*José
Álvaro de Lima Cardoso.
Um golpe de Estado, mesmo os
“modernos”, desferidos via parlamento com o apoio da mídia, do judiciário e do
Dinheiro, necessariamente têm que se basear em mentiras. Especialmente quando desferido
contra o povo e contra a soberania do país. À medida que o quebra-cabeças vai
sendo montado e as informações vão surgindo, fica claro que um dos alvos do
golpe foi a tentativa do Brasil de forjar sua soberania energética,
pré-requisito para o desenvolvimento econômico- social. Entre as razões do
envolvimento estrangeiro no golpe, como se sabe, está o interesse na ampliação
do acesso às matérias primas existentes no Brasil. E apesar do interesse nas
reservas do pré-sal ser central, não se trata apenas de petróleo. Água,
minerais em geral e toda a biodiversidade da Amazônia, estão em jogo. Por isso
também, é uma investida sobre toda a América do Sul, visto que algumas
questões, como o acesso ao Aquífero Quarani, não se resolvem no âmbito de um só
país.
Já está
relativamente bem documentado a relação de Sérgio Moro com instituições
dos EUA. Fez cursos no Departamento de Estado, dos EUA, em 2007. No ano
seguinte fez um programa especial de treinamento na Escola de Direito de
Harvard. Em 2009 participou da conferência regional sobre “Illicit Financial
Crimes”, promovida pela Embaixada dos Estados Unidos. Foi treinado, segundo o
historiador Moniz Bandeira, em ação multi-jurisdicional e práticas de
investigação pelos estadunidenses. Inclusive em demonstrações reais, segundo
Moniz Bandeira, de como preparar testemunhas para delação. Sérgio Moro, ademais,
e o procurador-geral da República Rodrigo Janot atuam em parceria com órgãos
dos Estados Unidos contra as empresas brasileiras. Sem o menor pudor. O blog
GGN revelou que Sergio Moro recentemente autorizou o
compartilhamento da delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Nestor
Cerveró, com investigadores de Londres em processo contra a Petrobrás. Segundo
o Blog a medida judicial foi viabilizada pelo vazamento de informações
sigilosas por parte da força-tarefa da Lava Jato à imprensa, e pela posterior
autenticação, por Sérgio Moro, do levantamento ilegal dos dados.
Todavia, um dos acontecimentos mais intrigantes foi a prisão
do Vice-almirante e Engenheiro Othon Luiz Pinheiro da Silva, em
agosto de 2016, principal responsável pelas maiores conquistas históricas na
área de tecnológica nuclear no Brasil. Segundo os especialistas da área, o
militar concebeu o programa do submarino nuclear brasileiro e foi o principal
responsável pela conquista da independência na tecnologia do ciclo de
combustível, que colocou o Brasil em posição de destaque na matéria, no mundo. O
militar, que recebeu todas as honrarias possíveis das Forças Armadas
Brasileiras, para os especialistas no setor, é considerado um patriota e um herói
brasileiro. Para o judiciário entreguista, é um corrupto. A história vai nos
esclarecer, como de resto irá iluminar muitos fatos, em que neste momento que a
história se movimenta à galope, estão obscuros. Mas o fato concreto é que a
hipótese de corrupção não combina com a destacada biografia do Almirante Othon
em prol da soberania energética do Brasil.
Para entender o caso do Almirante é fundamental considerar que a Lava
Jato utiliza a seu favor, dentre outras coisas, a desconstrução, via meios de
comunicação, da reputação dos seus acusados. Isso ocorreu com inúmeros casos desde
o início da Operação. É só ver o que fizeram com a reputação do ex-presidente
Lula. Dentre outras coisas, os membros envolvidos com a Operação Lava Jato são
acusados pelas defesas dos réus, de usarem armas variadas tipo acusações
frívolas, plantação permanente de informações negativas na mídia, desmoralização,
acusação ou insinuação de que o acusado é imoral, etc. A estratégia principal é:
descontruída até o limite a imagem do acusado, a população passa a apoiar a
prisão, mesmo que inadequada e passando por cima de direitos constitucionais
básicos, como a presunção de inocência. No caso do Brasil a situação é ainda
mais séria porque esse tipo de comportamento tem o apoio do Judiciário, em todos
os seus níveis.
As evidencias são fortes que o Brasil, com a liderança e experiência do Vice-almirante,
vinha desenvolvendo um programa nuclear muito bem-sucedido com tecnologia de
ponta, e isso incomodou o Império do Norte, que não admite que outros países
dominem esse tipo de tecnologia. Segundo o jornalista José Carlos de Assis, os
estadunidenses tentaram interferir, saber de detalhes, e o Brasil se recusou a
passar informações sobre a tecnologia utilizada. Há fortes e crescentes
indicações que o referido programa foi objeto de espionagem por parte dos
norte-americanos, que esperaram a melhor hora para inviabilizar a continuidade
do programa nuclear brasileiro. Diferentemente de golpes anteriores, neste
estamos tendo possibilidade de fazer sua radiografia, enquanto avança. Com o
passar do tempo fica cada vez mais evidente que, além do aspecto de apropriação
das riquezas naturais do Brasil, ele tem um forte componente geopolítico, de
impedir que o país se torne uma potência regional, com tecnologia, indústria
desenvolvida, mercado consumidor amplo e soberania energética. Fatiar a
Petrobrás, inviabilizar o programa nuclear brasileiro, torpedear dezenas de
outras iniciativas, são momentos chaves deste script terrivelmente perverso e
doloroso.
*Economista.
Por que será que as Forças Armadas não saíram em defesa do Contra Almirante Otohon, que aliás, foi condenado a 43 anos de prisão por vários outros motivos e nunca por ser cientista e militar.
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