João Franzin
Setores do movimento sindical apoiam Dilma.
Setores a criticam. E os dois lados têm razão.No geral, o governo Dilma é bom. Sem escândalos vinculados à Presidente; sem atropelos na economia; redução dos juros; ampliação de políticas sociais; expansão do crédito; ações pontuais efetivas na saúde pública; geração de empregos; medidas de proteção à indústria; compromisso com o mercado interno; foco no Mercosul; valorização de algumas carreiras (por exemplo: aumento de 22,2% no Piso do professores); conjunto de providências que dinamizam a infraestrutura; boas posições em termos de políticas internacionais. Erro principal. O governo Dilma não tem algo que seja sua marca. Para isso, precisaria colocar um tocador de obras do PAC (Miriam Belchior é fraca). Precisaria definir, com sua base política e setores organizados da sociedade, duas ou três prioridades palpáveis, correr atrás e mostrar o que está fazendo. Também é um governo ruim de comunicação. Sabe-se que Dilma mantém contatos frequentes com o empresariado. Mas não dialoga com o sindicalismo (e outros setores do movimento social). Aliás, o movimento sindical, avisado, desde sempre, que a relação com Dilma seria diferente da que havia com Lula, não qualificou interlocutor junto ao governo, nem cobrou que o governo fizesse sua parte, escalando alguém para a tarefa. No governo Lula, era Luiz Dulci quem fazia a ponte, o ministro do Trabalho ou o próprio Presidente, tratando direto com as lideranças sindicais. Aos que estão muito nervosos, a recomendação é ter cautela. Os dois primeiros anos de Lula foram muito piores do que os de Dilma. Portanto, o poder de recuperação da nossa Presidente não pode ser menosprezado. Um cuidado que se recomenda, num eventual encontro com Dilma, não é levar, digamos, uma pauta de reivindicações, apenas. É apontar medidas na direção do desenvolvimento e do emprego. Por exemplo: qual a posição do sindicalismo ante a questão energética, tão estratégica à indústria e à Nação? O pífio crescimento do PIB, compreensivelmente, baixou o moral da tropa. Mas, no geral, o quadro é favorável, por indicadores como queda nos juros, geração de empregos, aumentos salariais, especialmente na base, e sinais de retomada em alguns setores. Devemos, sim, olhar para o Brasil, e fazer nossas críticas. Mas há um mundo inteiro a ser contemplado. Basta olhar para a Argentina, aqui do lado, ou para a Espanha, um pouco mais longe. Ou, ainda, para os Estados Unidos, onde Barack Obama quase foi derrotado por um fanático religioso. Pauta - O movimento sindical brasileiro talvez seja o único no mundo a dispor de uma agenda unitária, construída à base de muito empenho e sacramentada na Conclat 2010. Esse deve ser o roteiro principal de ação do sindicalismo. Dilma recebeu o documento no segundo turno da eleição presidencial, conhece seu teor e tem o dever de discutir suas metas com o sindicalismo. Nem mais. Nem menos. João Franzin é jornalista da Agência Sindical |
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Dilma: acertos e erros
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