Segundo a ministra das Comunicações, o caso de Pinto Molina não é comparável ao do australiano Julian Assange
por Agência Brasil
—
publicado
27/08/2013 08:26
AFP
Monica Yanakiev
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Buenos Aires – A Bolívia aguarda explicações oficiais do Brasil sobre
a operação que resultou na saída do senador boliviano Roger Pinto
Molina, com o apoio de funcionários da embaixada brasileira em La Paz, e
na saída do chanceler Antônio Patriota. “Soubemos da saída de Patriota
pela imprensa e preferimos esperar as informações do governo brasileiro
sobre esse episódio, que violou as normas da Bolívia, do Brasil e
internacionais”, disse a ministra da Comunicação da Bolívia, Amanda
Davila, em entrevista por telefone à Agência Brasil, na segunda-feira
26.
Líder do partido de oposição Convergência Nacional, Molina é denunciado em pelo menos 20 processos por desacato, venda de bens do Estado e corrupção. Ha 15 meses, ele refugiou-se na embaixada brasileira em La Paz, alegando ser perseguido político, depois de fazer denúncias de corrupção contra o governo Evo Morales. O governo brasileiro lhe concedeu asilo político em maio de 2012, mas para sair do país, o senador precisaria de um salvo-conduto (autorização) – que o governo boliviano negou.
“Não podemos dar salvo-conduto para uma pessoa que foi condenada pela Justiça e que está sendo investigada por participação no massacre de 13 indígenas, na província de Pando, em 2008”, explicou Davila. Segundo ela, Molina só recebeu asilo na embaixada brasileira porque o então embaixador Marcel Biato e o encarregado de negócios Eduardo Saboia “deram ao governo de Dilma Rousseff uma informação incompleta” sobre a situação do senador, “que conta com o apoio de forças políticas e conservadoras, tanto na Bolívia quanto no Brasil”.
Depois de passar 454 dias trancado na embaixada brasileira, Pinto Molina chegou a Corumbá (MS) no sábado (24). Para chegar lá, ele teve que fazer umaviagem
de 22 horas, em um carro da Embaixada do Brasil, escoltado por
fuzileiros navais. Segundo o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES),
presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, ao cruzar a
fronteira boliviana, foi recebido por agentes da Policia Federal e
seguiu para Brasília de avião.
O diplomata brasileiro Eduardo Saboia – que estava como encarregado de negócios na embaixada em La Paz depois da saída de Biato - assumiu a responsabilidade pela operação. Ele disse que tomou a decisão de tirar o senador do país porque “havia risco iminente à vida” dele. Molina – que há mais de um ano vivia em espaço de 20 metros quadrados, longe da mulher, dos três filhos e quatro netos - já teria ameaçado suicidar-se.
“Achamos estranho que ele estivesse correndo risco de vida e estivesse em condições deviajar
de carro, encontrar-se com amigos e fazer declarações à imprensa”,
disse Davila. “Devo agradecer, uma vez mais, às autoridades do Brasil”,
disse o senador ao chegar em Brasília, onde ficou hospedado na casa do
senador Ferraço.
Para Davila, o caso de Pinto Molina não é comparável ao do australiano Julian Assange, fundador do site Wikileaks, que revelou documentos secretos de mais de um governo. Ele pediu asilo político ao Equador e está escondido na embaixada equatoriana em Londres, desde 19 de junho de 2012. O governo britânico nega o salvo-conduto porque Assange está sendo buscado pela Justiça sueca, para responder a acusações de agressão sexual.
“No caso de Assange, é óbvio que as acusações foram pretexto para prendê-lo e fazê-lo calar. Ninguém resolve dizer que foi estuprado cinco anos depois”, disse Davila. Ela prefere comparar o caso de Molina ao do ex-ditador boliviano Luis Garcia Meza, que fugiu para o Brasil. Acusado de violações de direitos humanos e tráfico de drogas, ele foi extraditado para a Bolivia em 1995 e condenado a 30 anos de cadeia.
Davila negou versões que circulam em Brasília de que setores do governo boliviano teriam sugerido aos diplomatas brasileiros em La Paz terminar com o impasse e levar o senador ao Brasil por conta e risco próprios – mas com a garantia de que não seriam interceptados por autoridades da Bolívia. “Impossível. O senador está sendo buscado pela Justica para prestar depoimento sobre eventual participação no massacre de Pando”, disse ela.
Líder do partido de oposição Convergência Nacional, Molina é denunciado em pelo menos 20 processos por desacato, venda de bens do Estado e corrupção. Ha 15 meses, ele refugiou-se na embaixada brasileira em La Paz, alegando ser perseguido político, depois de fazer denúncias de corrupção contra o governo Evo Morales. O governo brasileiro lhe concedeu asilo político em maio de 2012, mas para sair do país, o senador precisaria de um salvo-conduto (autorização) – que o governo boliviano negou.
“Não podemos dar salvo-conduto para uma pessoa que foi condenada pela Justiça e que está sendo investigada por participação no massacre de 13 indígenas, na província de Pando, em 2008”, explicou Davila. Segundo ela, Molina só recebeu asilo na embaixada brasileira porque o então embaixador Marcel Biato e o encarregado de negócios Eduardo Saboia “deram ao governo de Dilma Rousseff uma informação incompleta” sobre a situação do senador, “que conta com o apoio de forças políticas e conservadoras, tanto na Bolívia quanto no Brasil”.
Depois de passar 454 dias trancado na embaixada brasileira, Pinto Molina chegou a Corumbá (MS) no sábado (24). Para chegar lá, ele teve que fazer uma
O diplomata brasileiro Eduardo Saboia – que estava como encarregado de negócios na embaixada em La Paz depois da saída de Biato - assumiu a responsabilidade pela operação. Ele disse que tomou a decisão de tirar o senador do país porque “havia risco iminente à vida” dele. Molina – que há mais de um ano vivia em espaço de 20 metros quadrados, longe da mulher, dos três filhos e quatro netos - já teria ameaçado suicidar-se.
“Achamos estranho que ele estivesse correndo risco de vida e estivesse em condições de
Para Davila, o caso de Pinto Molina não é comparável ao do australiano Julian Assange, fundador do site Wikileaks, que revelou documentos secretos de mais de um governo. Ele pediu asilo político ao Equador e está escondido na embaixada equatoriana em Londres, desde 19 de junho de 2012. O governo britânico nega o salvo-conduto porque Assange está sendo buscado pela Justiça sueca, para responder a acusações de agressão sexual.
“No caso de Assange, é óbvio que as acusações foram pretexto para prendê-lo e fazê-lo calar. Ninguém resolve dizer que foi estuprado cinco anos depois”, disse Davila. Ela prefere comparar o caso de Molina ao do ex-ditador boliviano Luis Garcia Meza, que fugiu para o Brasil. Acusado de violações de direitos humanos e tráfico de drogas, ele foi extraditado para a Bolivia em 1995 e condenado a 30 anos de cadeia.
Davila negou versões que circulam em Brasília de que setores do governo boliviano teriam sugerido aos diplomatas brasileiros em La Paz terminar com o impasse e levar o senador ao Brasil por conta e risco próprios – mas com a garantia de que não seriam interceptados por autoridades da Bolívia. “Impossível. O senador está sendo buscado pela Justica para prestar depoimento sobre eventual participação no massacre de Pando”, disse ela.
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