tag:blogger.com,1999:blog-1950847241115732932024-03-15T22:10:12.618-03:00Sensor Econômico Brasil
O blog que apaga, mas não bate!José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.comBlogger10151125tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-2951369238057297222022-01-31T09:13:00.004-03:002022-01-31T09:13:49.505-03:00O serviçal do imperialismo e a implacável marcha da história<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; text-align: left;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; text-align: left;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; text-align: left;">*José
Álvaro de Lima Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pressionado pelo Tribunal de
Contas da União (TCU), que abriu procedimento para apurar um caso grave de
conflito de interesses, o suspeitíssimo ex-juiz Sergio Moro declarou que, em um
ano, recebeu R$ 3,5 milhões da Alvarez & Marsal, empresa que ganhou
dinheiro com a quebra de empresas brasileiras, através de decisões da Lava Jato,
ou seja, do próprio Sérgio Moro. Segundo informações da imprensa, ele recebeu
US$ 656 mil nos doze meses de contrato com a consultoria, no período de 23 de
novembro de 2020 e 26 de novembro de 2021. Pelo câmbio do dia 28.01, esse valor
representa R$ 3,537 milhões, nada menos que R$ 294.750 por mês. A consultoria
estadunidense Alvarez & Marsal atua nos processos de recuperação judicial
de empresas envolvidas na Operação Lava Jato.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O “honestíssimo” Sérgio Moro,
que colocou o ex-presidente Lula na cadeia por quase dois anos, sem sequer uma
prova de crime, além do salário de R$ 241,9 mil, recebeu um bônus de US$ 150
mil pela contratação (R$ 806 mil). Os ganhos em um ano, portanto, estão acima
de R$ 3,5 milhões. Esses valores milionários são aquilo que Moro está
declarando. Quem acompanha a operação Lata Jato desde o início, conforme
inclusive revelaram as denúncias da Vaza Jato, sabe que Sérgio Moro é um
mentiroso completo e contumaz.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Levantamento do TCU, com base
no levantamento de documentos sigilosos, revelam que a Alvarez & Marsal faturou
R$ 65 milhões de empresas investigadas na Lava Jato. Esses valores representam 77,6%
dos ganhos da empresa no Brasil. Moro, na posição de juiz condenou
executivos de empresas que são clientes da Alvarez & Marsal no processo de
recuperação judicial. Fora do cargo de juiz, foi contratado pela empresa que
presta serviços às empresas cujos executivos foram condenados por Moro. Tinha
informações privilegiadas, fundamentais para a atuação da Alvarez & Marsal
no processo de recuperação judicial. Se esses fatos não forem considerados
suspeitos e caracterizarem evidente conflito de interesses, o que mais poderiam
ser? O fato de Moro ter se empregado por salário milionário, em uma empresa com
interesses diretos nas informações do ex-juiz Moro, em pleno andamento dos
processos de julgamento da Lava Jato, revela inclusive a elevada confiança de
que nada lhe poderia acontecer, em função de suas “costas quentes”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Que tipo de competência
profissional, Moro, que não sabe nem se expressar direito em português, poderia
aportar à uma empresa de renome internacional? A Alvarez & Marsal, na
realidade comprou as informações privilegiadas que Moro possuía na condição de
juiz, já que ele tinha acesso a todos os documentos, na medida em que aprovava
os acordos de leniência, colaborações premiadas, e outros ritos legais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Desde que apareceu na cena
nacional, como um “paladino da moralidade” a trajetória de Moro é caracterizada
por crimes recorrentes. Sem dúvida o maior deles foi ter sido o protagonista, a
serviço dos EUA, de uma engrenagem fundamental para um dos maiores crimes
contra o Brasil, que foi o golpe de 2016. Com o golpe, a desgraça desabou sobre
o Brasil, com 7 anos seguidos de estagnação ou recessão e explosão da pobreza e
da fome. A Operação foi fundamental tanto para o impeachment em 2016, quanto
para a fraude eleitoral de 2018. Foi a ponta da lança que feriu de morte a
democracia brasileira nos dois momentos. A Lava Jato se apresentava como a
maior operação anticorrupção do mundo, mas se transformou no maior escândalo
judicial da história brasileira. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É difícil entender porque a Lava Jato,
cujos protagonistas faziam o que bem entendiam e prendiam quem quisessem, caiu
em desgraça. Para compreender o fenômeno, temos que considerar que: a) o complô
que perpetrou o golpe no Brasil é bastante amplo e tem suas contradições
internas (supremo, militares, império norte-americano, políticos e empresários corruptos,
extrema direita, etc.); b) a Operação era para pegar somente a esquerda, mas
começou a trazer provas contra os próprios golpistas e seus amigos; c) não
existe crime perfeito, ainda mais neste nível de abrangência, envolvendo um
país-continente; d) no Brasil houve reação contra o golpe, ao contrário de
outros países na América Latina. Aqui tivemos um dos maiores fenômenos
políticos da história mundial que foi o acampamento Lula Livre, montado em
Curitiba, que permaneceu enquanto durou a prisão, quase dois anos, sob chuva,
sol, atentados e toda sorte de dificuldades. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quando surgiram as denúncias
da Vaza Jato, em 2019, num determinado momento, enquanto o país aguardava mais
um capítulo da série “<a href="https://theintercept.com/brasil/" target="_blank"><i>The
Intercept Brasil</i></a> – As Mensagens Secretas da Lava Jato”, Sérgio
Moro viajou para os <a href="https://www.pragmatismopolitico.com.br/tag/EUA" target="_blank">Estados
Unidos</a>, como <a href="https://www.pragmatismopolitico.com.br/2018/11/moro-orcamento-superministerio-da-justica.html" target="_blank">Ministro da Justiça e Segurança Pública</a>, para “<span style="mso-bidi-font-style: italic;">fazer visitas técnicas a instituições</span>”.
Pego vergonhosamente com a boca na botija, foi tomar orientações dos seus
chefes nos EUA. Os diálogos vazados tanto na Vaza Jato, quanto no material
divulgado pelo hacker Walter Delgatti Neto, em 2019, mostram confissões de
verdadeiros crimes contra o país, contra as leis, contra a soberania nacional,
contra a honra das pessoas. Ficou muito evidente que a operação não era contra
o crime, mas era ela mesmo uma operação muito criminosa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O combate a corrupção era
apenas uma cobertura, uma fachada. Deram o golpe para tirar a esquerda do poder
por motivos políticos e econômicos, a serviço de uma potência estrangeira. A
esquerda no poder (mesmo moderada e negociadora) estava atrapalhando as
necessidades do capital internacional de tirar proveito, por exemplo, das
descobertas do pré-sal, anunciadas pela Petrobrás em 2006. Exemplo disso foi a
lei de Partilha, que retinha uma parte maior da renda petroleira no país, e que
sofreu grande oposição por parte das multinacionais. Isso tudo colocou a
“necessidade” do golpe no Brasil, para interromper um governo de esquerda e
suas reformas inconvenientes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os prejuízos que a Lava Jato
causou no campo da democracia e do Estado de Direito são incalculáveis. Sérgio
Moro, um dos maiores responsáveis por esse processo, aproveitou a operação para
enriquecer, às custas da explosão da fome e da pobreza no país, decorrências do
golpe. Mas não foi só a democracia que foi destruída. Conforme estudo do
DIEESE, por conta da farsa montada com a Lava Jato, </span><span lang="EN-US" style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-ansi-language: EN-US; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;">R$ 172,2 bilhões deixarram de ser investidos no
País, soma </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;">equivalente a 40 vezes os R$ 4,3 bilhões que a Lava Jato informa
recuperado para os cofres públicos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A Lava Jato, que visava atingir a maior
empresa do Brasil e da América Latina, levou a uma crise inusitada no setor de
petróleo e gás, e a uma queda drástica da taxa de investimentos no país. Os
estadunidenses quando perceberam que podiam quebrar, além da Petrobrás, o
entorno da empresa, a rede de empresas fornecedoras, não tiveram dúvidas.
Petróleo e gás, e construção civil brasileira concorriam diretamente com as
empresas norte-americanas. Mais tarde fizeram a operação “carne fraca” para desmontar
a indústria da alimentação do Brasil.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não podemos perder de vista que
Sérgio Moro é apenas um peão, um testa-de-ferro, um aventureiro em busca de
poder e enriquecimento. Quem comanda esse processo é o maior poder da Terra, o
imperialismo mundial (liderado pelos EUA). É importante entender que a
estratégia dos EUA para a América Latina é impedir o surgimento de potências
regionais, especialmente em áreas com abundância de recursos naturais, como é o
caso do Brasil. O modelo dos norte-americanos, proposto para a região é o de
países com Forças Armadas limitadas, incapazes de defender suas riquezas
naturais, como é o Brasil de hoje. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A partir do anúncio do pré-sal
pelo Brasil, em 2006, os EUA reativaram a 4ª Frota Naval, dedicada a policiar o
Atlântico Sul e rejeitaram a resolução da ONU que garantia o direito brasileiro
às 200 milhas continentais. A proposta dos americanos, e dos entreguistas,
sempre foi tirar a Petrobrás do caminho e possibilitar às multinacionais do
petróleo a apropriação dos bilionários recursos existentes no pré-sal que, no
limite, podem chegar a quantidades próximas à Venezuela e Arábia Saudita. A
primeira prisão que a Lava Jato efetuou foi a do contra-almirante Othon Silva,
considerado o pai da energia nuclear no Brasil. Acusaram ele de corrupção e o
botaram na cadeia ainda em 2015. O juiz que o colocou na cadeia é da Lava Jato
do Rio de Janeiro, uma espécie de sub Moro, um fascista que posava pra revistas
da moda, portando um fuzil.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quando a Petrobrás anunciou o
pré-sal, os críticos, bafejados pelas multinacionais do petróleo, diziam que o
petróleo naquelas profundidades não teria viabilidade comercial. Chegaria tão
caro na superfície, em função do custo de extração, que não teria viabilidade
comercial. Hoje os custos de extração do barril do petróleo, do pré-sal, está a
US$ 5, praticamente o custo da Arábia Saudita que retira petróleo, bem dizer, à
flor da terra. Os Estados Unidos para continuar na condição de potência,
dependem crescentemente dos recursos naturais da América Latina e, por esta
razão, não quer perder o controle político e econômico da Região. Daí a
sucessão de golpes em toda a América Latina nos últimos 12 anos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Uma das lições do golpe no
Brasil, que infelizmente nem todos aprenderam, é que se a gente quiser viver em
um país soberano tem que construir as condições geopolíticas e militares para
isso. Especialmente neste momento em que a crise empurra os EUA para uma
política abertamente agressiva contra seus inimigos, como podemos assistir nos atuais
conflitos na Ucrânia e Taiwan. É importante considerar também que Moro é apenas
um peão nesse complexo tabuleiro. Um peão muito bem pago, é verdade (conseguiu,
pelo menos, alguns milhões), mas um simples capacho numa cadeia muito complexa,
que chega até à cabeça do imperialismo. A lição do golpe foi muito dura, mas muito
rica de ensinamentos. Deveríamos aprender com eles, ou então, como diz a
canção, “a vida não vale nada”. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*Economista 31.
01.2022.<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-15120415353200367372022-01-26T09:55:00.003-03:002022-01-26T09:55:14.829-03:00Crise na Ucrânia: acendeu forte luz amarela<p> </p><p align="right" class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: right;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">*José Álvaro de Lima Cardoso<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O mundo
tem visto, perplexo e temeroso, os acontecimentos na Ucrânia e as imagens de
tropas do exército russo se dirigindo para a imensa fronteira entre os dois
países. Ainda que num processo desse tipo a primeira a ser sacrificada seja a verdade
dos fatos, o risco de uma guerra parece ser premente. Não se trata de um
conflito localizado e de caráter regional. O país tem posição geográfica
privilegiada, no Sudeste da Europa, e é o segundo maior país do
continente, depois da Rússia. Além disso o país tem 1.576 km de fronteira com a
Rússia, o que também o torna objeto de atenção geopolítica dos países
imperialistas, no contexto mundial da disputa entre potências. A ucrânia possui
também população expressiva, de 44 milhões, quase equivalente à da Espanha. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
problema imediato principal no conflito são as tratativas do país para
ingressar na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), o que interessa
diretamente os países imperialistas, especialmente aos EUA, cujo governo, sob
Biden, resolveu correr atrás do espaço perdido internacionalmente, nas últimas
décadas. A Ucrânia na OTAN, com possibilidade concreta de armazenar armamentos
pesados, sem dúvida ameaça a segurança estratégica da Rússia. É quase como que
Cuba alojar bombas nucleares russas em seu território, a 150 KM de Miami. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Enquanto um
movimento desse intrincado tabuleiro de xadrez, n</span><span style="color: #1c1e20; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; letter-spacing: .4pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">o
dia 18 de janeiro a Rússia exigiu que </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">a
OTAN garanta que Ucrânia e a Geórgia, que também faz fronteira com a Rússia, não
ingressem na Organização militar. Esse detalhe é fundamental, porque o artigo
quinto do Tratado da OTAN, prevê que se um país-membro for atacado
militarmente, é como se o conjunto dos membros tivessem sido atacados. A Rússia
exigiu também que os EUA parem de realizar manobras militares na Europa do
Leste, nas barbas de Moscou. Imaginem a reação dos EUA, se Rússia ou China
começassem a fazer treinamento militar no território da Venezuela ou da Nicaragua.
Um míssil disparado a partir de Kiev levaria apenas alguns minutos para alcançar
Moscou.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O governo
russo nega que esteja pretendendo invadir a Ucrânia e afirma que o deslocamento
de tropas para a fronteira tem caráter preventivo. Mas se nenhum dos dois lados
recuar, a chance de um conflito grave é muito grande. No caso da Rússia a possibilidade
de recuo é ainda mais remota porque, concretamente, a entrada da Ucrânia na
OTAn representa um risco real e direto à segurança do país, que o governo russo
tanto preserva.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O governo
dos EUA, ao mesmo tempo em que fornece assistência militar ao governo de Kiev, faz
um jogo de cena de que estaria tentando ao máximo evitar o conflito. Os EUA
querem impor uma visão de democracia formal, alegando o direito de a Ucrânia
fazer parte, como pais soberano, de qualquer organização que deseje. Mas este é
um protocolo que não leva em conta a geopolítica e o mundo real dos riscos da guerra,
numa região que é um verdadeiro barril de polvora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Recentemente, em uma visita a Kiev, o
secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, previu que a Rússia pode
lançar um novo ataque sobre a Ucrânia em um “prazo muito curto”. Prometeu
também, caso haja a invasão impor severas sanções econômicas contra a Rússia. A
reunião entre Blnken e o ministro russo de Relações Exteriores, Sergei Lavrov,
no dia 21/01, apesar das promesas recíprocas, foi muito mais um jogo de cena do
que uma ação efetiva para desarmar a bomba relógio do conflito.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As
possibilidades táticas da Rússia são várias: é possível uma incursão armada no
país, a superioridade militar da Rússia sobre a Ucrânia é imensa. Pode também
fazer ataques cibernéticos, campanhas de contra informações, etc., ou, o que é
mais provável, combinar todas essas formas de guerra híbrida. O governo Joe Biden
vem pedindo uma posição firme da União Européia (EU) sobre sanções econômicas à
Moscou. Mas o Bloco não tem unidade sobre o assunto, inclusive tem medo de
prejuízos às suas próprias economias. Há também um aspecto fundamental para a
União Europeia que é o fornecimento de gás da Rússia. No que refere ao gás o
governo estadunidense promete ajudar a Europa, mas qual o custo financeiro de
uma ajuda desse tipo, em meio a uma grave crise econômica? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O governo norte-americano tem afirmado que o
Kremlin está considerando a possibilidade de uma operação de "false
flag" (bandeira falsa), ou seja, estariam pretendendo realizar um ataque
ao próprio país, através de agentes russos. Vamos combinar que os norte-americanos
têm grande conhecimento de causa sobre o assunto, pois já utilzaram a “bandeira
falsa” inúmeras vezes. Por exemplo,</span><span style="color: #4d4d4d; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> em 1964 o </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">Congresso dos EUA autorizou o presidente da
república a ampliar a participação dos Estados Unidos na guerra do Vietnã, supostamente
em decorrência de um ataque vietnamita a um navio de guerra dos EUA em águas do
golfo de Tonkin. Na ocasião, apesar dos Estados Unidos apoiar politica,
financeira e militarmente o Vietnã do Sul, ainda não estava em aberta
hostilidade contra o Vietnã do Norte. A <span class="MsoHyperlink"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Resolu%C3%A7%C3%A3o_do_Golfo_de_Tonquim" title="Resolução do Golfo de Tonquim"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Resolução do Golfo de Tonquim</span></a></span></span>
deu autorização legal ao <span class="MsoHyperlink"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;"><a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Presidente" title="Presidente"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">presidente</span></a></span></span> <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Lyndon_Johnson" title="Lyndon Johnson"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">Lyndon
Johnson</span></a> para entrar com toda a força na guerra. Não adiantou,
claro, o governo do Vietnan do Norte dar várias declarações oficiais de que
houve apenas uma reação mínima, protocolar, ao fato de que navios de de guerra dos
EUA entraram em suas águas territoriais para espionar e planejar futuros
ataques. <span style="color: red;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Temos que
procurar entender a política do governo de Joe Biden (econômica, política e
militar), olhando a situação mundial de conjunto. Além de uma crise econômica
extraordinária, o polo político que Biden representa está também em grande
agonia.Se as eleições presidenciais fossem hoje, é possível que Donaldo Trump
ganhasse. A crise é muito significativa, o mundo parece estar caminhando para
uma situação de verdadeiro colapso político e econômico, como poucas vezes se
viu na história.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Apesar de
muitos acharem que Joe Biden era um “democrata” ou “progressista”, seja lá o
que significam estes conceitos, na realidade ele é um homem muito mais ligado à
máquina de guerra norte-americana, do que era Donaldo Trump, por exemplo. Vamos
lembrar que, quando o Brasil sofreu o golpe de Estado em 2016, inclusive com
antecedentes de espionagem norte-americana nos telefones da presidente da
República do Brasil, Biden era o vice de Obama. E certamente sabia das
articulações do golpe, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Há uma
avaliação por parte do governo Biden, explicitada desde o primeiro dia de
gestão, de que a China está ocupando um espaço econômico exagerado, desproporcional
ao seu poderio geopolítico e militar no mundo. Poderio econômico e poder bélico
são fatores intimamente interligados. Portanto, a relação com a China, mas
também com a Rússia, já ficou muito mais tensa, em função da postura dos EUA em
relação a comércio, direitos humanos e as origens da Covid-19. No ano passado os
Estados Unidos colocaram na lista maldita dezenas de empresas chinesas, utilizando
meros pretextos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com Biden, os norte-americanos deverão promover
uma série de conflitos militares no mundo, “por procuração” com outros grupos, tropas
irregulares, mercenários, como fizeram na Síria e inúmeros outros países. Tem
aumentado muito a hostilidade dos EUA contra a Nicaragua, Cuba e Venezuela. O
objetivo é estimular a oposição interna para, apoiado pela OTAN (organismo
dominado pelos EUA), partir para agressões militares. Joe Biden foi o candidato
da máquina de guerra norte-americana: Pentágono, falcões, Cia e demais serviços
de espionagem, forças armadas, grande capital imperialista, etc. Ou seja, a
essência da política imperialista apoiou Biden. Trump presidente, comparado com
Biden, era um “estranho no ninho”, acusado, inclusive, de aproximação com a
Rússia. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O padrão de vida conquistados pelos
norte-americanos está relacionado à sua ação imperialista no mundo todo. Então,
ao mesmo tempo em que eles tem que se preocupar com a disputa geopolítica com a
Rússia, estão de olho no tabuleiro político latinoamericano. Não é nada
específico contra a Rússia ou China. É que atuam como um Império que são, e
aqueles são seus principais rivais. Se quisermos entender a natureza da
“democracia” nos países imperialistas, precisamos saber que o orçamento militar
dos EUA para este ano, de US$ 768 bilhlões, é superior aos orçamentos militares
somados dos 10 países seguintes com os maiores orçamentos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Diferentemente da Rússia e China, que são
potência regionais, os Estados Unidos, além de suas frotas de porta aviões,
navios e submarinos nucleares que cruzam os mares de todo o mundo, possuem mais
de 700 bases militares terrestres fora de seu território nacional nos mais
diversos países (inclusive no Brasil). Eles conseguiram essas bases através de tratados
e do peso econômico da economia norte-americana, do imperialismo
norte-americano. Russos e os chineses não têm esse poderio. Uma das razões dos
EUA terem encaminhado o golpe no Brasil foi a aproximação com a Rússia e a
China através dos BRICS. Em 2015, antes do impeachment, o Brasil tinha assinado
com a China 35 grandes projetos de infra-estrutura no país, incluindo a Ferrovia
Transocenianica, ligando o Atlântico ao Pacífico, ligando o Brasil (RJ) à Lima,
no Peru. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um sintoma de que a política do “grande
porrete” dos EUA funciona nas relações internacionais, foi o quase sepulcral silencio
da China e da Rússia, em relação ao golpe no Brasil, assim como nos demais
países da América do Sul. A China perdeu uma porção de negócios na América
Latina toda, por causa dos golpes, mas não se manifestou mais fortemente, com
receio da reação dos EUA.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os norte-americanos querem obrigar Rússia e
a China a recuarem das posições geopolíticas que eles adquiriram no último
período. Eles vão procurar fazer com que os russos e os chineses gradativamente
cedam terreno, tanto do ponto de vista militar como do ponto de vista econômico.Como
potência regional e considerando a importância geoestratégica da Ucrânia para a
Rússia, é muito difícil os russos recuarem. As guerras realizadas pelos Estados
Unidos no mundo, deixam um saldo terrível de mortes e miséria, inclusive na
época de Obama, que, hipocritamente, recebeu o Nobel da Paz.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O risco de uma guerra não pode ser
subestimado. Este risco deve ser colocado como o mais elevado porque as suas
consequências são terríveis. O momento em que vive a economia e a políticas
mundiais, coloca com muita força essa possibilidade. A tensão mundial entre de
um lado o bloco imperialista e, de outro, <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">China e Rússia, e a crise na Ucrânia, não significa que haverá guerra com
certeza. Mas a luz amarela está acesa para quem tem olhos e ouvidos abertos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">*Economista, 24.01.2022.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoPlainText" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-16243972698810107122022-01-17T10:11:00.004-03:002022-01-17T10:11:59.431-03:00O lucro do petróleo tem que ser 100% dos brasileiros<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span></b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;">*José Álvaro de Lima Cardoso
</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Desde o
início das articulações golpistas, recém-inaugurada a operação Lava Jato, ficou
evidente que a principal motivação econômica do conluio eram as imensas jazidas
do pré-sal, anunciadas pela direção da Petrobrás em 2006. Sacramentado o golpe,
com o impeachment de Dilma Rousseff, uma das primeiras ações dos golpistas foi
impedir a destinação para Educação e Saúde da chamada renda petroleira, conforme
objetivava a Lei de Partilha, sancionada em dezembro de 2010. Mal assumiu, o
golpista Michel Temer tratou de aprovar a política de Preço de Paridade de Importação
(PPI), que há cinco anos aumenta o preço dos derivados do petróleo muito acima
da inflação, em qualquer comparação que se faça. A PPI é uma espécie de assalto
a esmagadora maioria dos brasileiros, em benefício de meia dúzia de
investidores, principalmente estrangeiros, operada em nome de supostas “razões
técnicas”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O Brasil
é uma potência petrolífera, capaz de prospectar, perfurar, extrair, refinar e
distribuir o petróleo, como a descoberta da maior jazida do terceiro milênio,
anunciada em 2006, demonstrou. Mas isso não faz a menor diferença para o bem-estar
do povo brasileiro. Como o preço interno dos combustíveis está atrelado à
variação internacional do petróleo, e à variação do dólar, os brasileiros pagam
pelos derivados do petróleo como se recebessem seus salários em dólares. Com
essa política de aumento de preços dos derivados, é como se o Brasil não
produzisse petróleo, e tivesse que importar 100% dos derivados que consome. Mesmo
sendo autossuficiente na produção e utilizando majoritariamente petróleo
nacional nas refinarias. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O país dispõe de uma das maiores reservas
de petróleo no mundo, e é um grande produtor, com elevada produtividade no
setor. Ao mesmo tempo a direção entreguista da Petrobrás está vendendo as
refinarias, para tornar o país apenas um exportador de petróleo cru e depender
cada vez mais de importações de derivados, principalmente dos EUA, país que
coordenou o golpe. Quando a cotação do barril de petróleo aumenta
internacionalmente (como neste momento), quem lucra não é o brasileiro pobre,
que está passando fome, e sim os especuladores da Bovespa e da Bolsa de Valores
de Nova York. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNoSpacing" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Desde 2016, por uma modificação
estatutária, são estratosféricos os salários da direção e do corpo gerencial da
Companhia. O atual presidente da Petrobrás, General de Exército Luna e Silva,
por exemplo, recebe mensalmente R$ 260.400,00, mais todas as mordomias
decorrentes do cargo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Salários dessa
magnitude devem “contribuir” para os dirigentes da empresa aceitarem a distribuição
de R$ 63,4 bilhões de dividendos aos acionistas (os capitais estrangeiros detêm
a maioria relativa 42,79% do conjunto das ações, enquanto o governo brasileiro
possui 36,75%), assim como a venda (quase doação) de ativos que rendem lucros
líquidos enormes. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O sonho dos golpistas de 2016, de todos os matizes,
é privatizar completamente a Petrobrás. Se eles conseguirem não será apenas o
maior roubo da história do país, mas um acontecimento de grande simbolismo
político, já que a saga por uma empresa pública de petróleo, foi a grande luta
nacional da história do povo brasileiro. Em boa parte, não há dúvidas, a
Petrobrás já foi privatizada no governo de Fernando Henrique Cardoso. A União
detém 50,50% das ações ordinárias, o que garante o controle formal da empresa,
porém é dona de apenas 34,70% das ações preferenciais, que têm a preferência na
distribuição dos dividendos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A Petrobrás
é a zeladora constitucional de uma das maiores riquezas do povo brasileiro, que
são as reservas de petróleo e gás do pré-sal. Essas reservas são estimadas em
até 43,8 bilhões de barris de óleo recuperável. O montante equivale ao triplo
das atuais reservas provadas, o que representa petróleo que não acaba mais. No
ano passado, até o terceiro trimestre, a Petrobrás realizou impressionantes R$
75,1 bilhões de lucro líquido. Mas em vez deste dinheiro ser destinado às
necessidades do povo brasileiro, como previa, de certa forma, a Lei de Partilha
(que foi desmontada nas primeiras ações dos golpistas em 2016), a empresa
dobrou o valor dos dividendos distribuídos aos seus acionistas no ano passado.
Somente este dado já é suficiente para revelar as razões do golpe de Estado no
Brasil, pois mostra o que já sabíamos: a empresa é uma verdadeira mina de ouro
e sempre deu lucro. Por isso está sendo saqueada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Enquanto uma parte dos brasileiros morre de
fome, a direção da Petrobrás utiliza o lucro da empresa para encher os bolsos
dos investidores estrangeiros. O lucro da Petrobras poderia servir para a melhoria
de vida do povo, poderia ser investido em saúde e em educação, como previa a
Lei de partilha. Estes bilhões de lucros, que, são recorrentes ao longo dos
anos, poderiam ser investidos em um programa para eliminar o déficit
habitacional do Brasil, o que, combinado com um programa geral, abriria um novo
ciclo de desenvolvimento e geração de empregos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
Petrobrás é uma das empresas mais eficientes do mundo e, como até as pedras
sabem, dispõe de tecnologia para cumprir todas as etapas de disponibilização do
petróleo para o consumo interno e ainda exportar derivados. O ataque à
Petrobrás trazido pelo golpe foi justamente em decorrência da sua eficiência, e
da ganância dos países ricos (coordenados pelos EUA), em busca de novas jazidas
de petróleo. E o pré-sal é a maior jazida descoberta neste milênio, até o
momento. Conforme estamos denunciando desde 2014, o que ocorre na Petrobrás a
partir do golpe, é um roubo, puro e simples. É uma forma de pirataria, mal
disfarçada, em pleno século XXI.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
Brasil está no sétimo ano seguido de estagnação ou recessão e a pobreza
explodiu no Brasil, a partir de 2016. Esses são resultados diretos do golpe. A
Lava Jato foi uma engrenagem fundamental tanto para o impeachment em 2016,
quanto para a fraude eleitoral de 2018, dois momentos chaves do golpe. A Lava
Jato era propagandeada como a maior operação anticorrupção do mundo, mas ela
mesma se revelou um crime de grandes proporções contra o país. Os envolvidos na
Lava Jato praticamente destruíram um país para retirar uma força política do
poder, a serviço da maior e mais beligerante potência estrangeira do mundo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 6.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 6.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*Economista
17/01/2021.<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-37375833975412706552022-01-13T07:41:00.002-03:002022-01-13T07:41:31.437-03:00<p> <b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;">Negociação
dos pisos em Santa Catarina: hora de virar o jogo nas negociações coletivas</span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: center;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold;">
</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">*José Álvaro de Lima Cardoso <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"> De maneira até inesperada a negociação
entre representantes das centrais sindicais, assessoradas pelo DIEESE, e
empresários catarinenses, realizada nesta terça (12/01), acabou conduzindo a um
acordo para o reajuste das 4 faixas do Piso Salarial Estadual. A negociação se
definiu já na segunda rodada, o que é raro na história dos doze anos das
campanhas pelo reajuste dos pisos estaduais. O reajuste ficou em 10,5%, na
média, um pequeno ganho em relação à inflação do ano passado (10,16%). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"> Ainda que o modesto ganho real não tenha
sido o almejado pelos trabalhadores, os recursos certamente serão destinados à
aquisição</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"> de bens de primeira
necessidade (comida, roupa, pequenos serviços), o que beneficia os trabalhadores,
e por extensão, toda a sociedade. Incluindo os setores do empresariado que
vivem do seu negócio e não da especulação. Esse benefício irá ocorrer, até pelo
alcance que a Lei dos Pisos Estaduais tem em Santa Catarina, onde muitos milhares
de trabalhadores atualmente referenciam seus rendimentos pelos pisos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"> Segundo
a Pesquisa Industrial Anual do IBGE (PIA, do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística), o peso dos gastos de pessoal no custo total industrial está em
9,4%, incluindo salários e encargos sociais. Este é o custo do trabalho na
indústria. Claro, este custo é maior nos Serviços e Comércio, variando também a
partir do porte das empresas e outros fatores. Mas os problemas das empresas em
geral, estão localizados nos demais custos, como matéria-prima, câmbio, taxa de
juros, política industrial, fretes, etc. O custo do trabalho é solução, não só
porque produz valor novo, mas também porque são os trabalhadores,
fundamentalmente, que irão consumir os produtos fabricados. Os ricos são
minoria, não dão conta do consumo interno de um país. As crises no sistema
capitalista, há 300 anos, ocorrem quando sobram produtos nas prateleiras e não
quando faltam (havendo exceções, claro, porque o sistema se move por crises
permanentes). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"> Atualmente no país os dois principais
problemas macroeconômicos são inflação e baixo crescimento. O problema
inflacionário não tem nada a ver com aumento de salários. A inflação atual é causada
por custos (desvalorização do câmbio, frete, em função da política criminosa de
preços de combustíveis, etc.), nada tem nada a ver com salários. Tanto é
verdade que a fome voltou a aumentar no país, porque elevou-se o desemprego e os
salários caíram em termos reais, frutos do golpe de 2016. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"> Um dos principais gatilhos de aumento dos
preços em geral, possivelmente o mais importante, é o aumento extorsivo dos
preços dos derivados de petróleo. Ou seja, a política de preços da Petrobrás, a
PPI (Política de Preços de Paridade de Importação), que se baseia na
dolarização e no atrelamento do preço dos combustíveis à variação internacional
do preço do petróleo. Essa política é diretamente responsável pelo aumento dos
preços dos alimentos e, portanto, pelo acelerado retorno da fome crônica no
país. É uma política operada para encher os bolsos dos especuladores
estrangeiros, às custas da nação. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"> Além da inflação, o outro problema econômico
central é o baixo crescimento: os golpistas de 2016 diziam que era só tirar a presidente
Dilma para o crescimento retornar. Segundo a pesquisa Focus do Banco Central
(03/01/22), o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 2022 não deverá
ultrapassar 0,36%. Se se confirmar essa previsão, entre 2019 e 2022 o PIB terá
um crescimento de míseros 0,5% ao ano. Este número do governo Bolsonaro só é superior
que o do governo de Michel Temer, quando houve decrescimento médio de -0,13% ao
ano, entre 2016 e 2018. Se se confirmar a previsão do PIB para este ano, da pesquisa
Focus, (0,36%), o PIB de 2022 voltará aos patamares de 2013. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"> O baixo crescimento durante as gestões
golpistas (Temer/Bolsonaro) decorre, em boa parte, da destruição do mercado
interno, ou seja, do arrocho salarial, do aumento do desemprego, do fim dos
ganhos reais do salário mínimo. Não se trata de teoria. Ainda está bastante
vivo em nossas memórias os efeitos virtuosos dos aumentos reais do salário
mínimo, no recente período entre 2004 a 2016. Aumento de salários,
especialmente de pisos, não é problema para o país, pelo contrário é a solução.
Quando aumenta o salário o empresário individualmente tem uma elevação
momentânea de custos, que ele tem que administrar imediatamente. Mas ele ganha
largamente, com a ampliação do mercado consumidor interno, com o aumento da
clientela. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"> Com a negociação dos pisos o custo da
força de trabalho (no custo total industrial) aumentou em 0,99% (10,50% sobre
9,4%) exatamente na parte do custo empresarial que produz valor novo. Máquinas
e equipamentos não produzem valor, apenas o transferem às mercadorias. A
negociação dos pisos irá proporcionar cerca de R$ 140 ou R$ 150,00 mensais,
para quem produz toda a riqueza do estado, que é o trabalhador. Trabalhador
este que, depois, irá consumir a maioria dos bens produzidos. Por que o País
está há seis ou sete anos ou em recessão ou em estagnação econômica? Porque,
dentre outras razões, o mercado consumidor está sendo destruído pelo golpe. Destruição
de direitos e de salários nunca levou a crescimento econômico em país nenhum do
mundo. Pelo contrário, se o mercado consumidor interno é destruído, aumenta a
dependência do país de mercados externos, como está acontecendo concretamente
com o Brasil. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"> É interessante prestar atenção no caso da
Espanha, que revogou já em 1º de janeiro a contrarreforma trabalhista que aprovaram
em 2012. Através da negociação tripartite eliminaram a legislação que só
prejudicava o Trabalho. As mudanças
trazidas pelo decreto-lei de 30 de dezembro de 2021, na Espanha, decorrem de
uma negociação que envolveu empresas, sindicatos e partidos que compõem o
governo, que dão sustentação ao Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE),
que está no comando do país. A Espanha fez a reforma trabalhista em 2012 com o
discurso de que iria gerar empregos. O país está com taxa de desemprego de
14,5% (taxa parecida com a do Brasil), uma das mais elevadas da União Europeia.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"> A reforma trabalhista da Espanha de uma
década atrás, foi uma das bases para a contrarreforma feita no Brasil em 2017,
sob o governo golpista de Michel Temer. Lá como aqui a desculpa era a de gerar
empregos. Da contrarreforma para cá, o número de trabalhadores sem emprego e precarizados
(informais, desempregados e desalentados) no Brasil, saltou de 52,3 milhões de
pessoas para 61,3 milhões, segundo o IBGE. Isso significa que, com a
contrarreforma, nove milhões de compatriotas, número equivalente a quase três
vezes a população do vizinho Uruguai, pioraram muito sua condição de vida e
trabalho. Estes são os fatos. <o:p></o:p></span></p>
<span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;">
</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;">*Economista 13/01/2022.</span>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-70248248575354214022021-12-21T10:55:00.006-03:002021-12-21T10:55:54.592-03:00A inconfundível “fala suave” dos EUA na política mundial<p> José Álvaro de Lima Cardoso</p><p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: center;"><b style="text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"> </span></b><span style="color: #222222; font-family: Arial, sans-serif; text-align: justify;"> Dois
dos lugares mais “quentes” do mundo, neste momento, são a Ilha de Formosa
(Taiwan) e a Ucrânia, que colocam os EUA em posição de conflito direto com os
seus dois maiores inimigos (China e Rússia). No dia 17 de dezembro a Rússia
divulgou um documento preliminar, do que seria um acordo que pretende firmar
com EUA para for fim à crise da Ucrânia. Basicamente quer que os EUA se
comprometam a “impedir uma maior expansão para o leste da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a negar a adesão à aliança aos estados da
antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas”. Para cumprir o acordo, a
Otan teria que sair da Estônia, Letônia e Lituânia. Pelo documento apresentado
por Putin, seria também vetada a possível entrada da Ucrânia na Otan. Além
disso, a Rússia também solicita a devolução, aos respectivos territórios
(Rússia e EUA), de armas nucleares já posicionadas em outros países.</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
governo da Ucrânia alega que mais de 90 mil soldados russos já estão
concentrados na fronteira e teme uma invasão do país. Mas outras fontes informam
que as tropas russas estão a cerca de 150 km da fronteira, e, conforme o
governo russo, as operações visam exclusivamente a autodefesa do país. O risco
de a situação piorar é muito elevado, dificilmente o entrevero irá se resolver
sem confronto. Um dos dois lados teria que ceder, mas essa possibilidade não
parece estar colocada. Essa é uma das situações mais críticas na região, nas
últimas décadas, o que deixa todas as possibilidades de desfecho, em aberto. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A crise
mostra também que o governo de Jon Biden é uma grande ameaça para a conjuntura
internacional, trazendo permanentemente o risco de guerra, em várias partes do
mundo. Desde as primeiras entrevistas de Biden, já na condição de presidente,
ficava clara essa tendência da política de Biden acirrar as relações entre as potências.
Vale lembrar que o presidente dos Estados Unidos, em março deste ano, utilizou
uma entrevista ao canal ABC News, dos EUA, para chamar Putin de assassino.
Provocado pelo apresentador, Biden respondeu afirmativamente à indagação de que
Putin seria um assassino. A alinha adotada por Biden nessa e em outras
manifestações, já indicavam o tom que teria a diplomacia norte-americana neste
governo. Mas o certo é que, desde as eleições, Biden falava recorrentemente em
recuperar terreno em relação à Rússia e China, no referente à vários aspectos,
especialmente o geopolítico.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O agravamento
da situação política na Ucrânia decorre principalmente do comportamento agressivo
dos países imperialistas, especialmente dos EUA. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os países imperialistas europeus, como
Inglaterra, Alemanha e França, com nuances, no geral apoiam a política do
império estadunidense na região. A Ucrânia, que é um país independente, poderia
fazer parte da Rússia, como gostam de lembrar os analistas internacionais
independentes. Mas é um país que sem dúvida faz parte do cordão de defesa do
território russo, e é estratégico para a Rússia de muitos pontos de vista, incluindo
o da segurança. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Apesar
dos alertas do governo da Ucrânia, não parece que a Rússia esteja disposta a
invadir o país. Putin tem procurado abrir diálogos com os demais países
imperialistas, no sentido de evitar um agravamento da crise, que pode descambar
para uma guerra na Região, envolvendo as principais potências. Os EUA têm
postura bastante agressiva na Ucrânia. Segundo o governo da Rússia, em
novembro, as forças armadas dos EUA ensaiaram um ataque nuclear contra a Rússia
com bombardeiros vindos de duas direções, no início daquele mês. O governo
russo tem acusado os EUA e a Otan (organização do Tratado do Atlântico Norte)
em geral, de manter um comportamento provocador, destacando o fornecimento de
armas para a Ucrânia, e também de realizar exercício militares perto da
fronteira russa, a menos de 20 KM. O governo russo denunciou, inclusive, que os
EUA fizeram simulação de um ataque nuclear, no começo de novembro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No dia 15 de dezembro, numa iniciativa do enxadrista
Vladimir Putin, a Rússia aprovou na Assembleia Geral da ONU, a resolução
«Combater a glorificação do Nazismo, Neonazismo e outras práticas que contribuem
para alimentar formas contemporâneas de racismo, discriminação racial,
xenofobia e intolerância relacionada». Foram 130 votos a favor, dois votos
contra (EUA e Ucrânia) e 51 abstenções (incluindo a de Portugal, de todos os
estados-membros da União Europeia e outros aliados dos EUA, como o Reino
Unido). A resolução visa impedir construções de monumentos e memoriais, bem
como à celebração de manifestações públicas em nome da glorificação do passado
nazi, do movimento nazi e do neonazismo. Moscou denuncia que são frequentes a
profanação e demolição de monumentos construídos em memória dos que combateram
o nazismo na Segunda Guerra Mundial. Essas iniciativas tem o apoio, tácito ou
explicito, do governo da Ucrânia. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
governo Biden tem que ficar muito atento para evitar novas derrotas. A que amargou
no Afeganistão neste ano, país conhecido como “cemitério dos impérios”, foi
simplesmente acachapante. O Talibã impôs uma derrota ao exército mais poderoso
do mundo, superior à que os EUA experimentaram em Saigon, há quase meio século
atrás. Apesar das tentativas de disfarçar a gravidade do acontecimento, os EUA
saíram escorraçados do Afeganistão, por um grupo de combatentes inferiorizados militarmente,
tecnicamente e financeiramente. A derrota dos EUA para o exército Talibã, que
dispunha de armamentos infinitamente inferiores aos dos EUA, só tem uma
explicação: a população apoiou a guerrilha. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com
Biden, os norte-americanos deverão promover uma série de conflitos militares no
mundo, “por procuração” com outros grupos, tropas irregulares como fizeram na
Síria e em outros países. O objetivo é estimular a oposição interna para
depois, apoiado pela OTAN, partir para agressões militares. Provocação à
Rússia, China, Venezuela e Nicarágua, é esse o ambiente que deve prevalecer nos
próximos anos. Joe Biden foi o candidato da máquina de guerra norte-americana:
Pentágono, falcões, CIA e demais serviços de espionagem, forças armadas, grande
capital imperialista, etc. Ou seja, a fina flor da política imperialista apoiou
Biden. Trump presidente, comparado com Biden, foi um “estranho no ninho”,
acusado, inclusive, de aproximação com a Rússia.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
padrão de vida conquistados pelos norte-americanos está relacionado, em parte,
à sua ação imperialista no mundo todo. Então, ao mesmo tempo em que eles tem
que se preocupar com a disputa geopolítica com a Rússia, estão de olho, por
exemplo, no tabuleiro político latino americano. Não é nada específico contra a
Rússia ou China. É que atuam como um Império que são, e aqueles são seus
principais rivais. Se quisermos entender a natureza da “democracia” nos países
imperialistas, precisamos saber que o orçamento militar dos EUA para o ano que
vem, de US$ 768 bilhões, é superior aos orçamentos militares somados dos 10
países seguintes com os maiores orçamentos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os
Estados Unidos, além de suas frotas de porta aviões, navios e submarinos
nucleares que cruzam os mares de todo o mundo, possuem mais de 700 bases
militares terrestres fora de seu território nacional nos mais diversos países.
Eles conseguiram essas bases através de tratados e do peso da economia
norte-americana, do imperialismo norte-americano. Russos e os chineses não têm
esse poderio. Uma das razões dos EUA terem encaminhado o golpe no Brasil foi a
aproximação com a Rússia e a China através dos BRICS. Em 2015, antes do
impeachment, o Brasil tinha assinado com a China 35 grandes projetos de
infra-estrutura no país, incluindo a Ferrovia Transocenianica, ligando o
Atlântico ao Pacífico, ligando o Brasil (RJ) à Lima, no Peru. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A<span style="mso-bidi-font-weight: bold;"> democracia norte-americana funciona segundo
aquele princípio sintetizado por Roosevelt: </span>“Fale suavemente e carregue
um porrete grande” (Theodore Roosevelt, Presidente dos Estados Unidos,
1901-1909). A situação na América do Sul, por exemplo, é muito frágil porque
não tem nenhuma potência com capacidade nuclear. Por outro lado, nenhum país
tem uma aliança estratégica do ponto de vista militar, com Rússia ou China.
Tudo isso torna a situação do subcontinente extremamente vulnerável.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um sintoma
de que a política do “grande porrete” funciona nas relações internacionais, foi
o quase sepulcral silencio da China e da Rússia, em relação ao golpe no Brasil,
assim como nos demais países da América do Sul. A China perdeu uma porção de
negócios na América Latina toda, por causa dos golpes, mas não se manifestou
mais fortemente.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os norte-americanos
querem obrigar Rússia e a China a recuarem das posições geopolíticas que eles
adquiriram no último período. Eles vão procurar fazer com que os russos e os
chineses gradativamente cedam terreno, tanto do ponto de vista militar como do
ponto de vista econômico. Essa postura tende a acirrar muito as relações entre
as potências, no próximo período.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: 12.0pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 12.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: #222222; font-family: "Arial",sans-serif; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>21.12.21. <o:p></o:p></span></b></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-34526956595241425922021-11-10T10:06:00.002-03:002021-11-10T10:06:14.076-03:00A Petrobrás e o poder da “concorrência” <p> </p><p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">*José Álvaro de Lima Cardoso<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Recentemente o ministro da economia, Paulo
Guedes, falou que o Brasil teria que vender rapidamente a Petrobrás, porque
daqui a 30 anos ela não valerá mais nada. Como já observamos em outro texto, ele
deveria alertar do problema os “desinformados e ingênuos” banqueiros (tendo à
cabeça os EUA) que deram um golpe arriscadíssimo, e de graves consequências no
Brasil, com o objetivo econômico principal de roubar o petróleo e outras
riquezas fundamentais. Cabe saber que governo, em sã consciência, ou que não
fosse resultado de um processo sórdido, entregaria a preço de banana, um
patrimônio que gerou R$ 74 bilhões de lucro líquido apenas nos 2º e 3º
trimestres de 2021 e que neste ano fará a maior distribuição de dividendos para
os seus acionistas na história da empresa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Muita gente
questiona como os “capitalistas nacionais” apoiaram o golpe de 2016 e a entrega
da Petrobrás para o sistema financeiro internacional. Afinal de contas a Companhia
é fundamental para as empresas nacionais do ponto de vista da tecnologia,
fornecimento de matérias primas, atração de investimentos e garantia de energia
barata (sem a qual não há desenvolvimento). Mas, aqui é necessário compreender
que alguns setores da burguesia brasileira são estreitamente associados à
burguesia norte-americana, especialmente ao capital financeiro internacional.
Eles estão longe de serem capitalistas nacionais, com interesses próprios, distintos
do imperialismo. Por isso atuam sempre em consonância com os interesses
imperialistas. Esse processo ficou muito evidente em 2016, quando setores do
empresariado, que se beneficiaram diretamente com as políticas de crescimento e
de aumento do mercado consumidor interno promovidas pelos governos de esquerda,
aderiram à galope ao processo golpista que vinha sendo engendrado, com a mal
dissimulada coordenação dos Estados Unidos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Bolsonaro
é fruto direto do golpe de 2016 e da fraude eleitoral de 2018. Para o
imperialismo (e portanto para a burguesia brasileira), ele é um excelente
presidente, porque está cumprindo todo o programa de guerra contra a população.
Como disse o banqueiro André Esteves, do BTG, no vídeo vazado há uns dias: “se
Bolsonaro fechar a boca ele tem grandes chances de vencer as eleições”. Claro,
porque caso não surja uma terceira via ele será o candidato da burguesia. Afinal,
ele tem uma “ótima política” de liquidação de direitos, com a vantagem de propor
recorrentemente em privatizar a Petrobrás (claro, sempre como se fossem falas
casuais). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Neste
debate da Petrobrás e da questão nacional, é fundamental compreender que o
capital imperialista não se impõe num país predominantemente por meios
econômicos. Não é que as empresas multinacionais seriam extremamente eficientes,
muito produtivas, e, por mecanismos de mercado, engoliriam as empresas nacionais.
Esse fator acontece também, mas está longe de ser predominante, além de ser precedido
de mecanismos extra-mercado. O imperialismo atua predominantemente através de
meios extra econômicos, ou seja, atua através da sua força política, econômica
e bélica. É desta forma que consegue manter sob controle, em grande medida, a
economia dos países em que atua. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O golpe
de Estado no Brasil (como no subcontinente latinoamericano) é prova cabal disso.
O imperialismo, disposto a interromper o crescimento da esquerda no país (mesmo
sendo esta muito moderada e negociadora) mobilizou, possivelmente, bilhões de
dólares para corromper dirigentes, obter informações, comprar meios de
comunicação, pagar espiões, para dar o golpe. Pensem no custo financeiro,
logístico e político de uma operação dessas. Mas técnicas de guerra híbrida,
recrutamento dos traidores internos, compra de autoridades, são ações que nada
têm a ver com disputa econômica via concorrência, no sentido clássico da
expressão. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vamos
recordar aqui uma medida diretamente decorrente do golpe, a Medida Provisória
795, mais conhecida como “MP da Shell”, aprovada no final de novembro de 2017,
que criou um regime especial de importação de bens a serem usados na
exploração, desenvolvimento e produção de petróleo, gás natural e outros
hidrocarbonetos, com benefícios fiscais para multinacionais petroleiras. Só
essa medida irá representar, em 20 anos, perda de receita para o Brasil na casa
de R$ 1 trilhão. Por mais ingênuo que se seja, é possível alguém acreditar que
uma medida desse tipo seja boa para o Brasil e que tenha sido encaminhada de
boa-fé? Claro que processo proporcionou muito dinheiro para grupos internos que
puderam influenciar os resultados. Essa medida nada tem a ver com concorrência
econômica, o golpe de Estado num país complexo como o Brasil não tem nada a ver
com concorrência. É uma ação de autoria do imperialismo para continuar dominando
uma parte fundamental do planeta: território, mercado consumidor, apoio
político, bases militares. Um processo sofisticado como esse passa
necessariamente por corrupção. Ou as raposas políticas brasileiras ignoram que
estão destruindo o Brasil em benefício do país mais imperialista da terra e do
imperialismo de conjunto? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Muita
gente pensa que Bolsonaro é um idiota absoluto, mas quando ele fala em
privatizar a Petrobrás, o faz de caso pensado. É para agradar os seus senhores e
também experimentar como a população reage. Se não houver sinais de reação ao
risco de privatizar a Petrobrás eles irão fazer. O capital internacional usa
seu dinheiro e influência para definir os rumos, ou seja, dominar a política
nacional. É assim que funciona o capital imperialista. Não é que ele domine a
situação porque sua tecnologia e eficiência sejam superiores, ou porque dispõe
da melhor tecnologia e grande capacidade de gestão de empresas. A predominância
do imperialismo é um fenômeno essencialmente político e militar. Para preservar
seu poderio, se precisar eles destroem um país, como já fizeram com
vários.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os
Estados Unidos pressionaram o Brasil para banir a chinesa Huawei do processo de
implantação do 5G no Brasil. Recentemente, em agosto, veio uma delegação
americana que se reuniu com Bolsonaro e também com representantes da Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel), responsável pelo leilão da tecnologia, e
também com empresas envolvidas no desenvolvimento das futuras redes de
telecomunicações. Quando o governo norte-americano vem ao Brasil e discute com
o bolsonaro que o governo deve rejeitar a tecnologia chinesa no 5G, essa é uma
ação que nada tem a ver com concorrência econômica. Trata-se da maior potência
béclica da terra, pressionando um governo servil e advindo de um golpe, em
benefício de suas empresas nacionais. Essa é a “concorrência” vigente na etapa
atual de desenvolvimento do sistema capitalista.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*Economista,
10.11.21<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-75502360681836933112021-10-25T06:48:00.004-03:002021-10-25T06:48:29.042-03:00Inflação de alimentos e taxa de exploração no Brasil<p> </p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">*José Álvaro de Lima Cardoso<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Pela mais
recente pesquisa do DIEESE, sobre a evolução dos preços da Cesta Básica, o salário
mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ R$ 5.657,66, valor que
corresponde a 5,14 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00. O cálculo é
feito levando em consideração uma família de quatro pessoas, com dois adultos e
duas crianças. O problema fundamental da inflação no Brasil (como acontece nos
países de capitalismo atrasado, em geral) é que a taxa de exploração é muito
elevada, os salários são muito baixos. Qualquer elevação mais significativa da
inflação coloca uma boa parte da classe trabalhadora no primeiro patamar da
fome. E a elevação inflacionária atual é forte e concentrada em alimentos, o
que compromete diretamente a renda da maioria da população.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os
preços dos produtos básicos (comida, água, energia elétrica, tarifas de
transporte) estão aumentando num momento em que a classe trabalhadora
brasileira atravessa o seu pior ciclo de empobrecimento da história. Esse ciclo
foi causado pelo golpe de 2016, que veio para isso mesmo. O golpe foi operado
por “necessidade”, ou seja, a profundidade da crise requer maior transferência
de riqueza da periferia para o centro, o que significa a necessidade de destruição
de direitos, além de outras ações, como a entrega da Eletrobrás. Neste momento
de grande crise mundial, não é mais possível manter governos nacionalistas e
sociais-democratas na periferia capitalista, sem que entrem em rota de colisão com
os interesses do imperialismo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por isso
derrubaram governos em toda a América Latina. Por essa razão os governos que
resultaram de golpes desfizeram rapidamente as escassas políticas sociais ou
distributivas que existiam. Michel Temer, por exemplo, mal assumiu com o golpe,
tratou de liquidar a Lei de Partilha, que retinha, em maior grau, a renda
petroleira no Brasil. O exemplo do petróleo no Brasil ilustra com riqueza o que
é ser um trabalhador de um país dominado pelo imperialismo. O país dispõe de uma
das maiores reservas de petróleo no mundo, e é um grande produtor de petróleo.
Ao mesmo tempo estão vendendo as refinarias, para tornar o país apenas um
exportador de óleo cru e depender cada vez mais de importações de derivados de
petróleo, principalmente dos EUA. E quantidades crescentes da população não têm
o que comer. Quando a cotação do barril de petróleo aumenta internacionalmente,
quem ganha não é povo pobre e negro brasileiro, e sim os investidores da Bovespa
e da Bolsa de Nova York.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O fato é que
com os níveis salariais do Brasil, mesmo com inflação zero, o trabalhador tem a
sensação de que ela é muito elevada. É que o custo de vida é muito alto para os
salários vigentes, mesmo que ele não esteja aumentando (ou seja, mesmo que a
inflação fosse zero). Muitas vezes os trabalhadores reclamam da inflação, mesmo
com ela estando em nível muito baixo. Na verdade, a reclamação é direcionada
para os baixos salários. Se o trabalhador recebe o salário mínimo para o
sustento de duas ou três pessoas e uma cesta básica para um adulto custa R$
650,00 ou mais, a conta nunca irá fechar. Na realidade, essa é uma confusão
entre inflação e salário baixo, que são temas correlacionados, porém distintos.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Se a
família sobrevive com um salário mínimo (e no Brasil são muito milhões de
famílias nessa situação), a inflação pode ser zero que, mesmo assim, irá faltar
dinheiro para suprir as necessidades básicas. A inflação atual, causada em boa
parte pelo aumento de preços dos alimentos, impacta frontalmente o pobre. Quem
sobrevive com um salário mínimo no Brasil (no total, 27,3 milhões de
brasileiros recebem até um salário mínimo, cerca de um terço do total da força
de trabalho do país, segundo dados da Pnad-IBGE), gasta praticamente toda a sua
renda para comprar comida. Dependendo do número de dependentes da família, não
consegue pagar nem mesmo luz e água. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nesse contexto,
quando há uma pressão dos alimentos a renda do pobre é impactada direta e mais
fortemente. Em menor escala a classe média baixa sente também. Já as famílias ricas
nem ao menos percebem a inflação, especialmente se esta for causada por alimentos.
O rico, pelo contrário, aproveita a alta de preços para ganhar dinheiro. Se o preço
da carne no varejo sobe muito acima da inflação em um ano, como constatou o
DIEESE na sua pesquisa de cesta básica, é evidente que esse aumento beneficia o
empresariado. É a hora de proprietários de gado, de grandes atacadistas de
alimentos, donos de supermercados, etc., fazerem um lucro extra. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*Economista
25.10.2021.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-43216699803971310692021-10-18T08:04:00.003-03:002021-10-18T08:04:17.150-03:00Os planos públicos de saúde na linha de tiro<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%; text-align: justify;"> *José Álvaro de Lima Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;">O serviço público de
saúde pode ser considerado um divisor de águas em qualquer país, em relação à
forma como a população é tratada pela sua classe dominante. O serviço de saúde,
depois da segurança alimentar, que está à disposição da população de
determinado país, é um termômetro da força de uma população. O acesso à
medicina de qualidade, assim como à alimentação, revela como a maioria da
população é tratada por quem detém o poder do Dinheiro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Para ilustrar, cito uma
passagem sobre o sistema de saúde dos EUA, que é considerado uma “porcaria”
universal: no documentário Sicko, do documentarista Michael Moore, há uma
passagem na qual é relatado um acidente em que o cidadão perde dois dedos numa
serra elétrica (médio e anular). A família recolhe os dedos e leva o ferido ao
hospital. No local o paciente fica sabendo que a recolocação cirúrgica de um
dedo, custará 12.000 dólares e, do outro, 60.000 dólares. O paciente e sua
família, sem recursos para custear a cirurgia dos dois dedos, escolhe recolocar
o órgão, cujo serviço médico sairá mais barato. Essa passagem ilustra a forma
com que o governo dos EUA trata a sua população. Os cartéis da saúde, empresas
gigantes que têm grande influência sobre os políticos, fazem o que querem com o
povo. No país mais rico da terra, onde sobra tecnologia médica, a maioria da
população não tem acesso à serviços decentes e básicos de medicina. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Algo semelhante ocorre no
Brasil. É possível medir o quanto o governo Bolsonaro é inimigo do povo,
através da posição que tem em relação à saúde. Bolsonaro e seus ministros da
saúde (cada um pior do que o outro), praticaram durante a pandemia uma política
literalmente genocida, ou seja, desenvolveram ações para matar os mais fracos
(velhos, pessoas com comorbidades, pobres, etc.). Não se trata de uma impressão,
em alguns momentos eles praticamente confessaram isso. O relatório da CPI da
Covid-19, pelo menos irá documentar para a história esses acontecimentos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Segundo o IBGE existe no
país um médico para cada 470 habitantes, mas nas regiões Norte e Nordeste,
chega a 1 médico para cada 953 e 750 brasileiros, respectivamente. Conforme
dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) há aproximadamente 17 médicos para
cada 10 mil habitantes no Brasil, enquanto na Europa esse número chega a 33 (é
o dobro). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os usuários do sistema
público de saúde reclamam do longo tempo de espera para ser atendido no SUS
(Sistema Único de Saúde), razão pela qual uma parte deles (aqueles que dispõem
de recursos), recorrem ao sistema privado para resolver o seu problema. Dependendo
do tipo de serviço que o paciente necessita, de procedimento de maior ou menor complexidade,
e dependendo do local onde resida, o tempo de espera pode significar, por
exemplo, a sua morte. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Uma das queixas mais
recorrentes nas pesquisas sobre saúde no Brasil é a da falta de leitos. Vimos
recentemente que, a falta de leitos de UTI, foi um dos sérios problemas no
ápice da pandemia de Covid-19.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um outro problema da saúde
pública é o sub financiamento do SUS, que se agravou sobremaneira após o golpe
de 2016. Desde que a Emenda Constitucional 95, que congelou os recursos da
saúde por 20 anos, em termos reais, foi aprovada, em dezembro de 2016, o
orçamento para a Saúde tem diminuído cada vez mais. Se em 2019 o governo
tivesse aplicado o mesmo patamar que aplicou em 2017 (15% da receita corrente
líquida de cada ano), a Saúde teria um orçamento de cerca de R$ 142,8 bilhões,
e não R$ 122,6 bilhões aplicados. Ou seja, uma redução de R$ 20,19 bilhões nos
recursos em saúde, enquanto a população cresce e envelhece. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A pandemia apenas evidenciou
ainda mais as mazelas da saúde pública, em função da sobrecarga do sistema, que
teve que absorver um grande número de pacientes internados graves. Além da superlotação
dos hospitais o Brasil padece da falta de insumos hospitalares, desde a
dificuldade para adquirir simples luvas de procedimentos, até anestésicos e
outros medicamentos utilizados na sedação de pacientes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nesse quadro extremamente
difícil, </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif;">os planos de saúde
no Brasil, tanto para as empresas, quanto para a classe trabalhadora, são
bastante valorizados. Em regra, em função dos baixos salários, o plano de saúde
é o <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">benefício mais importante </span>ofertado
pelo empregador, em função da essencialidade do serviço de saúde e também do
custo do plano no conjunto de despesas dos trabalhadores. Esta é uma tendência em
todos os países onde o serviço público de saúde deixa a desejar (ou seja, na
maioria dos países). Ao mesmo tempo, os planos são um dos elementos de
competitividade entre as organizações, sendo extremamente valorizados como
estratégia <span style="background: white; letter-spacing: .35pt;">de retenção e
atração de talentos, influenciando também na motivação e no engajamento dos
trabalhadores. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="background: white; font-family: "Arial",sans-serif; letter-spacing: .35pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em função da prolongada crise econômica brasileira,
que vai para o oitavo ano (teremos mais uma década perdida), e da onda de
retiradas de direitos, que o golpe de 2016 provocou, alguns planos de saúde
públicos, especialmente ligados aos municípios, vêm tentando ou simplesmente
acabar com o plano, ou </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif;">mudar
a sua forma de custeio, aumentando dramaticamente o peso para os trabalhadores.
Em algumas propostas de prefeituras, o custeio deixaria de ser financiado por um
percentual de contribuição sobre cada salário para ser uma mensalidade em
função da faixa de idade, o que afetará aqueles que mais precisam: pessoas mais
velhas e com os salários inferiores. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Algumas prefeituras em Santa Catarina estão propondo a alteração do
plano de custeio, passando-se do modelo em que cada trabalhador ou trabalhadora
participa com percentual de contribuição em relação ao seu salário para um
modelo de mensalidade por faixa etária. Geralmente o financiamento dos planos
municipais se dá através de uma <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">contribuição
percentual dos salários de cada real ou potencial participante (s</span>ervidores
públicos, comissionados, ACTS, dependentes, pensionistas).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Essa mudança do custeio do Plano de Saúde, da forma de “contribuição”
(como percentual proporcional do salário), para “mensalidade”, que inclusive
muda conforma a idade, obviamente penaliza mais os mais velhos e os que ganham
menos. É uma evidente regressividade no sistema. Nos sistemas nos quais os
beneficiários pagam valores de acordo com a cobertura contratada de serviços e
com o salário que ganham, todos contribuem com um mesmo percentual dos
salários, porém, aqueles que ganham mais contribuem com uma massa de valor
maior, proporcional ao salário ganho e independentemente da idade que tenha.
Esse modelo independe de idade, e pessoas de qualquer idade podem fazer uso dos
serviços. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>A possibilidade de poder contar com um plano que barateie os custos com
a saúde é extremamente importante para os servidores (as), especialmente para
quem recebe os salários menores. O<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">
índice oficial de inflação se encontra em torno de 10% nos últimos 12 meses,
porém a inflação de alimentos, que tem grande peso no orçamento da maioria dos
servidores, se encontra em um patamar muito mais elevado, possivelmente próximo
aos 30%.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Para o servidor, planos
públicos de saúde são uma alternativa intermediária entre as limitações do SUS,
que vem sendo sucateado pelo Governo Federal, e os preços proibitivos da saúde
privada, que são estabelecidos, na prática, pelos grandes monopólios do setor,
que buscam elevados lucros.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com os salários baixos praticados no
Brasil qualquer elevação mais significativa da inflação coloca uma boa parte da
classe trabalhadora em dificuldades. E a elevação inflacionária atual não é
qualquer uma, ela é forte e concentrada em alimentos, o que compromete
diretamente a renda da maioria da população. </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif;">A comparação do custo dos planos públicos com o custo dos
privados, como alguns planos públicos têm feito, está errada. Não podemos achar
que estará satisfatório se a mensalidade do plano público ficar mais barata que
o plano privado. Obviamente esta não é a comparação correta. Não tem sentido
comparar custo de planos coletivos com valores de planos individuais, mesmo
porque os planos individuais, em regra, serão mais altos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-language: PT-BR; mso-no-proof: yes;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"> troca de parâmetro de cobrança, de
percentual do salário para uma mensalidade fixa, acaba com um princípio
fundamental de equidade, que é a prática de percentuais iguais para salários
diferentes, de forma a garantir que quem tiver salários maiores, colabora mais
com o financiamento do Plano, ao invés de um valor fixo de contribuição,
indiscriminada e independentemente do salário recebido. É por analogia a esse
princípio que a previdência social dispõe de um Teto Previdenciário. Pelo
princípio do Teto<span style="mso-bidi-font-weight: bold;">, independentemente do
salário dos contribuintes, o valor do benefício pago pelo INSS irá oscilar
dentro de uma faixa mais estreita. O valor oscila no máximo 5,8 (diferença
entre o salário mínimo e o Teto Previdenciário, atualmente de R$ R$ 6.433,57).<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>É fundamental adotar medidas que enfrentem o problema do aumento da taxa
de sinistralidade, em qualquer plano. Mas as medidas devem ser estudadas com
calma e dividir o ônus entre os vários atores que sustentam o plano. A
necessidade de fazer ajustes num determinado plano de saúde não significa que
apenas o servidor deva arcar com o ônus do ajuste. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*Economista, 18.10.2021 <o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-3283473999543634912021-10-13T11:52:00.002-03:002021-10-13T11:52:12.092-03:00Pandora Papers: infâmia e desmanche do Brasil<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%; text-align: justify;">*José Álvaro de Lima
Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A América Latina foi extremamente impactada
pelas revelações do Pandora Papers. Foram denunciados dois presidentes da
República (Sebastian Pinheira do Chile e Guillermo Lasso do Equador, ambos de
extrema direita) e pegos com a boca na botija, também, os dois principais
homens da economia no Brasil. De acordo com levantamento, o ministro da Economia
Paulo Guedes mantém empresas <i>offshores</i> em refúgios fiscais
mesmo após ter ingressado no governo Bolsonaro. O mesmo se aplica ao presidente
do Banco Central Roberto Campos Neto, que manteve 15 <i>offshores,</i> por
15 meses após assumir o seu cargo, o que choca com as normas da Lei de Conflito
de Interesses e do próprio serviço público. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os valores de Paulo Guedes em offshore em
um refúgio fiscal alcançam US$ 9,55 milhões, mais de R$ 50 milhões. A
offshore de Paulo Guedes se localiza nas Ilhas Virgens Britânicas, um refúgio
fiscal no Caribe, o que é proibido pela lei por conta do cargo público que
ocupa. No Brasil, é permitido ter offshores, desde que declaradas à Receita
Federal e, quando seus ativos ultrapassam 1 milhão de dólares, ao Banco
Central.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É
possível que os serviços de espionagem norte-americano, estejam por detrás da
megaoperação, que envolve 600 jornalistas. Joe Biden, no começo do seu governo
declarou que uma das suas prioridades seria enfrentar o problema da corrupção. Realizou
no início do governo, inclusive, uma turnê pela América Latina, acompanhado da vice-presidente.
No continente o problema da corrupção é estrutural, tanto entre os países
atrasados, quanto entre os países desenvolvidos também. As denúncias da
operação podem ser um ajuste de contas entre as facções do imperialismo. Nunca se
sabe direito porque há muitas lutas internas entre as forças imperialistas. Às vezes
algum setor que é muito conservador coloca um obstáculo ao desenvolvimento de
uma política imperialista, por isso tentam remover. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Essas denúncias, que nada têm de ingênuas
e são muito seletivas, têm implicações muito fortes na América Latina porque na
lista estão o presidente do Chile, do Equador e exatamente as duas principais
autoridades econômicas do Brasil, Paulo Guedes e Roberto Campos. Esses dois são
peças fundamentais do esquema e da própria terceira via. Não são homens do Bolsonaro,
compõem o time dos banqueiros, dos grandes capitalistas que mandam no governo. É
possível que seus nomes não estivessem previstos, apareceram na lista por algum
acidente de percurso. Uma eventual substituição de Paulo Guedes no governo não
garante a manutenção da política de guerra contra a população, que é o que
interessa para os que administram o golpe no Brasil. Paulo Guedes está ali para
implementar a política neoliberal, se ele sai, esta política pode ficar
completamente fora de controle. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Paulo Guedes escapou dos esclarecimentos
que deveria prestar à Câmara dos Deputados, no dia 13, através de oportuna
viagem para os Estados Unidos na segunda-feira (11). Foi com ele também o outro
implicado, Roberto Campos Neto. É natural que procurem fugir do depoimento,
pois terão que explicar o inexplicável. Isso fica evidente pelas esfarrapadas justificativas
que os advogados de Guedes deram à PGR (no dia 06.10). O importante não é se
ele gerenciou ou não a empresa, se fez saques ou aportes após virar ministro. O
grave é ter mantido este tipo de investimentos, que foram muito afetado por
medidas por ele tomadas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Paulo Guedes e Roberto Campos são peças
fundamentais do esquema da própria terceira via. Os grandes capitalistas sustentam
Bolsonaro porque tem lá no governo o Paulo Guedes que está fazendo o serviço
(por exemplo, as privatizações da Eletrobrás e dos Correios). O principal
responsável pela política que está matando a população de fome, que empurra
goela abaixo a política neoliberal mais severa possível, que acabou com a
política de salário mínimo, tem uma fortuna em refúgio fiscal, visando esconder
o dinheiro, se proteger de crises e para ganhar mais dinheiro. O ministro, que
mantém R$ 51 milhões escondidos num refúgio fiscal é o mesmo que está fazendo a
reforma administrativa, que irá destruir os serviços públicos e os salários do
funcionalismo. A reforma administrativa, que é um ataque daqueles que tomaram o
poder à força em 2016, e que fraudaram as eleições de 2018, contra o povo
brasileiro, para destruir os serviços públicos tal como hoje os conhecemos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As denúncias do Pandora Papers, que revela
o vergonhoso envolvimento dos dois principais homens da economia brasileira,
com investimentos ilegais em refúgios fiscais, deve indignar, mas não
surpreender ninguém. Esses cidadãos são fruto de duas grandes ilegalidades, que
foram o golpe de 2016 e a fraude eleitoral de 2018. Manter uma fortuna em
refúgios fiscais, para esconder dinheiro e aumentar margens de lucro, é
fichinha perto do que vem sendo feito na política econômica desde então. Os
investimentos, são praticamente um aquecimento para, por exemplo, vender </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">a Eletrobrás, a mais importante geradora de energia
da América Latina, a preços de banana. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O mesmo
vale para o retorno da fome no Brasil, que é resultado de um processo político.
As políticas decorrentes do golpe de 2016 estão na raiz das causas para o
agravamento da fome. Aprovaram a Emenda 95, do teto de gastos, que congelou
todos os gastos primários do governo. As políticas sociais e programas de
transferência de renda foram sendo esvaziados. Equipamentos de segurança
alimentar, como banco de alimentos, foram fechados de forma criminosa. Ao mesmo
tempo o combate aos direitos dos pobres e dos trabalhadores se dá em todas as
frentes e não cessa nunca. Do golpe para cá, com aprofundamento no governo
Bolsonaro, são centenas (possivelmente mais de mil), ações destruindo direitos
e benefícios dos trabalhadores, sempre conquistados em décadas de sangue, suor
e lágrimas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nada poderia
ser mais grave do que apoiar o golpe de 2016 e todas as suas políticas, que já
mataram centenas de milhares de brasileiros. As revelações da operação Pandora
Papers sobre Paulo Guedes e Roberto Campos Neto, apenas evidenciam, de novo, o
que move a turma que promoveu/apoiou o golpe de 2016: falta de compromisso com
o Brasil, ausência absoluta de patriotismo e subserviência desmedida ao
imperialismo. Por isso, todo o desmanche do Brasil que foi realizado desde 2016
teria que ser anulado por um próximo governo democrático.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*Economista.
13.10.21<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><o:p> </o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-37885353712763098532021-10-08T12:27:00.001-03:002021-10-08T12:27:09.388-03:00Pandora Papers no contexto da rapinagem do Brasil<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic;">Pandora <i>Papers</i> no contexto da rapinagem do
Brasil<o:p></o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>*</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;">José Álvaro de Lima
Cardoso<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No último domingo (3), o Consórcio
Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) divulgou
documentos dentro da Pandora Papers, investigação sobre “refúgios fiscais”, realizada
pelo citado Consórcio. Esta colaboração jornalística investigou nos últimos
meses milhares dessas offshores, abertas principalmente nas Ilhas Virgens
Britânicas e cujos documentos foram entregues ao ICIJ por uma fonte anônima há
cerca de um ano. A partir da denúncia várias reportagens começaram a ser
publicadas por veículos importantes de todo o mundo. No Brasil, participaram da
divulgação o jornal Metrópoles, o site Agência Pública, a revista Piauí e
o site Poder 360.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O <i>Pandora Papers</i> é uma
megaoperação jornalista, que provavelmente conta com gente muito poderosa por
trás. Envolve 600 jornalistas, possuindo um grande número de documentos confidenciais
de 14 escritórios de advocacia especializados na abertura de empresas em países
como Panamá, Ilhas Virgens Britânicas e Bahamas. As informações dão conta de que
são mais de cinco décadas de registros detalhados, uma quantidade absurda de
dados, cuja organização e denúncia demanda dinheiro e planejamento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os “refúgios fiscais” (chamados
eufemisticamente de “paraísos fiscais”) são países que não tributam a renda ou
que a tributam a uma alíquota inferior a 20%. Ou, ainda, nações cuja legislação
proteja o sigilo da composição societária das empresas - mais de 60 países e
territórios compõem essa lista. Os refúgios fiscais oferecem enormes vantagens
a cidadãos de outros países que procuram cargas tributárias reduzidas ou nulas.
Com a vantagem de proteger o anonimato do “investidor”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não tem outra razão: os milionários e
bilionários colocam seu dinheiro em refúgios fiscais para: 1.esconder o
dinheiro; 2. não pagar impostos; 3. para se proteger de medidas governamentais
que impliquem em perda de patrimônio. Os refúgios fiscais são mais um dos
inúmeros estratagemas utilizados pelos ricos para pagar menos impostos. Coisa
que os pobres não conseguem fazer porque os impostos estão embutidos nos preços
das mercadorias, não há como escapar deles. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com o Pandora Papers ressurgiu a antiga
discussão sobre controle e reforma do capitalismo, para evitar tais destinações
do dinheiro, ao estilo dos refúgios fiscais. Mas na realidade capitalismo é
isso aí: falta de transparência e sonegação fiscal. É uma ideia equivocada
achar que apenas os “maus capitalistas”, colocam dinheiro em offshore. Alguns
não fazem porque não podem, ou preferem outras formas de esconder e proteger
suas fortunas, talvez mais seguras. Uma das características de refúgios fiscais,
aliás, é não compartilharem informações com as autoridades de outros países. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ter uma <i>offshore</i> não é crime
no sistema capitalista, que defende a total liberdade do dono do capital. Se
estima que 10% do PIB mundial se encontra investido em empresas <i>offshore,
</i>mundo afora. As empresas offshore em regra servem para esconder o verdadeiro
proprietário de ativos que podem ser financeiros, ou não, e também podem ter
origem “lícita” ou não, para os padrões do sistema capitalista. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Se estima que a América Latina perca mais
de 40 bilhões de dólares em impostos a cada ano através do mecanismo de estruturas <i>offshore</i>.
O Brasil com a maior perda anual é o país da região que mais perde impostos
anualmente: cerca de 15 bilhões de dólares. O subcontinente latinoamericano,
aliás, foi muito impactado pelo Pandora Papers. A investigação traz os nomes de
11 ex-presidentes latino-americanos: os panamenhos Juan Carlos Varela, Ricardo
Martinelli e Ernesto Pérez Balladares; os colombianos César Gaviria e Andrés
Pastrana; o peruano Pedro Pablo Kuczynski; o hondurenho Porfirio Lobo e o
paraguaio Horacio Cartes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estão também nas reportagens dois
presidentes da República em plena atividade: Sebastián Pinheira do Chile e Guillermo
Lasso do Equador. Foram pegos também os dois principais homens da economia no
Brasil. O ministro da Economia, Paulo Guedes, segundo a operação, mantém
empresas <i>offshores</i> em refúgios fiscais mesmo após ter ingressado
no governo. Da mesma forma o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto,
que manteve 15 <i>offshores</i> por 15 meses depois de assumir o
cargo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Apesar da tentativa da grande
imprensa de disfarçar ou minimizar o fato, ficou-se sabendo que Paulo Guedes
mantém nas Ilhas Virgens, no Caribe, a quantia de US$ 9,55 milhões - mais
de R$ 50 milhões.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mesmo no
capitalismo subdesenvolvido brasileiro tudo indica que essa é uma ação ilegal,
em função do escancarado conflito de interesses. Por exemplo, a desvalorização
mundial, em boa parte fruto da incompetência de Paulo Guedes, tornou o ministro
alguns milhões mais rico. Se isso não for ilegal, o que mais pode ser?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Paulo Guedes e Roberto Campos são peças fundamentais
do esquema e da própria terceira via. Não são homens do Bolsonaro, eles são
homens dos banqueiros, dos grandes capitalistas. Paulo Guedes administra um
super ministério, resultado da fusão de vários setores fundamentais e está no
governo para implementar a política neoliberal. Se ele cai, a política do
governo, que já é atrapalhada, pode ficar totalmente fora de controle. O caso
do Roberto Campos é ainda pior, porque ele é presidente do Banco Central independente,
um instrumento diretamente controlado pelos grandes banqueiros. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As denúncias são gravíssimas e beira o
surreal. O principal responsável pela política que está matando a população de
fome, que empurra goela abaixo a política neoliberal mais severa possível, que
acabou com a política de salário mínimo, tem uma fortuna em refúgio fiscal.
Isso para esconder o dinheiro, para se proteger de crises e para ganhar mais
dinheiro. Mesmo que isso não fosse totalmente ilegal, seria totalmente
indecoroso. Por que que ele está escondendo dinheiro do Fisco, sendo que ele é
o chefe maior da receita federal? Ele é o principal homem da economia, o
sujeito que faz a economia do governo. Se fosse um governo minimamente sério, este
cidadão cairia em questão de horas. É impossível que isso tenha base legal.
Mesmo que ele tenha declarado a posse deste dinheiro. Por que há conflitos
evidentes de interesses.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Esse ministro, que mantém R$ 51 milhões
escondidos num refúgio fiscal é o mesmo que está fazendo a reforma
administrativa, que irá destruir os serviços públicos e os salários do
funcionalismo. Vale lembrar que a reforma administrativa é um ataque daqueles
que tomaram o poder à força em 2016, e que fraudaram as eleições de 2018,
contra o povo brasileiro, para destruir os serviços públicos tal como hoje os
conhecemos. Os servidores públicos terão boa parte de suas rendas confiscadas,
num momento em que a classe trabalhadora sofre o processo mais dramático de
empobrecimento da história. A PEC não foi feita para corrigir distorção nenhuma
e sim destruir os serviços públicos. Por isso que aqueles que recebem salários
acima do teto constitucional, permanecem ilesos: procuradores, promotores, juízes,
deputados, senadores, consultores legislativos e militares estão fora da PEC nº
32. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sem uma grande reação dos trabalhadores,
haverá um gigantesco confisco de salários, que irá empobrecer muito os
servidores públicos. A reforma administrativa, após destruir o rendimento do
funcionalismo público federal, deverá baixar suas medidas para os outros níveis
dos trabalhadores públicos, nos estados e municípios. Para uma grande parte
deste funcionalismo, a luta pela sobrevivência é parecida com a dos trabalhadores
do setor privado, ou seja, o rendimento médio auferido mal cobre as despesas
regulares da família. Os trabalhadores dos setores públicos e privados não tem
conseguido repor nem mesmo a inflação em suas datas base. E a elevação
inflacionária atual não é qualquer uma, ela é forte e concentrada em alimentos,
o que compromete diretamente a renda da maioria da população. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O fato de que as denúncias do Pandora <i>Papers</i>
tenham pego com a boca na botija os dois principais homens da economia no
Brasil, só ilustrou o que já sabíamos. Este governo, fruto de um golpe e da
fraude eleitoral de 2018, é um governo de ricos, à serviço dos muito ricos. E
com comando estrangeiro, a partir dos interesses dos EUA. Do ponto de vista
econômico e social, a situação é insuportável no Brasil e, como em qualquer
situação extrema, é muito difícil fazer previsões de cenários conjunturais. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>*Economista. 08.10.21.<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-24768651385970183122021-09-29T12:42:00.000-03:002021-09-29T12:42:03.693-03:00 Democracia e miséria não se misturam<p> <b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;">Democracia e miséria
não se misturam</span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É um equívoco dividir os
partidos de direita em “civilizados” e “não civilizados”, ou dizer que uma
parte da direita é democrática e a outra não é. Essa divisão pode servir apenas
para a demagogia eleitoral, mas ela não faz sentido na disputa política real no
Brasil. A tal da burguesia “civilizada” não só apoia toda a destruição do Brasil
que Bolsonaro vem promovendo, como defende ainda mais profundamente do que o
atual governo, a destruição das condições de vida da população brasileira. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um exemplo disso: a Proposta
de Emenda à Constituição (PEC) nº 32/2020, que trata da reforma administrativa,
foi aprovada na última quinta-feira (23) na comissão especial da Câmara dos
Deputados. Praticamente todos os partidos da direita tradicional, votaram
juntamente com a extrema direita, pela aprovação da PEC, ou seja, contra a
população brasileira. O objetivo indisfarçável da PEC é destruir os serviços
públicos: vai causar perda de autonomia por parte dos estados e municípios, irá
restringir ainda mais o acesso dos cidadãos ao serviço público, e abre
possibilidades de ampla terceirização, com tudo que isso representa. Trabalhadores
de estatais, da mesma forma, serão prejudicados pelo projeto. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A redução da estabilidade, o
fim da irredutibilidade salarial, a retirada de direitos, e a ampliação da
precarização pelo uso de contratos temporários e entidades privadas para
prestar serviços públicos, são objetivos evidentes do Projeto. É difícil saber
com precisão, mas há estimativas de que a reforma administrativa vai impactar, de
saída, quase 2 milhões de servidores públicos federais, reduzindo seus salários
e direitos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A maioria do povo, ocupado com
a própria sobrevivência, quando vê as notícias relativas à Reforma
Administrativa, nem compreende direito o que está acontecendo. Mesmo porque,
governo e grande mídia, estão mais preocupados em esconder do que revelar os
verdadeiros objetivos da PEC. Um aspecto é muito evidente: o significado maior desse
ataque contra o funcionalismo é o de ser um ataque dos golpistas de 2016, contra
todo o povo trabalhador. Não se trata de uma medida corporativa, nem uma
investida apenas contra um segmento dos trabalhadores. É um ataque daqueles que
tomaram o poder à força em 2016, e que fraudaram as eleições de 2018, contra o
povo brasileiro, para destruir os serviços públicos tal como hoje os
conhecemos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os servidores públicos terão
boa parte de suas rendas confiscadas, num momento em que a classe trabalhadora
sofre o processo mais dramático de empobrecimento da história. Uma parte dos
servidores são razoavelmente bem pagos, especialmente os federais. No entanto, segundo
o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), metade dos funcionários
públicos brasileiros ganhava em 2018 até 3 salários mínimos, R$ 3 mil, enquanto
apenas 3% ganhavam acima de 20 salários mínimos, R$ 20 mil.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A PEC não foi feita para corrigir distorção nenhuma
e sim destruir os serviços públicos. Por isso que aqueles que recebem salários
acima do teto constitucional, permanecem ilesos: procuradores, promotores,
juízes, deputados, senadores, consultores legislativos e militares estão fora
da PEC nº 32. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sem uma grande reação dos
trabalhadores, haverá um gigantesco confisco de salários, que irá empobrecer
muito os servidores públicos. Como mostra o IPEA, 50% ganha até três salários
mínimos, que mal dá para sustentar uma família. O arrocho salarial desse setor
de classe média, tende a pressionar a escala salarial para baixo e a miséria
vai aumentar ainda na última camada da pirâmide social. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A reforma administrativa, após
destruir o rendimento do funcionalismo público federal, deverá baixar suas
medidas para os outros níveis dos trabalhadores públicos, nos estados e
municípios. Para uma grande parte deste funcionalismo, a luta pela
sobrevivência é parecida com a dos trabalhadores do setor privado, ou seja, o
rendimento médio auferido mal cobre as despesas regulares da família. Os
trabalhadores dos setores públicos e privados não tem conseguido repor nem
mesmo a inflação em suas datas base. E a elevação inflacionária atual não é
qualquer uma, ela é forte e concentrada em alimentos, o que compromete
diretamente a renda da maioria da população. Os preços dos produtos básicos
estão aumentando num momento em que a classe trabalhadora brasileira atravessa
o seu pior ciclo de empobrecimento da história. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Democracia e miséria são que
nem água e óleo: não se misturam. Para os crescentes segmentos da população que
estão passando fome, a palavra democracia é completamente destituída de
significado, é um conceito vazio. Portanto não existe a possibilidade de
determinado partido, ao mesmo tempo votar a favor do conjunto de políticas que
estão levando o país à destruição e o povo para a fome, e ser democrático. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 8.0pt; mso-hyphenate: auto; mso-pagination: widow-orphan; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-font-kerning: 0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>29.09.2021<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-26592544143068538562021-09-27T07:23:00.001-03:002021-09-27T07:23:03.838-03:00Estrutura e ação sindical brasileira no olho do furacão<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%; text-align: justify;">*José
Álvaro de Lima Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os sindicatos surgem no início do século
XIX na Inglaterra como forma de organização de luta e representação dos
trabalhadores e com duas motivações principais: 1ª: reação ao modo capitalista
de produção; 2ª: necessidade de solidariedade, união e associativismo para enfrentar
a exploração do Capital, reivindicar salários decentes e melhores condições de
trabalho. As motivações que deram origem aos sindicatos, quando surgiram na
Inglaterra, continuam muito atual:<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>luta
contra um regime opressor e solidariedade com os irmãos da classe trabalhadora.</span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-font-kerning: 12.0pt; mso-themecolor: text1;"> </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
surgimento do sindicalismo no Brasil carrega as características de um país cujo
capitalismo se desenvolveu de forma tardia e atrasada, no qual predominava o
capital agrário, após quase 400 anos de regime de brutal escravidão. A
organização de uma estrutura sindical é registrada em 1903, entidade ligada,
como seria de se esperar, à agricultura e pecuária. A normatização do trabalho
é muito recente no Brasil. Na revolução de 1930, que teve como líder Getúlio
Vargas, o Brasil não tinha direitos. O Ministério do trabalho foi criado em
(1930), o Trabalho das mulheres foi regulamentado em (1932) e o Salário mínimo
foi criado em 1938 (e começou a ser pago em 1940). Os sindicatos surgem, assim,
atrelados ao Estado, com o objetivo, dentre outros, de mantê-los sob “rédea
curta”. Dentre outras exigências, inclusive, os sindicatos só eram reconhecidos
pelo Ministério do Trabalho, o que fornecia do Estado grande poder de controle
das entidades. Não havia liberdade e autonomia sindical.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Na
estrutura sindical brasileira, acima dos sindicatos, estão as entidades de grau
superior, as federações e as confederações. As federações são entidades
sindicais de grau superior organizadas no âmbito Estadual. Assim, pela
regulamentação brasileira, não existe federação nacional, ela sempre atuará em âmbito
estadual. A federação pode ser instituída, desde que reúna pelo menos cinco
sindicatos, que representem um grupo de atividades ou profissões idênticas,
similares ou conexas. Essas federações poderão agrupar sindicatos de determinado
município ou região a ele filiados. As federações poderão assinar convenções
coletivas, acordos coletivos e instaurar dissídios coletivos, quando as
categorias de determinadas locais não estiverem organizadas em sindicato, ou
seja, quando não houver representação de primeiro grau.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As
confederações são entidades sindicais de grau superior, de âmbito nacional,
sendo formadas por ramos de atividades (indústria, comércio, transporte), como,
por exemplo, a Confederação Nacional dos Trabalhadores da Indústria e a Confederação
Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos. Em geral as confederações coordenam as
atividades de entidades de grau inferior (sindicato) e também as de grau
superior ao nível dos estados, ou seja, as federações. Em 1976, a Lei 6.386,
veio definir as regras sobre as fontes de receitas e outros aspectos sobre o
funcionamento da estrutura sindical em seus três níveis. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com a Lei
11.648 de 2008, as centrais sindicais são reconhecidas de direito. Algumas
delas já tinham o reconhecimento de fato, em função de sua representativa
política e sindical. Os trabalhadores sempre tiveram dificuldades de terem
reconhecidas suas entidades de classe, especialmente as centrais, que organizam
a classe trabalhadora do ponto de vista geral, destacando os aspectos em comum.
Até 1985 vigorava uma portaria que impedia a criação das centrais sindicais,
com a alegação de que existiria incompatibilidade jurídica no texto
constitucional quanto à sua criação. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Atualmente as centrais sindicais são as maiores unidades representativas
na estrutura sindical, estando hierarquicamente acima das confederações,
federações e sindicatos. Considera-se central sindical a entidade associativa
de direito privado, composta por organizações sindicais de trabalhadores,
segundo o parágrafo único do artigo 1˚ da Lei 11.684/08. A central é pessoa
jurídica de direito privado, especificamente, de associação civil. Cabe à
central a coordenação das grandes lutas das categorias, a representação geral
das categorias. As lutas mais específicas, de caráter corporativo, devem ser
encaminhadas pela estrutura primária e secundária dos sindicatos. A organização
de uma greve geral, por exemplo, é uma atribuição típica e precípua da central
sindical. <span style="color: red;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Esta representação geral dos trabalhadores
não poderia ser realizada por uma confederação, visto que essas organizações
operam basicamente sobre uma categoria, enquanto as centrais representam e
devem organizar o conjunto da classe trabalhadora.<span style="color: red;"> </span>É
fundamental que, acima dos interesses corporativos defendidos pelas
confederações, esteja a defesa do conjunto da classe trabalhadora realizada
pelas centrais. Organizando, inclusive, o conjunto das confederações. <span style="color: red;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Assim, a organização sindical brasileira
estrutura-se em quatro níveis: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Sindicato</span></b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">:
representante direto e primário dos trabalhadores;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Federação</span></b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">: que pode
ser formada com a reunião de cinco ou mais sindicatos de uma mesma categoria
profissional, desde que representem a maioria dos trabalhadores do setor;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Confederação</span></b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">: fundada
com a junção de três ou mais federações representativas. A confederação, de
caráter nacional, deve ter sede em Brasília;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";">Central Sindical</span></b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"> – com
caráter de representação geral e intercategorial. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Cada uma dessas instâncias tem funções
diferentes, que devem ou deveriam se complementar. Mas atualmente as
dificuldades conjunturais têm colocado em xeque a estrutura sindical brasileira
e a própria sobrevivência das entidades sindicais. </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;">De 2012 a 2019 os sindicatos perderam 3,8 milhões de filiados no Brasil,
segundo dados da PNAD Contínua/IBGE, divulgados no dia 26 de agosto. Em 2019,
das 94,6 milhões de pessoas ocupadas no país, 11,2% ou 10,6 milhões de
profissionais estavam associados a sindicatos. Em 2012, 16,1% da população
ocupada era sindicalizada ou 14,4 milhões de profissionais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Na condição de primeira e mais
importante linha de defesa do trabalhador, os sindicatos se movem,
historicamente, sob violento fogo cerrado. Além dos ataques patronais, há
inúmeras outras dificuldades no trabalho de sindicalização e de arregimentação
de pessoas para o trabalho coletivo. No mundo todo há uma mobilização dos
trabalhadores que pode ser considerada de baixa intensidade, que impacta
bastante o trabalho de sindicalização e ação geral do sindicato. Essa é uma
situação que começa a mudar, conforme podemos observar pela movimentação na
América do Sul (Chile, Bolívia, Peru, Colômbia, Brasil, etc.). Mas, por
enquanto os sindicatos estão sendo obrigados a “remar contra a correnteza”.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="background: white; line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A sistemática desqualificação
dos sindicatos feita através da mídia comercial, empresas, instituições em
geral torna muito difícil os trabalhadores enxergarem a importância que exerce
o sindicato nas suas vidas. É complicado o trabalhador comum entender que a
existência do salário mínimo é uma conquista fundamental, numa sociedade na
qual quase 60% da população vive com renda domiciliar <i style="mso-bidi-font-style: normal;">per capita</i> igual ou inferior ao valor do salário mínimo, e 43,1
milhões de pessoas, 20,6% da população, vivem em uma situação de insegurança
alimentar. A conquista do salário mínimo, que se estende, direta ou
indiretamente, a 70% da população, é fruto de décadas de lutas organizadas dos
trabalhadores. Ou seja, da luta sindical.</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman";"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A cultura
de valorização do individual, tão cultivada na sociedade, leva os trabalhadores
em geral a achar que conseguem resolver seus problemas solitariamente, sem a
ajuda do sindicato ou de outras formas de organização coletiva. Uma parcela dos
trabalhadores imagina que se trabalhar muito mais do que a média conseguirá ser
reconhecida pela empresa e subir profissionalmente, sem precisar da ação
coletiva do sindicato. E isso é verdade. O problema é que a fórmula funciona
para um trabalhador em cada mil. Analisado o problema de perto, veremos que
todos os direitos existentes são frutos das lutas coletivas dos trabalhadores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Outro
problema importantíssimo no trabalho sindical é a elevadíssima rotatividade do
trabalho no país. Existem categorias nas quais a taxa de rotatividade é mais do
que 100%, ou seja, são admitidos e contratados um número de trabalhadores
superior ao número total de trabalhadores no setor. Além disso, aumentam as
dificuldades de os dirigentes estarem na sua base sindical e conversarem com os
trabalhadores. Há poucos dirigentes liberados, especialmente no setor privado.
O trabalhador “comum”, em geral, não quer ser sindicalista, dado o nível de
adversidades que a função enfrenta, incluindo a possibilidade de ficar
“amaldiçoado” no setor e não conseguir mais se reempregar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É certo
também que a vida duríssima do trabalhador (desemprego, baixos salários,
péssimas condições de trabalho, etc.), dificulta que ele pare para refletir
sobre questões de importância vital. A situação é tão desfavorável que o
trabalhador nem quer parar para ouvir os argumentos dos sindicalistas,
independentemente do assunto. Dessa forma, textos e materiais em geral
produzidos pelo sindicato não são lidos pela maioria dos trabalhadores. Ou por
falta de tempo, medo, desinteresse, falta de curiosidade, etc. Também o assédio
moral e a superexploração dificultam muito o trabalho do sindicato.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
trabalhador, pressionado pelo conjunto de dificuldades (e, neste momento, em
franco processo de perda de renda), muitas vezes espera do sindicato vantagens
de caráter assistencialista, as quais a entidade não consegue oferecer, por
crescentes limitações financeiras. É certo que o assistencialismo não deve ser
praticado pelo sindicato como um fim em si mesmo. A assistência não é função da
entidade sindical, que nem dispõe de recursos para praticá-la. Porém, dada a
extrema gravidade da crise econômica atual, de desemprego recorde e franco
empobrecimento da classe trabalhadora, se o sindicato dispuser de condições,
penso que ele deve amparar o trabalhador em suas dificuldades. Não existe ação
sindical em meio à fome. Não me refiro à assistência social tradicional,
acrítica e como um fim em si mesmo. É uma ajuda que o sindicato pode prestar ao
trabalhador desempregado de sua base, se isso não ameaçar a sua própria
sobrevivência. Mas sempre vinculando a referida ajuda a um processo de formação
básica sobre sindicalismo, deixando claro para o trabalhador que sua situação
não é uma fatalidade, e sim resultado direto da exploração que ele sofre. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Uma grave
dificuldade da ação sindical é que, historicamente, há uma sonegação à
população em geral e à juventude, da história dos direitos e dos sindicatos.
Isso ocorre na escola tradicional, nas instituições, nas empresas, nos meios de
comunicação, etc. A história em geral é desconhecida, mas principalmente a
história dos trabalhadores. Em consequência, uma parcela significativa da
população, especialmente a juventude, supõe que os direitos existentes “caíram
do céu”, ao invés de serem frutos de décadas de muita luta. Essa visão
a-histórica dos direitos, por ironia, está sendo violentamente negada pela
história recente, a partir do golpe de 2016, quando os direitos estão sendo
destruídos em escala e velocidade industriais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Dirigentes
sindicais, normalmente, não são preparados (“treinados”) para o trabalho de
sindicalização. Além disso, falta muitas vezes firmeza política e ideológica
para o desempenho desse trabalho. A tarefa de sindicalização requer
conhecimento do sindicato e de algumas noções de economia e de política, que a
maioria dos trabalhadores não dispõe. Um fenômeno que dificulta a
sindicalização também é a política antissindical das empresas, com a
disseminação de calúnias, associação do sindicato com desemprego, ou com
corrupção, etc. Isso dificulta muito porque a empresa exerce grande influência
sobre o trabalhador, na medida em que a vida deste e de sua família dependem do
emprego. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*Economista 27.09.21<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-justify: inter-ideograph;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-16502898287311125782021-09-15T07:35:00.005-03:002021-09-15T07:35:39.153-03:00A furiosa e disfarçada guerra pela Água no Brasil<p> </p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">*José Álvaro de Lima Cardoso<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O país
atravessa uma crise hídrica que afeta diretamente o nível dos reservatórios dos
subsistemas elétricos. De acordo com o último boletim divulgado pelo Operador
Nacional do Sistema (ONS), divulgado em 10/09/21, os reservatórios das Usinas
Hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste estão operando com apenas 22,7% de
sua capacidade de armazenamento. Esses reservatórios, que são responsáveis por
cerca de 70% da geração hídrica do país, apresentam os níveis mais baixos dos
últimos 91 anos. Os especialistas mencionam redução do nível dos reservatórios que
pode chegar à 10%, o que seria muito grave, já que o sistema elétrico
brasileiro nunca operou abaixo de 15%. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Devido à
sua indiscutível essencialidade a água está sempre no centro da luta entre as
classes na sociedade, aqui e no mundo todo. O fato do Brasil deter os maiores
mananciais do mundo, não nos livra de uma guerra pelo uso da água, ao contrário.
Em junho do ano passado (24.06.20), <a href="https://www.brasildefato.com.br/2020/06/24/senado-aprova-novo-marco-legal-do-saneamento-que-abre-setor-para-privatizacoes"><span style="color: windowtext; text-decoration: none; text-underline: none;">o Senado
Federal aprovou a lei 4.162/2019, que trata da privatização do setor de
saneamento</span></a> no Brasil. Segundo essa lei, a partir de março de
2022, todos os contratos de prestação de serviços de saneamento (o que inclui
distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto e resíduos) existentes
entre os municípios brasileiros e as estatais de saneamento, em sua maioria,
poderão ser revisados e reavaliados. Ao invés de continuarem a existir os
contratos de programa, será obrigatório a realização de editais de licitação entre
empresas públicas e privadas, o que poderá significar, ano, a partir do ano que
vem, a privatização da maioria dos serviços de saneamento no país.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Como
funciona o sistema de fornecimento de água nas cidades, atualmente? As cidades
firmam acordos direto com empresas estaduais de água e esgoto pelo chamado
contrato de programa, que contêm regras de prestação e tarifação, mas permitem
que as estatais assumam os serviços sem concorrência. O novo marco extingue
esse modelo, transformando-o em contratos de concessão com a empresa privada
que vier a assumir o serviço, e torna obrigatória a abertura de licitação
envolvendo empresas públicas e privadas. Cerca de 71% dos Municípios
brasileiros possuem contratos de programa com os respectivos Estados da
Federação em relação a tratamento e abastecimento de água, enquanto apenas 2%
fizeram licitações para concessões plenas e 27% fornecem esses serviços de
forma autônoma. Ou seja, há um enorme espaço para empresas privadas ganharem
dinheiro.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O novo marco legal unifica a direita
“civilizada” e a extrema direita que está no governo federal. Ele transforma
serviços que devem ser considerados direitos humanos básicos e universais –
como o acesso à água potável, a destinação correta de resíduos e o tratamento
de esgoto de modo a preservar o meio ambiente – em passivos que devam gerar lucros
e dividendos. As empresas privadas apenas terão interesse em atuar em regiões
lucrativas, deixando regiões não rentáveis de fora da cobertura. O senador
Tasso Jereissati (PSDB/CE), autor do Projeto de Lei 4.162/2019, é direta e
financeiramente, interessado na privatização dos serviços de água e saneamento
no Brasil. É a legítima raposa cuidando do galinheiro. Ele é um dos sócios do
Grupo Jereissati, que comanda a Calila Participações, única acionista
brasileira da Solar. Esta última empresa é uma das 20 maiores fabricantes de
Coca-Cola do mundo e emprega 12 mil trabalhadores, em 13 fábricas e 36 centros
de distribuição. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Água é a matéria-prima mais cara para a
produção de bebidas em geral. Para cada litro de bebida produzido, por exemplo,
a Ambev declara usar 2,94 litros de água. Não existe nenhuma transparência nas
informações divulgadas, mas ao que se sabe, as empresas de alimentos e bebidas
contam com uma condição privilegiada no fornecimento de água e esgoto. Obtendo,
por exemplo, descontos. Mas foram essas mesmas empresas que estiveram à frente
da aprovação do novo marco regulatório, possivelmente porque avaliam que, com o
setor privatizado, pagarão ainda menos pelos serviços. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
Brasil foi abençoado com as maiores reservas de água do mundo. Os
principais <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">aquíferos</span> do
país são: Guarani, Alter do Chão – os <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">maiores</span> do mundo –, Cabeças, Urucuia-Areado e Furnas. No
começo de 2018, o golpista Michel Temer encontrou-se com o, então, diretor presidente
da Nestlé, Paul Bulcke, para uma conversa “reservada”. Não é preciso ser muito
sagaz para concluir que o tema da conversa foi um pouco além de amenidades.
Alguns meses depois, o governo Temer enviou ao Congresso uma Medida Provisória
844, que forçava os municípios a concederem os serviços, medida que não foi
aprovada. No último dia de mandato Temer editou a MP 868, que tratava
basicamente do mesmo assunto. Esta MP perdeu validade, mas o PL 4.162/19,
aprovado no senado no ano passado, basicamente retomou o que constava daquelas
medidas provisórias. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
pressão para privatização da água é muito forte, conta com organizações
financiadas pelos grandes grupos interessados, especialmente do setor de
alimentos e bebidas, e conta com cobertura do Banco Mundial. Sabe-se que a
Coca-Cola disputa água no mundo todo e certamente não o faz por razões
humanitárias. Tem vários casos envolvendo a Coca-Cola no mundo. Há relatos de
que no México, regiões inteiras ficam sob “estresse hídrico” por causa de
fábricas da empresa, que inclusive contam com água subsidiada. Existem cidades
no México, nos quais os bairros mais pobres dispõem de água corrente apenas em
alguns momentos, em determinados dias da semana, obrigando muitas vezes a
população a comprar água extra. O resultado é que, em determinados bairros, os
moradores tomam Coca-Cola, ao invés de água, por ser aquela mais fácil de
conseguir, além do preço ser praticamente o mesmo. Há moradores destes locais
que consomem 2 litros de refrigerante por dia, com consequências graves e inevitáveis
sobre a saúde pública. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sobre
o projeto de privatização das fontes de água no Brasil quase não se ouve
posições contrárias (como acontece com tudo que é importante). Estas são
devidamente abafadas pelo monopólio da mídia comercial (uma das mais
entreguistas do mundo). Exceto nos sites especializados e independentes. É que
na área atuam interesses muito poderosos, com grande influência no Congresso
Nacional, nos Governos, nas associações de classes, empresariado,
universidades. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os encontros realizados para discutir o
assunto são patrocinados por gigantes, verdadeiros monopólios em seu setor,
como Ambev, Coca-Cola, Nestlé, que têm interesses completamente antagônicos aos
da maioria da sociedade. Essas empresas investem uma parcela de seus lucros com
propaganda, vinculando suas imagens a temas como sustentabilidade ambiental e
iniciativas sociais, de acesso à água, e outras imposturas. Apesar de tudo isso
ser jogo de cena para salvar suas peles e exuberantes lucros, enganam muitos
incautos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O fato de que, no país que detém 12% de
todas as reservas de água doce do mundo (a maior reserva entre todos os
países), uma parcela significativa da população não tenha acesso regular à água
potável e barata, já revela o tamanho do problema. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">*Economista,
15.09<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-73226076003998682262021-09-13T07:33:00.004-03:002021-09-13T07:33:57.395-03:00Sem água não há segurança alimentar e nem desenvolvimento<p></p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14pt; line-height: 150%; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%; text-align: justify;">*José Álvaro de Lima Cardoso </span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O país
está atravessando uma crise hídrica que afeta diretamente o nível dos reservatórios
dos subsistemas elétricos, segundo dados do Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS). Responsável por 70% da capacidade dos reservatórios de
todo o Sistema Interligado Nacional, o subsistema Sudeste/Centro-Oeste (SE/CO),
por exemplo, vem reduzindo rapidamente a quantidade de água armazenada nos
últimos anos. No final de abril, o percentual de água armazenada no referido
subsistema, de 34,7%, foi o menor desde 2015, ano da crise hídrica anterior. Os
especialistas mencionam que a redução do nível dos reservatórios pode chegar à 10%,
o que seria extremamente grave, já que o sistema elétrico brasileiro nunca funcionou
abaixo de 15%. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um dos
problemas fundamentais nesse debate é a falta de investimentos. O setor vem
sendo privatizado desde o governo Fernando Henrique Cardoso, na década de 1990.
E o setor privado, costumeiramente não investe, ele quer que o setor público assuma
todo o custo de expansão do sistema. Essa crise só não se tornou ainda mais dramática
até o momento, porque a economia está estagnada. O Brasil está indo, em 2022
para o sétimo ano seguido de recessão ou baixo crescimento. Se estivesse às
vésperas de retomar o crescimento, por exemplo, o país teria no fornecimento de
energia um grande obstáculo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
problema de redução da oferta hídrica é estrutural e sua reversão exigiria
investimentos pesados, que não vem sendo realizados. Este governo não pretende,
e nem tem visão estratégica, para investir em setores fundamentais. </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O país
perdeu 15,7% de superfície de água nos últimos 30 anos, o equivalente a <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">3,1 milhões de hectares de superfície hídrica</span>,
conforme revela um levantamento inédito do MapBiomas (iniciativa do
Observatório do Clima, que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia
com o propósito de mapear anualmente a cobertura e uso do solo do Brasil e
monitorar as mudanças do território).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A água que cada brasileiro consome (ou
deixa de consumir) ilustra muito da nossa posição de classe na sociedade, por
incrível que isso possa parecer a alguns. Para os pobres, mesmo no país que tem
as maiores reservas hídricas do mundo, a falta de água é uma realidade, E o
problema deve piorar, com as medidas que vêm sendo tomadas atualmente. Além
dessa dimensão de atendimento à população, da necessidade em que água de
qualidade chegue igualmente para toda a população (que deveria ser o mínimo que
o Estado nacional poderia disponibilizar), há também aspectos de caráter mais
estratégicos na Questão da Água. Sem água em quantidade suficiente não há
desenvolvimento, não há segurança alimentar, não há indústria. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A água é mais importante que petróleo para
o desenvolvimento. Sem petróleo não há desenvolvimento, não há indústria. Mas
sem água não há nem produção de alimentos que proporcione segurança alimentar
para a população. No limite, sem água não há vida. Um país até sobrevive sem
petróleo. Com dificuldades, mas sobrevive, como se observa no mundo. Sem água,
não há condições de fazer nada, um país sem o mínimo de provisão de água, não
conseguiria ter o mínimo de soberania.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A forma como os países acessam a água,
assim como suas quantidades, é um problema mundial de caráter: geopolítico,
social, econômico e militar. É um problema de segurança nacional também: é
impensável um país depender de fornecimento externo de água. Segundo a
ONU, <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">1,1 bilhão pessoas não têm
acesso a água tratada e cerca de 1,6 milhão de pessoas morrem no mundo todos os
anos em razão de problemas de saúde decorrentes da falta desse recurso</span>. Em
função das formas predatórias de utilização dos recursos do planeta, este
quadro tende a piorar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A dificuldade da população pobre ter
acesso à agua não é um problema técnico, mas fundamentalmente político. É que resolver
os problemas do povo, mesmo os mais essenciais, não é prioridade da esmagadora
maioria dos governos. Apesar da abundância de água no planeta, 97,5% dela é
salgada. Dos 2,5% de água doce, a maior parte (69%) é de difícil
acesso, pois está concentrada nas geleiras, 30% são águas subterrâneas
(armazenadas em aquíferos) e 1% encontra-se nos rios. À medida que a demanda
por água cresce, as cidades se veem obrigadas a depender das fontes que se
encontram mais distantes das cidades e cuja disponibilização para o consumo se
torna mais cara. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><a href="http://brasil.elpais.com/brasil/2015/01/28/economia/1422463421_541248.html" target="_blank">A agricultura utiliza aproximadamente 70% da água potável</a> globalmente,
a indústria 22% e o consumo doméstico 8%. Nos países atrasados cerca de 90% da
água residual (esgoto) flui sem tratamento até os rios, lagos e zonas
costeiras. Na América Latina, três quartos da água fecal ou residual (esgoto)
voltam para os rios e outras fontes hídricas, criando um sério problema de
saúde pública e ambiental. O problema é ainda maior na África e Ásia, mas ele também
é grave nos países centrais do capitalismo. Na <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Europa</span>, por exemplo, só <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">5 dos 55 rios do Continente são realmente limpos</span>. Na <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">França</span>, <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">desde 1947 a falta d'água é tema dos debates das campanhas eleitorais</span>.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Apesar do Brasil deter 12% das reservas de
água doce do mundo (a maior reserva do planeta) o país tem quase 35 milhões
(80% da população da Argentina) sem acesso a água tratada, segundo o Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento. E mais de 100 milhões de brasileiros
não têm acesso ao sistema de esgoto. Apenas 53% têm o esgoto coletado; e 76%
dos dejetos gerados não são tratados, o que resulta em rios urbanos nojentos e
periferias insalubres, muitas vezes com águas correndo a céu aberto ou
despejadas em riachos. É em função de dados deste tipo que se pode afirmar que
o problema do acesso à água não é técnico, e sim uma questão essencialmente
política. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em função da profusão dos rios e lagos, o
Brasil tem um sistema de geração de energia hidrelétrica, considerado o melhor
do mundo. E os que deram o golpe de 2016, estão entregando esse verdadeiro
patrimônio estratégico, para as multinacionais. E entregam a preço de banana
(este é um princípio sagrado das privatizações). No ano passado (24.06.20), <a href="https://www.brasildefato.com.br/2020/06/24/senado-aprova-novo-marco-legal-do-saneamento-que-abre-setor-para-privatizacoes"><span style="mso-bidi-font-weight: bold;">o Senado Federal aprovou a lei 4.162/2019,
que trata da privatização do setor de saneamento</span></a> no Brasil. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Segundo essa lei, a partir de março de 2022,
todos os contratos de prestação de serviços de saneamento (o que inclui
distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto e resíduos) existentes
entre os municípios brasileiros e as estatais de saneamento, em sua maioria,
poderão ser revisados e reavaliados. Ao invés de continuarem a existir os
contratos de programa, será obrigatório a realização de editais de licitação
entre empresas públicas e privadas, o que poderá significar, em menos de um
ano, a partir do ano que vem, a privatização da maioria dos serviços de
saneamento no país.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Também está em discussão no setor elétrico
a aprovação do mecanismo que irá impor um preço na água dos reservatórios e
vinculará o preço da água ao preço da energia, tornando algo que hoje não está
monetizado ao valor potencial da água para produção de energia elétrica.
Segundo especialistas, se aprovado esse dispositivo, ao “bebermos água,
pagaremos como se estivéssemos bebendo eletricidade” <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Qual a relação entre todas essas
iniciativas? Tudo isso faz parte de uma grande estratégia do Capital para transformar
de vez a água em mercadoria e propriedade privada, em todo o Brasil. Logo em
seguida ao golpe, em 2016, até as pedras já sabiam que a intenção dos golpistas
era destruir no país qualquer resquício de soberania e de serviço público
existente. Isso inclui a educação pública, que está sendo desmanchada, todas as
estatais rentáveis, e o acesso à água.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">*Economista<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>13.09.21.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></p><br /><p></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-42831860611053438802021-09-02T07:53:00.004-03:002021-09-02T07:53:38.877-03:00O impressionante fracasso norte-americano no “cemitério dos impérios”<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> </span></b></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*</span></b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">José
Álvaro de Lima Cardoso<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os EUA foram escorraçados do Afeganistão em
agosto, por um exército minoritário, que não tem aviões de combate, destroieres,
não tem mísseis, não dispõe de helicópteros. Um exército equipado com
metralhadoras manuais e algumas caminhonetes, a grande maioria arrancadas do
inimigo. Os EUA costumam enganar os incautos, tentando disfarçar sua condição
de invasor, por duas longas décadas no Afeganistão. Implantar a “democracia”, proteger
as mulheres, e outros segmentos oprimidos pelo Talibã, preservar o meio
ambiente, etc. Essas são algumas das miragens utilizadas para justificar uma
guerra, cujo saldo trágico, dentre outros, se aproxima dos 180.000 mortos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Se calcula que nos 20 anos de guerra dos
EUA com o Afeganistão, a mais longa travada pelo Império, foram gastos mais
de <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">US$ 2 trilhões. O valor
equivale a </span>US$ 300 milhões por dia, todos os dias, durante vinte anos. O
dinheiro seria suficiente para distribuir US$ 50 mil para cada um dos <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">40 milhões de habitantes</span> do
Afeganistão. Num cálculo mais preciso, se estima que o gasto total no conflito
tenha alcançado a impressionante cifra de US$ 2,26 trilhões, várias vezes o Produto
Interno Bruto (PIB) do Afeganistão de US$ 19,26 bilhões em 2019. Acreditem: os
gastos da guerra em 20 anos, somente dos EUA, equivalem a 117 vezes o PIB do
Afeganistão, país no qual um professor ganha de 4 a 5 cinco dólares por mês. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Além dos <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">US$ 800 bilhões</span> para bancar custos diretos de combate, foram
gastos <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">US$ 85 bilhões</span> para
treinamento do Exército afegão, que simplesmente virou fumaça a partir do fechamento
repentino da Base Aérea de Bagram pelos norte-americanos, em julho último. Sem os
ataques aéreos aos soldados talibãs, o exército regular do Afeganistão,
sustentado por grosso dinheiro dos americanos, simplesmente entrou em parafuso.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os números oficiais de vidas perdidas na
guerra (que devem ser olhados com reservas, pois podem estar subestimados),
mostram as abissais diferenças de recursos entre os dois lados: sucumbiram na
guerra 2.500 militares norte-americanos. Do lado Afegão, foram 69 mil policiais
militares, 47 mil civis e 51 mil combatentes mortos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As cifras envolvidas na empreitada revelam
as razões pelas quais a economia dos EUA não vive sem a permanente fomentação
de guerras, mundo afora. O dinheiro para a matança desses quase 170.000
afegãos, fora os feridos, veio dos bancos. Pesquisadores da Brown University calculam
que apenas o custo dos juros de dívida da guerra afegã possa alcançar US$ 6,5
trilhões, até a quitação da dívida. O valor representa um custo de US$ 20 mil
para cada cidadão norte-americano e mostra a verdadeira simbiose entre as
guerras provocadas pelos EUA e os interesses do sistema financeiro. Se morreram
quase 170.000 afegãos, isso é apenas um detalhe. O importante é que a guerra irá
proporcionar trilhões de retorno para o capital financeiro e fornecer uma
sobrevida para um capitalismo em crise brutal. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Além do interesse do sistema financeiro nos
lucros, sustentado pelo contribuinte norte-americano e por outros povos do
mundo, a guerra se explica por outros números. O PIB do Afeganistão, de US$
19,29 bilhões, como vimos (110ª posição no mundo), não chega a 1% do que os EUA
gastaram na guerra. No entanto, se calcula que a riqueza mineral do Afeganistão
esteja em algo entre US$ 1 trilhão e US$ 3 trilhões. O país possui imensas reservas
de cobre, lítio, cobalto, ferro, ouro, que permaneceram relativamente intocadas
nas últimas décadas. Ou seja, um dos interesses dos norte-americanos no Afeganistão
não é só por um verdadeiro tesouro de pedras preciosas, mas também por minérios
fundamentais para a produção industrial mundial, como o ferro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Há relatórios desenvolvidos pelos
próprios norte-americanos, entre 2000 e 2010, através do Centro de Pesquisa
Geológica dos Estados Unidos, que mostram a existência das citadas reservas
minerais. Como as pesquisas foram desenvolvidas em pleno processo de guerra, há
possibilidades de que as reservas sejam ainda maiores do que as projetadas. Vale
lembrar que um dos grandes problemas atuais dos EUA é o esgotamento de fontes
de minérios e de outras matérias-primas, sem as quais nenhum império se
sustenta. Não por acaso, a primeira razão econômica da articulação do golpe no
Brasil em 2016, pelos EUA, foi petróleo. Assim como, boa parte dos golpes
coordenados pelos EUA no restante da América Latina foram também em busca de fontes
de matérias-primas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os dados concretos da economia e da guerra
no Afeganistão não podem deixar dúvidas sobre quem é o país opressor e quem é o
oprimido nesse embate. O cineasta estadunidense Michael Moore, matou a charada
em seu perfil no Facebook: “Cabul, Saigon. A queda, mais uma vez. A América
perde outra guerra. Nossa guerra mais longa. Somos o nº 1!! Gastamos mais de
US$ 2 trilhões. Sacrificamos mais de 2.300 vidas de americanos para invadir um
país onde Bin Laden nunca foi, em lugar nenhum, encontrado. Nós somos os
invasores. O Taleban não é invasor - eles são afegãos - é o país deles!”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A questão da invasão dos EUA ao Afeganistão,
que agora teve um desfecho, é simples. O país é independente e não pode ser
ocupado por um país estrangeiro, sob qualquer pretexto. Os EUA invadiram o Afeganistão,
como fizeram com centenas de países para roubar e manter sua condição de
império. Se um determinado país tem problemas de qualquer natureza, seja no
campo da democracia, dos direitos humanos, na relação com as mulheres, é o seu próprio
povo que tem que resolver. E não a águia mais imperialista do mundo que,
sabidamente, faz qualquer coisa (qualquer coisa, mesmo) por seus objetivos geopolíticos
e econômicos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É isso que representa a velha política de autodeterminação
dos povos. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nenhum país tem o direito
de usar como justificativa, desculpas tipo opressão das mulheres ou fanatismo religioso
para invadir e destruir outro país. Quem tem que resolver esses problemas é o
próprio povo afegão. Por que ninguém fala em invadir os EUA para resolver o
problema da pobreza em que vivem 40 milhões de norte-americanos (uma população
inteira do Afeganistão), mesmo sendo o país mais rico da Terra? Negar ao povo afegão
o direito de autodeterminação, utilizando pretextos como: “não tem democracia”,
“maltrata as mulheres”, “tem corrupção”, etc. é posição absolutamente cínica e colonialista.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com uma desculpa esfarrapada os EUA invadiram
o Afeganistão, há 20 anos, para roubar minérios fundamentais e por posições geoestratégicas
importantes. Como fizeram com inúmeros países. Além de abundância mineral, o
Afeganistão tem localização estratégica. Liga o Médio Oriente à <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">Ásia</span> Central e ao sudeste
asiático e faz fronteira com o Paquistão, Irã, China e outros países menores. Para
atingir seus objetivos no país o Império norte-americano implantou um governo
capacho, que foi derrotado pelo Talibã, apesar de todos os gastos realizados
pelo invasor. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
Afeganistão é considerado, de forma impressionante, o “Cemitério dos Impérios”.
O poderoso Império Britânico o invadiu pela primeira vez no século 19. Pressionado
pelas circunstâncias teve, em 1919, que abandonar o Afeganistão e ceder a
independência ao país. Em 1979 foi a União Soviética, que invadiu o Afeganistão
também com objetivos geopolíticos e econômicos. Dez anos depois, percebendo que
não venceria a guerra, e já numa grande crise econômica e política, saiu do
país. Agora, o mais bem equipado exército do mundo foi colocado para correr por
combatentes subnutridos, mas com determinação e tenacidade, brotadas diretamente
das suas almas guerreiras. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como se consegue derrotar 300 mil
soldados, que usavam tecnologia de guerra muito superior, financiados por uma fábula
de recursos do imperialismo mundial? E que ainda conta com mais alguns milhares
de soldados norte-americanos, e mais dezenas de milhares de soldados italianos,
também portando armamento de último tipo? O aparente enigma tem uma explicação
muito simples: o Talibã conta com o apoio da maioria do povo Afegão. Dada a
diferença extraordinária de recursos entre os dois lados, só uma mobilização
popular gigantesca explica a derrota do Império. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não há como negar a importância da queda
dos EUA no Afeganistão, que foi comparada, inclusive, à acachapante derrota no
Vietnã do Sul. Tal importância foi plenamente reconhecida por todas as forças
políticas dos EUA. Uma congressista republicana, Elise Stefanik, por exemplo,
tuitou: "Este é o Saigon de Joe Biden". E acrescentou: "Um
fracasso desastroso no cenário internacional que nunca será esquecido."<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*Economista,
30.08.21<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-78113926806926350912021-09-02T07:52:00.004-03:002021-09-02T07:52:39.301-03:00Cinco anos do golpe de Estado no Brasil<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">*José Álvaro de Lima Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No último
dia 31 de agosto se completaram exatos cinco anos de golpe de Estado no Brasil,
um golpe continuado, que teve no impeachment seu primeiro lance, mas seguiu com
a fraude eleitoral em 2018 e que continua destruindo direitos da população e a
soberania do país. O golpe findou uma etapa da história nacional, iniciada com
o pacto realizado ao final da ditadura militar, até 2016 com a farsa do
impeachment. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O golpe
colocou a classe trabalhadora brasileira, possivelmente, no seu momento mais duro
em toda a história, desde a Abolição da Escravatura, há 133 anos atrás. São centenas
de ações desde 2016 que vêm destruindo direitos e renda, como nunca tinha sido visto
no país. O golpe foi um crime de grandes proporções contra o Brasil e seu povo,
cujos efeitos estão em pleno desenvolvimento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O golpe teve
como momento crucial o impeachment da presidenta Dilma, mas obviamente não se
limita a ele, é um processo. As medidas que vieram depois do impeachment,
aliás, é que são as mais graves. O golpe define o nosso presente e o nosso
futuro. São centenas, possivelmente mais de mil medidas, objetivando: 1.destruiir
direitos; 2.tirar renda dos trabalhadores; 3.liquidar o pouco de soberania que o
Brasil possuía; 4. Roubar o País e fragilizar a economia brasileira.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com o
golpe, foram cometidos ataques em série contra o País e seu povo: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">a) Somente a Operação Lava Jato, montada nos Estados
Unidos, com o apoio de traidores tipo Sérgio Moro, fez o Brasil perder R$ 172,2
bilhões em investimentos e destruiu 4,4 milhões de empregos, entre 2014 e 2017;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">b) liquidaram o pouco que havia de democracia no País.
Vivemos sob uma ditadura, com assassinatos generalizados de camponeses pobres e
negros nas favelas. Vivemos também sob o risco de golpe militar aberto; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">c) causaram a maior recessão/estagnação da história do
Brasil com a perda de uma fábula em riqueza e milhões de empregos;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">d) liquidaram centenas de direitos trabalhistas e
sociais; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">e) estão desmontando a Previdência Social e a
Petrobrás;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">f) estão destruindo o mercado consumidor interno e a
indústria;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">g) a fome voltou com força no Brasil. São milhões de
brasileiros penando fome crônica e que não tem a quem apelar, já que o
empobrecimento da classe trabalhadora foi generalizado; <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">h) são quase 600 mil brasileiros mortos pela
Covid-19, (oficialmente). A maioria das mortes ocorridas foi por puro desleixo
e incompetência do governo; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">i) estão destruindo os serviços públicos à galope,
com inúmeras medidas, como a PEC 32.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Todas as
medidas dos golpistas são contra os Trabalhadores e os pobres, nenhumas delas
prejudica o Capital. Tem um aspecto crucial do golpe no Brasil: ele foi
coordenado pelos EUA, principal força na coalizão golpista. Essa águia
imperialista, para continuar na condição de potência, depende crescentemente
dos recursos naturais da América Latina e de outras regiões atrasadas do mundo.
Por esta razão não quer perder o controle político e econômico da Região. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Só iremos compreender as medidas que os
golpistas estão empurrando goela abaixo da população brasileira, se entendermos
que todas elas, sem exceção, visam solucionar a crise do capitalismo ao nível
internacional, aumentando o repasse, aos países imperialistas, de: petróleo,
água, minerais e territórios para instalação de bases militares (como em Alcântara,
no Maranhão). Além de outras formas de extorsão e exploração. A crise do
sistema capitalista internacional é muito grave e se manifesta em todos as dimensões,
como pudemos assistir na fragorosa derrota dos EUA no Afeganistão, há poucos dias.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As eleições
gerais de 2022, se acontecerem, por si só não irão resolver os problemas. Estes
só se revolverão com muita luta e determinação por parte da população. Independentemente
das nossas vontades, teremos muitas batalhas pela frente nos próximos anos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">*Economista<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>02.09.21<b><o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></b></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-41724736224990531982021-08-09T09:27:00.003-03:002021-08-09T09:27:21.651-03:00A Privataria nos Correios<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">José
Álvaro de Lima Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A Câmara
dos Deputados aprovou no dia 5 de julho o Projeto de Lei 591/21, do Poder
Executivo, que autoriza a exploração pela iniciativa privada de todos os
serviços postais e estabelece condições para privatização da Empresa Brasileira
de Correios e Telégrafos (ECT), conhecida popularmente como Correios. Atualmente,
a iniciativa privada participa do mercado dos serviços postais através de
franquias, com os preços tabelados pela ECT. Alguns serviços, como envio de
carta e telegrama, são monopólios dos Correios. Mas nos serviços de encomendas,
por exemplo, o setor privado já atua. Foi aprovado na Câmara Federal um
substitutivo que estabelece que o monopólio para carta e cartão postal,
telegrama e correspondência agrupada ficará com os Correios por mais cinco
anos, podendo o contrato de concessão estipular prazo superior. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
processo de privatização dos Correios é tão antinacional, que estão realizando a
privatização da empresa em “regime de urgência”. Eles têm que fazer o processo
a toque de caixa, sem nenhuma transparência. No meio de uma pandemia, onde o
Brasil passou à condição de epicentro, na maior crise econômica da história, se
apressam em entregar os Correios, a preços de banana, para o capital privado. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os
Correios são uma estatal bastante eficiente, guardados os limites das condições
em que funcionam as empresas públicas em países subdesenvolvidos. Estão presentes,
por exemplo, em todos os 5.570 municípios brasileiros. Além de entrega de
correspondência e produtos, presta vários serviços em suas agências, como a
emissão, regularização e alteração de CPF; emissão de certificado digital;
entrada no seguro por acidente de trânsito (DPVAT); distribuição de kit da TV
Digital e pagamento a aposentados de INSS. Presta também outros serviços, como emissão
de carteira de identidade, em alguns estados. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Apesar de
todo esse conjunto de serviços que os Correios oferecem, e sem apresentar prejuízos
financeiros, o governo federal insiste em fazer caixa imediato, ignorando o fundamental
atendimento à toda a população. O primeiro impacto a ser sentido será na
qualidade do atendimento, principalmente nas cidades do interior brasileiro. O
motivo é o fim do subsídio cruzado que permite que as cidades maiores, com
maior movimento nas agências dos Correios, mantenham abertas as agências das
cidades pequenas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Segundo os
especialistas no assunto a população dos grandes centros vai sentir mais a
privatização no valor do frete das mercadorias. Já a população das pequenas
cidades vai sentir duplamente, na demora da chegada das correspondências e
também no aumento dos preços. Atualmente, as empresas privadas de entregas de
mercadorias utilizam os serviços dos Correios para fazer chegar até a população
que mora em locais mais distantes, pacotes de encomendas. Nesse Brasil Continente,
os Correios levam dois ou três dias de barco, atravessando o Rio Amazonas para
levar a encomenda. As empresas, ao invés, de montar estrutura própria para fazer
isso diretamente, usam os serviços dos Correios, que sai bem mais barato.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As
empresas privadas não farão isso, em função da reduzida margem de lucros, nesse
tipo de atendimento. A consequência imediata será o aumento dos preços dos
serviços de correios para as empresas e para a população em geral. Mesmo com a
disseminação das compras via internet, os Correios continuaram ampliando o seu
papel. Os livros, os eletrodomésticos, e um conjunto grande de encomendas têm
que ser entregues. E os Correios fazem isso. Faz parte dos serviços da empresa
a entrega de livros didáticos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE), no início do período letivo, e das provas do Enem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A Companhia
vinha sendo preparada para ser privatizada desde o golpe de 2016. Recentemente
fecharam o Banco Postal, serviço através do qual era possível para os moradores
das pequenas cidades, onde não têm agências bancárias, nem lotéricas, fazerem
seus pagamentos, sem necessidade de ir a outra cidade. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os Correios atualmente tem 99 mil
trabalhadores, 23% a menos do que tinha em 2011. Ao mesmo tempo em que
reduziram o número de funcionários, ampliaram o atendimento, o que já começa a
precarizar os serviços prestados à população. Os atendentes do Banco Postal,
para não serem demitidos acabam aceitando a função de carteiros, e no final das
contas o prejuízo é da população, que demora mais em ser atendida nas agências.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Além de
prestar um bom serviço coletivo, os Correios não dependem de recursos do
Tesouro Nacional (é uma estatal independente). A Empresa tem dado lucro nos
últimos quatro anos, no ano passado este foi de R$ 818 milhões. Portanto não dá
para utilizar prejuízo financeiro como desculpa para privatizar. Além disso, não
há monopólio do serviço de encomendas no Brasil, e sim livre concorrência, com
várias empresas atuando.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quase 90% das lojas virtuais brasileiras
utilizam os serviços dos Correios. A maioria delas só usa os Correios, apesar
de existirem no mercado centenas de competidores no serviço de encomendas. Os
preços competitivos e a capilaridade dos serviços dos Correios constituem uma
das principais alavancas a favor dos pequenos empreendimentos de e-commerce no
Brasil, possibilitando que sejam feitas vendas para qualquer lugar do país ou
do mundo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
infraestrutura dos Correios, construída ao longo de mais de 350 anos, cobre o
país todo e funciona sistematicamente, integrando o território, e viabilizando
megaoperações com êxito, como são os casos emblemáticos da distribuição de
livros didáticos, do ENEM, do Seja Digital (distribuição de antenas digitais) e
tantos outros. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os Correios,
ao longo de sua história e, apesar das trapalhadas do Tesouro e do Ministério
da Fazenda, tem conseguido se manter sem depender de aportes do Governo
Federal. Segundo informações da Federação Nacional dos Trabalhadores em
Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect)</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold;">, em um conjunto
de 270 países, entre desenvolvidos e emergentes, apenas oito têm serviços dos correios
privatizados. Portugal e Alemanha, entre os oito, já começam a discutir a
reestatização do serviço. A Argentina reestatizou o serviço no governo de
Cristina Kirchner, após reclamações da população.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">s
Estados Unidos mantêm o serviço postal, o United States Postal Service (USPS), com
600 mil trabalhadores (seis vezes o número dos Correios). Grandes empresas
atuam na área de encomendas, sem concorrer em outros serviços prestados pela
estatal norte-americana. É o caso do pagamento do seguro-desemprego, que é
feito na estatal. Mas, à exemplo de todas as privatizações do governo
Bolsonaro, as razões das privatizações não são técnicas. O governo não está
privatizando os Correios para melhorar o serviço. Está privatizando justamente
porque os capitais privados estão de olho no quase um bilhão de lucros que a
companhia apresentou no ano passado. A privatizações dos Correios, já se sabe,
irá favorecer a grupos específicos. Grandes grupos e, possivelmente,
internacionais. Vai aumentar imediatamente a remessas de lucros para o exterior,
os grupos que adquirem os ativos são estrangeiros, não tem nenhum compromisso
com o pais. Obviamente remeterão os lucros para as suas matrizes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
exemplo das privatizações anteriores, a privatização dos Correios vai implicar
em mais demissões, e juntamente com as demais demissões, irá agravar a
concentração da renda, aumentar a pobreza e a miséria no país, impedindo também
o crescimento econômico e a criação de empregos etc. É um círculo vicioso
interminável. Esse jogo, é claro, não iremos resolver com diagnósticos (que são
necessários). Ele será resolvido é nas ruas, com a população em ação contra a
liquidação do Brasil. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*Economista. 09.08.21.<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-92094590978292803462021-08-02T17:03:00.003-03:002021-08-02T17:03:17.724-03:00 Os gemidos e ranger de dentes da indústria brasileira<p><b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"> *</span></b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%; text-align: justify;">José Álvaro de Lima Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><o:p> </o:p></span></b></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;">A Pesquisa Industrial Anual
(PIA) 2019, divulgada no dia 21 de julho pelo IBGE, mostra que, em 2019, o
setor mais produtivo da indústria foi o de petróleo e gás, e o segundo setor
foi o de produtos derivados de petróleo. Isto possibilita a geração dos
empregos que pagam alguns dos melhores salários da indústria. Não foi por acaso
que a principal motivação econômica do golpe de 2016 foi o petróleo. Na medida
em que os poços vão sendo vendidos para fundos de investimentos, estes liquidam
salários e benefícios, aumentando suas margens de lucratividade. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com base na elevada produtividade, o setor
pode gerar grandes investimentos, como ocorreu em 2013, ano em que a Petrobrás
investiu sozinha, o equivalente a R$ 150 bilhões em valores atuais. Esse era o
período em que apesar da Petrobrás ser uma espécie de ”nação amiga” (pois
respondia por 10% de todo o investimento no país), a mídia comercial, e o senso
comum, afirmavam que a empresa estava quebrada. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A participação do Brasil na produção
industrial mundial caiu de 1,24%, em 2018, para 1,19%, em 2019, atingindo o
piso da série histórica que começa em 1990. Apesar das perdas, o Brasil tinha conseguido
se manter entre os 10 maiores produtores no ranking mundial até 2014. Em 2019
recuou para a 16ª posição. Com a recessão econômica brasileira, entre 2014-2016
o ritmo de perda de relevância da indústria do País no mundo se intensificou.
Em 2014, o Brasil era o 10º maior produtor industrial do mundo, mas perdeu
posições a cada ano e em 2019, foi superado pela Espanha, caindo para a 16ª
posição. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A crise da indústria, que já vinha
ocorrendo de forma estrutural, desde a década de 1980, foi colocada em um
patamar mais profundo com o golpe, que foi também contra a indústria. Os
golpistas querem que o Brasil se torne em definitivo um mero vendedor de
matérias primas agrícolas e minerais para o mundo rico. Afinal de contas, neocolônia
não precisa de indústria. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O desempenho das exportações da indústria
de transformação brasileira no mundo também revela a perda de competitividade
do Brasil. A participação do Brasil nas exportações mundiais da indústria de
transformação chegou, em 2019, à cerca de 0,82%, igualando o menor percentual da
série histórica, registrado em 1999. A perda de relevância do Brasil nas
exportações mundiais da indústria de transformação ocorreu mesmo diante da
depreciação do real nos últimos anos, que deveria estimular exportações. Isso
não ocorreu, em função da gravidade da crise geral brasileira, incluindo a
crise política trazida pelo golpe. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A indústria brasileira é uma das que mais
apresentaram recuo no mundo em quase 50 anos. Levantamento encomendado pelo
Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), revela que o
setor no Brasil teve a terceira maior retração entre 30 países, desde o ano de 1970,
ficando atrás apenas de Austrália e Reino Unido. Os dados da pesquisa levam em
conta o resultado da produção industrial até 2017, de lá para cá o setor recuou
mais ainda. Nos dois países que apresentaram declínio na produção industrial
mais forte que a do Brasil (Austrália e Reino Unido) a renda da população
estava subindo quando a queda do desempenho da indústria começou a recuar em
relação ao PIB. Quando o peso da indústria em relação ao PIB cai porque as
famílias estão consumindo mais serviços, pode ser considerado uma trajetória
natural, verificada nos países ricos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas no Brasil ocorreu uma
desindustrialização prematura. A indústria começou a perder peso na estrutura
produtiva antes da renda da população subir. Nos últimos anos, inclusive, a
redução do peso da indústria no PIB, ocorre simultaneamente à queda da renda
per capita. Mas temos que considerar que a posição de países como EUA e Japão,
assim como a Europa, ocupam posições na divisão internacional do trabalho
diferentes da do Brasil. O desenvolvimento dos países imperialistas e dos
países pobres é de fato desigual e combinado. Ou seja, com a atual divisão
internacional do trabalho, nunca iremos atingir o patamar de vida que têm as
populações dos países ricos. A nossa pobreza está relacionada à riqueza deles. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Por exemplo, os EUA, para manter o padrão
de vida que mantém para uma parte da população - uma parte, apenas, já que o país
tem 50 milhões de pobres- precisa drenar riqueza do mundo todo. Os golpes
recentes na América latina estão relacionados a esse fenômeno. Um dos objetivos
dos EUA, ao coordenar esse, golpes, foi rapinar recursos dos países atrasados.
Petróleo no Brasil, lítio na Bolívia e assim por diante. Além das oportunidades
que aparecem com as privatizações (vejam o que está sendo a entrega da
Eletrobrás, um verdadeiro negócio da china para os países ricos, no qual a
companhia será oferecida por 10% ou 15% do seu valor, conforme previsões).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em geral, nos demais países onde houve
desindustrialização, a perda da participação da indústria no crescimento do
país continuou sendo acompanhada do crescimento do PIB per capita. A
desindustrialização do Brasil é precoce não só porque a indústria perdeu
participação muito cedo no produto, mas porque a renda per capita avançou muito
pouco. Nos países onde a indústria perdeu participação na produção de riqueza o
capital industrial se deslocou para setores dinâmicos dos serviços. São esses
países que investem pesadas somas na indústria 4.0, que integra diversas
tecnologias. Nos EUA, por exemplo, a indústria perde participação, mas os
segmentos que conseguem se manter são os de elevado desenvolvimento tecnológico,
que surfam nas inovações da indústria 4.0. As empresas que produziam
computadores, por exemplo, agregaram mais tecnologia e migraram para a área de softwares.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No Brasil, com um governo cujo projeto
nacional é de ser capacho dos países ricos, além de ser de economia
subdesenvolvida, a desindustrialização ocorre de forma anárquica, com grande
perda tecnológica. No Brasil cerca de dois terços da produção industrial é de
baixa ou média tecnologia, tem baixo dinamismo. Boa parte da indústria “aperta
ainda muito parafuso”. Os capitais que migram para serviços o fazem em serviços
de menor qualidade, muitas vezes na economia informal. É comum empresários
abandonarem a fabricação de determinado produto e passarem a importa-lo da
Ásia, especialmente China. Se o governo, por seu turno, tem projeto nacional
subalterno, não tem senso de preservação da indústria, a maioria do
empresariado nem sabe do que se trata. Quem duvidar disso, analise com calma a
posição dos empresários (de todos os tamanhos) sobre a destruição da Petrobrás
perseguida pelos golpistas de 2016. É de um desinteresse pelos destinos do
Brasil, que chega a estarrecer.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em 1980, o parque industrial brasileiro
correspondia a 4,11% da indústria mundial. A China, atual gigante industrial,
na época tinha uma participação de 1,65% e ultrapassou o Brasil ainda nos anos
1990. O caso da China é único e foi precedido de uma revolução popular, em
1949. É bastante diferente, claro, do brasileiro. No Brasil, há sete anos
consecutivos, desde a recessão iniciada em 2014, cai o número de indústrias no
território nacional. Segundo um levantamento da Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), entre 2015 e 2020 foram extintas
36,6 mil empresas industrias. O número equivale a quase 17 estabelecimentos
industriais liquidados todo dia.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;">Há seis anos, o País
tinha 384,7 mil estabelecimentos industriais, porém no final do ano passado, o
número tinha caído para 348,1 mil. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: +mj-ea; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A fatia da indústria da transformação no
PIB, de 11%, é o patamar mais baixo da série histórica iniciada em 1946 (75
anos atrás). </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;">O problema conjuntural, ligado à crise, e o
estrutural (desindustrialização), coincidem com um período no qual o mundo
atravessa a chamada Quarta Revolução Industrial. O Brasil precisaria estar
investindo bilhões em pesquisa e inovação industrial neste momento, procurando
pelo menos, congelar a histórica defasagem científico-técnica que tem o país em
relação aos países imperialistas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não será um governo de golpistas que irá
se preocupar com pesquisa e competividade da indústria brasileira. O orçamento
total previsto para o MCTI neste ano é de R$ 8,3 bilhões. Só que o valor destinado
a “despesas discricionárias” (ou seja, efetivamente disponível para pesquisa),
é de apenas R$ 2,7 bilhões, 15% a menos do que em 2020 e 58% a menos do que em
2015. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Além do mais, os terraplanistas que estão
no poder estão destruindo as universidades públicas, que é quem faz pesquisa e
inovação. No período mais recente, o país voltou a apresentar o fenômeno
chamado de “fuga de cérebros”, que é a transferência de estudiosos de ponta, em
todos os setores, para os países ricos. Ou seja, o Brasil gasta dinheiro
público para formar esses “cérebros” e quem se beneficia do retorno que eles
podem dar, após a maturidade científica, são os países ricos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estamos em meio ao que se chama de uma
“tempestade perfeita” com a pior crise dos últimos cem anos. Na indústria essa
tempestade perfeita se manifesta através da desindustrialização, desemprego,
precarização do trabalho, queda dos salários reais, internacionalização do
setor. Não sairemos dessa encalacrada sem gemidos e ranger de dentes. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormalCxSpMiddle" style="line-height: 150%; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; mso-add-space: auto; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: +mn-ea; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;">*Economista. 02.08.21.<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-48344062517420581092021-07-28T16:00:00.004-03:002021-07-28T16:00:24.689-03:00Indústria e a geopolítica do atraso<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span></b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;">*José Álvaro de Lima Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou na semana passada a
Pesquisa Industrial Anual (PIA) - 2019, divulgada desde 1996, que retrata de
forma profunda a situação da indústria nacional. A pesquisa reitera o que já sabíamos:
segue muito forte o processo de desindustrialização brasileiro. Considerando
toda a indústria (transformação + extrativista), temos uma participação do PIB
de 20,4%, muito menor do que já foi, inclusive no início da série histórica da
pesquisa, em 1996, quando a indústria pesava 25,6% no PIB. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Juntamente com outros dados, muito preocupantes, chama a atenção que, nas
indústrias extrativas, a extração de petróleo e gás natural quase quintuplicou
a mão de obra ocupada entre 2010 e 2019. Outro dado impressionante é o que o
setor de petróleo brasileiro é responsável pela maior produtividade de toda a
indústria. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Se tomarmos o conceito de produtividade
como: a razão entre o valor da transformação industrial e a quantidade de
pessoal ocupado na empresa, observaremos que, em 2019, cada trabalhador foi
responsável pela adição de R$ 8,58 milhões (em média), no valor gerado. Isso
representa 4.561% a mais do que a média da indústria em geral no Brasil. <span style="color: red;"><o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Essa
produtividade da indústria de petróleo e gás, apontada pela pesquisa do IBGE,
mostra a margem que o setor dispõe para geração dos empregos com melhores
salários. Revela também a lucratividade e a capacidade de investimento do setor
em máquinas, equipamentos e materiais de construção (chamada de formação bruta
de capital fixo). Não foi por acaso que a principal motivação econômica do
golpe de 2016 foi a apropriação da renda petroleira, que teria destinação para
Educação e Saúde, conforme definição da Lei de partilha, que tinha sido votada
em 2010. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Também não
foi por acaso que, dado o golpe, que uma das primeiras medidas encaminhadas por
Michel Temer foi o fim da referida Lei. Com uma produtividade desta magnitude,
muito própria do setor do petróleo, a Petrobrás era chamada, naquele período,
de “nação amiga”, já que patrocinava cerca de 10% de todo o investimento em Formação
Bruta de Capital Fixo (investimentos na produção) no Brasil. Em 2013, por
exemplo, a Petrobrás investiu sozinha o equivalente a R$ 150 bilhões em valores
atuais. Era nesse período, como extrema ironia da história, que a mídia
comercial, e o senso comum, repetiam o tempo todo que a empresa estava “quebrada”.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O setor de
petróleo no Brasil ilustra com riqueza o que é ser um trabalhador de um país atrasado
e dominado pelo imperialismo. O país dispõe de uma das maiores reservas de
petróleo no mundo, e é um grande produtor de petróleo, com produtividade no
setor, na magnitude descrita acima. Ao mesmo tempo a direção entreguista da
Petrobrás está vendendo as refinarias, para tornar o país apenas um exportador
de óleo cru e depender cada vez mais de importações de derivados de petróleo,
principalmente dos EUA. No outro lado, quantidades crescentes da população passam
fome de forma crônica. Quando a cotação do barril de petróleo aumenta
internacionalmente, quem lucra não é povo pobre e negro brasileiro, e sim os
almofadinhas da Bovespa e da Bolsa de Nova York.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
situação econômica e social do Brasil e da América Latina, nos conduz
diretamente para o tema da soberania nacional dos países subdesenvolvidos e periféricos.
Os países subdesenvolvidos de todo o mundo têm um inimigo comum que é o Imperialismo,
liderado pelos EUA. Na correlação de forças atual, nem mesmo a China consegue
se desenvolver sem estabelecer acordos com o imperialismo norte-americano, nem
que seja de forma tácita. A China tinha assinado, em 2015, vários acordos para
investimentos no Brasil, com contrapartidas, por exemplo no comércio bilateral.
Com a deposição da presidenta Dilma Roussef, a China perdeu uma porção desses negócios
já acertados com o governo brasileiro, porém praticamente se calou em relação
ao golpe. O mesmo ocorreu em relação aos demais golpes na América Latina. China,
e também Rússia, praticamente não se manifestaram. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Esses dois
países não dispõem de poder político, econômico e militar para atuar em favor
dos países latino-americanos, exceto através de algumas brechas. Por exemplo,
na venda de armamentos e consultoria de guerra para a Venezuela, como fez a Rússia.
Ou no envio de remédios e comida para Cuba, atitude tomada pelo mesmo país. O
poder do império pode ser também avaliado pela postura dos países em relação ao
bloqueio à Cuba, liderado pelos EUA. Claramente o bloqueio económico, comercial
e financeiro imposto pelo Governo dos Estados Unidos da América contra o país
caribenho por 60 anos, é um ato criminoso. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os EUA,
ao não se relacionar com Cuba e proibir que países aliados o façam, inviabiliza
o desenvolvimento econômico do país vizinho. O bloqueio representa uma violação
absoluta e contínua dos direitos humanos de toda a população de Cuba. Ao
impingir este tipo de restrição à Cuba, os Estados Unidos estão ignorando
dezenas de resoluções estabelecidas pela comunidade internacional na
Assembleia-Geral das Nações Unidas, cujos participantes pedem há décadas o fim
do bloqueio. Mas ninguém fala nada, incluindo China e Rússia que têm políticas relativamente
independentes. Ninguém quer enfrentar o império diretamente. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">*Economista<b> </b>28.07.21. <b><o:p></o:p></b></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-68715270731243803232021-07-21T11:57:00.004-03:002021-07-21T11:57:35.465-03:00A tenebrosa transação da Eletrobrás<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%;">*José Álvaro de Lima Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A Medida
Provisória (MP) que viabiliza a privatização da Eletrobrás, foi sancionada no
dia 13 de julho pelo executivo federal. A medida já tinha sido aprovada pela
Câmara no dia 21 de junho. Os vetos feitos à MP pelo governo, foram justamente os
de dispositivos que aliviariam um pouco os impactos da medida para os
trabalhadores: aspectos que mencionavam a aquisição de ações com descontos por
parte de funcionários, que proibiam de extinguir algumas companhias do grupo e a
cláusula que obrigava o governo a reaproveitar funcionários por um até um ano.
Ou seja, todos os vetos do governo federal foram para prejudicar ainda mais os
trabalhadores, como já se podia esperar. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As
empresas que comprarem a Eletrobrás não construirão nada e nem deverão
contratar ninguém. Pelo contrário, pegarão o patrimônio enxuto e com
investimentos feitos anteriormente como sempre ocorre nas privatizações. Na
conversão de empresa estatal para privada, o aumento automático da tarifa entra
limpo nos seus caixas, puro lucro. A promessa com a privatização do setor
(assim como acontece com as privatizações em geral) é que o Estado diminuiria a
dívida pública e ainda investiria mais em educação, saúde e segurança. Mas alguém
acredita nessa estória da carochinha? Um governo que está destruindo a educação
pública e sucateando o SUS, ao mesmo tempo em que mantém um orçamento secreto
para liberar verbas para os aliados no Congresso, irá expandir investimentos em
educação e saúde? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Há uma
relação direta entre privatizações e desnacionalização da economia. Segundo
estudo da Fundação Getúlio Vargas, após o golpe de 2016, houve mais de 15 operações
de fusões no setor elétrico, que somaram quase R$ 86,2 bilhões em valor de
empresa. Desse total, R$ 80,5 bilhões (mais de 93%) representaram aquisições em
que os compradores eram empresas estrangeiras. Ter um sistema
internacionalizado neste complexo setor de energia elétrica representa um
tremendo problema para o país. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica,
que regula o setor), para fiscalizar todo esse sistema continental, tem 300
funcionários (se ainda os tiver). Só a Agência Reguladora do Setor Elétrico dos
EUA tem 1.500 funcionários e cada estado do país tem uma agência do setor
elétrico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O governo
vai realizar a privatização da Eletrobras após uma série de investimentos
públicos no setor. Provavelmente, muitos dos investimentos que foram feitos em
estações e linhas vão aparecer pós-privatização como se fosse uma grande obra
do setor privado. Esse é um aspecto simplesmente inacreditável da privatização
no Brasil. A burguesia brasileira, e seus apaniguados, fazem, mais uma vez,
cortesia com o chapéu alheio. Os investimentos públicos realizados na
Eletrobras foram feitos com dinheiro do povo brasileiro, que, nas privatizações,
é torrado como se fosse pão velho. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Um dos problemas da internacionalização da
economia ocorre no balanço de pagamentos. Ao lado dos bancos, as empresas de
energia foram as que obtiveram mais lucros em anos anteriores. E, por serem, em
sua maioria, estrangeiras, todo o lucro é remetido ao país de origem das
empresas sem ser reinvestido no Brasil. Nosso grande potencial hídrico cobra
tarifas muito altas e drena todo esse lucro para fora do país. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ao
contrário do que ocorre no Brasil, Estados Unidos, China e Canadá mantêm o
domínio do setor elétrico. Nos EUA, a maior parte é controlada publicamente
pelo governo federal, em grande parte inclusive pelo próprio exército
americano. Naquele país o Corpo de Engenheiros do Exército é o maior operador
de energia elétrica, controlando as grandes barragens de John Day, The Dalles e
Bonneville. Na China, a estatal Three Gorges Corporation controla a maior
hidrelétrica do mundo, a Três Gargantas. No Canadá, o setor é controlado por
companhias dos governos provinciais, semelhantes aos governos estaduais
brasileiros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
Eletrobras tem 47 usinas hidrelétricas responsáveis por 52% de toda a água
armazenada no Brasil e 70% dessa água são utilizados na irrigação da
agricultura. Imaginem tudo isso nas mãos de uma empresa privada, provavelmente
estrangeira, que só se interessa pelo lucro? Uma usina hidrelétrica jamais
deveria ser privada porque ela tem a “chave do rio”. Ela armazena água para que
em época de seca, como agora, tenha como transformar a água em energia. Mas
cada gota utilizada na transformação da água em energia é uma gota a menos para
o abastecimento.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A privatização da Eletrobras, além de
provocar demissões no próprio grupo, vai impactar também os empregos de
trabalhadores de outras áreas (por exemplo, turismo) que dependem de atividades
na água, já que as hidrelétricas definem o fluxo de muitos rios. Imagine isso
na mão de empresas privadas estrangeiras? Onde acontece a privatização de
empresa pública de energia elétrica, é garantido que vem o aumento de preços. O
consumidor não vai ter alternativa, e sem garantias de uma prestação de serviço
de qualidade, sem garantia de investimentos das empresas privadas, haverá
apagões energéticos no futuro. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como a
desgraça sempre vem acompanhada, governo e congresso encaminham a privatização
da Eletrobrás durante a mais grave crise hídrica da história do país. O ONS (Operador
nacional do Sistema Elétrico) vem <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>registrando sucessivos recordes históricos de
níveis críticos na quantidade de chuvas sobre os principais reservatórios desde
setembro de 2020, quando começou a última temporada hidrológica úmida nas
principais bacias do país. Segundo as informações, no ano passado e neste,
alguns meses registraram as piores frequências de chuvas de que se tinha
conhecimento até hoje, numa referência que remonta ao ano de 1931. Simulações realizadas
pela ANEEL, confirmam uma previsão de grande severidade hidrológica no segundo
semestre de 2021. A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA)
declarou situação crítica de escassez de recursos hídricos na bacia do rio
Paraná, uma das mais importantes do país. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em situações
normais, entregar para a iniciativa privada um patrimônio estratégico como a
Eletrobrás já seria criminoso. Imagina quando isso é encaminhado pelo pior
governo da história, que provocou a morte de milhares de brasileiros por
descaso, acusado de montar um balcão de negócios para ganhar propina com a
intermediação de vacinas? E isso tudo em meio à maior crise hídrica da
história? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como se
tudo isso fosse pouco, o governo espera arrecadar com a venda da Eletrobrás,
holding que detém o controle acionário das estatais federais de energia
elétrica, algo em torno de R$ 60 bilhões. Estimativas confiáveis avaliam o
patrimônio da empresa<b> </b>em quase R$ 400 bilhões. Somente em 2018, 2019 e
2020 gerou lucros líquidos de R$ 31 bilhões, mais da metade do valor que o
governo estima arrecadar com a privatização. Alguém, além dos bilionários que
irão adquirir esse patrimônio a preço de banana, poderia estar de acordo com
uma transação tenebrosa como essa?<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">*Economista
21.07.2021<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-15929266713313434292021-07-20T11:07:00.004-03:002021-07-20T11:07:46.736-03:00Um povo alicerçado na dignidade<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"> </span></b><b style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">*</span></b><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%; text-align: justify;">José Álvaro de Lima Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Milhares
de cubanos se manifestaram no domingo (11), contra a falta de alimentos e
remédios, acontecimento que teve grande repercussão na mídia internacional. O
país atravessa há anos um criminoso embargo econômico liderado pelos EUA, que
dificulta muito o funcionamento normal da economia e o atendimento das
necessidades básicas do povo cubano. Os manifestantes reclamaram da falta de
liberdade e da piora da situação socioeconômica. Muitos reivindicavam a
renúncia do presidente Miguel Díaz-Canel. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ao que se
teve notícia morreu uma pessoa na manifestação em Cuba, acontecimento com
grande repercussão na mídia comercial. Curiosamente, no mesmo período, houve
protestos e manifestações contra o governo na África do Sul, que até dia 15 de
julho já havia provocado a morte de 217 pessoas, 2.203 presos e a mobilização
de mais de 10 mil soldados, incluindo reservistas convocados para reprimir as
manifestações. No entanto, as manifestações cubanas foram mais divulgadas que as
ocorridas na África do Sul, muito mais relevantes do ponto de vista
jornalístico. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Ainda
que as informações sobre Cuba sejam escassas e venham sempre muito deturpadas, é
certo que as brutais sanções comerciais dos Estados Unidos tornam a vida do
povo cubano muito difícil. As sanções, que sempre foram muito duras, pioraram
bastante durante o governo Trump. Até o momento não há sinais que de que o
governo Joe Biden irá suspender as referidas sanções. Pelo contrário, segundo
informações do governo cubano, o governo de Biden, além de manter o bloqueio,
vem destinando milhões de dólares para o financiamento da subversão do regime
cubano. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Há fortes
indicações de que, novamente, os protestos contaram com coordenação a partir de
grupos localizados nos EUA. Mas tais grupos tiveram uma resposta imediata do
povo cubano que saiu às ruas para defender as conquistas da Revolução na saúde,
segurança alimentar, educação e outros, que têm sido mantidas à duríssimas
penas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>No
Brasil, impressiona o alinhamento da grande mídia com as posições dos EUA.
Divulgados os acontecimentos em Cuba, a imprensa comercial saiu imediatamente
em defesa das posições dos Estados Unidos. A imprensa, e outros setores
conservadores, se apressam em concordar com as intervenções dos EUA, país que
financia as manifestações dos chamados gusanos. Para estes segmentos o atual </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">regime
político cubano deve ser eliminado e substituído por um regime capitalista subordinado
ao imperialismo internacional. Não deixa de ser curioso que o grupo que apoiou
o golpe de 2016 e ajudou a eleger Bolsonaro no Brasil, critique a suposta falta
de democracia em Cuba. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Algumas análises registram que, nas
manifestações recentes não haviam somente os agentes patrocinados pelos EUA
para sabotar o regime cubano, conhecidos em Cuba como “gusanos”. É muito
possível que seja mesmo verdade, já que as consequências do bloqueio económico,
comercial e financeiro imposto pelo Governo dos Estados Unidos da América
contra o país caribenho por 60 anos, são terríveis. Esse bloqueio, que tinha
sido em parte aliviado por Obama, foi gravemente aprofundado por Donald Trump
em 2017, através do “Memorando Presidencial de Segurança Nacional sobre o
Fortalecimento da Política dos Estados Unidos para com Cuba”. Com a nova
orientação Trump recrudesceu o bloqueio contra Cuba e revogou algumas medidas
do antecessor, que haviam aliviado alguns aspectos do bloqueio, especialmente
relativos à viagens e comércio. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O bloqueio contra Cuba continua duríssimo
e é admirável que o Império precise colocar milhões de dólares todo ano para
tentar desestabilizar o regime cubano. Algumas das medidas que aliviavam o
embargo, anunciadas por Barack Obama, na prática ficaram só no papel, nunca
foram concretizadas. Ao que se sabe, este foi o caso da permissão dada à Cuba,
em março de 2016, que permitia o país utilizar o dólar estadunidense nas suas
transações internacionais e possibilitava que bancos estadunidenses oferecessem
créditos aos importadores cubanos para adquirir produtos estadunidenses
autorizados. Ao que se sabe, Cuba jamais conseguiu utilizar esta nova
regulamentação e fazer qualquer operação internacional utilizando dólares. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As
medidas adotadas pelos EUA contra Cuba, assim como a retórica agressiva, levam
a que empresas e países no mundo inteiro fiquem temerosos de relacionarem-se
com Cuba. Os prejuízos econômicos acumulados pelo bloqueio, em seis décadas de
duração, são praticamente incalculáveis (mas o governo cubano tem cálculos
sobre isso). Os EUA, ao não se relacionar com Cuba e proibir que países aliados
o façam, inviabiliza o desenvolvimento econômico do país vizinho. O bloqueio representa
uma violação absoluta e contínua dos direitos humanos de toda a população de
Cuba. Ao impingir este tipo de restrição à Cuba, os Estados Unidos estão
ignorando dezenas de resoluções estabelecidas pela comunidade internacional na
Assembleia-Geral das Nações Unidas, cujos participantes pedem há décadas o fim
do bloqueio. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É ilusão achar que o governo Biden irá
mudar a política dos EUA em relação à Ilha de Cuba. <span style="mso-bidi-font-weight: bold;">A linha da política internacional de Biden, pode ser medida pela
indicação que fez para diretor da Agência Central de Inteligência (CIA),
William Burns. Burns afirmou a um comitê do Senado que vê a competição com a
China, e a contraposição à sua liderança "antagonista e predatória",
como essencial para a segurança nacional norte-americana. Disse ainda:
"Superar a China será essencial para nossa segurança nacional nos dias à
frente". Para ele, embora os Estados Unidos possam cooperar com a China em
questões fundamentais, como a não proliferação de armas nucleares, o gigante
asiático é um "adversário formidável e autoritário". Recentemente
William J. Burns, teve uma reunião com Bolsonaro, não prevista na agenda
oficial, o que revela o tipo de alinhamento que Biden pretende manter na
região. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quem
conhece o <i style="mso-bidi-font-style: normal;">modus operandi</i> dos EUA no
mundo todo, sabe o que significam as manifestações em Cuba. Recentemente, nós
brasileiros pudemos sentir na carne, como funciona na prática essa forma de
operar do governo estadunidense. A Lava Jato foi uma operação montada fora do
pais, com a coordenação decisiva dos EUA, para perpetrar o golpe de 2016. Toda
a operação nada tinha a ver com combate à corrupção, mas foi uma tramoia dos
EUA visando dar as cartas da política no país e atingir seus objetivos
econômicos e políticos. O que se sabe é que os Estados Unidos para continuar na
condição de potência, depende crescentemente dos recursos naturais da América
Latina e, por esta razão, não quer perder o controle político e econômico da
Região. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os EUA
fazem qualquer coisa para preservar o seu poderio econômico e político. <span style="mso-bidi-font-style: italic;">Os procedimentos ilegais utilizados na
operação Lava Jato, prisões arbitrárias, vazamento seletivo de delações de
criminosos, desrespeito aos princípios mais elementares da democracia (como a
presunção de inocência), e a mobilização da opinião pública contra pessoas
delatadas, são técnicas largamente utilizadas pela CIA em golpes e sabotagens
mundo afora. Cuba conhece muito bem esta forma de agir, desde sempre. </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Cuba representa uma lição para todo o
mundo, de luta sem tréguas pela soberania e dignidade. Há muito anos, o povo cubano
começou a trabalhar por sua libertação do jugo colonial e, posteriormente, da
dominação imperial. As lutas populares e revolucionárias do povo cubano vêm de
longe, num tempo estimado em mais ou menos 150 anos. Sem fazer esforço, vemos
as muitas qualidades do povo cubano. Mas penso que a que mais se destaca é a
coragem. Coragem para sair da condição de “prostíbulo” da burguesia
estadunidense, para a condição de uma nação admirável, que resolveu os
principais problemas do seu povo, e que, apesar de ser um país muito pequeno,
auxilia, sem pedir nada em troca, populações do mundo todo, principalmente na
área de saúde e qualidade de vida. Seja com o envio de abnegados profissionais
da saúde, seja com o desenvolvimento de pesquisas fundamentais na área de biotecnologia.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;">Em relação à Cuba o problema não é tanto econômico,
dado o pequeno volume de riqueza mobilizada pelo país, em relação ao Império
vizinho. O problema é que a valentia, determinação e honradez do povo cubano
são um péssimo exemplo para os povos de todo o mundo, especialmente os latino
americanos. <o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-style: italic; mso-bidi-font-weight: bold;">*Economista, 19.07.2021</span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-74236105258193721332021-07-14T14:19:00.004-03:002021-07-14T14:19:52.003-03:00O assalto à Eletrobrás<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: center;"><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%; text-align: justify;">*José Álvaro de Lima Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A Medida
Provisória (MP) que viabiliza a privatização da Eletrobrás, foi sancionada no
dia 13 de julho pelo executivo federal. A medida tinha sido aprovada pela
Câmara no dia 21 de junho. Os vetos feitos à MP pelo governo, foram justamente os
que aliviariam um pouco os impactos da medida para os trabalhadores: aspectos
que mencionavam a aquisição de ações com descontos por parte de funcionários, que
proibiam de extinguir algumas companhias do grupo e a cláusula que obrigava o
governo a reaproveitar funcionários por um até um ano. Ou seja, todas os vetos do
governo federal foram para prejudicar ainda mais os trabalhadores (até aqui, sem
surpresas). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Da
proposta que veio do Congresso, Bolsonaro vetou, por exemplo, o trecho que proibia
a extinção, da incorporação, da fusão ou da mudança de domicílio estadual, por
dez anos, das subsidiárias Chesf (PE), Furnas (RJ), Eletronorte (DF), e CGT
Eletrosul (SC). Também nenhuma surpresa, todo poder aos capitalistas que
adquirirem o grupo. A MP é tão controversa que não unifica nem os golpistas de
2016: parte deles entrou com uma ADIN (Ação Direta de Inconstitucionalidade),
tentando impedir que a lei entre em vigor. As acusações desse segmento ao
governo, inclusive, são bastante graves, como o de conceder benefícios
localizados a determinados grupos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As medidas
provisórias começaram a vigorar assim que publicadas no "Diário Oficial da
União". Mas necessitam ser aprovadas pelo Congresso Nacional em até 120
dias para se tornar leis permanentes.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
modelo de privatização que irá ser aplicado para a Eletrobrás é o de capitalização,
na qual são emitidas ações de forma a diminuir a participação da União no
controle da empresa. Atualmente o governo é dono de 60% das ações da Eletrobrás
e a intenção é reduzir esse percentual para 45%. Planejam privatizar até
fevereiro do ano que vem. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A Eletrobrás começou a ser fatiada e vendida já
durante o governo do golpista Temer (2016-2018). Os apagões ocorridos no Amapá
no ano passado trouxeram para o debate a tragédia que significa a privatização,
sob todos os pontos de vistas: risco à soberania nacional, <a href="https://www.brasildefato.com.br/2020/11/11/amapa-completa-8-dias-de-caos-falha-no-rodizio-de-energia-protestos-e-inseguranca" target="_blank">aumento do custo da energia</a> e piora na qualidade dos
serviços. É isto o que se observa no Brasil, na privatização desde o governo
Collor de Mello: piora no serviço, com simultâneo aumento do custo para o
consumidor. A privatização do setor elétrico no Brasil é sinônimo de apagão. No
início dos anos 2000, o período de maior avanço na privatização no setor, no
governo Fernando Henrique Cardoso (FHC), o país sofreu um apagão que atingiu
todo o território e implicou no racionamento de energia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As privatizações do setor elétrico são
acompanhadas, inevitavelmente, de demissão em massa, precarização do serviço
e das questões relacionadas à segurança e saúde do trabalhador. E,
principalmente prejuízos para a população, porque o <a href="https://www.brasildefato.com.br/2019/11/21/venda-da-eletrobras-deve-elevar-contas-de-luz-em-20-estimam-especialistas" target="_blank">histórico das privatizações</a> no Brasil é de
precarização nos serviços e aumento da tarifa. O setor elétrico
brasileiro já é majoritariamente privado. A grande maioria das distribuidoras
de energia elétrica, que são aquelas que vendem energia para o cidadão, são privadas.
O país tem seis distribuidoras de energia estatais hoje, entre mais de 50 no
total. <a href="https://www.brasildefato.com.br/2020/11/05/senador-cobra-apuracao-sobre-blecaute-no-amapa-quem-vai-pagar-por-isso" target="_blank">O restante são todas da iniciativa privada</a>. Parte do parque
gerador já é privada, parte do sistema de transmissão também.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nós
brasileiros mais velhos temos a vantagem de já ter visto esse filme, pois as
privatizações começaram no governo Collor. Os prejuízos são de várias
naturezas, a começar pela perda de segurança enérgica do país. O Brasil é
um país subdesenvolvido que precisa aumentar bastante o uso de energia elétrica
comparativamente aos países desenvolvidos. O país precisa muito ampliar a
oferta de energia elétrica para se desenvolver e se reindustrializar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A iniciativa privada no Brasil não investe na
expansão do sistema, quer apenas ganhar dinheiro em cima da capacidade já
instalada. As grandes obras do país, em qualquer área, sempre foram realizadas
com a coordenação e financiamento do Estado. Todo o processo de
industrialização no Brasil teve a liderança do Estado, que definiu os rumos e
botou dinheiro no negócio. No setor elétrico, este processo teve a participação
decisiva das estatais, principalmente da Eletrobrás. A experiência da
privatização no governo FHC é fundamental. Enfrentamos apagão porque <a href="https://www.brasildefato.com.br/2020/11/11/amapa-completa-8-dias-de-caos-falha-no-rodizio-de-energia-protestos-e-inseguranca" target="_blank">a iniciativa privada simplesmente não investiu.</a> E com
um detalhe: como se tratava de um governo empregado do imperialismo, a Eletrobrás
foi proibida de investir. A experiência brasileira é de que a privatização
acaba com a segurança energética da população, como estamos vendo em algumas
partes do país (o caso do Amapá). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>País
nenhum do mundo, que se pretenda soberano, entrega o controle do seu sistema
elétrico para a iniciativa privada. No nosso caso, as empresas que compram os
ativos públicos, são principalmente estrangeiras. Isso realmente é um atentado
muito grande à soberania, além de total falta de projeto nacional de
desenvolvimento. As empresas privadas, para ter o máximo de lucro mantêm
equipamentos de péssima qualidade e para não gastar com manutenção, trabalham
com equipes reduzidas, super exploradas, sem treinamento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Energia
elétrica não é um produto qualquer. Um dos fundamentos da sustentabilidade
econômica de um país é a sua capacidade de prover logística e energia para o
desenvolvimento da produção, com segurança e em condições competitivas e
ambientalmente sustentáveis. Sem energia, não existe nação. Certamente não é
por acaso que os golpes de Estado na América Latina têm sido perpetrados também
para apropriação das fontes de matérias-primas, como o do Brasil, que teve como
principal motivação econômica, o petróleo. Vimos isso no Brasil, com o
Petróleo, na Bolívia, em 2019, com o lítio, e assim em todos os golpes, antigos
e os mais recentes.<b> <o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
processo de privatização de setores estratégicos, especialmente em um momento
como este de grande crise internacional, é uma grande empulhação da população. A
esmagadora maioria da população é enganada, vimos isso na criminosa
privatização do governo FHC. Se gastou uma fábula de dinheiro público para
fazer propaganda contra as estatais e enganar o povo. Quem resistiu e (perdeu)
foram os trabalhadores organizados e a população.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Historicamente, o setor elétrico brasileiro
foi explorado principalmente por concessionárias de geração, transmissão e
distribuição controladas pelo Governo Federal. Mas nas últimas décadas,
diversas medidas foram adotadas para reformular esse setor, em geral, em duas
direções: a) privatizar e b) eliminar restrições aos investimentos estrangeiros
(isso vem desde Collor com a intensificação das políticas neoliberais). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></b><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">Privatização
e abertura para o estrangeiro, especialmente em um momento como este de crise e
de depreciação do preço dos ativos, é coisa de país subdesenvolvido, cuja
economia está a serviço dos países imperialistas. Não se vê EUA, Alemanha, ou
China abrirem esse setor para o estrangeiro. Nos EUA boa parte do setor
elétrico é, inclusive, controlado pelas forças armadas. A tendência no mundo
inclusive, no que se refere ao conjunto da economia, é de reestatização dos
setores (foram quase 900 reestatizações entre 2009 e 2018). Como o Brasil é um
país semicolonial (depois do golpe, isso piorou) há uma grande subserviência
aos capitais internacionais, como se eles fossem resolver o problema do Brasil.
<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
Eletrobrás, possui entre suas 47 hidrelétricas as melhores geradoras de energia
do país, incluindo as de Tucuruí e as da Bacia do São Francisco. A Companhia é
responsável por 28% da geração de energia no país e 43% da transmissão. Possui
71.000 Km de linhas de transmissão de energia, o que corresponde à praticamente
a metade da extensão dessa rede em nosso país. Atua nos segmentos de geração e
transmissão, mas não tem distribuidoras. Tudo o que produz é para ser vendido a
quem vai colocar a energia dentro das casas das pessoas e cobrar por esse
serviço. Com a privatização, vão entregar de bandeja uma empresa com essas
qualidades para o capital internacional, que vem usufruir de um investimento de
bilhões e bilhões, realizado com dinheiro do povo. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os
grandes capitalistas e seus comparsas, que irão adquirir as ações da Companhia
não pregam prego sem estopa. Saquear as empresas com alta rentabilidade, é uma
lei dos processos de privataria em todo o mundo. O governo prevê que todo o
processo de privatização da Eletrobrás, holding que detém o controle acionário
das estatais federais de energia elétrica, vá gerar algo em torno de R$ 60
bilhões. A Companhia é a mais eficiente do setor elétrico nacional, e a maior
empresa de energia elétrica da América Latina, respondendo por 30% da geração e
50% da transmissão de energia no país. Estimativas confiáveis avaliam o patrimônio
da empresa<b> </b>em um patamar de quase R$ 400 bilhões. Somente em 2018, 2019
e 2020 gerou lucros líquidos de R$ 31 bilhões, mais da metade do valor que o
governo estima arrecadar com a privatização. Se esse processo não for um roubo,
descarado e legalizado, o que mais poderia ser chamado assim no Brasil? <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>*Economista. 14.07.21.<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-40168753782099381612021-07-13T10:04:00.004-03:002021-07-13T10:04:23.367-03:00Organização sindical, a melhor ferramenta contra o fascismo e a destruição dos direitos<p> <span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 150%; text-align: justify;"> </span><span style="font-family: Arial, sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 150%; text-align: justify;">*José
Álvaro de Lima Cardoso</span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Recentemente o Escritório Regional do
DIEESE em Santa Catarina realizou uma pesquisa, muito simples, com o objetivo de
obter insumos para um seminário sobre sindicalização que realizou em
fevereiro/20. Indagados sobre “quais as principais dificuldades para desenvolver
o trabalho de sindicalização”, os dirigentes e assessores sindicais deram as
seguintes respostas: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">1.Prevalece
na sociedade a hegemonia de ideias como: valorização do individualismo,
competição, culto à meritocracia, ambição sem limites;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">2.Por
outro lado, há uma desqualificação de ideias como: solidariedade, cooperação,
união, luta coletiva e inclusão;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">3.Há
uma grande desqualificação dos sindicatos, construída sistematicamente pela
mídia e pelos patrões;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">4.Trabalhadores
em geral têm dificuldades em enxergar a importância que tem o sindicato;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">5.Trabalhadores
em geral acham que resolvem seus problemas individualmente, sem a ajuda do
sindicato ou outras formas de organização coletiva;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">6.Há
dificuldades (de várias ordens) dos dirigentes estarem na base e conversar com
o trabalhador;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">7.Textos
e outros materiais divulgados pelo sindicato não são lidos pela maioria dos
trabalhadores;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">8.A
elevadíssima rotatividade do trabalho no país atrapalha muito a sindicalização
(filia hoje, e o trabalhador é demitido amanhã)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">9.Trabalhador
não quer nem parar para ouvir os argumentos dos sindicalistas,
independentemente do assunto;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">10.A vida
duríssima do trabalhador, somado a baixos salários, dificulta que ele pare para
refletir sobre questões de importância vital; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">11.Trabalhador
não pode conversar no horário de expediente (seja pelo ritmo de trabalho, seja
porque é proibido);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">12.Trabalhador
quer vantagens de caráter assistencialista, as quais o sindicato não consegue
oferecer, por limitações financeiras;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">13.Há
por parte de uma parcela de trabalhadores o entendimento de que sindicato é
lugar de gente folgada que recebe para não fazer nada;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">14.Há
um elevado número de jovens na categoria, que desconhece a história das
conquistas dos direitos. Ou seja, pensa que direitos “caíram do céu”, ao invés
de serem frutos de décadas de muita luta;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">15.Há
grandes dificuldades em explicar a importância do Sindicato e da Convenção Coletiva
do Trabalho (CCT) para o trabalhador, em função de variada gama de dificuldades
(trabalhador não tem paciência de ouvir, sindicalista tem limitações de
convencimento, etc.);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">16.Mobilização
de baixa intensidade entre os trabalhadores dificulta trabalho de
sindicalização;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">17.Há
por parte dos dirigentes, muitas vezes, um conhecimento superficial, ou
insuficiente, da realidade dos trabalhadores de sua base; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">18.Dirigentes
sindicais, normalmente, não são preparados (“treinados”) para o trabalho de
sindicalização;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">19.Há
uma subutilização das ferramentas e canais institucionais de relação e de comunicação
com os trabalhadores de uma forma geral (inclusive com os sócios do sindicato);<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">20.Baixa
capacidade de gestão impede realizar campanha de sindicalização, que exige
governança de qualidade; <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">21.
Baixa capacidade de gestão, por sua vez, está relacionada a uma série de
problemas (falta de pessoal, falta de preparação, falta de $$$, falta de
priorização, etc.). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Apesar das colossais dificuldades, o fato
incontestável é que no processo de reconstrução do Brasil, que precisará ser
realizado nos próximos anos, as organizações sindicais (que sobreviverem) serão
ainda mais fundamentais. Não conseguiremos enfrentar este turbilhão de desafios
de forma isolada, pois desemprego, fome, falta de perspectivas, não podem ser
vencidos de forma individual. Esses problemas só conseguirão ser combatidos de
forma eficaz através da organização coletiva, principalmente a sindical, que
atua na esfera econômica, que é a fundamental. O isolamento e a fragmentação da
luta só interessam aos inimigos da classe trabalhadora (que, com o golpe, saíram
do armário, mais autoconfiantes que nunca). <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É verdade que raramente houve esforços
sistemáticos, por parte da maioria das entidades sindicais, para mostrar que as
conquistas obtidas pelos trabalhadores ao longo da história são fruto de
sangue, suor e lágrimas. Se não se procura mostrar didaticamente aos
beneficiários, que as conquistas são fruto de processos políticos específicos,
as pessoas não têm como saber e não valorizam os direitos conquistados. É como
se estes estivessem escritos em pedra nas santas escrituras. Isso é muito grave,
se considerarmos o fato de que a comunicação no Brasil é dominada por um
sistema oligopolista de mídia, conservador, antissindical, e, inclusive,
extremamente subserviente aos interesses externos. Não podemos depender da
imprensa de quem nos explora e oprime. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Quem conhece minimamente a história, sabe
que, sem organização dos trabalhadores através de sindicatos, não haveria
regulamentação da jornada de trabalho, salário mínimo, seguro desemprego,
sistema público de saúde, previdência e demais conquistas sociais. Tudo isso
foi obtido à duríssimas penas ao longo da história mundial do trabalho. Os que
perpetraram o golpe entendem isso perfeitamente, razão pela qual estão bombardeando
ações, desde 2016, que visam destruir as entidades sindicais. Podem analisar
com o auxílio de uma lupa: 100% das centenas de medidas são em defesa do
Capital, eles não procuram nem disfarçar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A organização sindical é a melhor
ferramenta dos trabalhadores brasileiros contra o fascismo, contra o processo
de pilhagem do pais, contra a destruição dos direitos trabalhistas e a educação
pública. É a melhor ferramenta também contra a entrega das reservas de
petróleo, o massacre da população pobre, dos índios e quilombolas, dos negros.
Nesse momento, a organização e a luta são as melhores ferramentas também contra
a destruição do Brasil enquanto nação soberana, que, no fundo, é o que está em
jogo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;">*Economista.
<span class="Ttulo1Char"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-weight: normal; line-height: 107%; mso-ansi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: Calibri;">13.07.2021</span></span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><o:p></o:p></b></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 107%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-90275706978501920812021-07-06T10:13:00.002-03:002021-07-06T10:13:21.619-03:00Movimento sindical em meio ao temporal<p> </p><p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: center;"><b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;">Movimento
sindical em meio ao temporal<o:p></o:p></span></b></p>
<p align="center" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: center;"><b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;">*José Álvaro de Lima
Cardoso<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></b><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;">De 2012 a 2019 os
sindicatos perderam 3,8 milhões de filiados no Brasil, segundo dados da PNAD
Contínua/IBGE, divulgados no dia 26 de agosto. Em 2019, das 94,6 milhões de
pessoas ocupadas no país, 11,2% ou 10,6 milhões de profissionais estavam
associados a sindicatos. Em 2012, 16,1% da população ocupada era sindicalizada
ou 14,4 milhões de profissionais. Na condição de primeira e mais importante
linha de defesa do trabalhador, os sindicatos se movem, historicamente, sob
violento fogo cerrado. Além dos ataques patronais, há inúmeras outras dificuldades
no trabalho de sindicalização e de arregimentação de pessoas para o trabalho
coletivo. No mundo todo há uma mobilização dos trabalhadores que pode ser
considerada de baixa intensidade, que impacta bastante o trabalho de
sindicalização e ação geral do sindicato. Essa é uma situação que começa a
mudar, conforme podemos observar pela movimentação na América do Sul (Chile,
Bolívia, Peru, Colômbia, Brasil, etc.). Mas, por enquanto os sindicatos estão
sendo obrigados a “remar contra a correnteza”. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
sistemática desqualificação dos sindicatos feita através da mídia comercial,
empresas, instituições em geral torna muito difícil os trabalhadores enxergarem
a importância que exerce o sindicato nas suas vidas. É complicado o trabalhador
comum entender que a existência do salário mínimo é uma conquista fundamental,
numa sociedade na qual quase 60% da população vive com renda domiciliar <i style="mso-bidi-font-style: normal;">per capita</i> igual ou inferior ao valor do
salário mínimo, e 43,1 milhões de pessoas, 20,6% da população, vivem em uma situação
de insegurança alimentar. A conquista do salário mínimo, que se estende, direta
ou indiretamente, a 70% da população, é fruto de décadas de lutas organizadas
dos trabalhadores. Ou seja, da luta sindical.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A cultura de valorização do individual,
tão cultivada na sociedade, leva os trabalhadores em geral a achar que
conseguem resolver seus problemas solitariamente, sem a ajuda do sindicato ou
de outras formas de organização coletiva. Uma parcela dos trabalhadores imagina
que se trabalhar muito mais do que a média conseguirá ser reconhecida pela
empresa e subir profissionalmente, sem precisar da ação coletiva do sindicato.
E isso é verdade. O problema é que a fórmula funciona para um trabalhador em
cada mil. Analisado o problema de perto, veremos que todos os direitos
existentes são frutos das lutas coletivas dos trabalhadores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Outro problema importantíssimo no
trabalho sindical é a elevadíssima rotatividade do trabalho no país. Existem
categorias nas quais a taxa de rotatividade é mais do que 100%, ou seja, são
admitidos e contratados um número de trabalhadores superior ao número total de
trabalhadores no setor. Além disso, aumentam as dificuldades de os dirigentes
estarem na sua base sindical e conversarem com os trabalhadores. Há poucos dirigentes
liberados, especialmente no setor privado. O trabalhador “comum”, em geral, não
quer ser sindicalista, dado o nível de adversidades que a função enfrenta,
incluindo a possibilidade de ficar “amaldiçoado” no setor e não conseguir mais
se reempregar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É
certo também que a vida duríssima do trabalhador (desemprego, baixos salários,
péssimas condições de trabalho, etc.), dificulta que ele pare para refletir
sobre questões de importância vital. A situação é tão desfavorável que o
trabalhador nem quer parar para ouvir os argumentos dos sindicalistas,
independentemente do assunto. Dessa forma, textos e materiais em geral
produzidos pelo sindicato não são lidos pela maioria dos trabalhadores. Ou por
falta de tempo, medo, desinteresse, falta de curiosidade, etc. Também o assédio
moral e a superexploração dificultam muito o trabalho do sindicato.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O trabalhador, pressionado pelo conjunto
de dificuldades (e, neste momento, em franco processo de perda de renda),
muitas vezes espera do sindicato vantagens de caráter assistencialista, as
quais a entidade não consegue oferecer, por crescentes limitações financeiras.
É certo que o assistencialismo não deve ser praticado pelo sindicato como um
fim em si mesmo. A assistência não é função da entidade sindical, que nem
dispõe de recursos para praticá-la. Porém, dada a extrema gravidade da crise
econômica atual, de desemprego recorde e franco empobrecimento da classe
trabalhadora, se o sindicato dispuser de condições, penso que ele deve amparar
o trabalhador em suas dificuldades. Não existe ação sindical em meio à fome.
Não me refiro à assistência social tradicional, acrítica e como um fim em si
mesmo. É uma ajuda que o sindicato pode prestar ao trabalhador desempregado de
sua base, se isso não ameaçar a sua própria sobrevivência. Mas sempre
vinculando a referida ajuda a um processo de formação básica sobre
sindicalismo, deixando claro para o trabalhador que sua situação não é uma
fatalidade, e sim resultado direto da exploração que ele sofre. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Uma grave dificuldade da ação sindical é
que, historicamente, há uma sonegação à população em geral e à juventude, da
história dos direitos e dos sindicatos. Isso ocorre na escola tradicional, nas
instituições, nas empresas, nos meios de comunicação, etc. A história em geral
é desconhecida, mas principalmente a história dos trabalhadores. Em
consequência, uma parcela significativa da população, especialmente a
juventude, supõe que os direitos existentes “caíram do céu”, ao invés de serem
frutos de décadas de muita luta. Essa visão a-histórica dos direitos, por
ironia, está sendo violentamente negada pela história recente, a partir do
golpe de 2016, quando os direitos estão sendo destruídos em escala e velocidade
industriais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Dirigentes sindicais, normalmente, não são
preparados (“treinados”) para o trabalho de sindicalização. Além disso, falta
muitas vezes firmeza política e ideológica para o desempenho desse trabalho. A
tarefa de sindicalização requer conhecimento do sindicato e de algumas noções
de economia e de política, que a maioria dos trabalhadores não dispõe. Um
fenômeno que dificulta a sindicalização também é a política antissindical das
empresas, com a disseminação de calúnias, associação do sindicato com
desemprego, ou com corrupção,etc. Isso dificulta muito porque a empresa exerce
grande influência sobre o trabalhador, na medida em que a vida deste e de sua
família dependem do emprego.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span></span><span style="color: black; font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-font-kerning: 12.0pt;">Economista, 06/07/2021.<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-195084724111573293.post-71236389215244593612021-06-28T12:29:00.003-03:002021-06-28T12:29:44.705-03:00 Trabalhadores da saúde: condições de vida, de trabalho, e outros percalços<p> <b style="text-align: center;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Trabalhadores
da saúde: condições de vida, de trabalho, e outros percalços</span></b></p>
<p align="right" class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: right;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">*José Álvaro de Lima Cardoso<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Em meio
ao horror que tem sido o processo de enfrentamento da pandemia no Brasil, provavelmente
o pior caso do mundo, duas constatações se tornaram bastante evidentes: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">a) importância de preservar e melhorar permanentemente
o sistema público de saúde;<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">b) a relevância dos profissionais da saúde e, ao
mesmo tempo, suas péssimas condições de salários e trabalho. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O DIEESE
publicou recentemente um Boletim (“Emprego em pauta”, nº 19), tratando da
inserção ocupacional dos trabalhadores da Saúde, de cujos dados,
fundamentalmente, me valerei neste artigo. A análise dos salários, e das
condições de trabalho, de qualquer categoria deve considerar, inicialmente, que
a taxa de exploração no Brasil é muito elevada, os salários em geral são muito
baixos. Além disso, regra geral, as condições de trabalho são muito precárias. A
afirmação anterior se comprova pelos rendimentos médios. O
rendimento médio real habitual dos trabalhadores (considerando a soma
de todos os trabalhos) foi estimado em R$ 2.482,00 no quarto trimestre de 2020,
segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua),
do IBGE. Este valor deveria custear comida, aluguel, transporte, luz, água,
etc. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O fato é
que, mesmo que este valor fosse o dobro, a conta não fecharia. Prova disso é
que o salário mínimo necessário calculado pelo DIEESE é R$ 5.330,69, o
equivalente a 4,85 vezes o mínimo vigente, de R$ 1.100. Com os níveis
salariais do Brasil, mesmo com inflação zero, o trabalhador tem a sensação de
que ela é muito alta. É que o custo de vida é muito alto para os salários
vigentes, mesmo que ele não esteja aumentando (ou seja, mesmo que a inflação
fosse zero). <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Somente
podemos entender a realidade destes trabalhadores se for na comparação com a
classe trabalhadora brasileira em geral. As precárias condições de trabalho do
trabalhador da saúde, têm especificidades, mas se insere dentro de um quadro
geral de condições precárias dos trabalhadores brasileiros. O Brasil tem uma
economia subdesenvolvida, de capitalismo atrasado e semicolonial e que recentemente
sofreu um golpe de Estado, perpetrado pelo imperialismo, que, dentre outras
coisas, levou os trabalhadores brasileiros a um processo acelerado de
empobrecimento. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os trabalhadores da saúde lutam há anos pela
instituição de um piso salarial nacional para enfermeiros, técnicos e
auxiliares de enfermagem e parteiras. O projeto (PL 2564/2020) fixa o piso em
R$ 7.315 para enfermeiros. As demais categorias teriam o piso proporcional a
esse valor: 70% (R$ 5.120) para os técnicos de enfermagem e 50% (R$ 3.657) para
os auxiliares de enfermagem e as parteiras. Estes valores correspondem à uma
jornada semanal de 30 horas. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vale
considerar que o momento é o mais difícil possível para as lutas dos
trabalhadores, principalmente as corporativas. A essência das medidas que
vieram após o impeachment caminha justamente no sentido contrário às
reivindicações dos trabalhadores. Centenas (possivelmente mais de mil) medidas,
objetivando: 1.destruir direitos; 2.tirar renda dos trabalhadores; 3.liquidar o
pouco de soberania que o Brasil possuía 4. Saquear o Brasil. A luta dos
trabalhadores da Saúde pela obtenção do piso contradiz todos estes eixos do
golpe de 2016. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Exemplo
de medida que afeta diretamente a luta dos trabalhadores da saúde: governo
Bolsonaro acabou com a política de ganhos reais do salário mínimo, medida que afeta
toda a economia. O salário mínimo é referência de toda a economia, inclusive
para o setor público, especialmente prefeituras. O salário mínimo é um indicador
que influencia a distribuição de renda como um todo, exercendo o papel de
alicerce salarial da economia, inclusive para a economia informal.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os
profissionais da saúde enfrentam uma dura realidade em termos de condições de
trabalho. Muitos dormem nos corredores dos hospitais, porque as empresas não
disponibilizam instalações adequadas. Apesar de trabalharem numa área
fundamental e extremamente estressante, não dispõem de aposentadoria especial,
como outras categorias. São profissionais que não dispõem, às vezes, das condições
mínimas, como a disponibilidade de equipamentos de proteção individual (EPI). No
ano passado, quando iniciou a pandemia, os trabalhadores de algumas unidades de
saúde tiveram que fazer paralisações exigindo EPIs. E o equipamento, em alguns
casos, eram simples máscaras para proteção contra o vírus, que os hospitais
simplesmente não queriam adquirir, por contenção de custos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O ministério da saúde estima que haja no país
6.649.307 trabalhadores da saúde, numa força de trabalho (PEA), de cerca de 80
milhões. É um percentual muito expressivo, acima de 8%. As atividades de
atenção à saúde humana, de modo geral, demandam trabalhadores com perfil mais
escolarizado do que a totalidade das atividades desenvolvidas no Brasil. Segundo
a PNAD Contínua, do IBGE, 49,1% dos trabalhadores nesse segmento possuíam
ensino superior completo. Para termos uma ideia da importância desse fato, no
conjunto das atividades econômicas esse percentual é praticamente a metade: 24,5%<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As mulheres representam 43,5% da população
ocupada total no país. Porém nas atividades de atenção à saúde humana representam
74,4%. Entre os profissionais de nível médio de enfermagem elas são 83,8%;
entre os profissionais de enfermagem são 86,3%. Entre os médicos, as mulheres
representam 49,2%. O fato de ¾ da categoria ser formado por mulheres agrava o
problema da inserção da categoria no mercado de trabalho, já que a opressão de
classe se soma à discriminação das mulheres no mercado de trabalho. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Os negros
são maioria na população ocupada, representando 52,8%. Entretanto, nas
atividades de atenção à saúde humana, estão em menor proporção: 44,6%. Eles são
maioria entre os profissionais de nível médio de enfermagem: 54,9% dos ocupados.
Entre os profissionais de enfermagem, representam 38,5%, e entre os médicos, apenas
15,7%. Os negros são 52,8% da população ocupada, mas apenas 15,7% dos médicos. São
números sintetizam, com riqueza, a questão racial na sociedade brasileira. Quem
não lembra, em 2013, da jornalista brasileira falando que as médicas cubanas,
recém chegadas ao Brasil pareciam “empregadas domésticas”? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A
observação dos rendimentos dos trabalhadores na saúde mostra o drama dos
salários no Brasil e na categoria. O rendimento médio de todas as pesquisadas
na Pnad Contínua, do IBGE, era de R$ 2.482,00 no final de 2020. As Atividades
de Atenção à Saúde Humana em Geral tinham um rendimento de R$ 4.034,00. Entre
os Profissionais de Nível Médio de Enfermagem, o rendimento médio era de R$ 2.420,00,
os Profissionais de Enfermagem apresentaram rendimento de R$ 4.520,00 e o Médicos,
R$ 14.451,00. Vale observar que, com exceção dos médicos, todos estes
profissionais recebem menos que o salário mínimo necessário calculado pelo
DIEESE, já citado, de R$ 5.330,69. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Segundo
dados da OMS (Organização Mundial da Saúde) a América Latina tem o maior número
de profissionais de saúde infectados pela pandemia no mundo. O caso brasileiro
foi agravado pelo fato do país estar com um governo genocida, cuja irresponsabilidade,
crueldade, e incompetência ilimitada, levou um número de infectados e mortos
muito acima do que poderia ser, se o governo tivesse conduzido o processo com
um mínimo de respeito e humanidade. No Brasil, segundo levantamento que reúne
dados dos cartórios brasileiros, 5.798 trabalhadores e trabalhadoras do setor
perderam a vida desde março do ano passado no Brasil, até março deste ano. Se a
tendência de crescimento for mantida, até o fim do ano falecerão quase 8 mil desses
profissionais. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-family: "Arial",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-weight: bold;">*Economista 28.06.21<o:p></o:p></span></p>José Álvaro de Lima Cardosohttp://www.blogger.com/profile/17744592680391770808noreply@blogger.com0