quarta-feira, 10 de outubro de 2012

McDonald´s deixa menor oito meses sem salários

Para o Sinthoresp, se trata de trabalho escravo
O Jornal Brasil de Fato vem publicando uma série de matérias sobre práticas degradantes na multinacional norte-americana McDonald’s (no Brasil, a franqueadora da rede é a Arcos Dourados). A mais recente reportagem dá conta de exploração praticada contra funcionária menor.
A Agência Sindical já publicou, várias vezes, notícias dando conta dos abusos praticados na rede norte-americana de fast food. Também já postamos vídeos em nosso site e exibimos um programa Câmera Aberta Sindical específico sobre irregularidades da empresa.
Pesa ainda contra o McDonald’s, com reconhecido histórico antitrabalhista, acusação de atentar contra a saúde pública, ao oferecer alimentos fora dos padrões nutricionais recomendados, gerando obesidade nos consumidores, inclusive crianças.
Segue o texto do jornal
“Rosa integrou o quadro de funcionários de uma das lojas do McDonald´s em São Paulo por oito meses sem receber salário. Gracia Nonato, mãe da jovem, conta que o McDonald´s justificou a falta da remuneração pelo fato de Rosa ter apresentado uma conta-poupança no momento da contratação e os depósitos somente eram feitos em conta-corrente pela empresa. “Eles fizeram a Rosa abrir uma nova conta, agora corrente, mas até hoje só vieram despesas”, relata.
Rosa, então com 17 anos, foi contratada em dezembro de 2010 e, em abril de 2011, descobriu que estava grávida. Pela falta da remuneração e a proximidade do nascimento de seu filho, em agosto do mesmo ano, ela decidiu buscar meios judiciais para resolver a situação. A adolescente e a mãe chegaram ao Sindicato dos Empregados em Hospedagem e Gastronomia de São Paulo e Região (Sinthoresp), de modo que tivesse acesso à assistência jurídica gratuita.
O Sindicato entrou com ação pedindo rescisão indireta da trabalhadora e pleiteando o pagamento dos valores devidos. A entidade ainda solicitou ao Ministério Público do Trabalho instauração de um inquérito civil para apurar o não-pagamento de salários pela Arcos Dourados Comércio de Alimentos Ltda., franqueadora do McDonald´s. No entanto, o pedido foi negado sob o argumento de que não existiam provas de que tal procedimento se estendia aos demais funcionários da rede de fast food. “Não há como se presumir a existência de irregularidades trabalhistas perpetradas pela empresa em face de uma coletividade de empregados, situação que, em tese, legitimaria a atuação do Ministério Público do Trabalho”, diz o relatório de arquivamento do pedido.
Advogado - Rodrigo Rodrigues, advogado do Sinthoresp, contudo, afirma que existem outros casos de trabalhadores do McDonald´s que ficam sem receber salários, principalmente de garotas gestantes. “Essa ausência de se pagar salários tem um foco, que é forçar a pessoa a pedir demissão, porque a gestante tem estabilidade e a empresa terá que arcar com o salário, mesmo com as faltas para ir ao médico. Gestante tem que ter cuidado especial”, alega.
Situação semelhante à de Rosa foi vivida por Bruna, que, após informar à gerência da loja onde trabalhava que estava grávida, foi afastada do trabalho sem justificativa e não recebeu o salário por seis meses. O advogado Fábio Lúcio Machado afirma que a jovem, que na época tinha 19 anos, foi contratada pelo McDonald´s após seleção em uma escola para pessoas com necessidades especiais. Incomodada com o que ocorria com a neta, a avó de Bruna procurou assistência. Machado entrou com uma ação, ainda em trâmite, para pleitear o pagamento dos salários da jovem, que continua trabalhando no restaurante fast food. “Ela só retornou ao trabalho quando o McDonald´s recebeu intimação da ação trabalhista. Mandaram um telegrama dizendo para voltar ao trabalho, se não seria demitida por justa causa”, conta.
Investigação criminal
Após a negativa de abertura de inquérito civil para apurar não-pagamento de salários a Rosa, o Sindicato pediu à Polícia Federal investigação criminal da conduta do McDonald´s com seus empregados. No requerimento, o Sinthoresp alega que a jovem “foi submetida a condição análoga de escravo”. “Não considero nem mais como trabalho degradante, diante das evidências e das características que são impostas nesses casos é trabalho escravo”, argumenta o dr. Rodrigues.
O pedido protocolado na Polícia Federal ainda não obteve resposta. Caso seja aceito, a investigação vai buscar os responsáveis pelas irregularidades cometidas. O advogado espera que haja a penalização criminal, além da punição pecuniária, de modo a inibir novos casos.
Mais informações:
www.sinthoresp.org.br

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