lula, quando já estava fora do Governo, interferência indevida
na compra dos jatos suecos pela Força Aérea. Então seriam também
corruptos todos os oficiais da Força Aérea que participaram da compra?
Evidentemente que há não um dedo, mas a mão inteira da CIA e do
Departamento de Estado norte-americano nessas articulações para violar e
pisotear a soberania brasileira a partir do sucateamento das Forças
Armadas. Os americanos, sob os Clinton, foram implacáveis. Se não
tinham, em países como o Brasil, escravos absolutos como Fernando
Henrique Cardoso, tratavam de sabotar nossas tentativas de
desenvolvimento a fim de se apossarem de nossas riquezas, notadamente do
pré-sal. Enquanto isso a sociedade idiotizada aplaude os deuses de
Curitiba e seus feitos anticorrupção, como se não houvesse o crime de
traição da pátria, independentemente da rotina de corrupção.
Resta saber por que uma nação “amiga” como os Estados Unidos viola de
forma tão escancarada nossa soberania. A resposta é simples: do ponto
de vista econômico é a avareza em relação ao pré-sal; do ponto de vista
geopolítico e geoeconômico, é uma reação impertinente a nossa ousadia em
termos ajudado a arquitetar os BRICS e, em especial, o Novo Banco de
Desenvolvimento dos BRICS. Isso pareceu inaceitável para os EUA. Por
isso espionaram a Petrobrás. Por isso espionaram Dilma. Agora ficaram
tranquilizados com Temer e sua quadrilha porque podem levar tudo,
inclusive o pré-sal, praticamente de graça. Paradoxalmente, quem vai nos
ajudar a nos livrar dessa gang é ninguém menos que Donald Trump, o
paladino da economia real e terror do capital financeiro especulativo!
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