quinta-feira, 25 de outubro de 2012

147 corporações controlam a economia do mundo ocidental


24.10.12 - Mundo


Ernesto Carmona
Periodista y escritor chileno, secretario ejecutivo de la Comisión
Investigadora de Atentados a Periodistas (Ciap) de la Federación
Latinoamericana de Periodistas (Felap)
Adital
Um estudo da Universidade de Zurich revelou que um pequeno grupo de 147
grandes corporações transnacionais, principalmente financeiras e
mineiro-extrativas, na prática, controlam a economia global. O estudo foi
o primeiro a analisar 43.060 corporações transnacionais e desentranhar a
teia de aranha da propriedade entre elas, conseguindo identificar 147
companhias que formam uma "super entidade" que controla 40% da riqueza da
economia global.

O pequeno grupo está estreitamente interconectado através das juntas
diretivas corporativas e constitui uma rede de poder que poderia ser
vulnerável ao colapso e propensa ao "risco sistêmico", segundo diversas
opiniões. O Projeto Censurado da Universidade Sonoma State da Califórnia
desclassificou esta notícia sepultada pelos meios e seu ex-diretor Peter
Phillips, professor de sociologia nessa universidade, ex-diretor do
Projeto Censurado e atual presidente da Fundação Media Freedom /Project
Censored, a citou em seu trabalho "The Global 1%: Exposing the
Transnational Ruling Class" (O 1%: Exposição da Classe Dominante
Transnacional), firmado com Kimberly Soeiro e publicado em
ProjectCensored.org.

Os autores do estudo são Stefania Vitali, James B. Glattfelder e Stefano
Battiston, investigadores da Universidade de Zurich (Suíça), que
publicaram seu trabalho em 26 de outubro de 2011, sob o título "A Rede de
Controle Corporativo Global" (The Network of Global Corporate Control) na
revista científica PlosOne.org.

Na apresentação do estudo publicado em PlosOne, os autores escreveram: "A
estrutura da rede de controle das empresas transnacionais afeta a
competência do mercado mundial e a estabilidade financeira. Até agora,
foram estudadas só pequenas mostras nacionais e não existia uma
metodologia adequada para avaliar o controle em nível mundial.
Apresenta-se a primeira investigação da arquitetura da rede de propriedade
internacional, junto com o cálculo da função mantida por cada jogador
global".

"Encontramos que as corporações transnacionais formam uma gigantesca
estrutura como gravata de laço e que uma grande parte dos fluxos de
controle conduze a um pequeno núcleo muito unido de instituições
financeiras. Este núcleo pode ser visto como um bem econômico, uma "super
entidade" que esboça novas questões importantes, tanto para os
investigadores e responsáveis políticos".

O jornal conservador britânico Daily Mail foi talvez o único do mundo que
deu esta notícia, em 20 de outubro de 2011, apresentada por Rob Waugh sob
o chamativo título "Existe uma "super corporação que dirige a economia
global? Estudo afirma que poderia ser terrivelmente instável. A
investigação encontrou que 147 empresas criaram uma "super entidade"
dentro do grupo, controlando 40% da riqueza".

Waugh explica que o estudo da Universidade de Zurich "prova" que um
pequeno grupo de companhias - principalmente bancos - exerce um poder
enorme sobre a economia global. O trabalho foi o primeiro a examinar um
total de 43.060 corporações transnacionais, a teia da propriedade entre
elas e estabeleceu um "mapa" de 1.318 empresas como coração da economia
global.

"O estudo encontrou que 147 empresas desenvolvem em seu interior uma
"super entidade", controladora de 40% de sua riqueza. Todos possuem parte
ou a totalidade de um e outro. A maioria são bancos - os 20 top, incluindo
Barclays e Goldman Sachs. Mas a estrita relação significa que a rede
poderia ser vulnerável ao colapso", escreveu Waugh.

O tamanho dos círculos representa as receitas. Os círculos vermelhos são
"corporações super conectadas" enquanto os amarelos são "corporações muito
conectadas". As 1.318 empresas transnacionais que formam o núcleo da
economia globalizada mostram suas conexões de propriedade parcial entre
uns e outros, e o tamanho das receitas. Através das empresas seus
proprietários controlam a maior parte da economia "real"

"Em efeito, menos de 1% das empresas foi capaz de controlar 40% de toda a
rede", disse ao Daily Mail James Glattfelder, teórico de sistemas
complexos do Instituto Federal Suíço de Zurich, um dos três autores da
investigação.

Alguns dos supostos que subjacem no estudo foram criticados, como a ideia
de que propriedade equivale a controle. "No entanto, os investigadores
suíços não têm nenhum interesse pessoal: se limitaram a aplicar à economia
mundial modelos matemáticos utilizados habitualmente para modelar sistemas
naturais, usando Orbis 2007, uma base de dados que contém 37 milhões de
empresas e investidores", informou Waugh.

Economistas como John Driffil, da Universidade de Londres, especialista em
macroeconomia, disse à revista New Scientist que o valor do estudo não
radicava em ver quem controla a economia global, mas mostra as estreitas
conexões entre as maiores corporações do mundo. O colapso financeiro de
2008 mostrou que este tipo de redes estreitamente unidas pode ser
instável. "Se uma empresa sofre angústia, esta se propaga", disse
Glattfelder.

Para Rob Waugh e o Daily Mail há um "mas": "Parece pouco provável que as
147 corporações no coração da economia mundial pudessem exercer um poder
político real, pois representam demasiados interesses", assegurou o diário
conservador britânico.

A riqueza global do mundo se estima que ronde os 200 bilhões de dólares,
ou seja, duas centenas de milhões de milhões. Segundo Peter Phillips e
Kimberly Soeiro, o 1% mais rico da população do planeta agrupa,
aproximadamente, 40% milhões de adultos. Estas pessoas constituem o
segmento mais rico dos primeiros escalões da população dos países mais
desenvolvidos e, intermitentemente, em outras regiões.

Segundo o livro de David Rothkopf "Super classe: a Elite do Poder Mundial
e o Mundo que Está Criando", a super elite abarcaria aproximadamente a
0,0001% (1 milionésima) da população do mundo e compreenderia a umas 6.000
a 7.000 pessoas, ainda que outras assinalem 6.660. Entre esse grupo
haveria que buscar aos donos das 147 corporações que cita o estudo dos
investigadores de Zurich.

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