Por Marco Antonio L.
Da Carta Maior
O Brasil realizou uma importante revolução social, nestes últimos dez anos, e não pode recuar. Como já constataram alguns pensadores, não é o desespero que faz as revoluções, mas, sim, a esperança. Os milhões e milhões de brasileiros que passaram a viver melhor não aceitarão voltar ao passado de miséria e opróbrio.
Mauro Santayana
Há os que vêem, nas eleições municipais de São Paulo, os rumos futuros do Brasil. Talvez lhes fosse mais proveitoso vê-los nas votações em todo o Brasil, principalmente nos municípios mais pobres da Federação, espalhados pelas regiões do Norte e do Nordeste. Os leitores dos comentaristas dos grandes jornais, salvo alguns, menos jovens e mais prudentes, não conhecem esse Brasil profundo, que começa a descobrir que a vida pode ser mais do que o dia a dia do sofrimento dos pobres.
Estas eleições são importantes não porque, em São Paulo, em Belo Horizonte ou Recife possam ser eventualmente debuxadas as cartas da sucessão presidencial de aqui a dois anos. Elas são importantes por duas grandes razões: com a Bolsa Família já consolidada e trazendo os seus primeiros grandes efeitos, na libertação dos mais pobres, o voto não precisa mais ser trocado por uma cesta básica. Mais do que ter o almoço garantido, os mais pobres passaram a ter a liberdade de escolher seus dirigentes. Nem sempre os melhores, mas com o tempo irão aprendendo.
Estas eleições são importantes não porque, em São Paulo, em Belo Horizonte ou Recife possam ser eventualmente debuxadas as cartas da sucessão presidencial de aqui a dois anos. Elas são importantes por duas grandes razões: com a Bolsa Família já consolidada e trazendo os seus primeiros grandes efeitos, na libertação dos mais pobres, o voto não precisa mais ser trocado por uma cesta básica. Mais do que ter o almoço garantido, os mais pobres passaram a ter a liberdade de escolher seus dirigentes. Nem sempre os melhores, mas com o tempo irão aprendendo.
A outra grande razão é a vigência da Lei da Ficha Limpa, uma conquista direta dos cidadãos sobre a indolência conveniente dos parlamentares. Como bem assinalou a Ministra Carmem Lúcia, presidente do TSE, essa sim, poderá influir nos resultados eleitorais, mais do que o julgamento do mal denominado mensalão. Segundo os cálculos, mais de três mil candidatos disputarão o pleito sob o risco de, sendo vitoriosos, ter o mandato cassado em seguida pela justiça. Essa limpeza ética animará os cidadãos honrados a disputar, nas eleições a vir, os mandatos eletivos, com o saneamento efetivo das atividades políticas.
Como o pleito de hoje se limita aos municípios, os grandes temas nacionais se ausentam das campanhas, menos alguns. Em Minas, por exemplo, o veto da Presidente Dilma Rousseff à maior participação dos municípios e dos estados na divisão dos royalties pela extração de minérios, ainda que de forma discreta, prejudicará os candidatos do PT.
Mesmo que se trate de um assunto pontual, os que conhecem bem os mineiros sabem que o tema é delicado no Estado. Basta lembrar que, por causa da espoliação dos mineradores pelos portugueses, dois homens se rebelaram, foram perseguidos e executados, e se tornaram os heróis das montanhas: Felipe dos Santos, em 1720, e Tiradentes, em 1792.
Com toda sua importância para os cidadãos de São Paulo, a eleição deste domingo não irá decidir os rumos futuros do país. O que está em jogo, no desenho do futuro é, mais uma vez, a economia. Em razão disso, é bom concentrar a atenção nas conversações entre a China, a Rússia, o Brasil, a Índia e a África do Sul, em seu projeto, já adiantado, de romper com a famigerada governança mundial, com a criação do que poderíamos chamar de um Fundo Monetário Internacional dos Brics, e a fundação de um novo Banco Mundial para atender a todos os países emergentes e a uma agência independente para a classificação de riscos. As existentes foram incapazes de prever as crises que enfrentamos, porque, na verdade, são controladas pelos grandes bancos que as provocaram com as fraudes conhecidas.
O Brasil realizou uma importante revolução social, nestes últimos dez anos, e não pode recuar. Como já constataram alguns pensadores, não é o desespero que faz as revoluções, mas, sim, a esperança. Os milhões e milhões de brasileiros que passaram a viver melhor não aceitarão voltar ao passado de miséria e opróbrio.
Como o pleito de hoje se limita aos municípios, os grandes temas nacionais se ausentam das campanhas, menos alguns. Em Minas, por exemplo, o veto da Presidente Dilma Rousseff à maior participação dos municípios e dos estados na divisão dos royalties pela extração de minérios, ainda que de forma discreta, prejudicará os candidatos do PT.
Mesmo que se trate de um assunto pontual, os que conhecem bem os mineiros sabem que o tema é delicado no Estado. Basta lembrar que, por causa da espoliação dos mineradores pelos portugueses, dois homens se rebelaram, foram perseguidos e executados, e se tornaram os heróis das montanhas: Felipe dos Santos, em 1720, e Tiradentes, em 1792.
Com toda sua importância para os cidadãos de São Paulo, a eleição deste domingo não irá decidir os rumos futuros do país. O que está em jogo, no desenho do futuro é, mais uma vez, a economia. Em razão disso, é bom concentrar a atenção nas conversações entre a China, a Rússia, o Brasil, a Índia e a África do Sul, em seu projeto, já adiantado, de romper com a famigerada governança mundial, com a criação do que poderíamos chamar de um Fundo Monetário Internacional dos Brics, e a fundação de um novo Banco Mundial para atender a todos os países emergentes e a uma agência independente para a classificação de riscos. As existentes foram incapazes de prever as crises que enfrentamos, porque, na verdade, são controladas pelos grandes bancos que as provocaram com as fraudes conhecidas.
O Brasil realizou uma importante revolução social, nestes últimos dez anos, e não pode recuar. Como já constataram alguns pensadores, não é o desespero que faz as revoluções, mas, sim, a esperança. Os milhões e milhões de brasileiros que passaram a viver melhor não aceitarão voltar ao passado de miséria e opróbrio.
Mauro Santayana é colunista político do Jornal do Brasil, diário de que foi correspondente na Europa (1968 a 1973). Foi redator-secretário da Ultima Hora (1959), e trabalhou nos principais jornais brasileiros, entre eles, a Folha de S. Paulo (1976-82), de que foi colunista político e correspondente na Península Ibérica e na África do Norte.
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