Mauro Santayama em seu blog
(Jornal do Brasil) - "Quem teme ser vencido tem a certeza da
derrota."
No Day After da histórica goleada de sete a
um, da Alemanha sobre a seleção brasileira, no Mineirão, a frase de Napoleão
Bonaparte ajusta-se, sem dificuldade, à campanha do Brasil na Copa do Mundo de
2014.
Jogamos, desde o início, não como se estivéssemos
disputando nossa vigésima copa do mundo, em nossa própria casa, mas como se
pisássemos terra alheia, e praticamente estreássemos nesse tipo de competição.
Para qualquer espectador arguto, já estava escrito
o que iria acontecer. Bastava observar a expressão entre aérea e preocupada do
senhor Luiz Felipe Scolari, antes do início dos jogos. E interpretar, com a
clareza da fumaça branca saindo das chaminés do Vaticano, em dia de
eleição do Papa, o espetáculo de indulgência e autocomiseração que se seguiu à
vitória, por um triz, contra o Chile, ao final da disputa de pênaltis.
O Brasil perdeu, e o pior, perdeu feio, mais pela
atitude do grupo do que pela “sacola” de gols que tomamos dos teutônicos no
jogo da desclassificação. E, isso, porque não soubemos, desde o início, nos
impor - e cantar de galo - dentro das linhas dos retângulos verdes de nosso
próprio terreiro.
É certo que aprendemos, depois da Copa das
Confederações do ano passado, ao menos a cantar - sem balbuciar ou mascar
chicletes - o hino nacional, “à capela”, junto com a torcida.
Mas faltou confiança no país. Nacionalismo. E nos
deixamos dominar, em campo, pelo mesmo “complexo de vira-latas” que, muitas
vezes nos atrapalha e tolhe fora dele.
Tínhamos tudo - os estádios, a torcida, o fato de
estar em casa - para conquistar, com talento e determinação, no peito e
na raça, extraordinária vitória.
Não nos preparamos, no entanto, como fizeram outras
seleções, nem como devíamos, nem como guerreiros. Perdendo ou ganhando,
choramos mais que nossos adversários, jogando, quase sempre, menos do que
eles.
Enfim, a derrota só se esquece com a glória, e não
adianta tentar salvar a cara, futebolisticamente, jogando melhor para ganhar - se
possível for - o terceiro lugar desse torneio.
Para 2018, quem sabe, será preciso estudar outra
forma de escolher nossos atletas, que não seja a arrogância e onipotência de
quem é mais firme em uma entrevista coletiva, do que no treinamento e capacitação
de seus comandados, e que - com mais garra de vencedor do que cara de loser
- precisava exibir energia e determinação na beira do gramado.
Não é possível que um país com 200 milhões de
habitantes e milhares de jogadores de futebol tenha que depender sempre da
mesma meia dúzia de estrelas, que jogam do outro lado do oceano.
Com a Copa, o Brasil deu muito aos deuses do
futebol em sua visita. Templos, público, emoções, espetáculo. Mas não foi o
suficiente para nos concederem os louros da vitória.
Agora, depois da ressaca, voltemos ao que importa.
Muito mais relevantes, para o futuro do Brasil, do
que ganhar o Campeonato Mundial de Futebol de 2014, será a criação do Banco dos
BRICS - uma espécie de Banco Mundial dos Países emergentes - logo depois da
Copa, na Cúpula dos Presidentes do Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul, em Fortaleza. Seguida do lançamento de um fundo de reservas, com capital
de 100 bilhões de dólares que funcionará como alternativa ao FMI - Fundo
Monetário Internacional, para o Grupo.
E, principalmente, o resultado das eleições deste
ano, em que se elegerão deputados, governadores, senadores e quem irá ocupar a
cadeira da Presidência da República a partir de 2015.
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