*José Álvaro de Lima Cardoso
No início de julho a Comissão Especial da Petrobras
e Exploração do Pré-sal da Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do Projeto
de Lei 4567/16, que retira a obrigatoriedade da Petrobrás ser a operadora única
de áreas sob regime de partilha de produção no Pré-sal. O projeto põe fim à
exclusividade da Petrobras na exploração dos recursos do Pré-sal, que é fundamental
para que o Brasil fique com o maior percentual possível da chamada renda
petroleira, conforme prevê a lei de Partilha, votada em 2010, a partir das
descobertas do Pré-sal.
Sabe-se que o golpe de Estado em andamento no
Brasil tem vários objetivos: livrar corruptos da cassação e da cadeia,
desmontar o arcabouço de direitos sociais e trabalhistas no Brasil, interromper
a aproximação do Brasil com os demais países que compõem o BRICS, etc. Mas uma
das razões centrais, possivelmente a central, sãos as imensa reservas de
petróleo existentes no Pré-sal. Uma das razões para a voracidade do apetite
imperialista sobre a riqueza contida do Pré-sal, é o fato de que já se
descobriu muito petróleo, mesmo tendo sido mensurada apenas uma pequena parte
da área total. A área correspondente ao Pré-sal vai do litoral de Santa
Catarina até o Espírito Santo. Mais de 100 mil km2 de blocos não foram nem
licitados. Mesmo tendo sido uma pequena parte explorada o Pré-sal já garantiu
ao Brasil uma reserva total de 84 bilhões de barris (sendo que 70 bilhões estão
no Pré-sal), equivalente, por exemplo, a 2,4 vezes as reservas com que contam
atualmente os EUA. Definitivamente isto não é pouca coisa.
Apesar de todo o cerco da mídia e dos setores
econômicos interessados no desmonte da Petrobrás, a empresa continua produzindo
resultados excepcionais. Em junho último a produção de petróleo e gás atingiu
novo recorde mensal, alcançando 2,9 milhões de barris equivalente por dia
(boed), melhor marca da história da companhia. No mesmo mês, a produção do Pré-sal
expandiu 8% em relação ao mês anterior, atingindo um volume de 1,24 milhão,
melhor desempenho mensal também na história.
As
multinacionais do petróleo e os especialistas estão cientes - e todas as
indicações geológicas comprovam - que o Pré-sal possui muito mais que os 70
bilhões de barris já descobertos na pequena área já explorada. Essa é uma
questão central no debate atual sobre marco regulatório da indústria do
petróleo no Brasil: as reservas do Pré-sal já recolocaram o Brasil numa outra
inserção internacional, na qual o país passou a ter reservas estratégicas
semelhantes, por exemplo, à Rússia, sendo que o grosso das descobertas no Pré-sal
ainda está por vir. Além disso, as
grandes reservas brasileiras não se limitam ao Pré-sal. A Petrobrás continua
anunciando importantes descobertas de óleo em bacias situadas na parte
continental, inclusive classificadas como super gigantes, ou seja, contendo reservas
na casa de bilhões de barris. Por exemplo, a descoberta de óleo em grande quantidade na
bacia de Sergipe-Alagoas, no ano passado, sobre as quais estimativas iniciais
dão conta de que apenas um dos blocos já perfurados pode chegar a mais de 3 bilhões
de barris.
As estimativas
dos especialistas do setor é de que apenas o Pré-sal possa conter até 300
bilhões de barris de petróleo. Se considerarmos que a previsão é de que, até o
final da década, o barril do petróleo retorne ao preço médio superior a 100
dólares (após chegar a US$ 25, no fundo do poço, já retornou para US$ 48),
estamos tratando de recursos que ultrapassam os 30 trilhões de dólares,
superior a 10 vezes o Produto Interno Bruto do Brasil (o sétimo maior do mundo).
Estes dados mostram que não é por uma
simples coincidência que a Petrobrás está no olho do furacão desde o começo da
crise. A retirada da Empresa da condição de operadora única do Pré-sal, é só
uma etapa. O objetivo é destruir a Petrobrás enquanto empresa pública e entregar
o Pré-sal às multinacionais. O pior é que, em função da meticulosa
desconstrução da imagem da empresa, realizada há pelo menos dois anos através
da grande mídia, é grande o risco que consigam fazê-lo praticamente sem reação
da sociedade. A bola está em jogo.
*Economista e supervisor técnico do Dieese em Santa Catarina.
*José Álvaro de Lima Cardoso
No início de julho a Comissão Especial da Petrobras
e Exploração do Pré-sal da Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do Projeto
de Lei 4567/16, que retira a obrigatoriedade da Petrobrás ser a operadora única
de áreas sob regime de partilha de produção no Pré-sal. O projeto põe fim à
exclusividade da Petrobras na exploração dos recursos do Pré-sal, que é fundamental
para que o Brasil fique com o maior percentual possível da chamada renda
petroleira, conforme prevê a lei de Partilha, votada em 2010, a partir das
descobertas do Pré-sal.
Sabe-se que o golpe de Estado em andamento no
Brasil tem vários objetivos: livrar corruptos da cassação e da cadeia,
desmontar o arcabouço de direitos sociais e trabalhistas no Brasil, interromper
a aproximação do Brasil com os demais países que compõem o BRICS, etc. Mas uma
das razões centrais, possivelmente a central, sãos as imensa reservas de
petróleo existentes no Pré-sal. Uma das razões para a voracidade do apetite
imperialista sobre a riqueza contida do Pré-sal, é o fato de que já se
descobriu muito petróleo, mesmo tendo sido mensurada apenas uma pequena parte
da área total. A área correspondente ao Pré-sal vai do litoral de Santa
Catarina até o Espírito Santo. Mais de 100 mil km2 de blocos não foram nem
licitados. Mesmo tendo sido uma pequena parte explorada o Pré-sal já garantiu
ao Brasil uma reserva total de 84 bilhões de barris (sendo que 70 bilhões estão
no Pré-sal), equivalente, por exemplo, a 2,4 vezes as reservas com que contam
atualmente os EUA. Definitivamente isto não é pouca coisa.
Apesar de todo o cerco da mídia e dos setores
econômicos interessados no desmonte da Petrobrás, a empresa continua produzindo
resultados excepcionais. Em junho último a produção de petróleo e gás atingiu
novo recorde mensal, alcançando 2,9 milhões de barris equivalente por dia
(boed), melhor marca da história da companhia. No mesmo mês, a produção do Pré-sal
expandiu 8% em relação ao mês anterior, atingindo um volume de 1,24 milhão,
melhor desempenho mensal também na história.
As
multinacionais do petróleo e os especialistas estão cientes - e todas as
indicações geológicas comprovam - que o Pré-sal possui muito mais que os 70
bilhões de barris já descobertos na pequena área já explorada. Essa é uma
questão central no debate atual sobre marco regulatório da indústria do
petróleo no Brasil: as reservas do Pré-sal já recolocaram o Brasil numa outra
inserção internacional, na qual o país passou a ter reservas estratégicas
semelhantes, por exemplo, à Rússia, sendo que o grosso das descobertas no Pré-sal
ainda está por vir. Além disso, as
grandes reservas brasileiras não se limitam ao Pré-sal. A Petrobrás continua
anunciando importantes descobertas de óleo em bacias situadas na parte
continental, inclusive classificadas como super gigantes, ou seja, contendo reservas
na casa de bilhões de barris. Por exemplo, a descoberta de óleo em grande quantidade na
bacia de Sergipe-Alagoas, no ano passado, sobre as quais estimativas iniciais
dão conta de que apenas um dos blocos já perfurados pode chegar a mais de 3 bilhões
de barris.
As estimativas
dos especialistas do setor é de que apenas o Pré-sal possa conter até 300
bilhões de barris de petróleo. Se considerarmos que a previsão é de que, até o
final da década, o barril do petróleo retorne ao preço médio superior a 100
dólares (após chegar a US$ 25, no fundo do poço, já retornou para US$ 48),
estamos tratando de recursos que ultrapassam os 30 trilhões de dólares,
superior a 10 vezes o Produto Interno Bruto do Brasil (o sétimo maior do mundo).
Estes dados mostram que não é por uma
simples coincidência que a Petrobrás está no olho do furacão desde o começo da
crise. A retirada da Empresa da condição de operadora única do Pré-sal, é só
uma etapa. O objetivo é destruir a Petrobrás enquanto empresa pública e entregar
o Pré-sal às multinacionais. O pior é que, em função da meticulosa
desconstrução da imagem da empresa, realizada há pelo menos dois anos através
da grande mídia, é grande o risco que consigam fazê-lo praticamente sem reação
da sociedade. A bola está em jogo.
*Economista e supervisor técnico do Dieese em Santa Catarina.
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