Entrevista concedida por Vladimir Putin à "Prensa Latina" e "Itar Tass" (Editada por "Russia Today TV"), com o título Putin: “Rusia busca cooperar con una Latinoamérica unida, fuerte e independiente”. Traduzida do espanhol pelo "pessoal da Vila Vudu" e postada por Castor Filho em seu blog "Redecastorphoto"
"Estamos
interessados numa América Latina unida, forte, economicamente
sustentável e politicamente independente, que se está convertendo em
parte importante do mundo multipolar e emergente" – disse o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
O
líder russo fez várias importantes declarações numa entrevista
concedida às agências "Prensa Latina" e "Itar-Tass", na véspera de
partir em viagem por vários países latino-americanos. Abordou amplo
leque de temas de interesse comum, da cooperação comercial até a
importância da Copa do Mundo de Futebol, que está chegando ao final no
Brasil e imediatamente será levada à Rússia, onde será realizada em
2018.
O respeito da América Latina à liberdade e a outras culturas
Segundo
o presidente russo, na região latino-americana há fortes tradições de
respeito à liberdade, a outros povos e culturas, e praticamente não há
disputas entre estados. Tampouco se vê, entre os países
latino-americanos, o jogo de “dividir para governar”. Em vez disso, os
países latino-americanos mostram-se dispostos a trabalhar conjuntamente
para defender a sua casa latino-americana comum.
Putin garantiu
que, atualmente, a cooperação com os Estados da América Latina é uma das
direções chaves e muito promissoras da política exterior da Rússia. O
multilateralismo nos assuntos mundiais, o respeito às leis
internacionais, o fortalecimento do papel central da ONU e do
desenvolvimento sustentável são os princípios que nos unem – enfatizou. O
presidente russo agradeceu aos latino-americanos o apoio às iniciativas
internacionais promovidas pela Rússia, incluídas a desmilitarização do
espaço, o fortalecimento da segurança internacional em matéria de
informação, a inadmissibilidade de glorificar-se o nazismo.
É
crucialmente importante para nós que, nas relações entre Rússia e
América do Sul, mantenha-se uma continuidade que reflete os interesses
fundamentais e nacionais, independentemente da formação política que
lidere num ou noutro país, neste momento – afirmou.
É inconsistente a ideia de impor a outras nações modelos alheios de desenvolvimento
Em
relação à atual ordem mundial, o presidente russo considera que “o
mundo do século 21 é global e interdependente, pelo qual nenhum Estado
ou grupo de Estados pode resolver os principais problemas internacionais
por sua conta. Mesmo assim, cada intento de estabelecer algum “oásis de estabilidade e segurança” está condenado ao fracasso.
Segundo
Putin, os diversos desafios e ameaças dos tempos modernos exigem que
todos nos oponhamos às tentativas para impor a outras nações os modelos
de desenvolvimento alheios. Advertiu que essa atitude já havia
demonstrado sua inconsistência. Não apenas não ajuda a resolver
conflitos como, também, desestabiliza e gera o caos em assuntos
internacionais.
Referindo-se ao escândalo da espionagem massivo
pelos EUA, opinou que trata-se não só de pura hipocrisia nas relações
entre aliados e parceiros, mas, também, é ataque direto à soberania dos
estados, além de violação de direitos humanos e da privacidade.
Assegurou que a Rússia está disposta a cooperar para elaborar um sistema
de medidas para garantir a segurança da informação internacional.
A CELAC e a União Aduaneira, dispostas a cooperar
Em
referência à integração russo-latino-americana, o presidente russo
qualificou como promissor o início dos contatos entre a CELAC e os
países membros da União Aduaneira, o "Espaço Econômico Comum".
Estamos
abertos a interatuar de maneira substancial também com outras
associações de integração na região latino-americana, inclusive no marco
da comunidade que está emergindo. Refiro-me à "União de Nações
Sul-americanas" (UNASUL), ao "Mercado Comum do SUL" (MERCOSUL), à
"Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América" (ALBA), à "Aliança
do Pacífico" (AP), ao "Sistema de Integração Centro-Americano" (SICA) e à
"Comunidade do Caribe" (CARICOM) – disse.
Especificou que a
Rússia está interessada em criar alianças plenas, tecnológicas, de
projetos e produção com os países da região, aproveitar ao máximo as
possibilidades das economias complementares, cooperação em questões tão
importantes como o petróleo e o gás, a hidroenergia e a energia atômica,
a construção de aviões e de helicópteros, as infraestruturas e, nos
últimos tempos, também os biofármacos e a tecnologia da informação.
Aprecio muito o diálogo com a presidenta argentina
A Argentina é hoje o principal parceiro estratégico da Rússia na América Latina, na ONU e no G-20.
Nossa
visão das principais questões de política internacional é parecida ou
coincidente. Entendemos ambos que é preciso formar uma nova estrutura
mundial, mais justa e multicêntrica, que se baseie no Direito
Internacional e no papel central, de coordenação, da ONU – disse Putin,
que disse também que aprecia muito o diálogo construtivo e confidencial
com a presidenta Cristina Fernández de Kirchner.
"Na última
década, o volume do comércio russo-argentino multiplicou-se por seis, e
alcançou 1,8 bilhões de dólares, o que nos permite considerar a
Argentina um dos principais sócios econômicos e comerciais da Rússia na
região da América Latina" – continuou o presidente russo.
Acrescentou que merecerá atenção especial a intensificação da cooperação
tecnológica e investimentos, especialmente nos setores de energia,
energia atômica e maquinaria. Referiu-se também à cooperação na
Antártida, que nos parece promissora.
Sobre a possibilidade da
integração da Argentina ao grupo BRICS, disse que a Rússia vê com
interesse o desejo do governo argentino de unir-se ao grupo, mas lembrou
que, no momento, por questões práticas, não se pensa em aumentar o
número dos países BRICS. Antes de incluir novos membros, temos de otimizar os vários formatos de cooperação já estabelecidos no grupo – concluiu.
Em Cuba, a Rússia está disposta a recuperar as oportunidades perdidas
As
relações russo-cubanas baseiam-se numa longa tradição de amizade
inquebrantável e na grande experiência de uma cooperação frutífera que é
única em muitos aspectos. Nos anos 90 do século 20, os ritmos de nossa
cooperação bilateral reduziram-se um pouco e os sócios estrangeiros de
outros países nos superaram em várias áreas – Putin confessou. Mas, o
presidente russo garantiu, os dois países estão dispostos a recuperar as
possibilidades perdidas.
Hoje, Cuba é um dos principais sócios
da Rússia na região. Nossa cooperação é de caráter estratégico e está
orientada para o longo prazo. Temos uma coordenação estreita no campo da
política exterior e no marco das organizações multilaterais. Nossas posturas em relação a muitos temas globais e regionais coincidem – disse o presidente Putin.
Especificou
que, atualmente, se estudam grandes projetos no campo da indústria,
altas tecnologias, energia, aviação civil, uso pacífico do espaço
cósmico, medicina e biofármacos. Uma das áreas mais importantes de nosso
trabalho conjunto é intensificar os intercâmbios culturais.
O
presidente disse que, devido ao desenvolvimento em Cuba da "Zona
Econômica Especial de Mariel", várias empresas russas manifestaram
interesse em novas cooperações, em especial empresas que fabricam
produtos metálicos e plásticos, peças de reposição para automóveis,
montagem de tratores e de maquinaria pesada para a indústria
ferroviária. Referiu-se também ao projeto da companhia "Zarubezhneft
S.A." que, em agosto de 2013, começou a perfurar o primeiro poço de
exploração no poço Boca de Jaruco.
O potencial da cooperação com o Brasil não está completamente desenvolvido
O
presidente confirmou que a Rússia apoia o Brasil como candidato digno e
forte para um posto permanente no Conselho de Segurança da ONU. Disse
que tem certeza de que o Brasil, país potente e de rápido crescimento,
tem função importante na formação da nova estrutura mundial
multicêntrica.
Segundo o presidente russo, apesar que há muito
tempo Rússia e Brasil manterem ativo diálogo político, com cooperação
militar, técnica e cultural, o potencial da cooperação econômica e
comercial com o Brasil não está sendo completamente aproveitado. Além
disso, no atual contexto de insegurança da economia mundial, vê-se
alguma redução do intercâmbio comercial bilateral (3,3% em 2013). Para
corrigir essa situação, necessitamos diversificar os vínculos
comerciais: aumentar as trocas no campo dos artigos de alta
tecnologia e maquinaria, desenvolver a cooperação nas áreas de aviação e
energia e na agricultura.
Nova sede do Mundial de Futebol: do Brasil à Rússia
O
chefe de Estado russo disse que, atendendo a convite da presidenta do
Brasil e do presidente da FIFA, assistirá à final do campeonato, para
participar na cerimônia de transferência do título de país anfitrião. Em
2018, a Rússia acolherá pela primeira vez em sua história esse evento
esportivo tão popular. Em fevereiro e março, já foram realizados os
"Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Inverno" em Sochi e sabemos muito bem
como é difícil organizar um evento dessas dimensões.
Putin
disse também que a Rússia acompanha a experiência brasileira na
preparação para os Jogos Olímpicos em 2016. Revelou que a Rússia guarda
algumas “surpresas”, para ultrapassar o país anfitrião de 2016:
incluímos na lei federal um regime especial para vistos de entrada no
país para estrangeiros que vão ajudar a preparar o campeonato de 2018. Nas vésperas das competições e durante a celebração, não só os participantes oficiais – atletas, árbitros, treinadores etc. – mas também os torcedores poderão visitar a Rússia sem precisar de visto de entrada.
Finalmente,
o presidente destacou a participação latino-americana no Mundial. Disse
que está acompanhando de perto sempre que o horário permitiu, e
apreciou o futebol brilhante, espetacular que mostraram as seleções."
FONTE: entrevista concedida por Vladimir Putin à "Prensa Latina" e "Itar Tass" (Editada por "Russia Today TV"), com o título "Putin: 'Rusia busca cooperar con una Latinoamérica unida, fuerte e independiente'”.
Traduzida do espanhol pelo "pessoal da Vila Vudu" e postada por Castor
Filho em seu blog "Redecastorphoto"
(http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/07/vladimir-putin-russia-busca-cooperar.html).
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