Os
contratos "zero horas", que não dão qualquer garantia ao trabalhador,
tornaram-se uma prática corrente no Reino Unido, revela um recente
estudo de um instituto britânico.
Em
algumas empresas do Reino Unido os contratos "zero horas" representam a
esmagadora maioria dos vínculos trabalhistas. É o caso da cadeia
McDonalds, onde 90% dos trabalhadores (precisamente 82.200 pessoas)
estão nestas condições, isto é, tanto podem trabalhar 70 horas por
semana como nenhuma, sendo remunerados nessa correspondência.
O empregador não lhes dá qualquer garantia, mas exige-lhes disponibilidade total em função das suas necessidades.
Deste
modo, a multinacional do hambúrguer pode dar-se ao luxo de com apenas
1.200 trabalhadores efetivos servir diariamente 2,5 milhões de refeições
em terras de sua majestade.
A
Sports Direct é outra cadeia comercial muito conhecida que mantém 20
mil trabalhadores com contratos "zero horas", ou seja, 90% da
mão-de-obra. O mesmo modelo é aplicado nas lojas Boots ou na Subway.
Como
explica uma reportagem do jornal espanhol Público.es., não é raro o
trabalhador ser convocado de manhã ao serviço e pouco depois ser enviado
para casa porque a afluência de clientes ficou abaixo das expectativas.
O
assunto tornou-se num tema quente da atualidade britânica depois de o
CIPD (Chartered Institute of Personnel and Development), um instituto
especializado em recursos humanos, ter publicado, dia 5, um relatório
segundo o qual o universo de trabalhadores nestas condições é quatro
vezes maior do que os números oficiais indicam.
Assim,
enquanto as estatísticas britânicas apontam para a existência de 250
mil "contratos zero", o estudo do CIPD estima que os números reais
rondarão um milhão de pessoas.
Um caso de super-exploração
Por
seu turno, o CIPD, que se baseou num inquérito a mais de mil
empregadores, mostra que o recurso a esta modalidade de precariedade
absoluta se tornou comum em muitos setores de actividade.
Os resultados revelam que 19% dos empregadores inquiridos empregaram pelo menos uma pessoa nestas condições.
No
chamado setor do voluntariado esta percentagem sobe para 34%, no setor
público para 24% e no setor privado em geral fica-se nos 17%.
Na
hotelaria, restauração e entretenimento, 48% dos empregadores admitiram
recorrer aos "contratos zero", na educação, 25%, e na saúde, 27%.
É
ainda significativo que 25% das empresas com mais de 250 trabalhadores
utilizem este tipo de contratos, enquanto o mesmo sucede em apenas 11%
das pequenas empresas.
A
maioria dos empregadores (54%), que reconhecem utilizar este tipo de
contratos, afirmam que eles representam pouco mais de dez% do total de
trabalhadores, sendo que a percentagem média é de 16%.
Com
base nestas respostas, o CIPD estima que entre três a quatro% dos
empregados cobertos pelo inquérito têm contratos "zero horas", o que
equivale a um milhão de trabalhadores em todo o Reino Unido.
Além
disso, as informações fornecidas por 148 trabalhadores com este tipo de
contratos mostram que 14% dos patrões frequente ou muito frequentemente
não lhes oferecem o número de horas suficiente para manterem padrões
básicos de vida.
Por outro lado, 38% dos trabalhadores consideram que têm um emprego a tempo inteiro, trabalhando 30 ou mais horas por semana.
A
verdade é que os contratos "zero horas" estão muito longe de servirem
apenas estudantes ou pessoas que desejam trabalhar algumas horas por
semana, finalidade para que teriam sido criados.
Segundo
o sindicato Unison, a grande maioria destes trabalhadores sujeita-se a
estes contratos, sem quaisquer benefícios, como direito a férias,
cobertura em caso de doença, seguro de saúde ou indemnização por
despedimento, apenas porque não tem outra opção.
Fonte: Avante!. Título do Vermelho. Retirado do site da Fetraconspar.
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