Por WASHINGTON ARAÚJO. no "Brasil 247"
"12
análises, 12 constatações, 12 motivos para assegurar que a Copa do
Brasil é sucesso absoluto a contagiar o país e o mundo com sua beleza,
sua organização, seus muitos feitos futebolísticos
Não
preciso esperar para ouvir o apito determinar o término do jogo final no
Maracanã, no próximo domingo, 13 de julho, para lhes apresentar o
resultado de minhas reflexões, algumas sofridas, outras escritas com a
tinta do mais festivo júbilo. Foram 12 análises, 12 constatações, 12
motivos para assegurar que a Copa do Brasil é sucesso absoluto a
contagiar o país e o mundo com sua beleza, sua organização, seus muitos
feitos futebolísticos. Nessas percepções, tenho diante de mim a
formidável tarefa de passar a limpo este meu país.
1. Que
doeu, doeu. Com essa derrota para a Alemanha, nem eu, nem os
brasileiros e menos ainda os alemães, esperavam. Mas que a Copa do
Brasil é um sucesso inexcedível, ah, isso lá é verdade! Em meu último artigo no "Brasil 247"
assinalava a fragilidade física e emocional de nossos atletas se
comparados à imagem robusta e um tanto férrea dos seus muitos
adversários nesta Copa. E sentia um misto de orgulho com compaixão por
vê-los em campo representando o país que é, por todos os motivos, o lar
espiritual do futebol mundial. Mas, como milhões de brasileiros, também
não sou de deixar companheiros caídos na estrada. Não, vou lá, tento
recompô-los, ofereço o braço e o abraço e tento lhes ensinar a caminhar,
para que possamos seguir juntos.
2. A
vida é uma estrada longa, sinuosa, cheia de altos e baixos, terreno
propício a solavancos. Do mesmo jeito que o futebol tem um pouco de
tudo, dos sorrisos e emoções de júbilo ante o gol bem marcado, ao oceano
de lágrimas amargas de acachapante derrota. Sobrevivemos à Croácia,
México, Chile e Colômbia, e fomos superados pela Alemanha. Mas não uma
"superada" de 2 x 1, ou de 1 x 0, depois da prorrogação e nos pênaltis.
Foram imensos, longos e repetitivos 7 x 1. Um jogo decisivo como esse
merece reflexões decisivas sobre o futebol brasileiro, sobre o Brasil e o
sentimento de pertencer ao país.
3. O
Brasil começou a perder da Alemanha quando Thiago Silva, ao receber o
segundo cartão amarelo no jogo contra a Colômbia, ficou proibido de
jogar contra os alemães. Foi o primeiro gol, involuntário, é verdade, da
Alemanha sobre o Brasil. Mas o que selou o destino da Seleção
brasileira foi a agressão desleal e injustificada do Zuñiga sobre a
coluna do Neymar, destroçando-lhe sua terceira vértebra. O Brasil, no
jogo do Mineirão, atuou sem seu artilheiro, seu jogador maior e mais
carismático (Neymar) e também sem seu Capitão, autor de defesas sempre
bem sucedidas e até aguerridas (Thiago Silva).
4. O
Brasil confiou demasiadamente no tirocínio e no excesso de
autoconfiança de seu técnico Felipe Scolari. Enquanto a grande imprensa
lutava com paus e pedras contra a Copa no Brasil, atirava noite e dia
contra sua organização e apostava dobrado que nem os estádios nem os
aeroportos e obras de mobilidade urbana estariam concluídos até o início
do Mundial, a Seleção foi deixada meio de lado, longe do escrutínio da
população, seja a favor, seja contra. Felipão deixou-se dominar por seu
lado truculento, respostas ríspidas e aquele intragável ar de quem tudo
sabe, do dono absoluto das verdades futebolísticas. O que lhe faltou em
humildade sobrou em carisma e simpatia. E ninguém avança em uma Copa do
Mundo com tais predicados.
5. O
Brasil precisava aprender com derrota desse porte a reconstruir,
melhor, a reinventar o futebol brasileiro. E isso passa pela reforma da
"Confederação Brasileira de Futebol" (CBF), dotando-lhe de mais
democracia e mais transparência, além de instrumentos assertivos de
fiscalização lance a lance, negociação a negociação, investimento a
investimento. A verdade é que a CBF se transformou numa grande empresa,
com padrão multinacional, onde as questões esportivas foram relegadas a
um secundário terceiro plano de atenção. Para a CBF, o que vale mesmo
são seus contratos milionários com a "Nike", a "TV Globo" e outras
empresas que se beneficiam do marketing esportivo por associação com o
único futebol pentacampeão do mundo.
6. O
Brasil investiu alto na formação de um selecionado extremamente jovem,
atletas promissores, mas ainda não craques definidos. Faltou-lhes
maturidade emocional e experiência profissional de médio e longo cursos.
A Seleção brasileira parecia ser a melhor representante de um futebol
mirim, algo entre os "sub-20" e os "adultos imberbes". Faltava
entrosamento na equipe, mas havia alto nível de amizade na equipe.
Entrosamento é uma coisa, amizade entre pares é outra coisa bastante
distinta. A escalação aconteceu muito em cima do Mundial. E lhes faltava
o indispensável Plano B – aquele que poderia ter sido estudado e
treinado em campo caso perdessem a presença do Neymar em jogo decisivo e
classificatório, como aliás, ocorreu.
7. O
Brasil ganhou fora dos estádios: temos os mais belos e modernos
estádios jamais reunidos em um único país do mundo. Temos aeroportos de
chamar a atenção por sua beleza, modernidade, comodidade e eficiência
aeroportuária nos quesitos tempo de embarque/desembarque. Diversas obras
de mobilidade urbana foram concluídas em diversas cidades-sedes do
Brasil, muitas outras encontram-se em fase final de construção. A
segurança na Copa tem sido digna de nota, reconhecida por jornais do
porte do "The New York Times" e do "Financial Times". Definitivamente, o
Brasil ganhou de 17 x 0 de sua mídia mais vistosa, aqueles que
monopoliza o que é e o que não é notícia, enfeixada com mão de ferro por
seis abastadas famílias que se comprazem em afirmar que podem, a seu
bel querer, destruir e construir governos, ministérios, empresas
estatais e também elaborar e fazer aprovar leis no Congresso Nacional
que lhes garantam o nefando monopólio econômico-financeiro.
8. O Brasil ganhou a Copa que mais importa: soube
receber centenas de milhares de turistas de dezenas de países do mundo
no mais perfeito congraçamento, trazendo em alto relevo sua
hospitalidade característica. O país mostrou em grande estilo seu
espírito alegre e irreverente, sua culinária suculenta e convidativa. E
viu legiões de visitantes embasbacados com a beleza dos cenários
paradisíacos de cidades como o Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Natal.
Se alguma vez um slogan de Copa do Mundo teve sentido e pode ser
cumprido à risca, essa vez aconteceu aqui no Brasil: "Somos Todos Um".
9. O
Brasil recebeu grande aporte de recursos financeiros em sua economia.
As metas para o setor turístico, a rede hoteleria e de bares e
restaurantes foram rapidamente cumpridas e superadas. Apenas em Porto
Alegre, no extremo sul do país, em duas semanas de Copa do Mundo na
capital gaúcha foram contabilizados acréscimo de mais de R$ 1 bilhão
injetados na economia local. Nos primeiros dez dias do Mundial,
circularam pela internet global mais de 1,5 bilhão de imagens do Brasil
transmitidas por torcedores apaixonados pela beleza do Brasil e pela
qualidade dos jogos aqui disputados. Nunca antes no país ocorreu evento
que lhe rendesse tanta mídia mundial e gratuita quanto ao longo desses
30 dias de Copa do Mundo.
10. O Brasil testemunhou uma Copa do Mundo singular, única. E isso se deu também pela quantidade de gols marcados: desde 1958, nenhuma outra Copa do Mundo teve tão imenso festival redes balançando.
Estádios lotados em praticamente todas as partidas superaram a média de
torcedores presentes em estádios registrados nas últimas Copas do
mundo. Uma Copa limpa: em todos os exames antidoping nenhum jogador foi vetado. A luta contra o racismo no mundo, contra o racismo no futebol em particular, foi uma brilhante jogada acertada da FIFA.
11. O
Brasil entrou em campo para destroçar esse impertinente complexo de
vira-lata que vem ao longo de décadas lhe infernizando a vida. E
conseguiu. Que ninguém mais se atreva a dizer que não somos capazes de
realizar todo o potencial de que fomos dotados. Lutar contra as forças
poderosas – midiáticas, econômicas e políticas – que se
aglomeraram em verdadeiro complô contra o país não foi nada fácil. A
união de pesos pesados como a "TV Globo", "Editora Abril" e "Grupo
Folha" com o "Banco Itaú" e partidos de oposição ao governo federal
mostrou-se coeso: conseguiam potencializar os mínimos atrasos na
entrega de obras para a Copa; orquestraram e potencializaram xingamentos
à presidenta da República no jogo inaugural no Itaquerão paulista;
levaram ao extremo da leviandade campanhas institucionais fracassadas
como as "imagina na Copa" e "não vai ter Copa"; difundiram de forma
intensiva e excessiva imagens dos black blocs, baderneiros, marginais e
coxinhas das mais variadas extrações sociais e partidárias. Tinham um único e mesmo objetivo: desgastar e derrubar o governo.
Fracassaram logo na primeira fase da Copa, assim como fracassaram nos
estádios as seleções campeãs do mundo Itália, Espanha, Inglaterra e
Uruguai.
12. O Brasil
viu em campo e fora de campo o exercício da solidariedade e dos melhores
atributos que embelezam o caráter humano. No jogo do Brasil com a
Colômbia, foi emocionante ver David Luiz consolando o craque Jamez
Rodrigues, imerso em lágrimas pela desclassificação de seu país. David
trocou de camisa com ele, abraçou-o e pediu à multidão que aplaudia o
Brasil ao fim do jogo para que aplaudisse o jovem craque colombiano. O
alemão Lukas Podolski vem se destacando na Copa do Mundo não apenas pelo
futebol, mas pelas demonstrações de carinho e amor ao Brasil e suas
belezas naturais. Desta vez, no entanto, o jogador da seleção alemã,
mandou uma mensagem de força aos jogadores da seleção brasileira, que
foi derrotada na terça-feira, por 7 a pela Alemanha de Podolski. "Respeite
a amarelinha com sua história e tradição. O mundo do futebol deve muito
ao futebol brasileiro, que é e sempre será o país do futebol",
ressaltou Podolski em mensagem publicada em seu Twitter oficial. O
jogador, dono da camisa 10 da Alemanha, publicou a mensagem em
português, como vem fazendo para elogiar as belezas das praias
brasileiras. A mensagem veio acompanhada pelos destaques "Levante a cabeça e Brasil te amo" e teve direito até a um coração após a assinatura de Podolski."
FONTE: escrito por WASHINGTON ARAÚJO e postado no jornal on line "Brasil 247" (http://www.brasil247.com/pt/247/artigos/146204/Brasil-goleia-mídia-e-reafirma-“Sim-existe-Brasil;-cada-vez-Mais-Brasil”.htm).
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