por: J. Carlos de Assis*
A Fiesp montou um caixa 2 de, por
enquanto, R$ 500 milhões para comprar o impeachment de Dilma. R$ 300
milhões virão dos recursos públicos que administra em nome do Sesi e do
Senai; R$ 100 milhões serão “doados” pelo parceiro de Skaf no golpismo a
partir do mesmo fundo publico, o presidente da Federação das Indústrias
do Rio, Eduardo Eugênio; R$ 50 milhões serão aportados pela Federação
do Paraná e outro tanto pela Federação do Rio Grande do Sul, todos
irmanados pelo impeachment.
Esses industriais golpistas decidiram
apostar tudo na derrubada da Presidenta, não importam as consequências. A
solução da crise, conforme havia antecipado Veja em nome de todos eles e
de uma parte substancial das classes dominantes, é o Vice-presidente
Temer. Mergulhando na conspiração até o pescoço, Temer promete rever a
iniciativa de Dilma de contingenciar 30% dos recursos do Sesi/Senai (ou
dos 4 S) e promover uma reforma trabalhista regressiva contra direitos
consagrados na Constituição, que estará a cargo de Moreira Franco.
O esquema Skaf/Temer só tem um problema.
Como canalizar R$ 500 milhões para os bolsos de parlamentares
favoráveis ao impeachment sem o risco de, agora ou no futuro, o dinheiro
ser rastreado pela Justiça? Sim, porque a Justiça não será entregue
permanentemente nas mãos de promotores e juízes partidários dos
golpistas. Em algum momento aparecerão em seu meio homens honrados que
vão buscar na vida pública e privada de parlamentares os indícios de
enriquecimento ilícito. Como diz Luís Nassif, acabou a era do dinheiro
escondido.
Alguns, obviamente, correrão o risco.
Ademais, a decisão do impeachment se aproxima como velocidade
anti-natural. O mais importante nessa questão é que os órgãos
controladores da probidade administrativa, a partir do Ministério da
Justiça, tomem uma providência para ver de onde sai o dinheiro golpista
da Fiesp. Só um idiota acreditaria que sai dos bolsos dos empresários ou
mesmo de suas empresas. Eles são generosos, sim. Mas são generosos com
dinheiro alheio. Nesse caso, com o dinheiro dos 4S.
Eu conheço isso muito bem. Fui assessor
da presidência da CNI, nos anos 80, e já então se podia perceber a
pajelança com dinheiro público que era a gestão do Sesi e do Senai de
muitos dirigentes de federações, notadamente de São Paulo, que por seu
poder econômico gozava de ampla autonomia. Isso só deve estar piorado.
Gente como Skaf não passa de abutres em torno do dinheiro público quando
se trata de dinheiro que controlam, a despeito da retórica anti-imposto
e anti-setor público que professam com a maior cara dee pau.
Insista-se que recursos do Sistema S
são, inequivocamente, públicos. Correspondem a recolhimentos
obrigatórios sobre a folha salarial das empresas destinados ao ensino
profissional e a atividades sociais dos trabalhadores. Federações
industriais, como Fiesp e Firjan, para simular seu assalto a esse caixa
público, criaram Centros industriais vinculados às federações, por onde
flui o dinheiro supostamente livre, mediante manobras contábeis. É muito
fácil desmascarar isso. Qualquer órgão controlador público pode fazer
uma devassa na circulação desses recursos e desmascarar seu uso
indevido.
Defendo o direito da Fiesp propor o
impeachment. Mas que seja com o dinheiro dos empresários e não dos
trabalhadores. Sesi e Senai, quando foram criados há mais de seis
décadas, certamente eram melhor geridas por empresários porque, nessa
época, trabalhadores não tinham grande experiência de gestão. Agora a
situação é outra. Sesi e Senai devem ser entregues à gestão dos
trabalhadores, inclusive como forma de evitar o uso político dos
dinheiro pelas entidades empresariais, suscetíveis de maracutaias. Com
isso o grande caixa da Fiesp, para comprar o impeachment, pode virar o
caixão de Skaf!
P.S. Encontrei-me ontem no aeroporto de Brasília com o deputado Wadyh
Damous, ex-presidente da OAB do Rio, com a deputada Jandira Feghali e
com o senador Lindeberg Farias. Os três deram-me a boa notícia de que
estará sendo movida na próxima semana ação popular contra a Fiesp e seu
presidente, tendo em vista desvio de dinheiro público na campanha do
impeachment, aqui denunciada.
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