Via Desacato

Por Egon Heck.
Mais um dia amanhece. Sobre a cabeça de quase um milhão de habitantes
primeiros, nativos deste país Brasil, um novo decreto de morte. Ou
melhor, covardemente se formula um novo e desavergonhado projeto de lei –
PL 1216/2015 para garantir uma cova única para todos os indígenas do
país. É o equivalente ao que os Guarani-Kaiowá e outros povos disseram
ao serem ameaçados de expulsão de seus territórios “ordenem a morte de
todos. Cavem valas comuns e enterrem a todos nós”.
Tudo de
pior que já se formulou contra os povos indígenas está contido nestes 28
artigos e parágrafos deste PL. Infâmia, diriam os menos exaltados.
Blasfêmia contra Deus e contra a vida, diriam os mais religiosos.
Absurdo inominável, diriam os mais sensíveis às causas sociais. Decreto
de morte, Y Juca Pirama, o índio, aquele que deve morrer, clamariam as
hostes anti-indígenas em suas trincheiras de covardia.
A simples
formulação e apresentação deste projeto de lei envergonha o país e o
parlamento, cujos membros deveriam representar os direitos do povo
brasileiro, desde seus primeiros habitantes até o cidadão dos mais
recônditos espaços do país.
Como
brasileiro nascido no Rio Grande do Sul, sinto-me vilipendiado por uma
proposta dessa natureza. Jamais poderia imaginar que da terra de Sepé
Tiaraju e milhares de mortos na resistência, pudessem surgir bombas tão
mortíferas.
Os
decretos de morte não passarão, não irão se sobrepor às forças da vida
de mais de 300 povos indígenas deste país. Que Tupã e todas as forças
guerreiras, dos nhanderu, dos encantados e todos os que acreditam e
lutam pela justiça, possam impedir mais essa investida contra os povos
indígenas.
Dourados, 15 de maio de 2015
Egon Heck
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